terça-feira, 31 de julho de 2012

Também acho!

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Angeli

Lei Valmir Bispo dos Santos

Publico aqui um link para o Blog do Puty, no qual o deputado federal Claudio Puty celebra a aprovação pela Câmara Municipal de Belém da criação do Sistema Municipal de Cultura. Diga-se de passagem, a lei foi aprovada por unanimidade dos vereadores presentes. Emenda do vereador Marquinho do PT batizou a nova medida de "Lei Valmir Bispo dos Santos". Uma grande homenagem a quem sempre lutou pela cultura do Pará e de Belém!

Os bons companheiros!

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Márcio Thomaz Bastos oficializa saída do caso Cachoeira.





Após detenção de Andressa, ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos deixa o caso de Carlinhos Cachoeira
folhaonline


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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Esperando o que Jesus prometeu!

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Apocalypse Now!

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Lado B

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Uma coisa intolerável na social democracia do PSDB é esse cauteloso pouco-a-pouco; essa falsa moralidade; esse discurso protestante de que pelas obras encontraremos a Salvação.
Às favas com este discurso  fútil. Temos memória; temos cultura; temos acesso aos fatos. A pseudo intelectualidade dos representantes do PSDB me dá nos nervos. Digam logo que o PSDB conseguiu formar a burocracia mais preparada da história brasileira: Vou concordar plenamente! Digam logo que o PSDB formou uma meritocracia de qualidade. Mas parem de encher o saco com este discurso de que o PSDB, no Pará, fez uma grande revolução administrativa; e com grandes obras que mudaram o espaço e a geografia do Pará. Mentira; balela! Não é porque tivemos o péssimo governo de Ana Júlia Carepa que vamos transformar o PSDB no filho que ainda não veio. Francamente: mudem o disco!

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Escolham as armas!

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O Mensalão vem aí: Escolham as armas! Jornalistas, redações e jornais começam a duelar. A revista Carta Capital esquenta os instrumentos de trabalho e começa a bater o tambor. Já é a vingança de Lula? Vão lá e leiam!
Vingança é um prato que se come frio?


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Miragens

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A burrice é avassaladora e vem pisando firme.Às vésperas das eleições municipais, os eleitores estão diante de grandes armadilhas! Acostumados com a precariedade dos serviços públicos, e com as ratazanas que infestam os poderes, não estão conseguindo distinguir as diferenças entre as legendas partidárias e seus elegíveis. As eleições proporcionais tem tudo para continuar mantendo ratazanas no poder legislativo municipal. Aparentemente a renovação é grande: mas é apenas aparente. O grau de cooptação sobre os representantes da escolha pública continua o mesmo. O que explica que um prefeito do quilate de Duciomar Costa mantenha na publicidade oficial o discurso de que  obras perto de eleições não são para enganar os eleitores? As propagandas veiculadas pela Prefeitura de Belém afirmam abertamente esta posição: levando os eleitores a duvidar do que viveram em Belém nos últimos oito anos. Não há qualquer indício de respeito pelos municípes; ao contrário: afirma-se  que os eleitores são burros e desinformados. A coisa é tão acintosa que ao terminar a propaganda fica-se sem saber o que foi a gestão de Duciomar Costa. Desaparecem variáveis como educação e saúde. Alguma coisa acontece e uma outra Belém surge do nada. Um quilômetro e meio de orla, um projeto de saneamento e quilômetros de ruas asfaltadas são capazes de fazer desaparecer a situação da saúde pública, da educação,  os escândalos de corrupção, os desvios de dinheiro público e a péssima gestão de Duciomar Costa?  Quanto nos custou a administração de Duciomar Costa? Quanto?

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domingo, 29 de julho de 2012

O doce e o azedo

 Marina Silva carregando a bandeira olímpica na abertura dos Jogos Olímpicos em Londres foi um dos momentos mais doces e emocionantes nessa minha vida de brasileiro que vive fora do Brasil. No dia seguinte,  com um saudável orgulho, passamos um tempo explicando, aos nossos poucos amigos europeus que ainda não a conheciam, porque Marina estava ali.
Uma rápida olhada nos sites de notícias brasileiros, já nos azedou o dia. As reações no Planalto à supresa foram as mais sórdidas possíveis, afinal ninguém sabia, nem mesmo a presidente Dilma, que a ex-ministra participaria com tanto destaque de um evento global transmitido ao vivo. Entre outras coisas, se falou até em "ofensa ao Governo brasileiro", "mal-estar na comitiva presidencial" etc. O ministro do Esporte, Aldo Rabello,  ironizou a participação de Marina. Segundo ele, não é o governo quem escolhe a pessoa que vai levar a bandeira olímpica e sim a Casa Real.“Não podemos determinar quem a Casa Real vai convidar, fazer o quê?”, afinetou. “A Marina Silva sempre teve boas relações com a aristocracia europeia”. Errado!!! Quem organiza o evento é o Comitê Olímpico Internacional , e para o COI, Marina Silva mereceu ser convidada, pela “luta contra a destruição da floresta brasileira”, além de “enfrentar a oposição política e o assassinato de seu colega Chico Mendes”.
O sábio Tom Jobim dizia que sucesso no Brasil é ofensa pessoal. Eu acrescentaria que é também ofensa mortal quando quem faz sucesso é da oposição,  de origem pobre  e amazônida.
As reações dos políticos no poder não podem "apequenar" um grande momento histórico para o Brasil e para a luta pelos povos da Amazônia, como disse a própria Marina, numa emocionada entrevista à TV Estado.
Aqui, preferi postar um outro depoimento da mais importante ativista amazônida. Ela fala sobre como foi estar lá, junto com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, o maestro argentino-israelense Daniel Barenboim, Sally Becker (voluntária durante a Guerra da Bósnia com a Angel Operation), Shami Chakrabati (presidente da  British Civil Liberties Advocacy Organisation),  Leymah Gbowee (primeira mulher presidente da Libéria e Nobel da Paz em 2011),  Haile Gebrselassie ( o etíope considerado um dos maiores maratonistas da História), Doreen Lawrence (ativista britânica que teve dois filhos mortos em crimes raciais). E ainda, o grande Mohammed Ali.
Marina Silva estava ali por todos nós! Viva Marina! Viva  o Brasil que resiste!

Avenida Brasil

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Já estava lá em Eça de Queirós o ódio e a inveja das empregadas domésticas pela doce vida das donzelas de classe média. Em O Primo Basílio, Eça de Queirós deixa evidente os equívocos da cultura portuguesa; e as invejas que embalavam os sonhos daqueles que viviam o final do XIX em Portugal. A doce e encantadora Luísa sofre nas mãos da invejosa Juliana. Além de pagar caro pelos deslizes de sua alma romântica. Todos estes ingredientes estão na novela das oito da Rede Globo: Avenida Brasil.  A novela tem despertado a inveja dos novelistas e dos especialistas em ficção televisiva. É divertido ver o embate  e as observações. Vi poucos capítulos, pois há muito deixei de curtir novelas. Mas vejo a qualidade dos diretores das novelas brasileiras. Estão cada vez melhores! Já o novelista João Emanuel Carneiro  é roteirista, conhece cinema e  a linguagem do vídeo. Show de bola é o que ele está mostrando na Globo. Quanto aos invejosos?  Paciência! Escrever novelas não é prá qualquer um; muito menos na ficção televisiva.

