quarta-feira, 18 de julho de 2012

Mapa da Violência

Vejam  aí o Mapa da Violência no Brasil. É um estudo apurado e sério. Esta é uma leitura importante para todos nós que tivemos a coragem de colocar filhos no mundo. E que mais do que coragem: tivemos a responsabilidade de educá-los e encaminhá-los nestes tempos difíceis: muito difíceis! A análise que o Bruno Paes Manso faz  sobre os adolescentes é muito pertinente.
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Análise: Bruno Paes Manso
Mais do que excesso de hormônios, a neurociência já identificou na imaturidade do córtex órbito-frontal dos jovens - área do cérebro responsável por cálculos de custo-benefício - uma das causas do excesso de decisões equivocadas nessa faixa etária. A imaturidade leva o jovem a não pensar nas consequências de longo prazo e a sobrevalorizar os ganhos de curto prazo.
As consequências dos erros podem ser fatais. O País lidera o ranking da violência contra crianças e adolescentes em diferentes pesquisas. Enquanto em Portugal, por exemplo, os homicídios de 0 a 19 anos correspondem a 0,2 caso por 100 mil habitantes, no Brasil essa taxa chega a 13 - 65 vezes mais.
E a sociedade brasileira parece viver um contrassenso. Ao mesmo tempo em que avanços na saúde permitem combate mais eficiente a doenças, o Brasil parece incapaz de construir instituições capazes de garantir comportamentos mais civilizados. São responsáveis pelos homicídios de crianças e adolescentes tanto os jovens que convivem com eles e matam muitas vezes por motivos banais, quanto integrantes das instituições policiais, que deveriam ser responsáveis por controlar e punir comportamentos violentos.
A dificuldade em lidar com jovens também fica evidente no trânsito. Motos tornam a vida sobre duas rodas um comportamento quase suicida. De 2000 a 2010, as mortes de pessoas de 19 anos, por exemplo, cresceram 72%.
A fragilidade das estruturas familiares é outro fator. Segundo o Mapa da Violência, pais e padrastos foram responsáveis por 39% das agressões contra crianças e adolescentes em 2011. 


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4 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Marise, querida, esta questão é fundamental para que se discuta o tema da redução da maioridade penal no Brasil. Bem sabes como esse tema é espinhoso e, pela minha atividade docente, sou obrigado a lidar com ele frequentemente.
Agradeço se puderes me indicar algumas leituras sobre o tema.
Destaco, ainda, que um povo como o brasileiro, que preza tão pouco a ciência, estará sempre pronto a ridicularizar uma pesquisa do gênero e a defender soluções na base da habitual selvageria.

Marise Rocha Morbach disse...

É um tema espinhoso mesmo Yúdice; eu que tenho filhos fico muito desconcertada com esses números, prezo a liberdade acima de qualquer coisa, e o tema da redução da maioridade penal é muito difícil, mas tendo a ser favorável pois é difícil dar soluções imediatas quando os adolescentes estão matando a torto e a direito inocentes.São crudelíssimos em seus atos, e pelos fatos narrados aí. Veja no Mapa da Violência os caras responsáveis pelas pesquisas, lá encontrarás fontes das mais importantes para pensar o assunto.

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Marise, por trabalhar no Hospital Metropolitano, vejo o reflexo de tudo disso nos leitos hospitalares (ou mesmo nos corredores repletos de macas, quando as enfermarias estão superlotadas). Esses números nos dão a dimensão matemática da "coisa", digamos assim. No recente VER O TRAUMA, aqui divulgado, vimos quanto a Colômbia tem modificado esses números no aspecto da prevenção. Foram tomadas medidas simples, muito simples.

Marise Rocha Morbach disse...

O problema Roger é que parece que por aqui as coisas não tem saído do papel; uma pena.