domingo, 31 de dezembro de 2006

Feliz 2007

Infelizmente, não estarei exatamente comemorando a passagem de ano hoje, como a imensa maioria das pessoas. Eu e mais uma grande equipe entre médicos, enfermeiras, técnicos de enfermagem, profissionais de serviços gerais, estaremos de plantão em uma UTI, à espera dos desatinos destas comemorações. Neste momento, recolhido no retiro de minha casa, concentrado para o inferno, despeço-me tristemente de minha pequena família, que vai para o Mosqueiro, aproveitar os últimos minutos de 2006, que não deixa saudades por um variado leque de motivos.
Nestas horas solitárias, o que poderia querer que não acontecesse?
Simples. Espero não encontrar nenhum amigo ou familiar para receber os meus serviços profissionais. Nada pode ser mais dramático e aterrorizante na vida de um médico.
Melhor seria, que ninguém precisasse vir a hospitais em épocas comemorativas. Mas eles sempre vêm. Todos literalmente põem o pé na jaca.
Torço como ninguém para que todos brinquem a passagem de ano de maneira civilizada e responsável.
Mas ao menos vocês, meus amigos, familiares, por favor. Cuidem-se pelo amor de Deus, e pensem muito antes de fazer qualquer desatino hoje. Não aumentem minha tristeza nem ampliem meus desafios cotidianos.
Eles por si só, já são suficientemente desgastantes.
Feliz 2007! Na paz!

Ano Novo

Se ainda me restarem sonhos eu desejo um Ano Novo com prioridade total para a Educação (assim, com maiúscula; não apenas para estes dias, mas para o ano inteiro, a fim de que possamos sonhar com um país no mínimo, decente.
Se não, viva a Xuxa, que acredita em duendes e gnomos!

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Banda Larga: sem motivos para entusiasmo

Comentarista anônimo do Flanar, que prefere identificar-se como profissional da área de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicações), em um longo texto, faz uma análise sobre a questão da banda larga no Brasil, comentando a entrevista com o deputado federal Vic Pires Franco no post Vic e a banda larga.
Pela excelente qualidade da análise - onde inclusive considera aspectos históricos - e pelo fato de ser profissional de TI, publicamos a íntegra para que todos possam acompanhar e contribuir para a discussão. Seria interessante que os leitores como usuários finais destes serviços, (não necessariamente profissionais da área) também aproveitassem o momento para dar seus depoimentos sobre como avaliam sua qualidade e preço. Quem sabe não contribuímos para forçar medidas reguladoras cabíveis a um serviço que vez por outra parece estar correndo livre, leve e solto. Agradeço ao comentarista pela excelente contribuição.

Parabenizo o deputado pela postura coerente com relação a “Lei Azeredo”!
Gostaria de colaborar na discussão principalmente com relação as perspectivas futuras do serviço do acesso a Internet em banda larga no Brasil. Infelizmente não vejo um futuro livre dos já conhecidos problemas que nos afligem hoje. Mesmo com o advento do WiMAX.

Essa avaliação baseia-se na constatação de que a Anatel enfraqueceu-se ao longo de sua existência e não conseguiu acompanhar a evolução do setor ou desempenhar adequadamente o seu papel.

No mercado de provimento de acesso a Internet, principalmente em banda larga, hoje praticamente não existe concorrência. O serviço é explorado de forma concentrada por algumas poucas empresas que fatiaram o território nacional e que exploram essas regiões com exclusividade sem nem mesmo concorrerem entre si.

Um pouco de história nos ajudará a compreender melhor como chegamos até aqui.

A regulamentação do setor de Internet no Brasil foi concebida originalmente de forma a estimular a livre concorrência e a permitir o acesso de todos a esse mercado, seja como consumidor ou prestador de serviços. E foi exatamente o que aconteceu. Estamos falando do ano de 1995.

A partir do momento em que foi permitida a exploração comercial do acesso a Internet várias empresas ingressaram no setor e isso se traduziu em diversidade de opções, serviços e melhores preços para o consumidor.

Esse esforço inicial de regulamentação nos livrou inclusive de uma famigerada "Internetbrás". Naquela época havia a intenção por parte da Embratel (ainda empresa estatal) de possuir exclusividade para explorar o serviço de acesso a Internet no Brasil. Toda a articulação nesse sentido foi prontamente rechaçada. Em grande parte devemos isso a postura firme do nosso saudoso ministro Sérgio Mota.

Pois bem. Com o passar do tempo novas tecnologias foram sendo desenvolvidas e adotadas. Foi possível obter mais qualidade, velocidade e estabilidade nas conexões com a Internet. Mesmo com as operadoras de telefônicas ainda aplicando um modelo de tarifação dispendioso para o usuário (um modelo adequado ao tráfego de voz) não foi possível deter o avanço da adoção dessa tecnologia no país.

Acompanhamos então a digitalização das redes de telefonia. Vimos surgir, tardiamente por aqui, a primeira modalidade de acesso em banda larga com uma tecnologia chamada ISDN, ou RDSI no Brasil.

Até esse momento havia um número considerável de empresas prestadoras de serviços de acesso dispostas a concorrer por cada fatia do mercado. E isso se traduzia em vantagens e qualidade para todos. Mas com o passar do tempo algumas mudanças produziram a redução drástica da concorrência no setor.

Aumentou o interesse das operadoras de telefonia em explorar o serviço de provimento de acesso a Internet inclusive com a venda do acesso diretamente ao usuário final. Elas começaram trabalhar então para tirar os provedores tradicionais do seu caminho. A Anatel não conseguiu acompanhar o ritmo da mudança e nem mesmo controlar essas articulações das operadoras.

A figura do provedor como conhecíamos, aquele que comprava da operadora conectividade no atacado para vendê-la depois no varejo agregando valor e prestando bons erviços (e que trazia equilíbrio ao mercado) foi praticamente extinta.

As armas usadas pelas operadoras para alcançar seus objetivos foram o uso de práticas desleais de concorrência.

Por exemplo, algumas empresas foram criadas para exploração do serviço de provedor de acesso a Internet mas com as operadoras possuindo participação societária. As operadoras passaram a investir grandes quantias de dinheiro na estruturação desses provedores e a praticar preços diferenciados na venda da conectividade no atacado (insumo fundamental ao provimento de acesso) para eles. Isso quando realmente cobravam a conta. Não tardou até que houvesse uma quebradeira geral e a Anatel apenas assistiu a tudo isso.

