sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Reste en paix dans ton île, Henri Salvador


O post musical da semana vai, obviamente, para a grande perda da música internacional - e, por que não dizer, brasileira em particular - desta semana: Henri Salvador.

Descansa em paz na tua ilha, Henri.

2 comentários:

Anônimo disse...

Chicão,
segue uma sugestão de texto que a chei a cara do flanar. É do Xico Sá (publicado na Folha de São Paulo de hoje. É sobre o Ronaldo Fênomeno, literatura, mulheres-com-bundas-maravilhosas, viver a boa vida, ...
abração,
paulinho (klautau)
XICO SÁ

Ora bolas

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Amigo, reserva o joelho para dobrar pelas mulheres, para fazer prece, para, no máximo, bater uma bola com o Ronald
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AMIGO TORCEDOR , amigo secador, homem que é homem chora em público, aos soluços, seja qual for o motivo, chora pela circunstância e chora pelo conjunto da obra, porque o choro de um homem nunca é um choro isolado, homem chora a dureza represada de ser homem, e triste dos homens que não choram nunca.
Guga e Romário, por exemplo, choraram nesta semana o crepúsculo dos ídolos, a difícil hora de voltar para a vida normal de todos nós. Ronaldo chorou a mesma dor da outra vez, como ele mesmo disse, a dor que por mais que se repita é sempre capaz de surpreender até aquele homem doente, mau e desagradável que habita um subsolo perto da minha casa. Agora chega, amigo, reserva o joelho para dobrar pelas belas mulheres, para fazer uma prece, para, no máximo, bater uma bola no churrasco com o Ronald. Chega de sofrer em público, esquece essa loucura cristã e masoquista de dar a volta por cima.
Vai ser craque na vida, menino, chega de provar para todo mundo que não precisa provar nada para ninguém, vai para a noite e transforma todos os dias seguintes em dias de Mastroianni, como os belos dias sugeridos pelo Cuenca, não o Deportivo da Libertadores, amigo, mas o João Paulo, escriba decente da aldeia carioca. ""O Dia Mastroianni", como relata o livro homônimo, é aquele gasto em pândegas excursões a flanar na companhia de belas raparigas, à brisa das circunstâncias e alheio a qualquer casuística.
Ronaldo, amigo Fenômeno, os sádicos já estão lá fora, salivando à espera do seu novo sacrifício, de uma nova via-crúcis, de que abra a mão da vida livre e farta em nome de uma tal superação masoquista.
Pensa bem, amigo, se a meta é se recuperar para as artes ludopédicas, levará pelo menos um ano, e olhe lá, é muito tempo. Se a recuperação é só para a vida e suas delícias, basta tirar os pontos e começar o estrago logo aí mesmo em Paris. Asseguro que terá mais boas festas do que o Ernest Hemingway; garanto que Henry Miller vai se debater no túmulo com a doce inveja das suas mulheres.
Ora bolas, amigo, esquece os gramados, esquece essa torcida chata de Milão, esses doentes por futebol são um saco, nem conseguem enxergar os jogos, consagram e condenam num piscar de olhos. Vem para o Rio, meu rapaz, esquece as famosas e vê quantas belas bundas anônimas e menos trabalhosas. Sim, despede-se no Maraca, num jogo entre amigos, um tempo com a camisa do Flamengo e o outro com a indumentária do divino São Cristóvão, o berço, onde até aquela cabrita magra que pasta na grande área sente saudades dos seus primeiros gols.

Francisco Rocha Junior disse...

Bacana, Paulovski. Boa sorte neste sábado.