terça-feira, 20 de novembro de 2012

Escombros

Gaza; novembro de 2012 (imagem: Tsafrir Abayov/AP)



Não Vás Tão Gentilmente Nessa Boa Noite Escura (Dylan Thomas)

Não vás tão gentilmente nessa boa noite escura,
Os velhos deveriam arder e bradar ao fim do dia;
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

Os homens sábios, em seu fim, sabem com brandura,
O porquê a fala de suas palavras estava vazia,
Nâo vão tão gentilmente nessa boa noite escura.

Os homens bons, ao adeus, gritando como a alvura
De seus feitos frágeis poderia ter dançado em uma verde baía,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

Os homens selvagens que roubaram e cantaram o sol na altura,
E aprenderam, tarde demais, que o lamento toma sua via,
Não vão tão gentilmente nessa boa noite escura.

Os homens graves, perto da morte, enxergam com olhar que perfura,
O olho quase cego a brilhar como meteoro, então, cintilaria,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura.

E você, meu pai, do alto e acima de tudo que perdura,
Maldiga, abençoe, com sua lágrima triste, eu pediria:
Não vá tão gentilmente nessa boa noite escura,
Raiva, raiva contra a morte da luz que fulgura


(Tradução: Rodrigo Suzuki Cintra)

4 comentários:

  1. Thomas é sempre brutal, com melancolia e métrica na dose certa.
    Aliás, a culpa é sua novamente, Marise, e do Roger, com suas postagens instigantes.
    Eu estava quietinho lendo minha sci-fi e vocês me jogaram no universo de Dylan Thomas...
    Rss.
    Boa noite.

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  2. Toma-te, "Homem do Norte". Mais um gole de vida: Dylan na língua dos homens. Scylla, vê se agora coloca um uma pedra de gelo nesse copo que fulgura. A poesia é a forma mais deliciosa de a gente empaladar a vida. Muito lindo, isso...

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