Hoje em função de algumas características técnicas relacionadas as tecnologias conhecidas como xDSL (produtos: Velox, Speedy, BR Turbo) as operadoras não precisam mais recorrer aos ardis do passado. Elas encontraram uma forma de vender o acesso diretamente ao consumidor final desrespeitando a legislação vigente.

Encontraram a maneira de fazer isso legalmente embutindo a cobrança na conta do telefone. Os vilões aos olhos do consumidor passaram então a serem os últimos provedores que ainda resistem. Logo essas empresas, diretamente responsáveis pela construção, sustentação e pela popularização de todo o serviço de acesso a Internet no Brasil.

Mais um exemplo de profunda distorção, a operadora sabe que pode prover o acesso através do xDSL sem a necessidade da participação do provedor e a Anatel também sabe disso, mas nada é feito para mudar esse cenário. O consumidor paga duas vezes pelo serviço e a operadora também recebe em dobro.

Espera aí, você deve estar se perguntando, como a operadora recebe em dobro? Eu explico.

A figura do provedor continua existindo possivelmente para servir de muro de proteção entre a operadora e o consumidor final do acesso a Internet e como fonte de receita dobrada para as operadoras. Elas encontraram uma maneira de cobrar pelo acesso ao usuário final (através da conta do telefone) e também ao provedor de acesso convencional. Sim um provedor paga para a operadora por cada usuário do serviço de banda larga xDSL. Ele está pagando para a operadora tirar o seu próprio cliente.

Isso porque praticamente não há lucro para o provedor na venda de uma assinatura de acesso em banda larga xDSL. O valor pago pelo usuário de Internet ao provedor é praticamente todo repassado para a operadora e para o estado em forma de tributação. Não sobra praticamente nada! Belo negócio hein!

Como já deu para perceber essa é uma fórmula infalível para tirar da jogada as empresas que mais contribuiram para a adoção e popularização da Internet. E que até hoje pagaram a conta.

Um outro detalhe interessante é que o serviço de acesso em banda larga através do xDSL das operadoras só pode ser “comercializado” pelo provedor para o assinante pessoa física. Para empresas é exclusividade da operadora. Exatamente o mesmo serviço (idêntico, velocidade, qualidade ou falta dela, etc) é vendido a preços diferenciados para indivíduos e empresas (o dobro do preço no caso das empresas, porém com as mesmas restrições aplicadas as pessoas físicas).

E no caso da venda exclusiva da operadora para as empresas não há a obrigatoriedade da figura do provedor. Por que será?

Outro caso interessante é o da licença SCM, criada pela Anatel.

Com o avanço das tecnologias de comunicação sem fio tornou-se viável a construção de redes de dados em alta velocidade com alcance considerável e a baixo custo. É claro que isso não passou desapercebido para os empreendedores brasileiros que logo entederam se tratar de uma oportunidade para oferecer novos serviços de acesso a Internet em banda larga.

Mas essa evolução também causou preocupação nas operadoras (especialmente nas operadoras de telefonia celular). De repente, todo um enorme investimento realizado não seria suficiente para concorrer em termos de velocidade, qualidade e diversidade de acesso com o micro investimento feito por uma pequena empresa para começar a prover acesso a Internet em qualquer lugar sem a necessidade do xDSL.

Um detalhe interessante é que essas tecnologias funcionam utilizando faixas de freqüências do espectro que são utilizadas internacionalmente sem a necessidade de obtenção de licenças especiais e no Brasil não é diferente.

Mas não tardou até que a Anatel determinasse o pagamento de uma taxa no valor de R$ 9.000,00 para qualquer empresa que pretenda utilizar equipamentos nessas faixas de freqüência para as prestação de serviços de acesso a Internet (isso sem falar na burocracia necessária para a obtenção da autorização e no tempo gasto). Até hoje não ficou muito claro para ninguém a razão dessa imposição, principalmente como se chegou a esse valor.

Estas faixas de freqüência continuam sendo utilizadas por qualquer pessoa ou empresa sem a necessidade de licença especial (exatamente como no resto do mundo) desde que serviços não sejam comercializados.

Isso tornou o negócio menos atrativo para empresas de pequeno porte, justamente aquelas que poderiam se beneficiar (e beneficiar o consumidor) com a adoção dessa tecnologia.

O advento do WiMAX, até onde há definição em relação a ele por aqui, não produz qualquer alteração nesse cenário de coisas.

Senão vejamos, durante o ano de 2006 a Anatel por duas vezes tentou levar a leilão as faixas de freqüência para a implantação de duas modalidades do WiMAX. Porém nas duas vezes não conseguiu obter seu intento.

Primeiro atuaram as operadoras contra o desejo da Anatel de não permitir que elas participassem do leilão, como uma forma de diminuir a concentração do mercado e de trazer um maior equilíbrio e concorrência na exploração do serviço. As operadoras conseguiram na justiça o direito de participar do leilão.

Depois foi a vez do próprio governo federal através do MC (Ministério das Comunicações) desautorizar a agência impedindo o leilão. Isso ocorreu por motivos não muito claros até agora.

A justificativa oficial foi a de que no formato em que ocorreria seria prejudicial aos projetos de inclusão digital do governo para ano de 2007. Quais projetos exatamente? O formato encontrado para barrar o leilão foi o de apontar uma possível deficiência no edital.

Como podemos ver, acho que (ainda) não há motivos suficientes para qualquer entusiasmo.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Vic e a banda larga

O Deputado Federal Vic Pires Franco parece ser um internauta compulsivo, a exemplo de muitos brasileiros digitalmente incluídos. Além de ser frequentador assíduo da blogosfera, (onde não raro dirige-se pessoalmente aos comentaristas de inúmeros blogs paraenses como o Quinta Emenda e também o Flanar) é usuário de Blackberry onde mantém sua comunicação digital em dia.
Além disso preside a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara Federal. Cultiva o saudável hábito de responder a todas as afirmações feitas a seu respeito na blogosfera, participando ativamente das discussões, encaminhando seus posicionamentos até de madrugada. Como já tivemos oportunidade de afirmar em outros momentos, não somente em relação ao deputado do PFL, mas em relação aos políticos em geral, podemos até divergir de suas posturas em variados momentos do cenário político local e nacional. Mas não podemos deixar de ver com bons olhos a participação do deputado Vic na blogosfera paraoara, sempre disposto a dar pessoalmente a sua versão sobre os mais variados assuntos discutidos em blogs.
E mais uma vez o deputado não deixou por menos 3 perguntas que tivemos oportunidade de formular a ele no post Cara Pálida de 6 de dezembro de 2006, sobre o perfil atual da internet em banda larga em Belém. Como todos sabem, banda larga por estas bandas é sinal de Velox e recentemente o iJet, serviço da ORM à cabo. Não falamos aqui de outros tipos de serviços também tidos como banda larga (como os via rádio disponíveis em condomínios e apartamentos), tendo em vista que nestes, o preço da solução é rateado entre os moradores diminuindo seu custo final e possivelmente também a velocidade de acesso resultante.
Publicamos então, de acordo com o prometido, suas respostas em forma de entrevista, para que os leitores do Flanar possam se manifestar sobre o assunto e quem sabe, formular sugestões que possam ser acolhidas na melhoria destes serviços aos usuários do norte. Desde já, com os agradecimentos a gentileza do deputado Vic em uma vez mais, responder a nossos leitores.

