segunda-feira, 31 de março de 2008

Fantasia e romantismo



Aqui, a história de um amor improvável. A de um Mac tipo abajur (um antigo G4) e um PC.
Uma excelente animação. Sugestão do Blog MacMagazine.

Belém submerge mais uma vez

Hoje à tarde por volta de 14 h, a baixada da Conselheiro, Mundurucus e Pariquis nos arredores da Alcindo Cacela, já foi pro fundo trazendo grandes dificuldades ao trânsito e aos sofridos moradores. Isso é apenas o que pude testemunhar.
Com a forte chuva que se abate sobre a cidade neste exato momento, melhor deixar a Defesa Civil, o SAMU e os Bombeiros de prontidão.
Não esqueçam a polícia também!

"Nóias" da vida digital

John Dvorak, articulista de várias revistas especializadas na área de TI, escreveu importante artigo na INFO deste mês.
Nele, chama a atenção dos usuários de computadores para manterem sempre a boa prática de fazer o que chamou de "upgrade de mídia". Mas afinal, o que vem a ser exatamente isso?
Voltemos um pouco no tempo.

Quando foi lançado o CD ROM gravável, a mídia surgia como algo realmente inovador. Seja pela "grande capacidade de armazenamento" (640 mbytes era um estrupício na época), seja por uma suposta durabilidade associada ao uso de plástico, camadas protetoras em metal, e blá, blá, blá.

Quanto ao primeiro aspecto, nenhuma dúvida quanto a inovação, numa época em que os disquetes de 3 e 1/2 polegadas ainda reinavam, armazenando prosaicos 1,44 mbytes (onde atualmente não cabe uma foto digital de moderada resolução). E ainda por cima, não garantiam a integridade dos dados por muito tempo. Alguns chegavam a ficar inacessíveis após alguns meses de uso. Quem não possue algum disquete guardadinho em uma daquelas embalagens características? Experimente acessá-los. Veja quantos ainda realmente servem para alguma coisa. Você vai se surpreender quando descobrir que muitos deles simplesmente terão que ser jogados no lixo. Muitos estarão inacessíveis, mesmo que contenham algo de muito importante.

Mas o que Dvorak chama a atenção agora - para preocupação de muitos - é sobre o segundo aspecto dos CDs graváveis: durabilidade. Na oportunidade em que foram lançados, falava-se que durariam até 20 anos!
Ora! Pensávamos nós. Em 20 anos, possivelmente todo o hardware em volta deverá estar diferente. E o resto do mundo também. Talvez eu nem venha a precisar mais de nada que tenha sido produzido há 20 anos atrás. Trata-se de um prazo bastante razoável.

Veio então toda uma revolução tecnológica com o desenvolvimento de câmeras digitais, com o potencial de gerar arquivos gigantes, aumentando a demanda por armazenamento confiável.
Afinal, ninguém deseja perder imagens ou vídeos pessoais.
Mas aí é que está a horripilante informação contida no texto de Dvorak. Na verdade, descobriu-se que os CDs graváveis não vem apresentando a durabilidade prometida. De fato, a camada metálica que os integra, sofre um processo de oxidação e os deixa inutilizados em um período variável de tempo, bem longe dos alegados 20 anos. Alguns, por este fenômeno, chegam mesmo a "descascar". E lá se vão todos os dados carinhosamente guardados.
Atualmente, temos os DVDs graváveis, com enorme capacidade de armazenamento. Surgem as mídias Blue Ray com potencial maior ainda. E sob a ótica da durabilidade, amplia-se em paralelo o prejuízo em caso de dano irreversível.
Conclue-se então que devemos estar aptos a um comportamento defensivo pela preservação de nossos dados. Devemos então, reunir todos os arquivos que temos gravados em CDs e, após selecionarmos o que realmente deve ser "eternizado" (e ponham aspas nisto), devemos regravá-los na mídia salvadora do momento.
É isto o que Dvorak chama de "upgrade de mídia".
Duvido que se optar por este procedimento defensivo, você não acabe encontrando muita bobagem que nem merece estar mais guardada.
Por um momento, após ler este artigo, perdi de fato o sono. Vou botar mãos a obra.

Comendo cru



Quando eu digo que ainda é cedo para adquirir o iPhone no Brasil, não é sem uma razão.
Aliás, existem várias. Melhor mesmo, é conter os ânimos e aguardar seu lançamento oficial por estas bandas.

Corvo

Uma ave do inferno continua atentando o interior do Estado.

Depois de ser cassado do cargo de prefeito por improbidade administrativa, reintegrado por liminar concedida por ministro do Tribunal Superior Eleitorial, acusado pelo Ministério Público Estadual por duplo homicídio qualificado cometido em 1993 e ter seu nome constantemente vinculado ao desaparecimento de militantes comunistas na Guerrilha do Araguaia, na década de 1970, Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, deu mais uma prova, neste final de semana, do mundo em que vive. Quem conta é o jornalista Hiroshi Bogéa, em seu blog:

O septuagenário Sebastião Curió endoideceu de vez!

Durante a semana que passou, Curionópolis viveu momentos de tensão e medo sob clima de terror provocado pelo prefeito, inconformado com a programação festiva de aniversário do vereador Wanderson Chamont (PMDB), pré-candidato favorito a prefeito do município.

A bagaceira teve inicio quando a assessoria de Chamont enviou ofício à prefeitura solicitando autorização para realizar dois shows em praça pública, prontamente negado pelo prefeito.

Impossibiltado de fazer a festa na praça, Wanderson pediu, então, autorização ao Detran para promover a manifestação às margens da rodovia Pa-150, prontamentge atendido.

Ao tomar conhecimento da decisão do órgão estadual, Curió telefonou para o diretor regional do Detran, lotado em Parauapebas, dizendo-lhe impropérios e garantindo que a festa não seria realizada. Aproveitou embalo da ira para dizer, também por telefonou, ao comandante da Polícia Militar que a festa não seria realizada, “só se passarem sobre meu cadáver”.

Como é de seu feitio, disse também ao comandante da Polícia Militar que mandaria buscar “meus homens em Serra Pelada” somente para mostrar quem mandava mesmo na aldeia. Chegou ao ponto de garantir a presença dele - prefeito -, armado no meio da multidão para fazer bagunça.

Sebastião Curió tentou ainda usar a Justiça, formalizando embargo da manifestação. O Juiz da comarca indeferiu o pedido dizendo que “o direito de ir e vir da população é consagrado pela Constituição”. Além de dizer não ao prefeito, a Justiça determinou ao comando da PM garantia de segurança ao evento.

Dois caminhões, originários de Marabá e Parauaebas, com policiais do Tático, desembarcaram em Curionópolis como se fossem à guerra, preparados para evitar qualquer tipo de bagunça anunciada pelo prefeito.

Na tarde de sexta-feira, antes da realização do show da noite, Curió colocou carros de som na rua convidando a população, e todo o secretariado, para reunião no teatro local, “oportunidade em que anunciaria importante decisão para o município”. Diante de 300 pessoas, Curió disse estar com a carta de sua renúncia redigida, mas que antes iria até o show, armado, “preparado para o que der e vier”.

Claro, ele nem foi ao show e nem apresentou a suposta “carta de renúncia”.

Mas fez pior, pelo menos para a população: mandou cavar imensas crateras em todo o entorno da rodovia Pa-150 com intuito de impedir a passagem de veículos pela estrada que liga Carajás a Marabá. Idéia do caraíba era inviabilizar, com engarrafamentos, o tráfego de veículos na importante estrada, iimpedindo de vez a realização dos dois shows, na sexta e no sábado.

O Detran, sensato, determinou então aos organizadores do evento a fixação do palanque na praça localizada em frente a uma loja de departamentos, às margens da rodovia, onde poderia haver pontos de fluxo de veículos para Parauaebas ou Marabá.

Em seu fervor satânico, Sebastião Curió tentou ultima cartada: mandou cortar a energia de toda a extensão da Pa-150. Assim mesmo, os dois shows foram realizados, com a energia garantida por dois grupos geradores instalados nas proximidades do palanque.

Por volta de 2 horas da madrugada de domingo quando este poster retornava a Marabá, vindo de Parauapebas, deu para constatar toda a extensão da Pa-150 às escuras. Mas grande concentração de populares em frente ao palanque dava o tom de alegria.

O tipo de atitude engendrada pelo prefeito Curió ainda sobrevive, hoje, em razão da nossa pífia cidadania. Sebastião Curió foi eleito (e reeleito) prefeito de Curionópolis, no sul do Pará, dentro das regras democráticas. Se posteriormente veio a ser descoberto o abuso de poder econômico na campanha, é inegável que esta prática ocorreu porque houve quem por ela fosse cooptado.

De nada adianta o MPE, o TRE, o TSE ou qualquer outro órgão público requerer sua cassação, condená-lo e suspender seus direitos políticos, se a população (pobre população!) continuar a mantê-lo como figura política exponencial da região.

Evitar tal permanência só é possível com a conscientização dos eleitores. A ignorância é o mal maior a ser combatido, e não somente em Curionópolis.

Águia desde criancinha

Ilustração: J. Bosco para O Liberal

Que me perdoem o Oliver e o Juvêncio, mas a vitória do Águia de Marabá, ontem, foi a melhor notícia dos últimos tempos para quem, como eu, torce para o Clube do Remo.

E dá-lhe Águia!

Louis Vuitton

A Bolsa de Mercadorias e Futuros - BM&F uniu-se à Bolsa de Valores de São Paulo - BOVESPA para criar a terceira maior bolsa de valores do mundo, atrás apenas da americana controladora da Bolsa de Valores de Chicago e da Bolsa de Frankfurt, a chamada Deutsche Börse.

O negócio gerará um gigante com faturamento de 1 bilhão e 360 milhões de reais e lucro estimado de 771 milhões de reais, além de economizar despesas da ordem de 125 milhões de reais.

A pujança da economia brasileira anda gerando negócios fabulosos. Sejam quais forem os motivos, esta é uma realidade que merece ser reconhecida.

Mostra de cinema em DVD

Um amigo foi assistir, sábado passado, à Mostra de Cinema Alemão que estava ocorrendo no cinema da Estação das Docas e saiu de lá irritadíssimo.

Além da exibição em DVD, sem prévio aviso aos espectadores - problema recorrente nos cinemas ditos alternativos de Belém -, a cópia foi exibida somente na metade da tela, com um contador regressivo no canto da imagem e uma tarja enorme (!!) no centro, na forma de marca d'água, onde se lia a expressão CÓPIA DE SERVIÇO.