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Eça de Queirós/ O Primo Basílio (1878).
3º ed.; São Paulo: Ateliê  Editorial, 2001.

Lembram?

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Fiona Apple

From Brugge to London 2012

 Não tem sido fácil a vida de tercedor que tem duas nacionalidades para acompanhar seus atletas nos Jogos Olímpicos em London 2012.  Ainda bem que a internet facilita as coisas. Acompanho o desempenho dos nossos brasileiros pelo computador e dos nossos compatriotas belgas pelas  TVs européias (sobretudo pelos canais belgas, e ainda pela BBC, a TF1 e a TV alemã).
Aqui em Brugge, os Jogos são acompanhados de perto por todo mundo, afinal, a cidade tem nada menos que 4 moradores ( do total de 114 atletas belgas) competindo nas Olimpíadas e 3 na Para-Olimpíadas. Nada mal para uma dorpje (vilarejozinho) de 100 mil habitantes.
Por toda a cidade, faixas, como da foto acima,  msotram quem são os nossos bruggelingen em
ação nos Jogos; São eles:

  • Tim Maeyens - remo
  • Brian Ryckeman - natação
  • Jasper Aerents - natação
  • Sigrid Rondelez - windsurf
  • Tom Vanhove - goalballteam(Para-Olimpíada)
  • Bruno Vanhove - goalballteam (Para-Olimpíada)
  • Glenn Van Thournout - goalballteam (Para-Olimpíada)

sábado, 28 de julho de 2012

Everyday!

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Damer


Rsrsrsrsrsrs

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Quantas coisas novas e pulsantes há no mundo? Quantas? Sei lá! O que sei é que são muitas; e isto me basta. De qualquer forma acabei de ler em um número da revista Carta Capital um psicanalista famosão afirmar que a psicanálise não aceita o totalitarismo. Gostei de ler  a defesa do psicanalista de Freud e Lacan. Um: inventou a roda. O outro: foi seu grande leitor. De qualquer forma fiquei pensativa e reflexiva com isto. O que significa a liberdade no âmbito da ciência psicológica? Muita coisa. Muita mesmo. Mas o que de fato me interessa é ver em que dimensão a liberdade vai produzir a necessidade de fazer escolhas. E de como estas escolhas são a própria natureza do que é ser livre. Enfim: - Como é bom tocar um instrumento -  escreveu Caetano Veloso. Rsrsrsrsrsrsrs....

Summer Music

Ah, nada como o verao. Desculpas ao Edvan se o verao da Belgica esta meio gelado este ano (ver post abaixo), mas por aqui e uma secura total! 70% do territorio americano esta em situacao oficial de seca, decretada pelos estados e em alguns lugares pelo governo federal.

Na quentura absurda de Miami (imagine Belem no mes de junho, mas em vez da relativa secura do verao amazonico, uma umidade de 95%!!!), o melhor mesmo e desfrutar das piscinas publicas e do Atlantico quentinho. Cada vez que entro no oceano por aqui, como fiz semana passada em Key West (wait for the next post), lembro-me das aguas geladas do Pacifico, e me vem a certeza de ter escolhido o cantinho certo pra morar.

Alem da praia e piscina (ja que tudo fecha mesmo em fins de julho ate meados de agosto), o prazer de descobrir nova musica de verao. Confiram abaixo a banda de indie rock "Tennis". Alem do visual Karen Carpenter decada de 70, a vocalista manda ver. Trata-se de um casal de Denver (com outros amigos), com um som meio retro, mas de uma delicadeza e beleza fantasticas. A cancao chama-se "High Road", e fala do verao. A apresentacao foi ao vivo no show do Conan O'Brien.

Outra "descoberta" deste verao foi o CD novo da Fiona Apple. Eu adorava Fiona Apple circa 1996-2000, mas infelizmente tinha praticamente esquecido dela, que nao lancava nada novo em mais de uma decada. Quando ouvi falar que vinha ai novo album, fiquei antenado. Com o quilometrico titulo "The Idler Wheel Is Wiser than the Driver of the Screw, and Whipping Cords Will Serve You More than Ropes Will Ever Do", o album e lindo.

Ate agora, so ouvi duas musicas que estao tocando nas radios independentes, mas comprei o CD pelo Amazon ontem, e deve estar chegando logo. Mal posso esperar pra ouvir o resto. A musica abaixo chama-se "Werewolf"

Por fim, minha outra musica de verao e "I Heard Wonders", do DJ irlandes David Holmes. Eu sei que esta musica ja foi usada inumeras vezes em trailers e na trilha sonora de filmes e programs de TV, mas mesmo assim ainda "pack a punch". Ontem mesmo um trecho muito breve foi usado na aberturas das Olimpiadas de Londres (quando o David Beckham estava na lancha no Thames com a tocha olimpica).

Ainda me arrepio quando ouco os primeiros acordes na guitarra. No video abaixo, alguem usou "I Heard Wonders" como background na famosa perseguicao automobilistica do filme "Bullit", com Steve McQueen

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A "zanga" de José Serra contra os "blogs sujos"


Sobre a última investida do candidato a prefeito de São Paulo José Serra contra os jornalistas Luís Nassif e Paulo Henrique Amorim, o jornalista Luiz Carlos Azenha responde em seu Viomundo.

"Não sei se o diagnóstico está certo ou errado, mas a cura é duvidosa. Parte do pressuposto de que blogueiros sejam capazes de mover legiões de internautas. A crença nisso é uma farsa, muitas vezes alimentada por quem está chegando agora ou está “investido” na blogosfera. Quem lida com os internautas no dia a dia e respeita a diversidade de opiniões descobre que este é um meio horizontal. Não é estruturado hierarquicamente. Não obedece a comandos. O valor das opiniões não está na autoridade, nem no currículo, nem no status do autor: deriva da qualidade, da lógica, da originalidade da argumentação. Deriva da capacidade de apontar algo que outros não notaram. De desvendar conexões encobertas. De colocar fatos em perspectiva histórica. De ajudar a concatenar e, portanto, fixar ideias que circulavam desconexas no “inconsciente coletivo digital”. Simplificando, quando a piada é boa ganha o mundo."

Leia a íntegra clicando aqui.

terça-feira, 24 de julho de 2012

As cores de Sao Petersburgo


Mas a Rússia tem as cores da vida.
A Rússia é vermelha e branca.
Carlos Drummond de Andrade em: “Algumas poesias”, 1930.