Flanar - Como vai a questão da Lei Azeredo? Seu voto ia ser apoiando a integralidade do projeto, incluindo os tópicos que atentam contra a privacidade dos usuários da internet, ou o senhor a apoiaria com a exclusão/revisão deste tópico?

Vic Pires Franco - Em relação ao Projeto de Lei do Senado nº 76, de 2000, que tramita em conjunto com o PL do Senado 137/2000 e o PL 89/2003 (este já aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados em 2003), os quais foram objeto do Substitutivo do Relator Eduardo Azeredo no Senado Federal, alvo de grande repercussão na imprensa, é importante considerar alguns aspectos.
Preliminarmente, é importante ressaltar que o Brasil precisa contar com uma legislação moderna sobre delitos digitais. Esse tema é objeto de debates e estudos em Parlamentos de vários países do mundo, e existe inclusive um Tratado Internacional que rege o assunto, denominado “Convenção de Budapeste”, assinado por todas as nações da União Européia e também por Estados Unidos, Canadá e México, entre outros.
O texto apresentado pelo Senador Eduardo Azeredo é convergente com muitos dispositivos da Convenção de Budapeste, e permitiria o Brasil assinar a Convenção, permitindo que a Polícia Federal brasileira participasse de uma rede de cooperação internacional de combate a cibercriminalidade. Nesse sentido, concordo que o Brasil precisa urgentemente aprovar uma legislação, a fim de garantir maior segurança aos internautas brasileiros e permitir que as autoridades policiais e judiciais possam trabalhar com eficiência na persecução e investigação dos delitos digitais.
O Substitutivo do Senador Azeredo, de uma forma geral, atende a essas necessidades do Brasil, porém considero que as disposições previstas no art. 20 e art. 21 poderiam sofrer aperfeiçoamentos no sentido de manter a possibilidade de identificação de criminosos digitais – garantido a segurança de todos os internautas – porém cuidando para que a privacidade dos cidadãos – direito fundamental garantido em nossa Constituição Federal – não seja prejudicado.
Sendo assim, eu estou sugerindo os seguintes aperfeiçoamentos para os dispositivos polêmicos:
Art. 21 – Identificação
Neste artigo, acredito que se poderia substituir a identificação positiva e presencial pela obrigatoriedade de manutenção de dados relativos aos meios de pagamento utilizados pelo usuário para pagar pelo serviço de acesso à Internet. Esse tipo de disposição é utilizada nos Estados Unidos, pois considera-se que o meio de pagamento (conta-corrente/cartão de crédito) já passou por um processo de identificação presencial. Nesse sentido, uma vez que os dados de identificação do meio de pagamento estão armazenados e disponíveis às autoridades policiais, é possível a identificação física do usuário com pouca margem de erro ou fraudes.
Além disso, considero que uma disposição dessa natureza permite que o esforço feito pelo sistema financeiro em coibir fraudes seja apropriado automaticamente pela sociedade brasileira, praticamente sem custos, no sentido de prevenir os crimes e permitir a identificação dos criminosos digitais, preservando a privacidade dos internautas que não comentem crimes na Internet – que são, por sinal, a grande maioria.
Art. 22 – Preservação dos dados x Conservação expedita de dados
Neste artigo, acredito que se está tratando a exceção como se fosse a regra: a obrigatoriedade de preservação de dados de todos os usuários não é, ao meu ver, uma medida eficiente. Nós sabemos que são pouquíssimos os usuários da Internet que comentem crimes, então não podemos prejudicar a maioria dos usuários pelo delito que é praticado por uns poucos. Os custos de preservação de todas as informações de todos os usuários, certamente elevadíssimo, será transferido para os usuários, tornando o acesso à Internet mais oneroso.
Nesse sentido, acredito que tal disposição poderia ser substituída por uma determinação de natureza processual. Explicando. Uma alteração no Código de Processo Penal a fim de conceder à Polícia Federal a prerrogativa de solicitar ao provedor de acesso a guarda de dados relativos a uma conexão específica a partir de um processo de investigação.
É importante salientar que tal prerrogativa não significa quebra dos sigilos dos dados de comunicações das pessoas, mas apenas a autorização para que a Polícia Federal solicite que o provedor de acesso armazene em seu próprio sistema os dados que permitam a identificação de determinado usuário sob investigação policial, por um determinado período. O acesso a tais dados, porém, continuaria a ser obtido por meio de autorização judicial.
Qual a vantagem dessa alteração? Evita que os provedores de acesso incorram em grandes custos de manutenção de informações, que, em 99,99% dos casos serão inúteis, tendo em vista que a maioria dos usuários da Internet não pratica crimes na Internet. Ou seja, obrigar os provedores de acesso a armazenar todas as informações de todos os usuários seria fazer com que a maioria dos usuários e cidadãos de boa fé seja prejudicada pelo crime de uma minoria criminosa.
Sendo assim, ao invés de armazenar todos os dados de todos os usuários, armazena-se apenas os dados dos usuários que estão sob investigação da Polícia Federal. Além disso, temos que tomar o cuidado de prever no texto legal a obrigatoriedade de sigilo de tais pedidos, a fim de preservar a possibilidade de a Polícia Federal não ter seu processo de investigação prejudicado.
Conclusão
Com essas duas alterações, acredito que se mantém a eficácia da legislação, além de excluir os custos econômicos e financeiros que a legislação iria incorrer, que certamente seriam transferidos para os usuários, prejudicando inclusive o processo de inclusão digital no Brasil, e garante a preservação da privacidade e da intimidade de todos os internautas brasileiros, aumentando, porém, sua segurança.