Nem precisaria dizer que meu amigo, e certamente todos os que dividiram a platéia com ele, ficou descontentíssimo com o acontecido. É um completo e absurdo desrespeito dos responsáveis pela projeção para com o público que prestigia estes eventos.

domingo, 30 de março de 2008

Belo Centro

O Liberal de ontem traz reportagem sobre o importantíssimo trabalho de diagnóstico da potencialidade de habitação do Centro Histórico de Belém que os arquitetos e professores da UNAMA Paulo Ribeiro e Antônio Lamarão realizam, em conjunto com a COHAB, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional e alunos do último ano do curso de Arquitetura da instituição.

Sob o título Como valorizar o centro histórico?, a matéria já havia sido antecipada aqui no Flanar em 26 de outubro do ano passado. Segue a reportagem do jornal das ORM:

Desafios

Pesquisa enumera responsabilidades políticas e de morador com o início de Belém

Aline Monteiro

Da Redação

Qual a infra-estrutura urbana presente hoje no Centro Histórico de Belém? Essa é a pergunta inicial de que partem os cerca de 50 alunos do quinto ano do curso de arquitetura da Universidade da Amazônia (Unama) que elaboram um diagnóstico dos bairros da Campina e da Cidade Velha, como base para uma proposta de intervenção. A pesquisa é restrita a um trabalho acadêmico e tem como finalidade principal a formação profissional, mas levanta a discussão sobre quais as funções essa zona urbana deveria assumir e as demandas da população em relação a ela.

No trabalho, os acadêmicos de arquitetura levantarão aspectos como circulação, áreas de estacionamento, pontos de táxi, circulação de pedestres, uso e ocupação do solo (residencial, comercial ou misto), estado de conservação dos imóveis, arborização, presença de mobiliário urbano (como telefones públicos, bancas de revista, postes, lixeiras e caixas de correio), etc. Para os professores Paulo Ribeiro e Antônio Lamarão, embora não tenha a função de preencher lacunas de informação para os órgãos públicos - e Paulo diz que informação existe bastante sobre o centro histórico, ainda que não sistematizada -, o trabalho ajuda os futuros arquitetos a constituir uma visão do centro dentro de uma abordagem urbana, em vez de restrita aos edifícios. 'Todos os projetos de intervenção que já foram feitos no centro histórico são abordagens micro, ações pontuais, como a recuperação do Ver-o-Peso, a (rua) João Alfredo, o projeto do Belo Centro, o Espaço Palmeira, o Feliz Lusitânia. O que acontece na maioria dos casos é que os projetos têm um certo período de vida, mas os espaços acabam voltando para a situação anterior e de forma agravada. Isso porque falta a visão de conjunto e a ação articulada dos órgãos públicos nas diferentes esferas. Está faltando ver esses espaços dentro do contexto da cidade para saber que tipo de função devem ter', opina Lamarão.

Paulo Ribeiro faz esse questionamento fundamental a respeito do centro histórico: 'Será que todas as funções que hoje se desenvolvem lá deveriam estar no centro? Por exemplo, o Ver-o-Peso é um entreposto de comercialização de pescado de dimensões nacionais. Há gente que vai ali para buscar peixe que será vendido em São Paulo, mas existe por isso uma circulação muito pesada de caminhões fazendo esse transporte, e sem um entreposto com condições sanitárias, com controle fiscal. Será que esse hoje ainda é o lugar mais adequado a esse comércio?'. Lamarão também provoca a reflexão a respeito da organização do comércio, especialmente no bairro da Campina. 'O comércio já mudou, com a transferência das lojas de luxo para os shoppings e centros de compra como a avenida Braz de Aguiar. Talvez o comércio popular seja o caminho do centro, mas precisa ser bagunçado do jeito que é?'

DIAGNÓSTICO

Se considerarmos o que diz o projeto de lei do Plano Diretor do Município de Belém que atualmente tramita na Comissão de Obras da Câmara Municipal, o Centro Histórico - cujos limites são definidos pela Lei de Desenvolvimento Urbano, a Lei 7.401, de 29 de janeiro de 1988, e que constitui conjunto arquitetônico e paisagístico tombado pela Lei Orgânica do Município de Belém - foi caracterizado como uma área com infra-estrutura consolidada, mas com problemas a resolver como a mobilidade reduzida, degradação paisagística e ambiental, edificações históricas descaracterizadas e grande número de imóveis desocupados ou subutilizados. Elaborado a partir de um processo de discussão com a participação popular, o projeto revisa o plano em vigência desde 1993, e define o instrumento básico da política urbana do município.

Pelo PDU, a área do centro foi dividida em três, com diretrizes diferenciadas. Na parte onde tradicionamente se desempenham as funções de centro comercial, administrativo e de serviços, a indicação é requalificar e conservar o núcleo histórico, melhorar a infra-estrutura e estimular o uso habitacional, a partir da promoção de programas habitacionais. Num segundo setor, caracterizado pelo uso misto (residencial e comercial), predomínio de ruas estreitas e diversidade arquitetônica, um dos objetivos é deter a degradação dos imóveis históricos, controlar o adensamento das construções e melhorar a acessibilidade. Na área da orla, o plano propõe desestimular o uso habitacional, eliminar o risco das ocupações precárias, a recuperação de áreas degradadas, e o estímulo a atividades turísticas e culturais.

Morador reclama ações públicas

Quem transita pelo centro ou mora por lá espera pelo avanço das políticas públicas. Como o estudante Enerson Cardoso, 21, que há um ano e meio trocou São Luís por um apartamento na rua Manoel Barata, onde mora com a mãe e o irmão caçula. 'Minha mãe morava no Tapanã, mas veio para cá porque é menos perigoso. Mas não acho bom. De dia, tem muito barulho, começou a movimentar o comércio, tem que acordar, não tem jeito. De noite é tranqüilo, silencioso, mas não tem aquela coisa dos outros bairros, de visitar o vizinho, tomar um café, conversar. Também não tem muito o que fazer por aqui. Quando chega o final de semana, vou para a casa da minha namorada, que fica no Jurunas', diz o rapaz.

Sacristão na Igreja das Mercês, uma das mais antigas de Belém, ele tem por lá uma boa referência sobre os problemas diários do bairro. 'Há a violência e as drogas, muito consumidas pelos moradores de rua, que acabam cometendo furtos por causa da droga. É um problema que existe em outros bairros. Mas aqui na igreja não existem grupos trabalhando com essas pessoas. Existe uma dificuldade de criar pastorais, porque essa é uma igreja de trânsito. Normalmente quem vem aqui são as pessoas que trabalham no comércio, que assistem à missa no horário de almoço, turistas e estudantes, por conta do aspecto histórico da igreja.'

Também moradora da Manoel Barata, a arquiteta Marília Fonseca está prestes a deixar a casa que por anos pertenceu à família do marido, especialmente pela exigência das duas filhas mais novas, de 13 anos, que anseiam por vizinhos. 'São são quem reclama mais. Querem morar em prédio. Aqui, quando chega final de semana, se mandam para a casa de colegas. O mais velho, que tem 20 anos, já está acostumado, mas para elas é mais complicado.'

Marília diz que a família nunca teve problemas com segurança, mas que o barulho constante, a poluição visual e o descaso da maioria dos comerciantes com os prédios de caráter histórico incomodam, assim como o tempo gasto no trânsito para deixar as meninas no colégio. 'Por outro lado, tudo é perto. Para comprar ou resolver qualquer coisa, tem o comércio aqui ao lado', pondera, dizendo, no entanto, que não vai sentir falta do local.

INFRA-ESTRUTURA

A falta de infra-estrutura citada por Enerson e Marília é um dos maiores entraves quando se pensa no estímulo à habitação no bairro, que é vista por muitos como uma ocupação essencial para resolver o problema da conservação em sítios históricos. Talvez por isso a implantação de projetos de requalificação de antigos edifícios comerciais para prédios residenciais seja mais lenta. 'Há projetos interessantes, como o que a Caixa Econômica fez no prédio Justo Chermont, em frente ao Arquivo Público. A Companhia de Habitação do Pará também está fazendo um estudo de oferta e demanda para projetos residenciais no centro. Mas a visão de investimento não pode ser só o prédio, tem que ser pensado o espaço. É verdade que o centro carece desse comércio voltado para a habitação, como padarias, pequenas locadoras', diz Paulo Ribeiro, enquanto Antônio Lamarão completa: 'A criação dessa infra-estrutura precisa acompanhar esses projetos, senão, daqui a pouco, as pessoas começam a demandar coisas que não vão encontrar e aí começam a abandonar os prédios.

sábado, 29 de março de 2008

Fósseis tecnológicos ou visão do futuro?


Joao Pina for The New York Times

Sentados nesta cadeira estilo Star Trek, conectada a um computador mainframe*, que por sua vez, era alimentado com informações de uma rede de máquinas de telex conectadas com diversos setores industriais, funcionários do governo de Salvador Allende pretendiam tomar decisões críticas para a economia do Chile.
Ela foi batizada na época de Cybersyn e está em exposição permanente nas proximidades do Palácio de La Moneda.
Uma história muito interessante que você pode acompanhar lendo a reportagem
Before ’73 Coup, Chile Tried to Find the Right Software for Socialism do The New York Times.

* termo que designa aqueles enormes computadores da década de 70, que ocupavam muito espaço e armazenavam dados e software em discos magnéticos, quase do mesmo tamanho que um antigo LP. Alguns ainda são utilizados, muito embora, em versões bem mais atuais e velozes.

Referência

"Nunca antes em toda nossa história tivemos estas forças tão unidas contra um candidato, tal como elas se posicionam hoje. Elas são unânimes em seu ódio por mim - e eu os saúdo por isso. Eu costumo dizer que em minha primeira administração as forças do egoísmo e da luxúria pelo poder encontraram um poderoso oponente. Eu quero dizer-lhes que em minha segunda administração estas mesmas forças encontrarão quem as disciplinará!" *

Se vocês pensaram que o trecho do discurso acima é de autoria do Presidente Lula, enganaram-se completamente. É de Franklin Delano Rossevelt (1882-1945), 32 o. presidente norte-americano, do Partido Democrata. FDR como é chamado até hoje conduziu os EUA em um dos mais difíceis e perigosos momentos daquele país, preso a uma cadeira de rodas em razão de poliomielite adquirida aos 39 anos. Roosevelt enfrentou o crack de 29, que lançou milhões de trabalhadores norte-americanos no desemprego e na pobreza indigente, construindo programas sociais arrojados, incluídos num grande projeto de inspiração keynesiana, a que denominou New Deal (Novo Pacto). Mas, apesar de ter enfrentado a mais poderosa arma de guerra do mundo, os nazistas alemães, não viveu para testemunhar a vitória de seu país, falecendo de acidente vascular cerebral pouco meses antes da rendição incondicional da Alemanha. Desse modo, não há porque estranhar o nunca antes nesse país, sempre presente nos discursos do presidente Lula e que tanto irrita a oposição. A vista da contundência do discurso proferido no Madison Square Garden, a luta política de Roosevelt com os republicanos que o antecederam na Casa Branca não foi muito diferente .