Vladimir sobreviveu ao cerco a Leningrado e à fúria do Fürher, sobretudo ao gás mostarda, estrondos de canhões, sede e fome. Escapou para Sibéria no meio da guerra, escondido numa delegação de atletas de basquetebol. Levava na mochila livros e um pequeno busto de Catarina a namoradeira, retirado da sala âmbar do Castelo Romanov. Voltou. Ressurgiu tísico: epiderme sobre ponta de osso. Voltou por que as Dachas estavam ao léu e não havia alimentos. Também por que as montanhas russas eram repletas de ziguezagues e de ursos famintos oriundos da taiga siberiana. Vladimir deu última forma...
No bolso apenas um poema de Pushkin e a página final de "Crime e castigo", assim grifada: “tinha ele [Raskólnikov] o evangelho debaixo do travesseiro...”. Deixou o busto e aquelas pedras âmbares para o povo mongol vender como souvenir, assim como as outras 560 páginas do romance de Dostoievski.
Encenou a volta, porém as cortinas de ferro não se abriram sobre tapetes vermelhos. Após o cessar-fogo de 900 dias, cores cinza dos destroços ainda acarpetavam a Nevski e as outras ruas e empoeiravam as paredes verdejantes do Hermitage. O rio Neva estava toldado. Havia ainda cheiro de pólvora e zunido de estampidos na memória. Torpedos até hoje estão pendurados nos domos das igrejas. Um milhão e quinhentos defuntos amontoados no chão das catedrais ortodoxas – metade de Leningrado. Neste cenário, Vladimir viveu as últimas noites brancas da velha soviética. Descobriu, conversando com o sol de verão da meia-noite, já que estrelas não lhe davam trela, que Deus fez o céu, mas deixou a terra aos homens para controlar o eixo da rotação. Foi o dia em que a terra parou para Vladimir, enterrado às vésperas da Perestróica, com Gorbachov empunhando uma das alças de seu ataúde.
Natasha, a neta e também nossa guia, e Putin, o KGB disfarçado de Pedro o Grande, não creem, mas todo nove de maio, dia de parada militar, o vozinho abandona o túmulo, bota o coturno, veste-se de marinha, dá uma talagada na Vodca, vai para calçada, balança a cadeira e cospe no cós da farda de Stálin. No estalo da ejeção exorciza o Nazismo e todo o imperialismo da dinastia Romanov. Lênin, que desnomeou Petersburgo, fecha o olho direito e com o esquerdo espia a cusparada; Gorbachov puxa o lenço vermelho que macula a fronte e tenta enxugar a baba. O manifesto do vô limpa o sangue rútilo do pequeno Báltico e abre a fronteira do sonho capitalista.
Ao fim do desfile o vozinho despede-se da família e volta ao sepulcro. Deita-se e tenta adormecer, mas alguém o alfineta na altura das costelas. É Rasputin:
- Como está nossa Petersburgo czarina?
- Muita labuta. A foice e o martelo deram vez à maçã do iPutin, esse xará que se diz o grande filho da luta.
Vladimir vozinho cala-se e cerra as fendas palpebrais; Rasputin volta ao leito e adormece. Natasha enxuga as próprias lágrimas que escorrem na solidão dos dois destinos e entoa o poema de Pushkin, que vozinho guardara no bolso: “Mas a guerra é pior que a morte, e temo que te desfaça o encanto fino do porte e a tua lânguida graça”.
Há sempre a esperança que nasçam tulipas amarelas do chão onde se faz a guerra, o sangue se enterra e a selvageria se encerra.

Homero e as sereias



Angeli

sábado, 21 de julho de 2012

Pena que o Jaguar já não pode tomar todas...

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Que pena!

Mosqueiro, Apollo 11 e a mágica

Mosqueiro, 21 de julho de 1969.

Era mais uma manhã ensolarada de inverno amazônico. 
Eu era apenas um tímido moleque de apenas 7 anos. Para minha alegria, os vizinhos habituais do Murubira estavam presentes com seus filhos. Eles eram a minha garantia de diversão nas férias escolares de julho. Vanvan, Carol, Avany, Tatá, Pinga, Cilinha, Tony, Ruizinho, entre tantos outros que se somavam para curtir a praia, bater uma bolinha e, à noite, brincar de "Cai-no-poço", "Pó, Ruge e baton", "Pira", "Esconde-esconde", etc. Ou então, em momentos algo mais reflexivos, olhar para o céu noturno e arrepiar os cabelos com histórias e suposições sobre outros planetas e extra-terrestres, as enormes distâncias que nos separavam deles, e admirar a lua, sua beleza e seus mistérios. 

Gorducho, retraído e criado em ambiente de rígida moralidade cristã, era mais ingênuo que a média das crianças de mesma idade. Claro que era alvo preferencial de inevitáveis "encarnações" que acabava absorvendo com naturalidade. Na época, nem existia o termo bulliyng da atualidade (muito embora a prática nefasta já existisse epidemicamente nas escolas e outros ambientes). Contudo, por alguma razão, nunca senti nada próximo a qualquer tipo de sofrimento com aquela turma querida. Era algo que rolava numa boa, sempre entremeado com manifestações de respeito e amizade, que terminavam por amenizar tudo. 

Já encarava as primeiras paixões platônicas pelas garotas superhipermega lindas da turma. Uma tremenda ousadia para um gordinho com péssima autoestima. Daquelas que você em algum momento pensa: "te manca e vai procurar alguém pro teu bico, rapá!". De fato, somente bem mais adiante, já aos 15 anos, eu iria dar meu primeiro beijo na linda menina que nunca mais iria ver. Foi apenas uma noite e fim! Foi inaugurada então a primeira "ficada" da minha vida. 

Petromax
A ilha - que na época, mesmo em "alta temporada" ainda podia se chamar bucólica - estava com movimento acima do normal. Mesmo movimentada, não se via a barbárie que se vê hoje. Os poucos postes de iluminação pública existentes (ainda em madeira), geravam apenas um pequeno e tênue halo de luz amarelada logo abaixo. A energia elétrica fornecida por um gerador público só funcionava até às 22 h. Depois dessa hora, só velas, toscos candeeiros de querosene ou os modernos (e importados) "Petromax" das residências forneciam o mínimo de luz para as necessidades básicas. Dormia-se bem cedo. Nas praias e ruas, reinava a escuridão absoluta. Esta discutível precariedade, na verdade seria a responsável por uma das minhas mais belas lembranças de infância. Ela deu à todos o presente mais difícil de encontrar nos dias atuais: o céu mais estrelado que pude ver em toda minha vida. 

Neste cenário, há exatos 43 anos atrás, uma pequena televisão ADMIRAL de 14 polegadas em preto e branco, conectada a um tosco "regulador de voltagem" e a uma indispensável antena externa, mostraria precisamente as imagens abaixo.