Flanar - Em relação a banda larga, como usuários, pagamos muito caro pela sua utilização em Belém. Comparado com outras regiões do Centro-Sul do país onde pelo valor pago por um link de "até" 1000 mbits/s no Velox (com garantia de apenas 10% da banda contratada) seria possível contratar um link de até 8000 mbits/s. Em Manaus a situação é pior ainda. A Telemar alega custos elevados de manutenção, além da procura pelo serviço ser menor na região, alterando assim desfavoravelmente ao consumidor esta regra básica do capitalismo. Sabemos contudo que a boa e velha concorrência, traria estes preços para baixo, mesmo com "todos os custos alegados". Mas pesquisando outras opções de banda larga em Belém, constatamos que a ORM a cabo com seu serviço iJet, cobra até mais caro do que isso oferecendo menos banda embora garanta a integralidade da banda contratada. Mesmo assim ainda achamos os preços praticados por ambas verdadeitamente abusivos tendo em vista um serviço de má qualidade. Como resolver esta questão para os usuários paraenses? Qual sua posição a este respeito?

Vic Pires Franco - A questão da banda larga é, no Brasil, bastante complexa. Isto porque a Lei Geral de Telecomunicações , quando foi elaborada, em 1997, deu atenção especial ao telefone fixo, o único serviço de telecomunicações prestado em regime público. O telefone celular, dada sua grande procura por parte da população, conseguiu uma rápida expansão, mesmo em se tratando de um serviço prestado em regime privado.

A banda larga porém, não constou da Lei porque sua importância em 1997, era bastante pequena. Hoje, principalmente se olharmos para o futuro, a banda larga é o serviço de telecomunicações mais importante, mesmo porque todos os outros serviços podem ser prestados por meio de uma conexão banda larga.

Hoje, no Brasil. os prestadores do serviço de banda larga são as prestadoras de serviços de telecomunicações, que dominam quase 80% do mercado. As prestadoras do serviço de TV a Cabo são o segundo segmento importante de prestação de serviço de banda larga, com cerca de 18% do mercado. Os demais prestadores, por enquanto, tem participação muito pequena.

Para baixar os preços – tendo em vista que se trata de um serviço em regime privado, com liberdade na fixação dos preços – a solução é o governo e a Anatel estimular a concorrência. Felizmente, há boas perspectivas, pois o desenvolvimento tecnológico oferece, especialmente com a tecnologia Wi-Max que começou a ser ofertada no mercado nesse ano de 2006, boas perspectivas de aumento da concorrência.

É necessário, porém, que as freqüências necessárias sejam leiloadas pela Anatel, coisa que a Agência não está conseguindo fazer, seja por problemas judiciais com o Edital de venda em andamento, seja pelo que julgamos uma certa lentidão e a falta de uma visão correta por parte da Agência e do Ministério das Comunicações.

Temos esperança, porém, que com o início do próximo Governo, a Anatel, completado o seu quadro de conselheiros, possa agir, assim como o Governo .

Veja-se que com a venda das freqüências previstas no suspenso Edital da Anatel em cada cidade brasileira poderão se instalar, a curto prazo, até 6 prestadores do serviço de banda larga sem fio, o que instalará uma forte concorrência e fará os preços baixarem imediatamente.

Flanar - E quanto a obrigatoriedade de contratar provedor de acesso além da operadora de banda larga? Será que já não está na hora de derrubá-la? Será que poderíamos trazer este serviço mais ao sabor dos interesses dos consumidores e menos ao sabor de interesses de supostos provedores de acesso? Será que eles já não tiveram tempo suficiente para diversificar suas atividades econômicas, liberando os usuários de pagamento de suas mensalidades?

Vic Pires Franco - Do ponto de vista legal, a cobrança em separado dos serviços de banda larga e de provimento de acesso à Internet se fundamenta na Lei Geral de Telecomunicações, que desautoriza as concessionárias de telefonia a prestarem serviços de valor de adicionado, categoria na qual se insere o serviço de provimento de acesso à Internet. A solução adotada pelas operadoras para transpor esse obstáculo foi a abertura ou aquisição de provedores de Internet. Com o objetivo de modificar essa situação jurídica, tramitam na Casa alguns projetos para aperfeiçoamento da LGT. O PL nº 3.076, de 2004, por exemplo, autoriza as operadoras de telefonia a executarem o serviço de provimento de acesso à Internet e, ao mesmo tempo, as obriga a fornecê-lo gratuitamente para os assinantes do serviço de conexão à Internet em alta velocidade. Atualmente, a proposição se encontra na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, onde aguarda elaboração do parecer do Relator, Deputado Walter Pinheiro.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Flanando pelo Marajó


O velho patchuli em praia de Salvaterra.

A pequena e graciosa igrejinha da Praia do Jubim.

O vôo elegante da Garça.

Flor muito comum em praias amazônicas. O Quinta sabe o nome.

Num dia perfeito, estas praias em Salvaterra...

...nos deram a foto certa na hora certa.

Monsarás e o Bacalhau


Calibrando o GPS em Monsarás.
Latitude: 0° 56'26.70"S
Longitude: 48°34'17.62"W


Monsarás e sua igreja cercada de grama.

Praia de Monsarás.

Mangas à altura das mãos do poster do Quinta.

E o fantástico bacalhau.

Monsarás é verdadeiramente uma pequena localidade onde vivem apenas cerca de 800 habitantes. Fica a cerca de 5 km de Camará (porto de chegada das balsas no Marajó), se tirarmos uma linha reta ponto a ponto no mapa GPS. A distância rodoviária total é maior, sendo que o ramal de Monsarás é de piçarra.
Lá, além da inevitável igrejinha, encontraremos algumas moradias dispersas. Sua praia apesar de bonita, não é aconselhável para banho. Motivo? Isso mesmo! Arraias.
Lá tivemos um agradável encontro com o poster do Quinta Emenda que cozinhou à frente de nossos olhos um delicioso Bacalhau à Gomes de Sá. Como bom paraense, liquidou-o com farinha rapidamente.
Um bom momento que certamente será retribuído em tempo hábil. Ao Juca, nossos agradecimentos pela acolhida. A foto das mangas é em sua homenagem.

domingo, 24 de dezembro de 2006

Pra não dizer que não falei de flores

POEMA DE NATAL
Vinicius de Moraes


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos os braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será a vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na terra
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não se esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança do milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos ...
Hoje à noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.