*“Never before in all our history have these forces been so united against the candidate as they stand today,” he declared. “They are unanimous in their hate for me—and I welcome their hatred. I should like to have it said of my first administration that in it the forces of selfishness and lust for power met their match. I should like to have it said of my second administration that in it these forces met their master!

Vício do cachimbo

Faço minhas as palavras do jornalista Paulo Bemerguy, a propósito do tratamento dispensado à imprensa brasileira na passagem do presidente venezuelano por Belém. Chavez realmente não me inspira a menor confiança:

Jornalistas brasileiros, entre eles vários paraenses, que foram cobrir a visita a Belém, na última quinta-feira (27), do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tiveram uma pálida idéia – e ponham pálida nisso - de como os coleguinhas que não são chapas brancas e se opõem à ditadura chavista são tratados em seu próprio País.Jornalistas brasileiros foram acomodados – muitos até preferem o termo “acondicionados” – num cercadinho. Tudo bem que o ambiente era o do confortável Hangar – Centro de Convenções. Mas cercadinho é cercadinho. E não inspira boas sensações. Decididamente, não inspira.Mas a questão essencial não é esta. Se o cercadinho abrigasse democraticamente todos os profissionais de Imprensa, nada demais. E se todos os profissionais de Imprensa abrigados no cercadinho desfrutassem das mesmas regalias e encontrassem como obstáculos as mesmas restrições impostas pelo esquema de segurança, também nada demais.A questão foi o tratamento discriminatório. Flagrantemente discriminatório. Aos jornalistas brasileiros franqueou-se, de início, apenas um canto do auditório, atrás de uns pilares. Depois, negocia daqui, negocia dali, o cercadinho foi ampliado, mas os brasileiros continuaram com uma grande pedra no meio do caminho: o extremo rigor do esquema de segurança do ditador venezuelano.E os jornalistas venezuelanos – evidentemente que todos chapas brancas? Circularam à vontade pela Hangar. Vieram flanando (licença aí, Francisco) à frente de Chávez e ainda estrilaram – vejam só -, ainda cantaram de galo no terreiro alheio quando tiveram, por momentos, que dividir o mesmo espaço com os brasileiros. Achavam que no espaço só eles poderiam flanar. Ficaram achando.E como terminou a exibição explícita de tratamento discriminatório? Terminou assim: apenas os jornalistas venezuelanos tiveram acesso à reunião fechada entre Chávez e a governadora Ana Júlia Carepa.Quanto aos brasileiros, foram cantar – ou escrever – em outra freguesia, para constrangimento dos assessores de Imprensa Edir Gilet e Esperança Bessa, respectivamente do governo do Estado e do Hangar, que se desdobraram ao máximo para minimizar a discriminação escancarada.É uma pena que o Cerimonial, a Segurança e outras instâncias quaisquer do governo do Estado que participaram da organização da visita do ditador venezuelano ao Pará não tenham oferecido um bafejo sequer de bom senso para evitar barreiras além da conta ao trabalho da Imprensa.A discriminação demonstrou uma total rendição do governo do Estado ao esquema de segurança imposto pelo governo venezuelano. O que é inconcebível. A governadora Ana Júlia Carepa, independentemente das eventuais afinidades que possa ter com o estilo e os pendores ideológicos de Hugo Chávez, não poderia ter concordado com isso. A questão é saber se foi informada e aceitou tudo ou se nem chegou a ser informada por quem deveria informá-la. Nas duas hipóteses, houve falhas graves e cerceadoras ao trabalho da Imprensa.Em seu país, Chávez trata a liberdade de informação a pedrada. Trata a pluralidade aos pontapés. E trata na bicuda os jornalistas que são jornalistas, ou seja, os que não são estipendiados pelo poder e não brigam com fatos, como tantos são os fatos que revelam o estilo autoritário, ditatorial de Hugo Chávez, a quem repugnam os valores democráticos e da livre Imprensa e das liberdades.E ninguém venha com essa história de que Chávez venceu por “esmagadoras maiorias” e está chancelado e legitimado pelo apoio popular. Quem acha assim deve lembrar-se de experiências tantas, entre elas as de Hitler e Mussolini, que magnetizavam as massas, também tiveram apoio popular incontestável e nem por isso deixaram de perpetrar muitas das maiores atrocidades que a humanidade já conheceu.No caso de Hugo Chávez, vários jornalistas já foram agredidos por partidários do ditador em manifestações. E dezenas vivem sob constantes ameaças e pressões quase irresistíveis. Só se tornam resistíveis porque as aspirações à liberdade e ao retorno da Venezuela à via democrática continuam presentes entre boa parte da sociedade venezuelana.Ao contrário, o tratamento a pão-de-ló dispensado ao jornalismo chapa branca na Venezuela não tem fronteiras. A visita de Chávez ao Pará confirmou isso.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Destravando Dilma

Dilma Roussef, nos tempos de resistência armada à ditadura, foi especialista em luta com facas. Tal habilidade no corpo a corpo, reflete destemor, frieza e agilidade frente ao adversário. Não se tem notícias da hoje Ministra Chefe da Casa Civil ter praticado essa habilidade militar em campo, embora tenha sido militante valorosa no combate ao arbítrio. De qualquer modo, os tempos mudaram e requerem habilidades outras. Uma delas é a da competência comunicacional no discurso político, que, jamais, pode ser tão burocrático quanto àquele utilizado hoje, quando Dilma se defendeu das manobras desesperadas do PSDB para envolvê-la na publicização dos gastos sigilosos do governo FHC. Para disputar a Presidência da República, a Ministra Chefe da Casa Civil terá de repaginar-se rapidamente, abandonando a dicção do bureau, insossa para as massas. Por contraste, bem faria se atentasse como seus colegas encaminharam no discurso a questão que a está constrangendo: do Ministro Múcio (Relações Institucionais) ao Ministro Tasso Genro (Justiça).

Direito fundamental à atualização

Anda violando este direito de seus leitores, o blog do professor e advogado Paulo Klautau Filho.

Beach Boys cantam God Only Knows



Enquanto na Inglaterra os Beatles e os Rolling Stones faziam ebulir a panela do rock'n'roll, na Califórnia um quinteto jogava água (salgada) na fervura e lhe dava um tempero de algas: os Beach Boys, liderados pelo legendário Brian Wilson.

Com melodias simples e arranjos vocais singelos, os Beach Boys emplacaram seguidos sucessos nas rádios americanas durante os anos 1960.

Considerados uma das bandas mais influentes da história do rock e do pop, os Beach Boys compuseram canções fáceis de estilo marcante, que pegavam fácil e quase sempre falavam de amor. Mas amor não conseguiu ser uma liga entre os componentes do grupo, que mudaram muito ao longo do tempo; nos anos 1980 e 1990, por fim, Brian Wilson foi excluído, seus irmãos Dennis e Carl Wilson morreram e uma tormentosa briga judicial teve início pelo espólio dos bons tempos.

Ainda bem que o engenho humano nos permite acesso à bela herança musical do grupo. Ouçam (e vejam) Brian Wilson e seus parceiros, ainda nos bons tempos, cantando a clássica God Only Knows. A canção faz parte da trilha sonora do filme Simplesmente Amor, película inglesa do diretor Richard Curtis que foi a primeira estrangeira a contar com Rodrigo Santoro no elenco.

A Tormenta

Face ao estrondoso sucesso de público da película "Lula - o filme", a concorrência repaginará a fracassada novela do 3o. mandato, buscando atrair audiência. Enquanto isso, naquela cobertura quadriplex do "Edifício Balança, Mas Não Cai", o Primo Rico roi de ódio a ponta de seu tapete mais puro persa, presente de um sheik das arábias. Da porta da biblioteca de 15 mil volumes, Charles, o gélido mordomo inglês, assiste impassível a deprimente cena. Nas suas mãos, impecável, vê-se um jornal e, parcialmente, uma chamada que trecho não é de um diálogo de Rei Lear ... son, solve the crisis. Certamente, no estado de fúria em que se encontra, seria emoção demais para o Primo Rico ler o The Londonian News, o que o afogaria na raiva das babas que aumentaria caudalosas sobre o tapete arruinado. Mas, eis que o telefone toca, suspendendo por breve instante a fúria do nheco-nheco que faz encolher com rapidez os metros quadrados da tapeçaria. Não, senhor, não é o Maestro John Neschling. É o senhor Duciomar Costa, que de Belém quer falar-lhe... Sem poder escapar pela cozinha de seus ancestrais para as sombras da mata, em que tucanos há muito não cruzam os ares, o Primo Rico sabe que o pesadelo é só dele.

Gentileza

Do blog do magistrado trabalhista José de Alencar, extraí esta postagem. Vejam só que bacana:

Movimento Mundial pela Gentileza

Sexta-feira é um dia bom para fazer boas ações.

A minha vai ser a seguinte: vamos aderir ao Movimento Mundial pela Gentileza (http://www.worldkindness.org.sg/origins.htm).
O Movimento tem sede em Singapura e desde 2005 é representado no Brasil pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida - ABQV (http://www.abqv.org.br/conexao.php?id=331).
A proposta é propagar gestos e atitudes de gentileza como forma de transformar positivamente os ambientes de trabalho e o dia-a-dia das pessoas.
Achando bom, leve adiante a proposta, para além dos ambientes de trabalho (no trânsito, por exemplo).
Quem sabe assim não melhoramos a cidade melhorando nós mesmos.

Faça parte do Movimento Mundial Pela Gentileza e indique para outras pessoas.

Adira. Não custa nada e faz bem para a alma.

Supermercados reabrem aos domingos e feriados

Conforme possibilidade antecipada no post Folga aos domingos e feriados, o sindicato das empresas supermercadistas conseguiu suspender a tutela antecipatória obtida anteriormente pelo sindicato dos empregados do setor, que obstava a abertura dos estabelecimentos aos domingos e feriados.