Olhava para aquilo tudo e não conseguia disfarçar minha excitação infantil. Aquele instante mágico, de alguma maneira, era também a realização de um sonho pessoal. A família toda reunida em torno daquelas 14 polegadas, não dava uma palavra. Estavam todos encantados!

Meu pai esforçava-se para responder todas as perguntas que fazíamos. Eram muitas. Eu já me incomodava com o fato de que havia um grande atraso entre o fato e a imagem que nos chegava. Indignado eu pensava: "sacanagem! Isso tudo já aconteceu e só agora estamos vendo"! Mal entendia o empenho tecnológico necessário para que aquelas imagens desfocadas e atrasadas chegassem aos mais variados e distantes rincões do mundo.

Se não me falha a memória, a transmissão iniciou por volta da hora do almoço. As famílias estavam todas em casa. Poucos possuíam televisão no país. Menos ainda na agradável ilha. Talvez muitos nem tenham tomado conhecimento da façanha. Pude comprovar isso cerca de 5 anos mais tarde.

Aficcionado do plastimodelismo, montei um kit da Revell que constava de: 1 foguete Saturno, a cápsula Apollo 11 e o módulo lunar (veja aqui o kit, que ainda está à venda). Uma maravilha que montei com esmero e deixei em exposição no enorme quarto que dividia com meus 3 irmãos. O brinquedo não escapou da curiosidade de Antonio, filho da empregada de minha mãe.

Oriundo da cidade de Igarapé-Miri e apenas 1 ano mais velho que eu, ele tinha o típico perfil de caboclinho amazônico. Brincávamos muito enquanto sua mãe trabalhava. Um dia ele me perguntou sobre "aquela coisa". Espantado com a pergunta, com toda a paciência, descrevi todos os detalhes da missão Apollo 11, indicando o papel de cada um daqueles elementos. Para minha surpresa (e posterior indignação), ele simplesmente não acreditava!!

Desafiado, na sequência emprestei-lhe então uma edição especial da revista Veja (que guardo até hoje) dedicada a então designada "corrida espacial". Ricamente encadernada e ILUSTRADA. Não adiantou! Para minha absoluta irritação, ele não tirava da cara um riso maroto, (que tenho dificuldade em descrever). Mas em síntese, eu traduziria aquele riso assim: "esse almofadinha  cara pensa que vai me enganar"?

Para ler e ver mais:

Ivan Lins: o tal!

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sexta-feira, 20 de julho de 2012

José y Pilar: solo los nescios me llamam "presidente"




Nostalgia: cinema de rua. Lugar comum. Eu sei. Pois é, mas vou me valer disso mesmo pra dizer que, aqui em Buenos Aires, ainda tem um montão deles. Daí que apelei a eles pra esfriar a cabeça. Gastei modestos 8 pesos, o que corresponde, mais ou menos, a 4 reais. Uau! Começou tudo muito bem. Mas melhor mesmo foi o documentário "José y Pilar". Delicado e delicioso, pelo trabalho do diretor, claro, mas, em especial, pela força dos personagens, o escritor José Saramago e a jornalista Pilar del Río.

Deixo aqui não o trailler oficial. Já seria clichê demais. Deixo um vídeo em que Pilar, personagem por quem me "quedo" absolutamente apaixonada, defende um posicionamento de gênero, digamos assim: "Solo los nescios me llamam presidente. La palabra no existia, por que no existia la funcion. Exste la fnion, exise la palabra". Que mulher doce e imponente! O repórter teve de "rebolar" na entrevista com ela.

Linda, Pilar. Linda.

Ah, os artistas!

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Angeli

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Esperando o verão


O verão no hemisfério norte começou oficialmente há quase um mês, mas a gente ainda não suou uma gota nesse pedaço da Europa, que abrange a Grã-Bretanha, Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo), o norte da Alemanha e a Escandinávia. Na Bélgica, entre junho e esses 19 dias de julho, já choveu o que choveria ao longo de um verão inteiro. As temperaturas ficam entre mínimas de 12°C/ 14°C e máximas de até 18°C.
Mas o belgas têm um humor muito particular e alguém fez essa irônica comparação acima, como se o verão fosse  um download impossível.  Rir é o melhor remédio.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Pague o credor

Salvo engano de minha parte, certa vez Paulo Maluf respondeu a um jornalista dizendo que, se provasse que o político possuía uma conta bancária no exterior, poderia ficar com todo o saldo nela depositado.
Pois bem, chegou a hora de acertar a fatura. Termina hoje, no Bailiado de Jersey, conhecido paraíso fiscal, julgamento no qual se decidirá o destino de 22 milhões de dólares reivindicados pela prefeitura municipal de São Paulo, depositados naquele país em conta que, tudo indica, pertence a Maluf. Se for um homem de palavra, mesmo perdendo tal quantia, o mínimo que Paulo Salim pode fazer é pagar outros 22 milhões de dólares ao seu credor. Aposto que ele possui o numerário em alguma outra conta. Pode ser no Brasil, mesmo.
Segundo matéria no blog de Jamil Chade, os advogados de Maluf não negaram a titularidade do dinheiro; apenas alegaram que o uso de doleiros, para mandar dinheiro para o exterior sem pagar impostos, era uma prática "aceita pela sociedade brasileira". Legal, não? Confessou sonegação fiscal, mas não cometeu crime por causa da aceitação social, embora não tenha esclarecido que sociedade é essa. Afinal, suponho que a esmagadora maioria da sociedade brasileira jamais mandou dinheiro para o exterior, a qualquer título.
Ao final, o blogueiro destaca o questionamento feito, no processo, pela prefeitura de São Paulo: por que Maluf não compareceu à corte? Ora, pois, seria por causa da Interpol?

PS Se for para Maluf sofrer uma condenação judicial, que seja em Jersey, porque no Brasil todas as suas condenações foram revertidas, permitindo a ele zombar de todos nós, ao dizer que não existe ficha mais limpa que a dele no país. É desse jeito...

