No RD de hoje, sobre a porta de entrada no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência.
Depois de sofrer um acidente que resultou em dois cortes profundos na perna, o marítimo Augustinho Bahia, morador da avenida Mário Covas, em Ananindeua, procurou atendimento no Hospital Metropolitano de Belém, ontem, por volta das 21h. O médico que estava de plantão se recusou a atendê-lo alegando que o osso não estava exposto e o encaminhou ao Pronto Socorro do Jaderlândia. O curioso é que, no mesmo momento, uma mulher conseguiu atendimento para o filho que estava com dor de cabeça. O médico sequer olhou o ferimento. Ao chegar no Jaderlândia, não pôde ser atendido e foi encaminhado para a Cremação. Revoltado e sangrando, às 23h ele decidiu procurar atendimento de urgência e emergência em um Hospital Particular.
É preciso realmente deixar mais claro à população sobre qual de fato é a clientela deste hospital. Ostentar o título de Hospital de 'Urgência e Emergência" e obrigar os médicos de porta de entrada a comunicar ao paciente dentro da ambulância, que ele não será atendido, é no mínimo uma solução tensa. Que ainda pode sujeitar os profissionais de primeiro atendimento a todo tipo de tensões, incluindo agressão física e as mais inesperadas violências, por parte dos pacientes e familares inconformados. Mesmo informando à população, ainda assim estas tensões continuariam. Esperar ocorrer a primeira agressão na porta de entrada do hospital para só então tomar providencias, é no mínimo uma impropriedade. Considerando-se a flagrante ineficiencia e falta de resolutividade das unidades básicas de saúde, pode-se até argumentar que todas as portas de entrada públicas estão sob tensão. O que é verdade. Mas não há motivos para acrescentar mais uma sem as devidas garantias de segurança à equipe de saúde, que deve estar protegida dos mais exaltados. É preciso também reforçar ao SAMU 192 sobre a clientela do hospital evitando-se que as ambulâncias cheguem até o hospital levando casos que sabem não ser daquela referência. Ou então que se rediscuta o papel do hospital no sistema de saúde. Mas o médico não poderá ser o "boi de piranha" mais uma vez desta velha história.
Seu comentário inaugura uma discussão lúcida,Carlos.Pelo que entendi o metropolitano é um hospital de média e alta complexidade.Desse modo não é um pronto socorro.Ora, se fosse para ampliar o desastre seria construído mais um.
ResponderExcluirA intenção foi complementar serviços à estrutura já existente, o que me parece correto.
É preciso "dizer", inclusive ao Repórter Diário, que o Metropolitano não é um PS,não devendo atender,portanto, casos de PS.
Daí sua recopmendação para que o SAMU drene os casos compatíveis acada degrau na cadeia hierárquica dentre as casas de saúde da rede.
É isso, doutor?
Mais ou menos, Juvêncio. Mas vejo o problema sob a ótica do usuário e do médico de porta. Perceba o nome atribuído ao hospital: Hospital Metropolitano de "Urgência e Emergência". O que quero dizer é que mais uma vez, monta-se um hospital, de portas semi-abertas (a exemplo do Hospital das Clínicas), achando que a população vai entender, em toda sua carência, que não deve procurá-lo para isso e somente para aquilo. Ora. O HPS Guamá começou assim também mas rapidamente viu-se invadido por enorme volume de atendimentos, que a rede básica de saúde, nunca resolve. Mais grave é montar mais um hospital semi-aberto, atribuir-lhe funções de Urgência e Emergência e conferir ao médico da porta de entrada o risco de negar alguns atendimentos (de gente das mais variadas procedências e atitudes) e à população o sapo para engolir. A meu ver, é preciso estruturar definitivamente as unidades básicas de saúde para que tenham o mínimo de efetividade e principalmente resolutividade. Com remédios e médicos faltando de forma intermitente nestas unidades, o que se vê é a enxurrada de casos simples aos grandes hospitais. Mas sem dúvida, o SAMU precisa ser mais regulado para que não seja um mero distribuidor de doentes. E o Metropolitano deve reforçar sua porta de entrada com mais médicos e seguranças para lidar com a demanda expontânea que sempre se vê nestes primeiros dias de funcionamento.
ResponderExcluirE o RD precisa ser realmente informado dos reais propósitos do HMUE.
Mas como dizem, "Vc tem agora um caminhão cheio de melancias. E as melancias só se acomodam quando o caminhão dá a partida". Prefiro observar mais o andamento do sistema antes de afirmar que a idéia de hospitais semi-abertos seja boa, com a rede básica do jeito que ainda está. E com os 2 únicos hospitais de UE abertos (HPSM 14 de Março e HPS Guamá) do jeito que estão.
Sobre o caso específico do paciente recusado no HMUE, citado no RD, apurei que ele foi recusado impropriamente pela equipe de ortopedia do hospital, tendo inclusive a equipe sido advertida pelo Chefe da Emergência, Dr. José Miguel.
ResponderExcluirParece tratar-se de um problema pontual. Contudo, tenho informações que muita gente ainda não está muito inteirada dos casos que devem ou não ser mantidos no hospital. E mesmo que saibam, entenda que é difícil para o médico, passar a vida correndo riscos deste gênero, trazendo desestímulo para uma área tão importante quanto a Urgência e Emergência. O que em curto prazo, pode significar a saída dos profissionais qualificados da área e a entrada daqueles que precisam do emprego, embora não tão bem qualificados. Melhor mesmo talvez seja porta aberta. E a meu ver, a rede básica enfrenta forte crise de credibilidade por parte da população que já nem perde seu tempo procurando-a. E se continuarmos mantendo a rede básica insípida, inodora e incolor, nem se construirmos hospitais abertos e semi-abertos, conseguiremos melhorar estas tensões. Este é o desafio atual da saúde em urgência e emergência. Resultado de anos de obras eleitoreiras, corrupção e mesmo de irresponsabilidade de nossas autoridades.
Acho que o problema vai mais além de haver mais um Pronto Socorro. A questão é que a rede básica não funciona a contento, com resolutividade. Os postos de saúde não estão estruturados para os atendimentos mais simples; os profissionais mais facilmente "rebocam" o problema para outra porta, no caso os PS.
ResponderExcluirO mesmo acontece com os pacientes oriundos do interior, que só encontram atendimento, de imediato, ou pelo menos abrigo, nas unidades de urgencia e emergencia (leia-se Pronto Socorros.
Enquanto não houver uma política de saúde integrada, nos vários níveis, ficaremos fingindo que oferecemos assistencia à saúde dos cidadãos e estes continuarão achando que tem o melhor atendimento.