Decisão liminar, proferida em mandado de segurança pelo relator do processo no Tribunal Regional do Trabalho da 8a Região, desembargador Marcus Lousada Maia, suspendeu os efeitos da decisão anterior do juiz Carlos Zalouth Júnior, da 10a Vara do Trabalho de Belém, que havia sido prolatada nos autos de ação civil pública.

A liminar em mandado de segurança exige que os supermercados fixem escalas de folga semanal, para não prejudicar o direito dos empregados ao repouso semanal remunerado.

Na ação civil pública, há audiência designada para a próxima segunda-feira, 31 de março.

Coisa nossa

O que o Flanar tem em comum com o Blog do Noblat, endereço importantíssimo da internet, sempre comentado pela imprensa de todo o país, mantido pelo jornalista Ricardo Noblat, que é bastante respeitado? Simples: o Juvêncio de Arruda.
O 5ª Emenda foi sugerido hoje por Noblat como um blog que vale a pena acessar. Coisa que nós já sabíamos e que agora muito mais brasileiros saberão.
Parabéns, Juvêncio. Vais longe porque tuas pernas foram feitas para grandes trajetórias. Abraços.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Flanando pelo memorável


Pude assistir em setembro de 2001 no Palais de Congres em Paris, esta coreografia inesquecível, com a honrosa presença na platéia, de seu criador, Maurice Béjart (1927 - 2007).
A coreografia ficou famosa quando exibida no filme Retratos da Vida (Les uns et les outre) de Claude Lelouch. Ponto culminante do filme - que serviu para popularizar a dança de Béjart (seu principal desejo em vida) - a coreografia levou às massas também o hipnótico Bolero de Ravel.
Ao vivo, a apresentação foi absolutamente perfeita.
Mas nem chegou aos pés das cenas e da participação do bailarino argentino Jorge Donn no filme de Lelouch.
E o vídeo acima, da Ópera Nacional da Bélgica com Jorge Donn como protagonista da coreografia de Bejárt, vale a pena ser visto até o último bit.

Singela alegria



Há pessoas que exigem muito para se fazerem felizes.
Desde que comecei a pegar gosto pela jardinagem, - algo realmente muito recente - na tentativa de equilibrar a decoração interna de minha casa, soterrada de traquitanas tecnológicas (um certo ímpeto feng shui, talvez), experimentei a ótima sensação de contentar-me com coisas simples.
Adquiri umas mudas de mini-margaridas e comecei a tratá-las bem.
E vejam só o retorno que elas me deram, florescendo quase todas ao mesmo tempo, deste jeito.

Teoria da conspiração

Certo dia, uma garota de 15 anos, de péssima índole, como se pode deduzir pelo fato de ter fugido de casa e praticar pequenos delitos (que são o primeiro passo dos grandes), acordou e disse para si mesma: escolhi o meu objetivo de vida! A partir de agora, a minha meta é desmoralizar a polícia e o Poder Judiciário do Estado do Pará. Então jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada trágica.
Nesse dia, a garota cometeu um furto especificamente para ser detida por policiais que passavam. Levada a uma delegacia, mentiu a própria idade. Alegou ser maior. A delegada ainda se preocupou em isolá-la, mas a meliante foi enfática: disse não ter medo de nada e exigiu ser posta na mesma cela que os homens ali recolhidos.
Uma vez na cela, deu seguimento a seus planos maquiavélicos e começou a se insinuar para os presos. Homens de bem, resistiram o que puderam, mas a dureza da vida no cárcere fez com que fraquejassem. Alguns mantiveram relações sexuais com a vilã desta história.
Perante a juíza, a perversa igualmente mentiu a idade e não pediu socorro. Queria permanecer mais um tempo nas condições em que se encontrava. Pois sabia que um dia seu caso seria conhecido, permitindo-lhe gritar aos quatro ventos que fora repetidas vezes violada na prisão, sendo mulher e sendo menor!
Com isso, agentes públicos irrepreensíveis teriam suas vidas destroçadas. A polícia e o Judiciário cairiam no descrédito.
Os motivos que levaram a jovem em questão a agir dessa forma autodestrutiva e escandalosa são a única coisa que falta para eu concluir o enredo desta trama, que talvez transforme em livro de ficção cachorrística.
Que os leitores do blog me perdoem o deboche sobre assunto tão sério. Mas como reagir à versão do momento sobre o caso de Abaetetuba?

Anônimos: ruim com eles, pior sem eles?

Há uma discussão recorrente na blogosfeira (© AK) sobre a função dos comentaristas anônimos: são eles necessários e importantes ou simples tumultuadores do ambiente virtual?

No post Sem Solução, publicado hoje no Quinta Emenda, o blogueiro Juvêncio de Arruda, nosso confrade de Flanar, irritou-se com comentários anônimos que corriam paralelos ao assunto do post. Com razão, diante do descaminho do assunto e da falta de identificação de quem queria fazer "denúncias" ou comentários descabidos, Juvêncio encerrou a discussão na caixinha de comentários - algo louvavelmente raro no Quinta.

Comentaristas, anônimos ou não, são sempre bem-vindos. Muitos, protegidos pelo anonimato, apresentam visões interessantes sobre discussões importantes, iniciadas nas postagens. Mas o anonimato também esconde muita vendeta, mesquinharia e sordidez, quando o comentarista não se identifica e baldeia xingamentos e acusações sem provas, pretendendo que o poster as abrace, sob sua responsabilidade.

Identifica-se aí um fio de navalha: de ambos os lados, o precipício; sobre a linha, o responsável por moderar os comentários, que não só passa a responder por aquilo que afirma no post, quanto pelo que os outros dele comentam.

A opinião, entretanto, tem que ser respeitada. É considerada direito fundamental desde a Declaração dos Direitos dos Homem e do Cidadão elaborada pela Assembléia Constituinte francesa, na Revolução de 1789, e vem sendo repetida em todos os documentos democráticos desde então, incluindo-se a Declaração Universal de 1948 e, em nosso caso particular, a Constituição Federal de 1988.

O caso, porém, é que todas as Cartas e Declarações fazem uma ressalva clara: a de que aqueles que abusam deste direito devem responder por suas exorbitâncias.

Por isso, anônimos certamente são sempre bem-vindos. Mas até o anonimato exige responsabilidade.

Viva o Ver-o-Peso


Apesar de todas as mazelas, Belém ainda tem uma beleza peculiar. Com 11 anos de idade, a cidade ganhou um presente, que ainda se mantém vivo. Hoje, este presente, a feira do Ver-o-Peso, completa 381 anos.

Epidemaia*

Nos últimos dias, 54 pessoas morreram em decorrência da dengue no Rio de Janeiro. O prefeito da cidade, César Maia (DEM) nega os índices, embora o desmintam as estatísticas de atendimento dos serviços hospitalares de urgência e, infelizmente, a dos morgues. Nesse sentido, a Folha de São Paulo (Cotidiano, C1, 26/03/2008) traz uma informação gravíssima, que denuncia a subestimação dos executivos fluminense e carioca no tratamento de uma doença grave, capaz de afetar seriamente o bem-estar e a economia da sociedade: o governo Sérgio Cabral reduziu em 48,6% (R$19 milhões) a previsão de gastos com a prevenção e o combate à dengue para o ano de 2008, enquanto o Prefeito César Maia, no mesmo período, não planejou nenhuma ação direta ou programa de trabalho específico contra a dengue.
Por sua vez, o legislativo carioca compareceu com moral elevada. O vereador Carlos Eduardo (PSB) entrou com representação no Ministério Público contra a Prefeitura do Rio de Janeiro. Alega o vereador que César Maia aplicou verba do programa de combate à dengue, transferida fundo a fundo pelo Ministério da Saúde, em outras rubricas programáticas; isto é, dos 12 milhões de reais recebidos, 50% dos recursos ele destinou a contratos de aluguel de ambulâncias e prestação de serviços de limpeza hospitalar.
Apesar da gravidade da situação (422 casos/100 mil/cidade Rio ou 24.000 casos), o prefeito dedica-se a atacar o Ministro da Saúde, que reputa como preguiçoso e incompetente. Mas, antes de cometer seu besteirol habitual, César Maia deveria inspirar-se em Robert de Niro, intérprete de um fictício prefeito de Nova Iorque em City Hall (Conspiração no Alto Escalão, 1999). Nesse filme, o personagem, nada politicamente correto, ensina ao assessor que, independente de qualquer justificativa a ser pensada sobre um problema público, um prefeito é responsável por tudo que acontece numa cidade, até mesmo por um pardal que caísse morto no Central Park.

* o título do post remete a chiste do cronista Zé Simão, que publica na Folha de São Paulo e em outros jornais brasileiros.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Sigilo Garantido

As melhores revistas científicas costumam submeter os artigos que lhe são enviados para publicação à avaliação crítica de pareceristas anônimos. A isto se chama de revisão por pares, ou, em inglês peer review. Nesse processo avalia-se a qualidade do trabalho apresentado, revendo-lhe a metodologia, a validade interna e externa dos resultados e se a pesquisa respeitou princípios de ética em pesquisa e de bioética. Na revisão por pares, os revisores, além de apresentarem mérito acadêmico reconhecido, não têm conhecimento da identidade dos autores, e a semelhança desses declaram se possuem conflitos de interesse em relação ao tema do artigo em análise. Ao final, aprovam o artigo, reprovam ou sugerem correções aos autores para que possa enfim ser publicado pelos editores. Nesse caso, os autores poderão aceitar ou não as recomendações, e buscar outro periódico para publicação sem que a revista que tenha negado o aceite se manifeste sobre o assunto. Por outro lado, todo esse processo não invalida a avaliação crítica dos leitores, livres para fazê-lo na seção de cartas ou comentários. Embora raro, pode ocorrer do trabalho publicado ser posteriormente retirado da revista - e isto também é informado no número subsequente - , se os leitores apresentarem crítica consistente quanto a qualidade do artigo.
Pois esse processo rigoroso de avaliação científica, recentemente sofreu uma séria ameaça contra a integridade do anonimato dos pareceristas. Nos EUA, a multinacional farmacêutica Pfizer ingressou na justiça para obrigar que o Journal of American Medical Association (JAMA), o New England Journal of Medicine e o Annals of Internal Medicine revelassem a identifidade de seus revisores científicos. A alegação da Pfizer se baseava em que, para fazer frente aos processos judiciais em que é questionada sobre omissão quanto a advertir sobre efeitos adversos relacionados aos medicamentos Celebrex (Celebra, no Brasil) e Bextra, necessitava encontrar novos dados, resguardados na confidencialidade dos revisores. Os medicamentos por ela comercializados são constituídos por fármacos inibidores da enzima Cox-2, semelhantes ao Vioxx, retirado do mercado em 2004 por suspeita de provocar ataques cardíacos e derrames evitáveis em milhares de usuários. Os autores das ações contra a Pfizer alegam que os medicamentos comercializados pela companhia, em razão de pertencerem a mesma família farmacológica do Vioxx, apresentariam riscos importantes para a saúde dos pacientes, sem que o fabricante relatasse à época sobre os riscos e a gravidade dos possíveis efeitos adversos na bula do produto.