Mapa da Violência

Vejam  aí o Mapa da Violência no Brasil. É um estudo apurado e sério. Esta é uma leitura importante para todos nós que tivemos a coragem de colocar filhos no mundo. E que mais do que coragem: tivemos a responsabilidade de educá-los e encaminhá-los nestes tempos difíceis: muito difíceis! A análise que o Bruno Paes Manso faz  sobre os adolescentes é muito pertinente.
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Análise: Bruno Paes Manso
Mais do que excesso de hormônios, a neurociência já identificou na imaturidade do córtex órbito-frontal dos jovens - área do cérebro responsável por cálculos de custo-benefício - uma das causas do excesso de decisões equivocadas nessa faixa etária. A imaturidade leva o jovem a não pensar nas consequências de longo prazo e a sobrevalorizar os ganhos de curto prazo.
As consequências dos erros podem ser fatais. O País lidera o ranking da violência contra crianças e adolescentes em diferentes pesquisas. Enquanto em Portugal, por exemplo, os homicídios de 0 a 19 anos correspondem a 0,2 caso por 100 mil habitantes, no Brasil essa taxa chega a 13 - 65 vezes mais.
E a sociedade brasileira parece viver um contrassenso. Ao mesmo tempo em que avanços na saúde permitem combate mais eficiente a doenças, o Brasil parece incapaz de construir instituições capazes de garantir comportamentos mais civilizados. São responsáveis pelos homicídios de crianças e adolescentes tanto os jovens que convivem com eles e matam muitas vezes por motivos banais, quanto integrantes das instituições policiais, que deveriam ser responsáveis por controlar e punir comportamentos violentos.
A dificuldade em lidar com jovens também fica evidente no trânsito. Motos tornam a vida sobre duas rodas um comportamento quase suicida. De 2000 a 2010, as mortes de pessoas de 19 anos, por exemplo, cresceram 72%.
A fragilidade das estruturas familiares é outro fator. Segundo o Mapa da Violência, pais e padrastos foram responsáveis por 39% das agressões contra crianças e adolescentes em 2011. 


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terça-feira, 17 de julho de 2012

Humberto Cunha e o tamuatá com tucupi janela abaixo

A experiência do Sarau da Memória, que ajudei a coordenar na Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), no início deste ano, rendeu histórias maravilhosas. Quantas lembranças preciosas revelaram nossos convidados, a partir de algumas fotografias desarquivadas de nosso próprio acervo. Tantas pessoas foram identificadas e que hoje nem sabemos por onde elas andam, mas que foram determinantes na luta por direitos humanos na Amazônia paraense. Bem, mas nem tudo é assim tão "belicoso" ou dramático como pode parecer. Demos muitas gargalhadas durante os quatro encontros, que esperamos um dia editar e publicar. Enquanto este dia não chega, vamos liberando algumas pérolas, pouco a pouco, pelas vias que temos acesso, como o jornal Resistência, o blog jornalresistenciaonline.blogspot.com e aqui também.

Para citar um desses momentos, que também foram de reencontros e confraternização, eis que era um sarau, trago ao Flanar, com exclusividade, uma das histórias narradas pelo amigo jornalista Paulo Roberto Ferreira. Sim, estou fazendo aquele servicinho braçal que muitos repórteres conhecem: decupando os registros, neste caso em áudio e vídeo, que fizemos dos encontros. Espero que também se divirtam.

"Um dos eventos que eu guardo até hoje: a gente fazia muita feijoada, com música e tal. Mas aí o Humberto [Cunha] deu uma sugestão: “Bora fazer um negócio diferente? Bora fazer um tamuatá com tucupi?”. Realmente diferente. Contratamos um pessoal do Jurunas, uma senhora da Cobajur, Comunidade de Base do Jurunas, pra fazer o tamuatá no tucupi. Ficou uma maravilha, num caldeirão imenso. O Jinkings emprestou a Kombi e eu fui buscar; eu ainda era o motorista! Mas eu não era acostumado a dirigir Kombi; então metia o pé no freio... e já dava aquele soquinho e derramava [a comida] na Kombi. Vocês imaginam como é que foi ficando o pitiú?! Fomos pro Caixa Pará. Foi ótima a promoção. A arrecadação foi excelente. Mas muita gente comprava antecipadamente os ingressos e depois não ia. Outros foram, desfrutaram tudo, mas não quiseram saber de comer o tamuatá no tucupi. Sobrou muito. Mais da metade. E nós trouxemos aquilo de volta na Kombi. Fomos pra casa da Euniciana, que morava na 3 de Maio, entre Magalhães Barata e Governador José Malcher. Chegamos lá por volta de 6 e meia, 7 horas da noite. Fomos entrar com o caldeirão pela porta, mas não dava, de tão grande. Alternativa: passar pela janela. Uma turma foi por dentro e botamos o caldeirão na janela. Moral da história, o bicho virou por cima da gente e fez um estrago na casa. O Maca, irmão do Rafael Lima, ia tocar esta noite, ia cantar no Waldemar Henrique. Ele ficou todo pitiu de tamuatá com tucupi. Tinha um desodorante de spray e a gente espirrava nele. O estrago foi pior. Sei que um ano depois – a casa era de taco, de madeira – ainda tinham as divisas de tamuatá"

Música como terapia

A americana Melody Gardot, aos 19 anos de idade, tocava piano em bares de New York, um tanto amadora, um tanto indecisa sobre a vida profissional. O ano era 2003 e num belo dia de verão, Melody andava de bicicleta pela mega mtrópole e foi atropelada por uma Cherokee. Sofreu graves lesões, entre elas um traumatismo craniano que a fez perder a memória. Como terapia, trocou o piano pelo violão, e se dedicou tanto à música, que  lançou um EP, depois um álbum completo (My Ond and Only Thrill), que acabou sendo indicada ao Grammy. Entre o jazz e o pop, Melody chega ao terceiro álbum, chamado The Absence. O produtor é o brasileiro Heitor Pereira, ex-guitarrista do Simply Red, Sting e Caetano Veloso.  Mira é a canção de lançamento, que ganhou as cores do Brasil, nesse vídeo gravado na Rocinha, Rio de Janeiro. Os óculos escuros e a bengala de Melody não são acessórios de estilo, mas necessidade especial de quem sobreviveu a uma tragédia e usa a música para seguir adiante.

iPad Mini: inevitável?

Imagem de fantasia: Coated.com
Primeiro, foi o underground frenético. Mas ontem o rumor esquentou sobremaneira.
Agora foi o The New York Times quem resolveu apostar no lançamento ainda neste ano de um iPad com tela de 7,85 polegadas. Designado informalmente como iPad Mini pela mídia, o jornalão americano argumenta que, além de óbvias razões de mercado,  existiriam  precedentes históricos na Apple que apoiariam a idéia.
Interessante que no caminho inverso, a Amazon com seu Kindle estaria preparando um novo tablet com o tamanho do iPad tradicional.
Pessoalmente, acho a idéia atraente. Já conheci muitos Galaxy Tabs de menor escala e fiquei positivamente impressionado. 
Contudo, aos 50 anos e precisando de óculos para conseguir apreciar a alta definição das telas destas maravilhas, as 10 polegadas do iPad me são confortáveis. Aliás, para quem usa óculos, de nada adianta tanta definição de tela. Hehehe.
Vamos conferir.

Viva o MST!

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Leveza

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Admoestada pelos integrantes deste blog só terei em minha bolsa - de agora em diante - coisas leves: isopor, algodão e náilon. Saindo de férias em agosto levarei na bagagem apenas coisas leves - o fusca não será possível: o excesso de bagagem pode subtrair as delicias de minhas férias. À Califórnia remeterei uma enorme quantidade de coisas leves. E, se um dia  for ao Hermitage, correrei em busca de Matisse: levíssimo. Aos intensivistas e neurologistas deixarei toneladas de algodão: nada mais apropriado. Não me interessarei por este blog, sequer lerei os comentários. Em agosto estarei leve e fagueira à procura de coisas leves e, ao retornar, estarei diáfana.Política,  rock  e punk serão coisas descartáveis. Serei apenas leve, leve, levíssima.

