Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
* Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) deu originalmente o título de Ofélia a esta poesia. Em edição póstuma, seu filho, o também escritor João Alphonsus, mudou o título para Ismália, que terminou se impondo ao primeiro. As razões desse ato, apesar de algumas suposições, são desconhecidas até hoje.
Amo este poema, Oliver. Lá pelos meus 15 anos, cheguei a escrever um conto baseado nele. Em síntese, inventei uma narrativa para a história de uma Ismália que, ao final, se atirava no mar. Mas era um conto ruim e o destruí. Quem sabe, no futuro, não tento fazer outro.
ResponderExcluirObrigado por me fazer recordar o poema e esse episódio.
Ei, Oliver, acabei de te prestar uma pequena homenagem no blog. Dá uma passada lá. Abraço.
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