Salvaterra com seu "Edward Mãos de Tesoura"


Farol de Soure, em frente à Salvaterra.

Salvaterra - típica cidade interiorana com algumas curiosidades.

Um pé de ficus, invejado em outra rua da cidade.

Uma cidade simples, pequena, tranquila, pacata, com os cidadãos com as cadeiras na calçada no final de tarde, "apreciando" o movimento e o barulho do vento entre as inúmeras mangueiras.
Intenso movimento de motos e bicicletas, é claro. Estas mesmas motos, segundo informam moradores, somem quando lá chega o DETRAN. E voltam rapidamente após sua saída.
A vida social parece acontecer em torno da rua principal da cidade. Na praça da igreja matriz localizada em frente à Soure (especialmente "preparada" às vésperas da eleição que passou), não se via quase ninguém. Grande espaço aberto com algumas árvores e muito cimento no chão. Nada mais além disto.
Mais o fato mais curioso aconteceu quando visitávamos os arredores da cidade.
Uma dedicada dona de casa, resolveu podar seu pé de ficus em formato de coração. Logo de início, achamos muito interessante e engraçada a idéia. Mais adiante, para nossa surpresa, outro pé de ficus com o mesmo formato.
Daí em diante, não mais tivemos dúvida: Salvaterra deve ter um jardineiro muito concorrido pelas zelosas donas de casa.

Joanes - Canoa Quebrada em pleno Marajó


Praia de Joanes - Passeando pela praia...

...espetáculos acontecem...

...e quem sabe, a sorte grande de encontrar um ôlho-de-boi.

Joanes - Passeio no igarapé do Limão...

... revela os mais variados tons de verde...

...espelhados nas águas calmas do riacho...

... com muitas surpresas pelo caminho.

Farol de Joanes e ruínas jesuítas do século XVIII.

E a Lua (sempre ela), surge no horizonte.

Joanes é um vilarejo tipicamente de pescadores. A pesca é o principal meio de vida daquela gente. Vai crescendo contudo, a demanda por trabalhos associados a atividade turística, um forte atrativo da cidadela.
A praia de cerca de 500 metros de areia meio amarelada, forma uma pequena enseada, que vista do barranco onde fica localizada a Pousada Ventania do Rio Mar, forma um cenário paradisíaco. No trecho mais próximo a pousada, existem algumas barraquinhas e a conhecida Peixaria do Sales, onde se pode comer peixes e camarão no bafo. Mais adiante, a praia vai ficando cada vez mais deserta e rústica, mantendo seus atrativos naturais.
O vento é muito forte nesta época do ano e andar na praia, principalmente à tarde, é um prazer incomparável. O mesmo vento, assola de maneira quase que contínua a pousada, que proporciona uma sesta relaxante nas redes que a belga Oliva disponibiliza aos hóspedes.
Ao caminhar pela praia, mais próximo ao final da enseada, podemos lamentar um aspecto algo desconcertante em meio a tanta beleza: lixo. Lixo que não é produzido na praia mas trazido pelas marés até exatamente aquele local. Lixo que barqueiros e navegantes jogam pelas amuradas das embarcações. Um detalhe triste que acaba por manchar a beleza natural da praia. A prefeitura de Salvaterra, diz Oliva, bem que tenta organizar mutirões para recolher o lixo que a maré todos os dias deposita na praia. Mas o volume que chega, é sempre superior aos esforços em retirá-lo.
Mesmo assim, é possível curtir uma boa caminhada na praia e apreciar suas noites inteiramente estreladas, típicas de cidades do interior onde a iluminação pública ainda não chegou embora esteja presente nas casas e empreendimentos. Que continue assim. Afinal, aquela tradicional rede de postes e fios de eletricidade, pode mesmo comprometer a beleza do vilarejo, que tem parte de suas ruas, quase que totalmente gramadas.

Votos bons votos


Ninpheas - Monet

A todos os que nos deram o prazer da visita e a gentileza dos comentários; aos que aqui estiveram, leram e não comentaram; aos que se excederam nos comentários e mudos ficaram; aos que aqui sempre voltam; ao Flanar e ao Gui, companheiros de trincheira neste blogue e noutras lidas, desejo-lhes um bom natal e um moto contínuo de saúde e sucesso no quase nascido 2007.

Ilha de Marajó: sempre uma excelente opção


Balsa da Henvil na travessia da Baía de Marajó "Classe econômica".

No caminho. mangues gigantes e pássaros.

Salvaterra - Pousada dos Guarás - Bons serviços.

Salvaterra - Pousada dos Aruãs - Chalés rústicos...

...com boa comida e ambiente agradável.

Joanes - Pousada Ventania - O mais belo visual da praia.

Pousada Ventania - Empréstimo de livros para os visitantes.

Pousada Ventania - Cores vibrantes em todos os cantos...

...belos recantos para apreciar a natureza ao redor...

...que proporcionam sempre...

...belas imagens...

...em um ambiente totalmente zen...

...com achados inusitados.