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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Obituário: Jon Lord



A morte de Jon Lord, tecladista da banda de rock Deep Purple, ocorrida hoje, pode ser uma constatação de que os setentões do rock estão começando a desaparecer.
E se há um céu (ou um inferno?!) para os rockeiros, Lord completará uma super-banda do além, juntamente com o vocalista Ronnie James Dio, o guitarrista Gary Moore, o baterista Carmine Appice e o baixista John Entwistle.
Sugestões para o nome da dream band? Que tal The Allan Kardec Project!!??

ps: brincadeiras à parte, escolhi o vídeo acima, de 1996, com a clássica Smoke on the Water, por ter uma introdução diferente feita por Lord. Talvez os puristas reclamem da ausência do guitarrista Ritchie Blackmore, mas o resultado final foi puro hard rock. RIP!

domingo, 15 de julho de 2012

McLaren em desenho animado



Seguindo a tendência de marketing do Barçatoons, a equipe britânica de Fórmula 1 McLaren lançou o primeiro episódio da animação da série Tooned, estrelada pela sua dupla igualmente britânica de pilotos campeões, Lewis Hamilton e Jenson Button.
O primeiro dos 12 cartoons, Wheel Nuts, realça a competição interna entre os pilotos.
Os patrocinadores parecem ter encontrado uma boa maneira de potencializar a visualização de suas marcas, enquanto os entusiastas do automobilismo ganham diversão adicional.
A produção é da Framestore Studio, a mesma do filme A Bússola de Ouro (Oscar de efeitos visuais em 2007).
Vale a pena checar!

Amy Again

















A resenha do jornalista Mauro Ferreira para o "derradeiro trabalho" de Amy Winehouse, bate com o que penso sobre a fabulosa cantora.

O Volume 2 do special dedicado ao agora "mito", sustenta-se quase que inteiramente no álbum "Lioness: Hidden Treasures", lançado no final de 2011.

Eis o set list:

sábado, 14 de julho de 2012

Assim me apresento, eu sou...

Assim me apresento, eu sou...

"No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem
às vezes me pinto árvore...”
Mario Quintana

Em 2007 escrevi “O fio de história entre Osvaldão e Che Guevara” logo após ter publicado o livro "Traumatismo Torácico: visão geral e especializada" (EDUFPA) lançado em Belo Horizinte/Belém. A obra de mais de 500 páginas foi divulgada por este blog e, em seguida fui convidado pelo Carlos Barreto a articular para o FLANAR. Amarelei, confesso. Não me achava preparado para esse modelo de publicação, mas guardei aquele convite e o post no bolso sem me desatarraxar deste Blog. Tipo assim: fã, mesmo. Assim começõu minha história com esse blog. Depois outros textos foram publicados (dezoito, segundo o Barreto - tomei até um susto) com repercussão assaz instigadora. Lentamente fui entendendo o papel da blogolândia na blogosfera e me afeiçoando ao estilo, à forma, ao trejeito. Novo convite ressurgiu: “desamarelei”. Agora junto-me ao Scylla Lage, parceiro de bloco (cirúrgico) e agora de blog, e aos demais virtuais e virtuosos articulistas que acabaram de me saudar, com a alcunha flaneur paidégua e brinde com Amy.    

Para mim tudo isso é graça e peço licença, “incelenças”, para aferir que não me preparei para escrever em Blogs, tampouco para jornalismo. Se hoje sou convidado, só posso me ajoelhar para rezar e juramentar com palavras escritas, mas não me livro de dizer que sou aprendiz. Eu, de fato, mesmo, preparei-me, sim, para seguir fundamentos de ser “dotô cirurgião de peito" e apenas escritor de histórias clínicas - não mais; ou ainda, mais que escrevê-las, interpretá-las para chegar a um diagnóstico pontual e definir um tratamento adequado à minha mão. Nesse tempo todo, 25 anos diria, não fiz mais que isso.

Mas como me esquivar de um convite para abordar outros mundos, se paixão tenho por fronteiras? Seria falaciosa, confesso, essa desfeita, sabendo que pensar e escrever são verbos híbridos conjugados num tempo comum. Portanto, venho primeiro dizer que mais me sinto é aluno com carteirinha de meia passagem. Prosear com todos me dará sustância, diria o jagunço Riobaldo Tartarana, para refletir e arguir. No máximo trago no alforje de aprendiz, como dissera, uma camiseta estampada do Che, um livro do Guimarães Rosa e a convivência com a cirurgia no sentido de campo de exercício profissional, pesquisa e docência (UFPA); convivência com figuras empenhadas em organizar conclaves e elevar a medicina aos píncaros do norte verde-amarelo ostentado em seus lábaros estrelados; convivência com figuras ligadas a paradigmas, seja o de sustentar os clássicos conceitos como pilares da história carimbada, ou de romper os mais frágeis que ainda insistem permanecer na corda bamba de sombrinha. Isso tudo me faz versejar em prosa e assim brota a cuíra para pensar e escrever.

Assim me apresento, eu sou...

Fotos de viagem 3

Da Estonia, vamos para a Russia. Mais precisamente para Sao Petersburgo, a cidade mais ocidentalizada do pais. Belissimas ruas, monumentos e predios. Nao deixa nada a desejar as mais arrojadas cidades historicas do mundo. Estive aqui durante as famosas "Noites Brancas", quando o sol nao se poe. Foi o mesmo caso em Reykjavik, na capital mais ao norte do mundo.
A igreja ortodoxa do Sangue Derramado, no coracao de Sao Petersburgo. Construida para marcar o local onde o czar Alexnadre II foi assassinado, em 1881.
Casal de noivos saindo da Igreja do Sangue Derramado, Sao Petersburgo.
Um restaurante navio as margens do Rio Neva.
Outra vista de Sao Petersburgo e do Rio Neva
O mundialmente famoso Museu Hermitage, que nao deixa nada a dever ao Louvre ou ao Prado
Outra imagem do Hermitage Museum

Fotos de viagem 2

Passo agora para Tallinn, capital da Estonia. A Estonia e uma das mais bem sucedidas ex-republicas sovieticas. O pais e muito agradavel, e o povo amistoso. Vivem do turismo, servicos bancarios, e high tech. Na Estonia, por sinal, esta sediada a Skype, ja que os fundadores sao de la.
Os milenares portoes da citadela, em volta da cidade velha
Os telhados da "Old City"
O historico "City Hall", na cidade velha
Tarde de sol na praca central de Tallinn

Fotos de viagem

Aproveito para compartilhar com os amigos umas belas fotos que tirei durante uma viagem recente. Belas nao porque eu as tirei, mas por causa dos lugares por onde passei... Comeco com a Islandia.
Escultura de um navio viking estilizado, Reykjavik
A Opera House em Reykjavik: 10,000 paineis de vidro, de 1,000 cores diferentes.
A mundialmente famosa "Lagoa Azul", nos arredores de Reykjavik
A queda d'agua "Gulfoss"
Telhados coloridos em Reykjavik, vistos da torre da catedral principal.

