sexta-feira, 3 de maio de 2013

Travesseiro


Chico Chaminé tossiu o próprio sangue. No meio da chapa tinha uma mancha, tinha uma mancha no meio da chapa. Arrancaram-lhe o pulmão esquerdo e depois aplicaram Mostarda Nitrogenada na veia até cair sua vasta cabeleira. Desde então se tornou ateu e passou a duvidar de extraterrestres, chupa-cabra, Mapinguari e comunistas; também perdera o glamour por Sinhá. Após seis anos sem deitar pro lado esquerdo sucumbiu na noite de sono. A autopsia não acusou a mancha, porém um vasto espaço no lado esquerdo do peito, onde morava um pulmão. Laudo final: coração quando não tolera vazio abandona o dono no meio da noite; faltou-lhe o pulmão-travesseiro.

8 comentários:

  1. Vazios esvaziam a vida de qualquer sujeito dito "saudável". Quanto mais os que não conseguem, em tempo, tapar seus buracos-ausências. Amores e crenças, mesmo com todos efeitos colaterais, alimentam, sustentam...

    Valeu!

    ResponderExcluir
  2. O maior vasio, Roger! É o vasio da alma!
    É uma enfermidade que punge e martiriza, que mata aos poucos...
    Vai-se o ser humano, fica apenas a solidão devastadora...
    Elias Amorim

    ResponderExcluir
  3. Elias, esse vazio figurativo pode ser preenchido com a prosa/poesia. Portanto, meu caro D. Elias de Pindaré, eu vivo vazio...

    ResponderExcluir