A ilha continua bela e pródiga em recursos naturais e turísticos, a despeito do desmatamento para pastos e o descaso dos sucessivos governos estaduais na manutenção de sua infraestrutura. Onde outrora floresceram excelentes hotéis, capazes de absorver uma demanda turística internacional, hoje sobrevivem talvez meia dúzia de empreendimentos, calcados na fórmula simples-com-o-digno-conforto. Da outrora vistosa Pousada Marajoara, só temos as ruínas e alguns empreendimentos hoteleiros enfrentam flagrante decadência. Falamos aqui apenas da região que compreende as cidades de Monsarás, Joanes Salvaterra e Soure.
Nesta região, do ponto de vista estritamente hoteleiro, podemos encontrar algumas estranhas discrepâncias. Um hotel gabaritado em Salvaterra, apesar de fornecer instalações com chalés, ar condicionado, TV, piscina, etc, é capaz de apresentar um restaurante com um cardápio caro e de sabor infinitamente inferior ao de uma barraquinha de praia. Enquanto isso uma modesta mas excepcionalmente bem cuidada pousada em Joanes (administrada por uma belga), é capaz de fornecer alimentação de bom gosto. Há portanto que se ouvir os viajantes experientes na região para ter uma boa estadia.
As praias do Marajó são um capítulo à parte. Ondas fortes na maré cheia, ás águas adquirem nesta época do ano uma tonalidade esverdeada. Muito vento, biguás, garças, guarás e gaivotas circulando livremente em seu litoral, os dois primeiros frequentemente em bandos que costumam voar em formação, rente às ondas. Um espetáculo emocionante.
Mas o aconselhamento com os moradores é fundamental. A razão? Algumas praias tem um perigoso e suprendente brinde para os visitantes desavisados: arraias.
Existem pessoas que já foram atingidas cerca de 25 vezes por estes bichos, que são muito mais interessantes na panela, refogados como carangueijo.
Os igarapés são interessantes. As pousadas da região costumam vender pacotes que incluem dois remadores experientes que levam os turistas para ouvir e ver os animais em seu ambiente natural. É recomendado o silêncio absoluto durante o passeio. Assim podemos ver e ouvir ao longo do trajeto de canoa macacos, jaçanãs, japiins, mergulhões, martim pescador, papagaios, periquitos, entre outros.
Um ponto negativo, a longa viagem de balsa até a ilha. As balsas estão velhas e minimamente conservadas. Já possuem cerca de 18 anos em funcionamento. O conforto para quem quer pagar um pouquinho mais é decepcionante: uma área refrigerada com poltronas que não reclinam, algumas televisões com volume acima da média desejável com recepção sofrível, dependendo da distância que se tem de Belém. Um bar localizado no fundo da embracação, serve à todos sem distinção. E lá, frequentemente os páus d'água se reúnem "tomando todas" e não raro incomodando quem não deseja participar de sua "animação". Contudo, "noves fora", para quem viaja na "primeira classe", além da área refrigerada, é franqueado o acesso ao deck superior da embarcação, de onde se pode ter uma excelente visão de todo o trajeto da viagem ao ar livre e com muito vento.
Fora isso, fazendo o balanço, se você não se incomodar muito com os aspectos negativos que até o momento são plenamente toleráveis, a ida até o Marajó ainda é uma excelente opção de lazer e férias.

Reportagens

O Natal, assim como outras datas comemorativas tipo Círio, Carnaval, Finados, motivam, todos os anos, reportagens por demais óbvias.
Por exemplo: no Natal, as compras de última hora, com as lojas lotadas; o preço dos brinquedos, mais caros, segundo pesquisa do Dieese, com direito à participação das crianças e seus pedidos, além do eterno representante do Dieese; a substituição de produtos importados por nacionais para a ceia; as crianças exibindo seus presentes de Papai Noel na manhã do dia 25 e a tristeza de outras que nada ganharam, e por aí vai. (Alguém lembra de outras?)
E todo ano é a mesma coisa. Fico me perguntando se com tantos cursos de Comunicação em nossa cidade não haveria outras maneiras de realizar reportagens envolvendo o Natal. Ou tudo isso seria apenas uma adaptação da questão machadiana: “(não) mudou o Natal ou mudei eu?”
Ah! Tem também a da troca dos presentes recebidos, mas é só no dia 26.

sábado, 23 de dezembro de 2006

Programa de milhagem

“Estratégias mais e mais agressivas são usadas pela indústria farmacêutica. Uma das mais recentes são os “programas de milhagem” do tipo “quanto mais você usa, mais recebe”. Medicamentos como o Viagra – para disfunção erétil – e o Restylane – para preenchimento de rugas – já lançaram seus cartões de fidelidade que vão de descontos e remédios grátis a bonus em spas.”
Do livro O mito do progresso, de Gilberto Dupas

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Amor a Belém

Comenta o Repórter 70 de hoje que vídeo no YouTube encherá de satisfação os que detestam Belém, ao expor o total estado de desmazelo em que se encontra a cidade.
Esquece o colunista que entre aqueles que mais odeiam a cidade estão exatamente os responsáveis pelo desmonte daquela que simbolizou o portal econômico e cultural da Amazônia. E nesse "bloco de sujos" se inclui a atual administração municipal e todos os que deram e dão a ela enredo, lata e carvão para levantar a algazarra. Inclusive o desmemoriado O Liberal.

Um pelo outro

Este vai pelo celular, direto da Ilha de Marajó.
Quem pensava que usando o navegador Firefox estava mais seguro na web, lamento informar que isso não é mais a verdade.
De acordo com a Symantec, na primeira metade de 2006, o Internet Explorer teve apenas 38 falhas de segurança corrigidas, enquanto que seu potencial concorrente, o Mozilla Firefox, teve mais de 47.
Ambos nos deixam a mercê de bandidos que se divertem em descobrir suas brechas.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Fala de gente grande

Para Marilene Ferreira, Secretária Estadual de Ciência e Tecnologia do vizinho Amazonas, a agenda estratégica nacional em P, D & I tem recebido atenção especial naquele estado. Segundo ela a SECT apoia cerca de 4 mil bolsistas, sendo quinhentos de mestrado e doutorado. Além disso o orgão estimula parcerias com instituições de pesquisa privadas, destacando que fruto dessa ação governamental cerca de 15 projetos de pesquisa de alto nível são desenvolvidos na Gradiente, Nokia, Samsung e Honda. Maiores informações na Revista de Pesquisa da FAPESP.

No Pará, aguarda-se da governadora Ana Júlia que apresente à comunidade científica, a indústria e a sociedade seu plano de governo para a área de Ciência e Tecnologia, um dos maiores passivos institucionais que o novo governo receberá.

Conan

A hipótese não é nova, mas recebeu novo alento por cientistas russos. Segundo artigo publicado na revista especializada Astrobiology, a bactéria Deinococus radiodurans representa a melhor evidência de que a vida chegou aqui de carona em algum meteorito.
Não é o que pensam outros pesquisadores. Mais detalhes no Estadão.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Confirmada a sentença



O tribunal líbio confirmou hoje a sentença de morte para as cinco enfermeiras búlgaras e o médico palestino (Ver Bodes Expiatórios) que atuavam como voluntários de um hospital infantil. A União Européia, Bulgária e Estados Unidos protestaram contra a confirmação do veredito.
Surge, contudo, um dado novo nessa história escabrosa. Os familiares das vítimas dizem que se os réus pagarem dez milhões de euros por criança falecida, a "dívida de sangue" estará quitada e a pena de morte sustada.
Nem precisavam explicar de quem cobrariam. Afinal sabem muito bem o que lhes aconteceria caso reclamassem um centavo de euro do maior responsável pela desgraça - o governo do coronel Khadaffi, tristemente famigerado por suas ligações com o terrorismo internacional, a que, depois de 11 de setembro, renegou por instinto de sobrevivência.

a morte do livro

Reproduzido da net.