Musica retro com gosto de futuro

Uma das coisas mais interessantes sobre viver na era do pastiche e do pos-moderno e exatamente a capacidade de criar atraves da reciclagem. Dos artistas mais recentes, Amy Winehouse foi provavelmente a que melhor sucedeu (pelo menos em termos de sucesso mundial de critica e de vendas) em recriar e dar uma roupagem moderna ao "bop" britanico da decada de 50 (que por sua vez ja foi uma reciclagem do bebop jazzistico dos anos 40 pelo rockabilly). Depois da explosao mundial de Winehouse, a moda pegou pelo mundo afora. Abaixo vao alguns exemplos de talentosos artistas que deram uma roupagem musical contemporanea ao bebop, bop, ska, rock steady, e outros ritmos de outras eras...
Katie Herzig (www.katieherzig.com) Esta americana de Colorado, de 32 anos, esta se tornando uma sensacao nos meios do "indie rock". A musica abaixo tem quase que um gosto de sambinha e Carmen Miranda, nao tem? Sharon Jones & the Dap-Kings Ja numa fase etaria digamos assim mais adiantada, esta e a rainha do funk/soul pos-moderno, Sharon Jones, que desde meados dos anos 90 se apresenta com os musicos que vieram a formar a band "The Dap-Kings". E possivel ver a influenvcia de Sharon Jones ate mesmo em Amy Winehouse, entre outros muitos musicos. Neste video abaixo, feito para parecer um video dos anos 50, ela canta "100 Days, 100 Nights: Alabama Shakes (www.alabamashakes.com) De todos estes artistas, esta banda e a que esta causando a grande sensacao no universo da musica "indie" americana. Com um som inclassificavel, musicos de primeira, e uma vocalista de arrepiar, o Alabama Shakes, como o nome indica, veio mesmo pra causar um terremoto no cenario musical. A vocalista Brittany Howard, que tambem e guitarrista e co-autora de muitas das cancoes, e muito comparada a Janis Joplin, outra cantora do Sul dos EUA. Por este video da musica "Hold On", da pra ver porque... Bombay Royale (www.bombayroyale.com) Pra terminar numa nota engracada, uma banda nova, Bombay Royale. Eles sao australianos, e fazem uma misturada de sons, com enfase naquelas trilhas sonoras de filmes de espionagem da decada de 70, misturado com os filmes de Bollywood. Na verdade, o primeiro disco deles, "You Me Bullets Love", e promovido como uma trilha sonora de um filme imaginario: "the soundtrack to a story of espionage, excitement, extended dance sequences and the eternal power of true love". Aqui vai o otimo video:

Transtorno de humor e experiência criativa


A relação entre doenças tipo Transtorno Bipolar e arte sempre me fascinou.
Considerando que os transtornos de humor (depressão e mania), em surtos, são experiências extremas para todas as pessoas por eles acometidas, assim como para as suas famílias e amigos, é de se presumir que estes episódios possam ter um papel importante na capacidade criativa de um grande artista.
Em contra-partida, se os estados francos de mania ou depressão são praticamente incompatíveis com pensamentos ou ações eficazes, eu imagino que uma certa "dose" de patologia num momento preciso da vida do artista seja o "toque de gênio" para o insight criativo.
A lista de "pacientes-artistas" (supostamente) acometidos por transtorno grave de humor é extensa, segundo o livro Touched With Fire (New York Free Press, 1991), da psiquiatra americana Kay Redfield Jamison, autoridade mundial nesta doença.
Dentre os escritores, destacam-se Andersen, Balzac, Mark Twain, Dickens, Emerson, Faulkner, Scott Fitzgerald, Hemingway, Hermann Hesse, Mary Shelley, Robert Louis Stevenson, Tolstoy, Edgar Allan Poe, Dylan Thomas, Walt Whitman, Baudelaire, William Blake, Lord Byron, Emily Dickinson, T. S. Eliot, Victor Hugo, Robert Lowell e Mayakovsky, entre dezenas de outros.
Na música, os casos mais famosos são os de Robert Schumann (vide Schumann e a Psicose, aqui no blog), Mussorgsky, Handel e Hector Berlioz, e nas artes plásticas também há nomes importantíssimos para a história da humanidade, tais como Michelangelo Buonarroti, Paul Gauguin, Van Gogh, Pollock e Edward Munch.
Muitos dos mencionados acima estiveram internados em instituições psiquiátricas, tentaram o suicídio ou mesmo tiveram êxito em cometê-lo.
A pergunta que insiste em assolar o meu pensamento é: se os artistas em questão tivessem sido adequadamente tratados, quantas obras-primas o mundo teria deixado de conhecer?

Roger Normando será o novo membro do Flanar

Há algum tempo, ele vem fazendo algumas contribuições esporádicas ao blog, sempre na condição de Colaborador. Em outras palavras, seus textos eram encaminhados por e-mail e publicados em nome de algum dos participantes oficiais. 
Na primeira de suas colaborações, em 17 de outubro de 2007, fiz esta modesta apresentação de meu nobre amigo e honrado colega de profissão. Modestíssima. Talvez nem faça justiça ao esmero de seus textos e variedade de temas que abordou desde aquela época.
Para ilustrar a boa nova de hoje, resolvi fazer uma rápida pesquisa na ótima ferramenta powered by Google (disponível em nossa coluna direita) em busca de todas as suas participações especiais no blog. Acabei por me surpreender. Desde 2007, uma respeitável lista de 18 posts foram encontrados (leia abaixo). 
Neles, podemos ter um excelente perfil de nosso novo poster. E partir de hoje, a qualquer momento, seu nome deve integrar a valiosa equipe que dá vida a este blog. 
Não tenho dúvida. O Cirugião Torácico Geraldo Roger Normando é a cara do Flanar!

Bem vindo, Roger!


Roger Normando no Flanar:

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Escolhas insólitas

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Não se decide.
Não se decide de jeito nenhum.
Disseram que ele pode escolher entre uma banana, um tratado de Gabriel Marcel, três pares
de meia de náilon, um cafeteira com garantia,
uma loura de hábitos versáteis ou a aposentadoria
antes da idade regulamentar, mas mesmo assim
não se decide.
Sua reticência provoca a insônia de alguns
funcionários, de um padre e da polícia local.
Como não se decide, começaram a pensar se não
seria o caso de tomar providências para expulsá-lo
do país.
Insinuaram essa possibilidade, sem violência,
amavelmente.
Então ele disse: "Neste caso, escolho a banana."
Desconfiam dele, é natural.
Seria muito mais tranquilizador se tivesse 
escolhido a cafeteira, ou pelo menos a loura.
Não deixa de ser  estranho que tenha preferido 
a banana.
Tem-se a intenção de estudar novamente o caso.