Em decisão de 14 de março passado o Tribunal Federal do Distrito de Chicago negou à companhia farmacêutica o direito de quebrar o sigilo dos pareceristas em dois dos três jornais, especialmente com respeito ao contéudo das mensagens eletrônicas trocadas entre os editores e os pareceristas. A solicitação de quebra do sigilo dos pareceristas do New England Journal of Medicine ainda aguarda decisão. A sentença proferida representa uma salvaguarda da verdade científica no interesse dos direitos da coletividade em relação a imperativos de mercado. Segundo o juiz Arlander Keys a confidencialidade garantida das revisões permite aos revisores fazerem críticas profissionais dos manuscritos sem temer potenciais reações dos seus autores.

Folga aos domingos e feriados

Como noticiado pelos meios de comunicação às vésperas da Semana Santa, o funcionamento dos estabelecimentos localizados dentro dos municípios de Belém e Ananindeua foi proibido aos domingos e feriados. Uma ação civil pública ajuizada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Supermercados, Shopping Center, Mini-Box e Comércio Atacadista, Varejista de Gêneros Alimentícios do Município de Belém e Ananindeua obteve hoje decisão antecipatória favorável, proferida pelo juiz Carlos Zalouth Jr., titular da 10a Vara do Trabalho da capital, confirmando a ordem anterior.

Conforme noticia o sítio das ORM, a ação foi aforada antes da Semana Santa. Devido ao feriado e diante da possibilidade de seus associados passarem a data trabalhando, o Sindicato ajuizou uma ação cautelar incidental à ação civil pública, na qual foi deferida medida liminar pela juíza que se encontrava de plantão, Maria de Nazaré Medeiros Rocha.

A decisão do juiz Carlos Zalouth ainda é provisória. Foi deferida tutela antecipatória, que materializa a concessão imediata do direito pleiteado, antes da sentença. Obviamente, a decisão final poderá ser diferente desta, de efeitos imediatos. Antes disto, será realizada audiência de conciliação, instrução e julgamento, designada para o dia 31/03 (segunda-feira próxima).

Pelas regras do processo trabalhista, não cabe recurso da antecipação de tutela. Somente um mandado de segurança, eventualmente impetrado pelos supermercados e dirigido ao Tribunal Regional do Trabalho da 8a Região, com sede em Belém, poderá reverter imediatamente a ordem. Enquanto isto, compras semanais, só até sábado.

Do depósito recursal

No blog do Yúdice, nosso confrade flanático, está rolando uma discussão muito interessante sobre depósito recursal na Justiça do Trabalho. Aos interessados, sugiro uma passadinha por lá.

Gritos, não sussurros

Nos tempos do monopólio da distribuição de gás liqüefeito de petróleo, também chamado de gás de cozinha ou GLP, a venda do produto nas ruas de Belém era anunciado pelo toque de um sino, que se tornou sinônimo bucólico da Paragás, do grupo cearense Edson Queiroz.

O ingresso de outra companhia no mercado - a Tropigás, iniciada sob o guarda-chuva do antigo grupo Belauto, do falecido empresário Jair Bernardino, e hoje sob o manto da Petrobras - demandava a adoção de um símbolo forte e de reconhecimento imediato para as vendas de rua. Criou-se então o chamado "olha a Tropigás!", que emanaria dos caminhões de distribuição da companhia.

Hoje em dia, desde as 7:30 hs da manhã, é possível ouvir os gritos ininterruptos e esganiçados da Tropigás pelos bairros da cidade. Então, pergunto: será que só eu, o chato de plantão, considero o tal chamado um desrespeito ao cidadão, uma evidente, estridente e repulsiva poluição sonora?

terça-feira, 25 de março de 2008

Cadê a bola?

Placares esquálidos, sedes com leilão marcado, presidentes sob sítio, jogadores chutando portas e quebrando vidraças nos clubes, atletas voltando a pé dos treinos, violência nos estádios.
É neste cenário de absoluta anarquia e insolvência que chega à fase final o 1º turno do campeonato paroara.
Perderam todos, menos os espertalhões, alguns já representados em suas descendências, outros ainda bebericando e armando todo final de tarde nos bares dos clubes.
Decadência total.

Flanando pela guerra dos navegadores

Segundo dados fornecidos por nossas ferramentas de auditagem Performance Metrics e Google Analytics, o uso de navegadores web entre nossos leitores segue o seguinte placar:

PERFORMANCE METRICS
Internet Explorer - 67,70%
Mozilla Firefox - 30,40%
Apple Safari - 1,90%

GOOGLE ANALYTICS
Internet Explorer - 65,45%
Mozilla Firefox - 32,78%
Apple Safari - 1,06%

Ainda neste semestre, Microsoft e Mozilla prometem atualizações em seus navegadores. Vamos acompanhar a evolução destas estatísticas, com nosso humilde termômetro.

Observação para iniciados: eu teria preferido organizar os dados acima com uma única tabela. E domino razoavelmente o código HTML para fazê-las, utilizando as tags adequadas com seus respectivos fechamentos. Contudo, ao utilizar a aba Editar HTML do Blogger e colar o código, obtive um efeito colateral indesejável, com um incrível afastamento da tabela do restante do texto. Uma limitação do Blogger ou minha? Quem souber a resposta, por favor, pode ir dando a dica.

Para músicos e diletantes



Que tal utilizar seu computador para atividades musicais, com uma configuração básica mas altamente satisfatória.
Então aqui vai uma sugestão interessantíssima, levando em conta inclusive seu baixo preço (apenas 46 dólares).
Conheça o USB Roll-Up Piano, um piano de 49 teclas sensíveis ao toque, alimentado por uma prosaica porta USB de seu computador. Fácil de transportar, este piano flexível pode ser enrolado e colocado dentro de uma mochila. Os sons, além do piano, podem ser os mais variados, incluindo alguns timbres percussivos.
Obviamente, não é uma solução profissional. Mas agrega uma útil função criativa a seu computador.

Como sempre

A dengue é uma doença que deveria estar erradicada, em vez de figurar nos noticiários e, muito menos, ser uma epidemia e fazer vítimas fatais. Dengue, disenteria, cólera e outras, moléstias que ainda perduram largamente no mundo, face ao total descompasso entre a riqueza de países como o nosso e a miséria de suas populações. Sem falar nos países que são essencialmente miseráveis.
Não é o caso do Brasil, claro, subindo no grid das economias mais fortes do mundo. Mesmo assim, o Rio de Janeiro continua dominado pelo tráf... (desculpe, força do hábito) pela dengue.
Os ingredientes da epidemia são os mesmos de sempre. Falta de saneamento básico, falta de educação da população, coleta irregular de lixo, falta de colaboração dos proprietários em abrir suas casas aos agentes de saúde, medo dos proprietários de ser vítimas de criminosos ao fazê-lo, insuficiência de investimentos na rede pública de saúde, politicagem, jogo de empurra e cinismo, muito cinismo.
O cinismo a que me refiro é dos setores que privilegiam o lucro sobre qualquer outro interesse. Hoje, refiro-me às empresas de turismo. Enquanto os turistas se queixam de não terem recebido quaisquer informações sobre a doença, a associação das agências de viagem afirma que emitir um alerta, agora, seria "precipitado". E justifica: os turistas vão para o Leblon, Copacabana, Zona Sul...
A mensagem é subliminar, mas clara. Não queremos alertar os turistas para não comprometer o afluxo de turistas, diminuindo as nossas receitas. Basta que eles se mantenham nas regiões mais ricas da cidade, porque eu não tô nem aí se está morrendo criancinha na periferia. Isso é problema do governo.
Os governos, por sua vez, apenas brigam sobre quem tem culpa.
E enquanto isso, o Aedes aegypti prossegue livre, bem nutrido e democrático, atacando em todas as regiões da cidade, levando ao desperdício vidas que não poderiam ser perdidas para uma doença de prevenção tão banal.
E ano que vem será a mesma coisa.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Ecos de um post sobre Mosqueiro


Exibir mapa ampliado


Corredores do Hotel Farol (Mosqueiro-PA) - Foto: Carlos Barretto.

Há quase 1 ano atrás, fiz uma fotopostagem a respeito de 2 dias que resolvemos permanecer hospedados no Hotel Farol (Mosqueiro), enquanto aguardávamos a reforma de nossa casa na praia do Murubira. De fato, o post Outra visão de Mosqueiro foi muito prestigiado, tendo vários comentaristas compartilhado suas lembranças daquele lugar, definitivamente, mágico.
Pois hoje, supreendentemente, recebemos um novo comentário sobre o post. Possivelmente, de um paraense morando em Santa Catarina.
Veja o comentário dele.

Também sou mosqueirense de carteirinha. Quase nasci lá, pois depois de um longo dia de viola e cerpinha, meu pai Evaristo Terezo, estava impossibilitado de trazer a minha mãe Mariza ao Hospital Belém. Mas seu antigo fuscão azul já sabia o caminho de có (SIC) e não virei nativo em vias de fato. Ao ler o comentário do Paulo Gomes, lembrei de "Bebé", de meu padrinho Pedreira e da Anarcísa, esposa do Hugo Mártyres. Foram muitos dias de Mosqueiro. Meu sonho até então era morar em Mosqueiro, mas por circunstâncias da carreira profissional vim para na Ilha de Santa Catarina, também bela, mas não tão exôtica como nossa Mosqueiro. Sonho parcialmente realizado, agora penso em um dia poder dar a meus filhos um fim de semana no Hotel Farol, com direito a passeio de barco com o Cesar Martyres e seus cachorros. Peixe frito com banana e colher pedras em baixo do Farol na maré seca.


