Poucas doenças do cérebro e do comportamento são tão enigmáticas quanto o Autismo.
Nas últimas décadas tem havido pouco progresso no entendimento real da patologia, que se manifesta clinicamente por um cortejo sintomatológico vasto, que inclui a dificuldade para as relações sociais (em graus variáveis, podendo chegar ao extremo da incapacidade absoluta de comunicação), a execução de movimentos repetidos e estereotipados, sensibilidade ao som e à luz e alterações comportamentais.
Fico, portanto, muito retraído quando vejo artigos como o publicado semana passada no JAMA, Journal of the American Medical Association, que descreve uma população neuronal maior do que o normal em certas regiões do lobo frontal de 7 pacientes autistas submetidos à autopsia (a maioria morreu por afogamento). O peso do cérebro também revelou-se acima do esperado.
A conclusão do trabalho aponta para uma provável causa intra-uterina do Autismo, realçando o substrato neurológico em detrimento do psiquiátrico.
Curiosamente já houve publicações no passado que indicavam um menor número de neurônios, em outras áreas cerebrais.
Enfim, creio que a prevista união futura da neurologia com a psiquiatria e um trabalho transdisciplinar exaustivo possam focar um faixo de luz nesta patologia, fadada até aqui à escuridão.
Dr., uma pergunta metodológica: qual a importância do tamanho da amostragem nesse estudo?
ResponderExcluirNão sei se é o caso desse estudo, já que ele investiga uma patologia, mas existem (n + 1) estudos em medicina, especialmente sobre o consumo de substâncias (cafeína, álcool, nicotina, etc), desses que pipocam no G1, que me parecem surreais. Digo, os caras pegam uma população de 200 irlandeses e afirmam que o consumo de 'x' quantidade de pale ale causa os efeitos 'y' e 'z'. (claro que aqui entra a parcela de 'aumento' do jornalista). Não é uma afirmação peremptória demais, dada a amostra?
Escrevi na pressa, espero que dê pra me entender rs.
Abs!
Scylla, certa vez numa consulta o Dr. Fernando Flexa Jr, referiu que um dia, no futuro, todas as patologias seriam cuidadas pelos neurologistas pois o cérebro comanda tudo. Ou seja, todo médico vai ter que entender muito de neuro... Nao é mesmo? O argumento dele veio de um comentário meu ao me referir que certos médicos quando se deparam com o que nao sabem (e aí, para estes certos médicos, é praticamente a regra), eles afirmam categoricamente algo do tipo: "nao, você nao sente o que diz sentir... é tudo psicológico. Procure um psiquiatra e tenha uma vida mais zen". Sempre fiquei perplexa com essas recomendações medicas. ??!!??... Bismillah!
ResponderExcluirSim, Lucas, concordo que a amostragem é muito pequena, daí o cuidado na interpretação dos dados.
ResponderExcluirDe qualquer forma foi uma rara ocasião de examinar sete cérebros de portadores de autismo, ainda na infância e na adolescência.
O problema é: para onde olhar dentro do universo cerebral?
A análise morfológica, por si só, pôde focar apenas nas supostas alterações estruturais.
Creio que a resposta para o Autismo esteja na parte bioquímica, nos neurotransmissores.
Um abraço.
Silvina, a psiquiatria é "filha" da neurologia, e a ela deve se juntar num futuro breve, impulsionada principalmente pelas novas direções assumidas pelo conhecimento oriundo das neurociências.
ResponderExcluirE muitas patologias ainda hoje enigmáticas serão explicadas melhor pelo caminho da "tutela" que nossos cérebros exercem em nossos organismos.
Bismillah!!!!!!!!!!!!!