Não destruirás o livro

Arnaldo Bloch

Uns vinte anos atrás, Bill Gates deu uma de futurólogo do apocalipse e anunciou a morte do papel impresso para o início do novo milênio. Se isto estivesse em vias de acontecer, o bibliófilo José Mindlin, 90 anos, dono de uma das mais importantes bibliotecas do Brasil e símbolo nacional do culto ao livro, não teria se encontrado esta semana com seu colega americano, Matthew Battles, 35, editor do boletim da Biblioteca Houghton, que guarda as obras raras de Harvard. À menção do nome de Gates, Mindlin recorda uma história recente:

— Outro dia uma revista de informática quis me fotografar segurando um e-book. Eu disse que só aceitaria se, na outra mão, houvesse um livro convencional. No dia marcado, o repórter disse: agora o senhor vai ver uma coisa maravilhosa. Mas na hora de ligar, o e-book não funcionou! Então eu disse: isso nunca aconteceria com um livro. Após 550 anos, o livro é basicamente o mesmo. O resto é adivinhação. Posso dizer que vão inventar uma pílula que você toma e pronto, já leu tudo...

Matthew, que lançou no ano passado o livro “A conturbada história das bibliotecas” (no Brasil, editado pela Planeta), ironiza:

— Já deve ter alguém trabalhando nesta pílula... provavelmente, Bill Gates! A tecnologia não substitui o livro. Ela ajuda a encontrá-lo nas bibliotecas. Por outro lado, as bibliotecas servem para fazer frente a uma certa informação torrencial que nos atinge e é confusa, mesmo que democrática. A biblioteca garante que possamos, se necessário, reassumir o controle sobre o conhecimento de uma maneira transparente e ordenada.

“Os livros vão sobreviver a nós”

Mindlin, que não é usuário de computador (embora o catálogo de sua biblioteca seja informatizado), ensina o caminho da virtude:

— Acho que o que perdemos com a Internet, sobretudo, é o traço da escrita do autor, das anotações, das emendas que, no computador, hoje, simplesmente se apaga. Por outro lado, o uso do computador permite outras possibilidades no processo de criação e a Internet garante acesso rápido a documentos e imagens. Por isso eu digo que é um falso dilema. Uma coisa eu digo: os livros vão sobreviver a nós e a várias e várias gerações...

Matthew, por sua vez, vê certa negligência com os manuscritos de hoje, ao mesmo tempo que com aquilo que se perde no universo eletrônico:

— Da mesma forma como os documentos pessoais, notas fiscais, bilhetes de nosso tempo terão valor de raridade, a enorme quantidade de e-mails, textos de blogs e outros processos transitórios e efêmeros da Internet podem estar escondendo preciosidades que a qualquer momento serão deletadas da História.

Presente à conversa, que se deu na Biblioteca Nacional, o presidente da instituição, Pedro Corrêa do Lago, ilustra o paradoxo:

— Imaginem se Shakespeare tivesse um blog e este fosse deletado... Imaginem se os esboços, as anotações, os cadernos, aquilo que os grandes mestres deixaram de lado, não pudessem ser estudados pelas gerações futuras?

“Farenheit 451 não é fantasia”

A discussão segue num tour pelos corredores da BN em que se passou pelas seções de obras raras, iconografia e restauração, e ruma para o principal foco de interesse de Matthew: a destruição de bibliotecas, de Alexandria até o conflagrado século XX, que assistiu a queimas de livros em plena alvorada da modernidade.

— Na verdade, o que se precisa evitar é a destruição. A terrível realidade descrita no filme “Farenheit 451”, de Truffaut, em que o Corpo de Bombeiros tem a função de queimar livros, não é assim tão fantasiosa. À compulsão de ler contrapõe-se, historicamente, a tentação de destruir.

— A pior tragédia que pode acontecer à Humanidade é a morte de seus livros — complementa Mindlin.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Bodes expiatórios


Foto: Reuters.
Cinco enfermeiras búlgaras e um médico palestino foram presos e acusados em 1998 de injetar deliberadamente o vírus da AIDS em quatrocentas crianças internadas no Al-Fateh Children’s Hospital, em Benghazi, Líbia, matando-as.

Frente a um escândalo dessas proporções, a comunidade científica internacional e a Organização Mundial da Saúde mobilizaram-se no sentido de esclarecer o que teria ocorrido naquele hospital.

Especialistas de renome internacional, após exaustivas revisões de prontuários, após testarem centenas de amostras de sangue para a caracterização da variedade de HIV presente no hospital, e de revisarem todo o processo de atendimento que ali era realizado, reuniram evidências suficientes para concluir que a tragédia já acontecia antes dos voluntários chegarem a Líbia e poderia, para maior indignação do leitor, ser evitada se o hospital não estivesse reusando equipamento médico descartável para a redução de custos.

Diversos especialistas mundiais na doença, dentre eles o co-descobridor do vírus da AIDS, o francês Luc Montagnier, validaram esse relatório.

Debalde foram os esforços da comunidade internacional para modificar a situação dos profissionais de saúde acusados de assassinato em massa. Oito anos depois, em 2004, todos foram condenados à morte. Entretanto, novamente sob pressão internacional, e desta vez liderada por mais de cem prêmios nobeis, o governo do Coronel Khadaffi, depois de afirmar que os seis condenados eram agentes da CIA e do Mossad, foi obrigado a marcar um novo julgamento para amanhã, 19 de dezembro.

As lideranças científicas internacionais, entretanto, estão preocupadas em razão da justiça líbia ter sinalizado que as evidências científicas reunidas com grande esforço não serão aceitas, ou apreciadas com a seriedade que requer o assunto.

Segundo Richard Roberts, Nobel de Fisiologia e Medicina, aceitar o relatório dos cientistas significa não só mudar o destino dos acusados, mas também obrigará a Líbia a reconhecer que o hospital adotava regras de higiene que disseminavam HIV entre crianças. Para Robert a situação é ainda mais complicada porque “Essas pessoas são o bode expiatório ideal: são estrangeiros. E os líbios sabem que o governo búlgaro e o governo palestino não podiam fazer muito barulho na época que os fatos ocorreram”.

Detalhes técnicos da investigação internacional estão publicados no New England Journal of Medicine desta semana.