De lá para cá, só a nota triste do falecimento da proprietária e herdeira do empreendimento, - a quase centenária Dona Adelaide - ocorrido no final do ano passado, e de um de seus filhos, logo em seguida, de infarto. A filha mais velha, permanece administrando o empreendimento, sempre muito zelosa.
Vale a pena revisitar o post, e principalmente, os comentários.

Obs: interessante como o comentário é temporão. Este é um dos fenômenos mais interessantes da blogosfera.

Lei de Murphy

Se confirmado que um narcotraficante, preso na carceragem da Polícia Federal, em São Paulo, com uma inocente faca descartável de material plástico, num primor de teste de resistência de material, sangue frio e conhecimento anatômico, morreu ao cortar o próprio pescoço e a artéria carótida, a inusitada eficácia do instrumento poderá obrigar aos orgãos de segurança aérea a retirada de tal utensílio dos vôos. Quem aceitar a lauta refeição servida pelas companhias aéreas deverá fazer uso das mãos.

Eleições 2008

Após algum tempo sem qualquer informação a respeito, soam ecos de uma nova pesquisa de opinião pública com foco nas eleições para prefeitos e vereadores deste ano.

Segundo o blog do Barata, o ex-prefeito Edmilson Rodrigues continua liderando as intenções de voto, com cerca de 1/3 do eleitorado:

Se a eleição para a prefeitura de Belém fosse hoje, a disputa ficaria polarizada entre o ex-prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL), com 30% dos votos, e o atual prefeito, Duciomar Costa (PTB), o Dudu, com 26. A eles se seguiriam o ex-governador Simão Robison Jatene (PSDB) e a ex-vice-governadora Valéria Vinagre Pires Franco (DEM), ambos com 11% dos votos.
Este foi o resultado da pesquisa realizada em Belém por um instituto de pesquisas de opinião pública do Pará, de 1º a 20 deste mês, por encomenda do governo do Estado. Nela foram ouvidos 1.200 entrevistados. A margem de erro da pesquisa fica em torno de 3%.

O jornalista Augusto Barata cita ainda outra pesquisa, que corrobora a vantagem de Edmilson:

Pelo que vazou em torno do assunto, uma outra pesquisa de intenção de voto em Belém, feita por um instituto que costuma acertar seus prognósticos e tem mais de 15 anos de mercado e credibilidade comprovada, a vantagem de Edmilson Rodrigues é ampliada. Por essa outra pesquisa, cuja margem de erro é de 5%, Edmilson Rodrigues (PSOL) registra 33,7% das intenções de voto, contra 20,3% do atual prefeito, Duciomar Costa (PTB).
A eles se seguem, nessa outra pesquisa, a ex-vice-governadora Valéria Vinagre Pires Franco (DEM), com 10,7% das intenções de voto; o ex-deputado federal José Priante (PMDB), com 5%; Zeca Pirão (PP), atual presidente da Câmara Municipal de Belém, com 4,7%; o deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB), com 4%; o ex-deputado estadual Mário Cardoso (PT), com 3%; e o deputado estadual Arnaldo Jordy (PPS), com 2,3%.

Os prognósticos podem tirar o ex-prefeito da dúvida que parece frear sua candidatura. Os próximos dias serão reveladores.

De dentro para fora

Não bastassem os índices alarmantes de violência nas ruas da capital e do interior paraoaras, agora o Secretário Geraldo Araújo se depara com uma nova onda de terror, que demonstra a falência do sistema de segurança pública do Estado: cresce assustadoramente o número de fugas de presos de delegacias e seccionais urbanas.

Às condições subumanas das carceragens, soma-se o baixíssimo grau de inviolabilidade das celas paraenses, decorrentes dos mais diversos fatores. Como diria o dito popular, a fome se alia à vontade de comer.

Tocar retirada!

Segundo notícia de Josias de Sousa, de forma reservada o PSDB começa a discutir o desembarque da CPI do Cartão Corporativo. Estudam apenas o pretexto, que seria a resistência do Palácio do Planalto em revelar as despesas sigilosas com a segurança presidencial.

Amigo da Onça


Enquanto isso, naquela cobertura quadriplex do edifício Balança Mas Não Cai, o Primo Rico estraçalha uma revista semanal de notícias e berra para o impassível e fiel mordomo: Chega de quais-quais-quais! Descubra o traidor que fez essa velhacaria comigo!

A Muralha da China

A China é credora dos EUA em 1 trilhão de dólares, emprestados, segundo denúncia do ex-governador McGovern, para financiar a guerra no Afeganistão e Iraque. A economia chinesa, responsável por 5% do PIB mundial, vai literalmente pra chon em caso dos Estados Unidos, donos de 25% de toda riqueza mundial produzida, não controlarem a recessão que estão vivendo. Ninguém está imune.

Lição de Sociologia Política

Um episódio revelador do miasma pantanoso que circula na CPI dos Cartões Corporativos. Na semana em que compareceram os técnicos do Tribunal de Contas da União houve um mal estar geral na bancada da oposição. É que tecnicamente ficou comprovado a absoluta fragilidade da CPI. Todas as contas do governo havia sido auditadas, inclusive as sigilosas da Presidência da República, e nada, absolutamente nada, indicava malversação do dinheiro público, ainda que em um gasto ou outro merecesse reparo de menor importância. Houve deputado federal que, no desespero, disse em alto e bom som que não toparia mais reuniões com a presença de técnicos. Ignorava o deputado que ao se expressar de modo tão sincero, completava brilhantemente o cenário que ali se apreciava.
Moral da história: política e tecnoestrutura quase sempre divergem, quando a segunda é séria.

P.S - Esse fato não foi noticiado na grande imprensa. Qual a moral? Bom, melhor deixar pra lá.

O Google nasce para todos



Ei! Você aí! Frenético usuário do Linux. Tem um Google só para você.
É só clicar aqui.

domingo, 23 de março de 2008

A Vida Como Ela È

A cafetina Andréia Schwartz teve tratamento de V.I.P em seu retorno ao Brasil, quando chegou como deportada dos EUA por agenciar marafonas e porte de drogas. O Bispo Macedo pagou-lhe bilhete de classe executiva, certamente como sinal de uma possível negociação por entrevista exclusiva a Rede Band. Contudo, de espantar mesmo, foi a American Airlines ter concedido a cortesia de upgrade para primeira classe à proxeneta. Com essa nova localização no vôo, foi-lhe possível viajar no mesmo espaço que Pelé, que dormiu o sono dos justos sem saber a identidade da companheira de viagem. Mas, não terminou aí. Quando chegou em Vitória, cidade onde tem residência, a cafifa, para evitar o assédio jornalístico e os apupos populares, recebeu da Infraero o direito de desembarcar na pista, onde um carro foi apanhá-la, seguido por outro com seguranças. Como diria Nelson Rodrigues, a cama é um objeto metafísico.

Novo julgamento

Está previsto para amanhã o novo julgamento de Sebastião Cardias e José Augusto Marroquim, co-autores dos homicídios contra os irmãos Novelino, o que explica o retorno às ruas dos outdoors com pedidos de justiça. Mas a família não tem muito com que se preocupar. Dificilmente a conclusão do julgamento será diferente da anteriormente obtida. Afinal, estamos diante de uma norma velha e inconveniente da legislação processual penal, a que permite o chamado protesto por novo júri. Julga-se o mesmo réu de novo não porque o veredito tenha sido ruim, injusto, ilegal, excessivo ou de algum modo incorreto, mas tão somente porque a pena imposta a um único delito foi superior a 20 anos. Uma tolice que precisa ser abolida de nossa legislação.
Assim, sem fatos novos, sem qualquer acontecimento relevante nos últimos meses, apenas se verá uma repetição dos trabalhos. De novidade, mesmo, apenas o desmembramento do julgamento. Enquanto da primeira vez todos os réus foram julgados conjuntamente, agora haverá divisão. Curioso é que, antes, o juiz indeferiu o pedido e agora acolheu. Difícil entender as razões do juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, que por sinal fez um discurso bastante passional ao final dos trabalhos anteriores, lendo a sentença. Mais estranho ainda foi a defesa ter-se calado diante disso.
A separação do julgamento é o que pode trazer alguma surpresa, ao menos em tese. Façamos um raciocínio absurdo, apenas para esclarecer o meu ponto de vista: suponhamos que os jurados, votando os quesitos, declarem que Cardias matou as vítimas a mando de Chico Ferreira. No segundo julgamento, os jurados - mesmo sendo outros, completamente diferentes - não poderiam dizer que o crime foi cometido a mando de Luiz Araújo, porque isso seria incompatível com o veredito anterior. Os julgamentos são distintos, mas os fatos são os mesmos. É preciso que os jurados afirmem, claramente, que os delitos foram perpetrados a mando de Chico Ferreira e de Luiz Araújo, a fim de não dar margem a que, amanhã, a defesa se prevaleça de minúcias técnicas ou detalhes aparentemente aparentemente insignificantes, para anular o júri.
Este pode ser um exemplo meio estranho, mas serve para mostrar que o júri é uma peça teatral, onde as partes querem vencer, pela razão, pela técnica ou pela arte. Nem que seja a arte de enrolar. Por isso, não se dá oportunidades ao oponente.
Em cartaz, novamente, amanhã.

Opinião pública e Judiciário

Na última semana, 5 posts foram lançados neste blog a respeito da escolha do novo desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. Nestes, houve 27 comentários.

Talvez seja a comprovação de que nunca na história deste Estado uma eleição para o desembargo foi acompanhada tão de perto pela opinião pública e que os magistrados nunca estiveram tanto sob vigilância da sociedade.

Um trabalhador brasileiro

Há anos ele atua na TV brasileira, desde os tempos em que os programas eram ao vivo, passando pelo vídeo-tape e alcançando a era digital da telinha. Conhecer a história desse misto de clown e técnico vale, e está disponível no iconoclasta Fudeus existe. Confira.

O Crime Debaixo D'água

Desde 2002, cerca de 23 submarinos foram apreendidos transportando toneladas de cocaína na costa colombiana. Detalhes na versão eletrônica do LANACION.

