quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Juan Carlos vs. Hugo Chávez

Assisti ao vídeo da reprimenda do rei Juan Carlos a Hugo Chávez algumas vezes. Para mim, ficou claro que o que agastou o monarca foi a postura efetivamente grosseira do presidente venezuelano, interrompendo o primeiro-ministro da Espanha em sua fala, sem sequer pedir aparte. O gesto de Juan Carlos II foi uma reação simplesmente humana, de irritação, decorrente da quebra de decoro por Chávez.

Mas eis que a cena se transformou, para muitos, na representação do colonizador querendo impor sua vontade sobre o colonizado, como o faz (ou o fez) há 500 anos.

Um estudo interdisciplinar de semiótica e psicologia social traria luzes sobre os discursos que o fato desencadeou. É interessante notar como variadas foram as posições assumidas, de acordo com a matiz ideológica de quem fala: “não conseguirão calar a boca de Chávez”, dizem alguns; “o rei colocou o bufão em seu lugar”, dizem outros.

De minha parte, lembrei-me de um livro dos americanos Peter Weil e Roland Tompakow, dos anos 70, que virou best-seller e ainda hoje é muito lido e citado: "O Corpo Fala". Trata-se de um manual de comunicação corporal, que indica gestos, atitudes e posturas como delatores de reais intenções, às vezes mascaradas pelo discurso falado.

Trato do livro porque é muito clara a postura autoritária e dona da verdade de Hugo Chávez quando tenta, por diversas vezes, interromper o primeiro-ministro José Luis Rodriguez Zapatero, enquanto este explica sua crítica ao discurso de Chávez. Se “o corpo fala”, então Chávez comprovou toda sua intolerância ao debate e ao contraditório no episódio.

2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito o conteúdo do post. É essa também a minha linha de raciocínio. Parabéns!

Francisco Rocha Junior disse...

Obrigado anônimo. Seja sempre bem-vindo.