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Julio Cortázar/ Último Round. Tomo II

Hoje é sexta-feira 13: Miau!

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O visionário!

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Antony and the Johnsons - mais estranho e mais belo



Em abril do ano passado escrevi algo aqui sobre Antony Hergaty, de como a música deste anglo-americano é tão singular na beleza e no estranhamento. Esta semana, no Gent Jazz Festival, assistimos ele e The Johnsons ao vivo, desta vez com a Metropole Orchestra. Numa imensa tenda, o som não foi tão bom quanto na sala de concerto deste vídeo. Mas, sorte, tivemos um bom lugar e, garanto, foi um dos mais arrepiantes shows que assisti nos últimos anos. Aqui, dá para vocês terem uma idéia.

Pé na estrada!



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Guia Folha - Que diferenças você teve ao filmar "Na Estrada", em relação a filmes como "Terra Estrangeira", "Diários de Motocicleta" e "Central do Brasil", todos "road movies"?
Walter Salles - O ponto de partida de todos esses filmes é o fato de que, na largada, você tem personagens que estão insatisfeitos com o que a sociedade lhes oferece e querem ampliar essas possibilidades. São personagens que tentam redefinir um futuro. A diferença desse projeto em relação a todos os outros é que ele se passa em uma geografia muito específica, a geografia norte-americana, e os personagens que estão nesse Hudson, nesse velho carro de 1949, estão em busca de uma última fronteira, desta última fronteira norte-americana.
Uma biógrafa do Kerouac diz que o que torna este relato interessante é o fato de que é também uma narrativa sobre o fim da estrada, que justamente prenuncia o fim do sonho americano. O território já foi todo ocupado, há pouco para descobrir, e é por isso que esses personagens vão entrar em colisão com essa cultura.

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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cusco - Tradição religiosa registrada em vídeo

Antiga capital do dizimado império inca, (momento em que chegou a ser conhecida como "umbigo do mundo"), Cusco é uma cidade estratégica para o turismo em terras peruanas. Situada em um vale a 3400 metros de altitude, a cidade é charmosa, movimentada, com trânsito feroz pelas suas ruelas. Por vezes tão estreitas, que obrigam os motoristas a manobras delicadas para retornar após entrar em algumas delas.


Exibir mapa ampliado

Do alto dos inúmeros mirantes existentes no entorno (as ruínas incas de Saqsaywaman proporcionam uma excelente visão panorâmica) é possível ver a cidade espalhada ao longo do vale, com suas casinhas em tons predominantes de terracota.

Cusco a partir de Saqsaywaman - Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados.
A cidade possui uma infinidade de prédios históricos de notável beleza, a maioria construída pelos colonizadores espanhóis sobre antigas edificações incas (que trataram de demolir sistematicamente, não sem antes aliviá-las de fabulosos trabalhos em ouro). A maioria destes prédios abriga obras de arte do que se convencionou chamar de arte cusqueña. Não sou exatamente um entendido no assunto. Mas pelo que pude ler e ouvir dos guias locais, as pinturas eram feitas por encomenda para a igreja católica com temas que visavam propagar a ideologia do colonizador. Nelas, os santos católicos podem aparecer ao lado de divindades incas, construindo a falácia da integração das culturas. Uma ação política determinada a garantir uma espécie de "pax espanhola", se me permitem a analogia.

Ponto de partida para quem deseja chegar ao principal atrativo turístico da região, Cusco é uma cidade relativamente pequena mas cheia de gente. Hordas de turistas por lá circulam, criando uma babel que em nada difere da encontrada em outros atrativos concorridos mundialmente. Machu Pichu, é sem nenhuma dúvida, o objetivo de todos. Lá também encontramos engarrafamentos em horários de pico, favelas nas encostas íngremes,  e o detalhe mais desconfortável: o soroche. É como é conhecido por lá o mal da altitude.
Ruelas estreitas de Cusco à noite. Imagem: Carlos Barretto. Todos os direitos reservados.
Logo ao desembarcar no aeroporto, instalei em meu indicador direito um pequeno oxímetro de pulso e me assustei com o que vi: ele marcava 77% de saturação de oxigênio (normal acima de 90% ao nível do mar). Era a comprovação de que estava com hipóxia, muito embora não sentisse qualquer tipo de desconforto respiratório. Mas ao caminhar por ladeiras ou qualquer escadinha com poucos degraus, o aumento da frequência cardíaca (acima de 130 batimentos por minuto) e o extremo cansaço surgiam inequívocamente.

Mas o soroche não é apenas isso. Pode ser ainda mais desconfortável, se acompanhado de náuseas, vômitos, cefaléia, tonturas e até mesmo derivar para sintomas de extrema gravidade. Além disso tudo, em alguns pontos a própria topografia da cidade parece também cobrar um preço. Inúmeras ladeiras, algumas bastante íngremes, podem inviabilizar o ato de caminhar pela cidade. Mas os táxis são baratos e acabam sendo a melhor maneira de ir de um ponto a outro, mesmo que de curta distância.

Fiz o que foi recomendado para as primeiras 24 h de adaptação: repouso, alimentação leve, muita água e litros de chá de coca (disponível gratuitamente nos hotéis, que também possuem tubos de oxigênio para os mais necessitados). Consegui me adaptar, respeitando sempre os limites impostos pelo cansaço e taquicardia.

Como é tradicional nas cidades de colonização espanhola, a Plaza de Armas é o ponto principal (e central) da cidade. As principais atividades culturais e cívicas acontecem lá. É onde também estão algumas lojas importantes, alguns restaurantes (sempre cheios e concorridos) e a magnífica Catedral de Cusco. Foi na Plaza de Armas que pudemos testemunhar o ponto culminante deste post. Um pequeno vídeo que editei, mostrando um evento que para mim, além de surpreendente, gerou grande emoção: os festejos de Corpus Christi.

Na verdade, a data religiosa é lá comemorada por uma semana inteira, onde grupos locais vestindo trajes coloridos acompanhados de bandas bem paramentadas (algumas com muitos integrantes), fazem evoluções no entorno da catedral, descendo em direção a Avenida del Sol. Foi uma grande sorte e surpresa para nós estar lá naquele momento. Centenas de turistas e moradores enchiam o trajeto do evento deixando o trânsito de veículos infernal. Mas o que vimos lá, valeu a pena.
Veja você também.



O vídeo também foi feito com o iPhone 4S, editado no iMovie (onde ganhou uma pretensiosa trilha sonora) e encaminhado para o You Tube com qualidade máxima permitida em HD. Experimente carregá-lo em HD e assistir em tela cheia.

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