O Vai da Valsa

A gestão do SUS por lei é tripartite, sob responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal, cada um com papéis autônomos bem definidos. Se existe alguma culpa do Ministério da Saúde na epidemia de dengue do Rio de Janeiro, reside no fato de que o governo federal haveria de ter intervido no SUS daquele estado há mais tempo e organizado a balbúrdia.
Na verdade tudo se origina da falta de seriedade com que a população carioca elege e avalia da praia seus governos - até o macaco Simão do Zoo recebeu votos em eleições passadas. Depois, no amargo despertar reiterado, saem em passeata pra lá, passeata pra cá, chega o Carnaval e tudo se acomoda. Dengue, violência, traficantes, César Maia, banqueiro de banco (porque por lá imperam também os do jogo do bicho) como secretário de saúde, Benedita da Silva, Crivella, Casal Garotinho, Gabeira - ninguém aguenta mais os atores e tanta besteira na comédia carioca de erros.

Easter Egg no Google



Vez por outra, publicamos alguns Easter Eggs aqui. Como foi o caso do post Easter Egg no Google Earth de 2 de setembro de 2007, que mostrava um surpreendente simulador de vôo escondido no Google Earth.
Hoje, nada mais conveniente do que dar a dica de mais um, em pleno domingo de Páscoa.
Este é muito bobo e quase insano mas não deixa de ser uma curiosidade. Quem acessar este sítio escondido do Google, vai ter uma supresa. Quer saber qual? Então vai lá.
Clica na imagem acima.
E boa Páscoa!

Vanzoleso

O dublê de biólogo e músico Paulo Vanzolinni (84 anos) não obtem o mesmo sucesso em termos de análise política. Em entrevista de página inteira na Folha de São Paulo de ontem (Caderno Ciência. A-16), o autor de Ronda saiu-se com esta afirmação, mal embrulhada de seriedade: A Amazônia inteira quer derrubar a floresta. Principalmente o pessoal que vive lá mesmo. O único jeito seria diminuir a população, trancar a porta e jogar a chave fora. Não existe desenvolvimento sustentável. É uma besteira completa.

Ninho em ebulição

A coluna Painel da Folha de São Paulo deste domingo traz informação importante sobre o nada tranquilo ambiente no PSDB do Pará. Segundo a colunista Renata Lo Prete, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), chegará em Belém nos próximos dias com a missão de resolver o impasse dos tucanos com o DEM. O pomo da discórdia seria o ex-governador Simão Jatene, que negaria apoio a chapa que tivesse como cabeça sua ex-vice, Valéria Pires Franco, à frente de Jatene nas pesquisas.

sábado, 22 de março de 2008

Evolução de uma marca


Courtesy of Apple Computer, Inc

A maçã, nem sempre foi assim.
Já passou por maus momentos, quando quase sumia no mercado de PCs.
Voltou com força total com o lançamento dos iMacs translúcidos por Steve Jobs, até chegar aos atuais iMacs e Macbooks.


Courtesy of Apple Computer, Inc

Mas tudo começou, assim.


Courtesy of Apple Computer, Inc

E divulgado assim.
Veja mais clicando aqui.

O melhor do You Tube 2007



Este vídeo, foi um dos vencedores do You Tube Awards 2007. Para ver a relação de vencedores em 12 categorias, clique aqui.
Sobre o autor do vídeo acima, vale a pena visitar seu sítio NOTsoNoisy que possui outros exemplos muito interessantes.

sexta-feira, 21 de março de 2008

ZZZZZzzzzz ...


A propósito da sexta-feira da Paixão, um jornal do Pará lembrou-se do Padre Antonio Vieira. Ocorre que o jesuíta, prosador dos maiores na língua portuguesa, preso e banido do Pará pelo extraordinário Dom Sebastião José de Carvalho, o poderoso Marquês de Pombal, completa neste 2008 o quarto centenário de nascimento, completos em fevereiro último. Em honra ao seu reconhecido gênio político e literário, houve e acontecerão comemorações tanto em Portugal, quanto no Brasil. Espera-se que o governo do Estado, descontada a, digamos, baixa compreensão da Prefeitura de Belém para fazê-lo, reconheça a máxima do religioso português - passam os passos, mas as pegadas ficam - e dê as horas nas comemorações do Ano Vieira.

Ode a Jack London


Sou sempre daqueles

que vão deixando alguém
nunca o alguém
hirto na partida
na melancolia da ausência
amanhã nostalgia insubmissa.
As viagens foram feitas para mim.
Nasci com os mapas.
Os itinerários estão na palma da minha
mão.
Sou sempre um estranho
forasteiro nas praias nunca repetidas
minutos na existência de mulheres
jamais lembradas
nos portos nunca visitados segunda vez.
Nunca me falaram as mãos e os lenços
que permanecem em acalanto, no cais.
Desconheço-lhes o morno do hálito.
Também minhas mãos
uma de sotavento
outra de barlavento
nunca se manifestaram.
Nunca as sacudiu uma saudade futura.
Nunca fui o alguém que fica, sou
sempre o que vai
– o que vai e não retorna, como se fosse
com a morte
existir no olvido.
***
A poesia é gênero extraordinário, inesgotável de mestres. Nesta sexta-feira da Paixão, transcrevo-lhes exemplo emblemático da arte de um autor praticamente desconhecido entre não iniciados. Fernando Ferreira de Loanda; nascido em Angola e naturalizado brasileiro, faleceu no Rio de Janeiro em 2002. Foi editor da famosa revista Orfeu e organizador do primeiro florilégio da geração poética de 45 - Panorama da Nova Poesia Brasileira. Teve admiradores ilustres, como Octávio Paz (1914-1998), que fez questão de encontrá-lo quando em visita ao Brasil.
Brevíssimas palavras sobre o homenageado: Jack London (1876-1916) foi escritor norte-americano - misto de aventureiro - cujos livros trazem uma atmosfera que expressa a tensão entre o individualismo capitalista e a necessidade de reformas sociais possíveis de superar os dramas da segunda revolução industrial. A inquietação metafísica desse prolífico escritor pode ser apreciada na conclusão de seu poema Credo:

The function of the man is to live
not to exist
I shall not waste my days trying to prolong them.
I shall use my time.
Velocidade e transitoriedade permeiam-lhe a obra, inscrita em definitivo na modernidade. Exatamente explorando esse aspecto, Loanda compõe o poema em epígrafe, publicado no livro Equinócio de 1953. Apreciem como fosse vinho de rara safra.

* ensaísta e poeta mexicano, Prêmio Nobel de Literatura (1990).



Maçãs em lugares estranhos



Há algum tempo atrás, encantado com a chuva forte que caía em Mosqueiro, fiz uma foto estranha das gotas da chuva no capô de meu antigo carro vermelho. Naquele momento, FRJ que ainda nem era articulista do Flanar, brincou comigo dizendo algo como "mas o que eu gostei mesmo foi da Ferrari".
Pois bem.
A Ferrari se foi. Fiz então outra foto que serve para ilustrar as duas novas máquinas.
Rssss...

Pela clarabóia



Em minha sala de estar, tenho uma clarabóia. Ontem, fomos todos presenteados com lua quase cheia. E através de minha clarabóia, confortavelmente sentado, perdi-me com a câmera por vários minutos para fazer esta única foto. Sob os protestos de minha esposa, que me chamava para jantar.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Flanando pelo Google Earth


View Larger Map

Esta cratera de impacto, foi descoberta pelo geólogo australiano Arthur Hickman, utilizando para isso uma ferramenta pública e gratuita: o software de imagens de satélite Google Earth.
Outros, encontram pessoas ou objetos flagrados em atitudes estranhas no momento do registro fotográfico. Basta ir até o Google Sightseeing para ver uma lista delas.

"Segredos" do Wikileaks

Na babel eletrônica tem de tudo. Bobagens, frivolidade, crimes cibernéticos, informações com muita, alguma ou nenhuma credibilidade, bálsamos para os olhos e para a alma, ferramentas gratuitas para soltar a criatividade, outras para destruí-la em segundos, entre tantos outros recursos talvez ainda não totalmente descobertos. É importante salientar que toda esta diversidade não se constitue privilégio exclusivo do mundo virtual. Veja com atenção o mundo real à sua volta.
Segundo o G1, surge mais um destes sítios bizarros.
Trata-se do Wikileaks. Aqui - dizem eles - você deverá encontrar documentos que nunca estariam disponíveis em ambiente tão vulnerável como a web. Documentos "tidos" como secretos. Não sabemos exatamente se as informações são exatamente quentes. Mas que já andaram tentando tirá-los do ar, parece que sim.
Teorias conspiratórias? Uma completa farsa? Só vendo.
Tire você mesmo suas próprias conclusões visitando o Wikileaks.

Ecos do biênio do Flanar

Um gentil e carinhoso comentário da jornalista e blogueira Cris Moreno, pousou ontem na concorrida caixinha de comentários do post comemorativo dos 2 anos do Flanar. Pela gentileza e principalmente pelo conteúdo de seu extenso texto, trago à ribalta com nossos sinceros agradecimentos. E como retribuição, uma visualização do antigo logo, que pela última vez, corre blog abaixo.



Lembro-me quando vinha aqui, timidamente, deixar comentários e haicais, à noite. Você se lembra? Depois pela manhã, à tarde...hoje, todo dia, toda hora. A turma foi crescendo, o blog foi ficando cada vez melhor. Sabes, vou te confessar uma coisa. Sinto tanto a falta daquele banner antigo. Aquilo era o FLANAR pra mim. Cada letra com uma cor. Que lindo. Era a sua cara. Era o blog. Ainda hoje e até hoje, eu o vejo aqui. Incrível. Quando entro no blog vou com o olhar direto para aquele lugar. O seu lugar. Embaixo ficava o Baudelaire, depois o João do Rio. E os serviços do blog que aumentam e estão mais sofisticados. Acompanhei toda a descida do banner. Parecia que ia um pedaço dos meus olhos estava indo embora. Olhava para absorver a imagem. Prédio em demolição. O marketing tem explicação para isso. A minha é que vivi uma parte deste blog. A história também explica. O blog já tem história.

Está bonito como está. Mas o coração também tem olhos. Você bem que poderia tirar um dia e criar uma sessão nostalgia. Mostrar para os novos leitores, como era o Flanar. Ou um post especial sobre isso. Aquele banner merece. Baudelaire tb.

Gosto quando o FRJ coloca músicas às sextas. Das poesias do Oliver. Das Bibliotecas do Gui. Das Leis do Yúdice. Da liberdade de expressão do Juca. E de você, claro, com o que tem de novo em tecnologia.

Parabéns Flanar!

quarta-feira, 19 de março de 2008

Azarão

A caixa de recados do celular do novo desembargador paroara, Leonan Cruz Jr. ( ver post abaixo) estava cheia a partir das 8 da noite. Tampouco o telefone de seu escritório atendia.
Era mais quem queria cumprimentar o menos votado na lista da OAB, último escolhido pelo Pleno do TJ depois de 11 votações, e nomeado a jato pela escaldada governadora Ana Julia poucas horas depois de entrar na lista tríplice.
Leonan, que pode ter uma das mais longas carreiras do desembargo paroara - tem apenas 43 anos - é solteiro, mora com os pais, tem fama de tratar todo mundo com atenção, gosta de um boteco, e vai às lágrimas quando o Paysandu perde.
Vamos ver qual a carga de O2 que vai bombear no TJ paroara.
Para quem acha que Jader Barbalho perdeu com o by pass de Edilson Dantas, seu candidato preferido, talvez convenha esperar as indicações para as vagas que ainda estão pendentes nos Tribunais de Contas.
Dependendo do ponto de vista, um lugar mais interessante.
E a desfeita desaparece.

Escolhido o novo desembargador

Já foi escolhido o novo desembargador do Tribunal de Justiça do Pará, para ocupar a vaga da OAB deixada pelo falecimento do desembargador Geraldo Lima. É Leonam Gondim da Cruz Junior.

Cogitou-se muito acerca do nome do ungido, nas últimas semanas, naquela que certamente foi a eleição ao desembargo de maior interesse da história do Tribunal. Nunca, pelo que sei, uma escolha para o TJE foi tão acompanhada pela mídia e pela opinião pública - mercê dos tempos, certamente.

Fato é que algumas conclusões se podem tirar, desde logo, da eleição, mesmo sem o dito necessário afastamento histórico.

A primeira delas, que mais salta aos olhos: decididamente, coerência não é o forte do governo. Assim como no caso da eleição para reitor da UEPA, não foi escolhido quem mais legitimidade alcançou, em todo o processo.

O advogado Haroldo Guilherme Pinheiro da Silva foi o único que recebeu a unanimidade dos votos do Conselho Seccional, na escolha da lista de 11 advogados submetidos à eleição pelos membros da classe dos advogados; foi o mais votado pela categoria; foi o primeiro da lista sufragada pelos desembargadores, e o único que alcançou, já no primeiro escrutínio, a margem de votos necessária à inclusão na lista tríplice posteriormente encaminhada à chefa do Executivo.

No entanto, Leonam Cruz, que foi o sexto da lista encaminhada pela OAB ao Tribunal e o terceiro, após 11 votações, da lista enviada pela Corte ao Palácio dos Despachos, acabou escolhido.

Aí vem a segunda conclusão, que nasce de uma pergunta: por que Leonam? Afinal, além de todo o histórico de Haroldo Guilherme no processo eleitoral, ainda havia na lista Edilson Dantas, amigo pessoal de Jader Barbalho, seu advogado e de suas empresas de comunicações, procurador chefe de Ananindeua, cujo prefeito é o filho político do deputado federal pelo PMDB, garantidor da eleição de Ana Júlia em 2006. Então, quem é esse padrinho tão poderoso de Leonam?

Pelo que andam falando nos bastidores, a nomeação foi mais uma vitória, dentre as tantas de sua carreira, do advogado Jarbas Vasconcelos do Carmo. A questão agora é saber se Jader engolirá fácil a desfeita.

Burocracia

Minha companheira encontrou Max Weber hoje, no centro de Belém.
Precisando resolver questões relativas ao FGTS, dirigiu-se à uma agência da Caixa e entrou numa fila. Uma hora depois, na frente do guichê, foi informada que as senhas haviam acabado. Deram-lhe algo parecido e disseram que precisava marcar uma consulta com o gerente.
Tentou fazê-lo pessoalmente, mas não podia. Só por telefone.
Sacou seu celular da bolsa, e aí foi informada que só aceitavam ligações de telefone público.
Na orelhão da calçada, na frente da agência, descobriu que não havia vaga na agenda do gerente daquela agência. Sugeriram outras, não muito próximas, ou que procurasse diretamente o gerente.
Depois de nova sessão de fila - tres horas no total - foi atendida.
Muito bem, por sinal. Mercê de seus argumentos, sempre fortes, e de sua beleza.
Com todo o respeito, é claro.

Lista completa

Ao mesmo tempo em que o Flanar, com a presente, completa 2.000 postagens, o Tribunal de Justiça complementa a lista tríplice que será enviada à governadora para escolha do novo desembargador.

Após o 11o escrutínio, Leonam Gondim da Cruz Junior foi o mais votado, com 16 sufrágios.

Tentando montar a lista

O Tribunal de Justiça do Estado decidiu escolher os nomes para compor a lista tríplice em votação secreta. Nenhuma surpresa nisso.
A sessão, iniciada quase às dez da manhã, não acabou até agora, face à impossibilidade de se obter maioria absoluta para a escolha do terceiro nome da lista.
A sessão ficou tumultuada, horas atrás, pela evidente confusão dos magistrados, que não sabiam se a lista devia ser formada por maioria simples ou maioria absoluta - dúvida que deveria ter sido dirimida antes da sessão, não na frente das câmeras. Além do mais, a corte já fez eleições semelhantes outras vezes. Que se tenha manifestado, apenas o desembargador Milton Nobre se lembrou dos procedimentos adotados anteriormente. Por fim, prevaleceu o entendimento - correto, diga-se de passagem - de que o quórum deveria ser maioria absoluta do Tribunal Pleno.
Até o momento, já foram realizados nove escrutínios (e não escrotinhos, meus caros). No primeiro, apenas Haroldo Guilherme Pinheiro da Silva atingiu o número necessários de votos (mínimo de 16, obteve 19 votos). Foi para casa almoçar tranqüilo e satisfeito, com certeza. Também almoçou com a família Edilson Baptista de Oliveira Dantas, que no terceiro escrutínio obteve os 16 votos. Já o último nome virou uma batalha, sem previsão de término. Leonam Gondim da Cruz Júnior, que teve 12 votos na primeira votação, despencou mas, depois, passou a disputar uma luta acirrada com Ana Maria Barata.
O mais curioso é que, a cada escrutínio, a votação dos candidatos variava absurdamente. Leonam Cruz, por exemplo, começou com 12 votos, na terceira votação teve apenas 4 e, na quarta, subiu para 10. Ana Maria Barata, que começou com parca aceitação, lá pela sétima votação já estava polarizando com Leonam, com 10 votos. Paulo Klautau, que foi o terceiro mais votado no primeiro escrutínio, foi minguando até acabar com um só voto.
Mesmo com a sessão pendente após dez votações, já se pode afirmar que a lista tríplice será concluída com Leonam ou Ana Maria. Por conseguinte, tem alguém que não vai gostar do resultado. Alguém que espera com uma caneta na mão.
Às 13h59, desisto de dar a notícia.


PS - O advogado civilista e professor Haroldo Guilherme Pinheiro da Silva foi o mais votado pelo Conselho da OAB, que selecionou os onze candidatos à votação direta pela classe. Foi o mais votado entre os advogados e o mais votado entre os desembargadores, único a obter o quantitativo necessário de votos em primeiro escrutínio.

PS2 - O advogado Edilson Dantas é amigo íntimo de Jader Barbalho, advogado das empresas de comunicação do homem e procurador chefe do Municípo de Ananindeua, cujo prefeito é Helder Barbalho. Que tal?

Injúria racial e racismo

A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará, Ângela Salles, deveria ter mandado representante e não comparecido espontaneamente à entrevista do Bom Dia Pará de hoje. O tema era racismo, a partir do caso do preparador físico que teria ofendido um gandula por motivos raciais. A insegurança da colega perante as questões que lhe eram apresentadas saltava aos olhos. Salles, que me conste, jamais foi criminalista, ao contrário do irmão, o meu querido Egidinho, que também milita nessa área.
Meu espírito de professor não se conformou com a entrevista, o que me leva a tecer algumas considerações, para uma boa informação do público e para mostrar que o Direito pode ser acessível ao cidadão comum.
1. Antes de mais nada, é preciso diferenciar. Entende-se por honra subjetiva a auto-estima, a avaliação que cada indivíduo faz de si mesmo, acerca de suas qualidades físicas, intelectuais ou morais. A violação da honra subjetiva pode constituir crime de injúria, quando ofendo alguém perante si mesmo, chamando-o por exemplo de "aleijado", "burro" ou "vagabundo", com específica intenção de ofender.
2. Já a honra objetiva corresponde à imagem pública do indivíduo, ou seja, sua reputação. A violação da honra objetiva tipifica os crimes de calúnia ou difamação, quando atribuo a alguém fatos ofensivos (e não atributos negativos, como na injúria) ao conceito que goza perante a sociedade.
3. O Código Penal prevê a chamada injúria preconceituosa, quando a ofensa se baseia em elementos "referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência", prevendo penas de 1 a 3 anos de reclusão e multa (art. 140, § 3º). Já os crimes de racismo estão previstos na Lei n. 7.716, de 1989, e se caracterizam quando você cerceia direitos de uma pessoa, por motivo racial. Ou seja, é crime dificultar o acesso de pessoa a cargos públicos para os quais tenha sido aprovada, negar emprego, impedir o acesso ou negar atendimento em qualquer tipo de estabelecimento comercial ou esportivo, inclusive restaurantes e afins ou salões de beleza, negar matrícula em instituições de ensino, negar acesso a meios de transporte ou às áreas sociais de edifícios, dificultar o acesso às Forças Armadas ou obstar o casamento ou a convivência social - sempre por motivos raciais. Também é crime de racismo praticar ou incitar a discriminação (fazer apologia, por meio de sítios como o Orkut, blogs ou vídeos como o que o Oliver postou esta semana).
4. Somente os crimes previstos na Lei n. 7.716 são imprescritíveis e inafiançáveis.
5. Uma das exigências para a caracterização dos delitos contra a honra é a determinação das vítimas. Só há crime dessa espécie se a ofensa se dirige para uma ou mesmo várias pessoas, passíveis de individualização. Não há crime se digo, por exemplo, que todo torcedor de certo tipo é marginal, mas há crime se eu disser que os caras que moram nesta casa são marginais, porque no primeiro caso não há meios de identificar com precisão todos os torcedores do tal time, nem tem a menor credibilidade que sejam todos farinha do mesmo saco. Já no segundo caso, é fácil determinar quem são os homens que moram em certa casa.
Obviamente, estas informações não são de conhecimento geral, mas toda área do conhecimento possui seus conceitos e regras próprios, desconhecidos do leigo. É só achar um jeito de torná-las simples à compreensão de todos.