Vi que responde

O deputado federal Vic Pires Franco responde às questões de tecnologia e informática, apresentadas por Flanar no post Banda Larga.
O blogue agradece a atenção do deputado, aliás um dos nossos frequentes visitantes.

domingo, 17 de dezembro de 2006

DNA

Parece que o governo que se inicia gosta de provocar tempestades numa colher, como disse Cícero de um intriguista. Agora, segundo voz corrente na cidade, vetam-se nomes de reconhecida competência por serem parentes de companheiros, da noite para o dia transformados em opositores ao governo que inicia.

Mateus, primeiro os meus

Diz-se que Jáder Barbalho teria ficado contrariado com a composição do novo secretariado estadual, a ponto de enviar um representante publicamente desgastado à cerimônia de apresentação dos secretários da governadora Ana Júlia.
Qual a razão do amuamento não é dito. Mas que o PMDB assegurou a administração de algumas galinhas de ovos de ouro do governo estadual - saúde, obras públicas e COSANPA -, lá isso assegurou, e sem que o presidente do partido precisasse franzir as bastas sobrancelhas.

Colaboração

A televisão é muito educativa. Toda vez que alguém liga uma, entro num quarto para ler um livro."

Groucho Marx
Comediante norte-americano
(1890 - 1977)

Do site Publishnews, com notícias do mundo dos livros. Dêem uma olhada.

sábado, 16 de dezembro de 2006

Tempo Rei

Gilberto Gil

"Tempo rei

Ó tempo rei
Ó tempo rei
Transformai
As velhas formas do viver
Ensinai-me
Ó pai o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo
Socorrei!"

Medidas contra a violência

Bertolt Brecht

Certo dia o senhor Keuner, o Pensante, se pronunciava contra a violência num auditório; de repente, percebeu que as pessoas se distanciavam dele e, por fim, se afastavam. Olhou em torno e viu parada atrás de si... a violência.

- O que tu disseste? Perguntou-lhe a violência.

- Eu me pronunciava a favor da violência. Respondeu o senhor Keuner.

Quando o senhor Keuner foi embora, seus alunos lhe perguntaram por que dobrara a espinha. O Senhor Keuner respondeu:

- Eu não tenho espinha dorsal para vê-la destroçada. Justamente alguém como eu precisa viver mais tempo do que a violência.

E o senhor K. contou a seguinte história:

À casa do senhor Egge, aquele que aprendeu a dizer não, chegou certo dia, no tempo da ilegalidade, um agente exibindo um certificado expedido em nome daqueles que dominavam a cidade e dizendo que lhe pertencia toda a casa em que pusesse os pés; da mesma forma, pertencia-lhe toda a comida que ele pedisse; da mesma forma, deveria servi-lo todo homem que ele visse.

O agente sentou-se numa cadeira, pediu comida, lavou-se, deitou-se e perguntou, com o rosto virado para a parede, antes de adormecer.

- Tu vais me servir?

O senhor Egge cobriu-o com uma coberta, espantou as moscas em volta dele, vigiou o seu sono e, assim como nesse dia, obedeceu ao longo de sete anos. Mas, se fazia tudo pelo agente, uma coisa guardou-se de fazer: dizer uma palavra que fosse. Quando se passaram os sete anos e o agente já engordara de tanto comer, dormir e mandar, o agente acabou morrendo. O senhor Egge enrolou-o em sua coberta deteriorada, arrastou-o para fora da casa, lavou a sala, caiou as paredes, suspirou, e enfim respondeu:

- Não.

(Escombros e caprichos. O melhor do conto alemão no século 20. Trad. Marcelo Backes. LPM, 2004)

Profecia

Com essa agora do espetacular auto-aumento dos parlamentares é bom relembrar o mestre Millôr Fernandes: "Brasil, país do faturo"!

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Tecnologia: cuidados com o verão



Para aqueles que não desgrudam de seus gadgets ou traquitanas eletrônicas, o G1 publica hoje uma lista de conselhos para evitar dor de cabeça ao final da temporada.
Leia em Dicas para seu eletrônico não morrer na praia.

Banda larga?

Há cerca de 10 dias, aproveitando suas eventuais visitas a este blog, formulei ao Deputado Vic Pires Franco, membro da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, 3 perguntas sobre os serviços de banda larga em Belém.
Na oportunidade, agradecia ao CD que o deputado gentilmente me fez chegar através de sua assessoria, que continha uma apresentação sobre o Programa Espacial Brasileiro feita pelo INPE. Foi no post Cara Pálida de 6 de dezembro. Como ainda não recebi as respostas, publico aqui para quem se achar competente para responder.

1)Como vai a questão da Lei Azeredo? Seu votinho ia ser apoiando a integralidade do projeto, incluindo os tópicos que atentam contra a privacidade dos usuários da internet, ou o senhor a apoiaria com a exclusão/revisão deste tópico?

2)Em relação a Banda Larga, como usuários, pagamos muito caro pela sua utilização em Belém. Comparado com outras regiões do Centro-Sul do país onde pelo valor que pago por um link de "até" 1000 mbits/s no Velox (com garantia de apenas 10% da banda contratada!), contrataria um link de até 8000 mbits/s. Em Manaus a situação é pior ainda. A Telemar alega custos elevados de manutenção, além da procura pelo serviço ser menor na região, alterando assim desfavoravelmente ao consumidor esta regra básica do capitalismo. Sabemos contudo que a boa e velha concorrência, traria estes preços para baixo, mesmo com "todos os custos alegados". Mas pesquisando outras opções de banda larga em Belém, constatei que a ORM a cabo com seu serviço IJet cobra até mais caro do que isso oferencendo menos banda embora garanta a integralidade da banda contratada. Mesmo assim ainda acho os preços praticados por ambas verdadeitamente abusivos tendo em vista um serviço de qualidade duvidosa. Como resolver esta questão para os usuários paraenses? Qual sua posição a este respeito?

3) E quanto a obrigatoriedade de contratar provedor de acesso além da operadora de banda larga? Será que já não está na hora de derrubá-la? Será que poderíamos trazer este serviço mais ao sabor dos interesses dos consumidores e menos ao sabor de interesses de supostos provedores de acesso? Será que eles já não tiveram tempo suficiente para diversificar suas atividades econômicas, liberando os usuários de pagamento de suas mensalidades?

Vai dar m.....

Chico Buarque propôs numa entrevista, no início do governo Lula, que o presidente deveria criar o ministério do “Vai dar M...”. Seria um ministério que, tecnicamente, daria a ultima palavra sobre determinadas ações governamentais e, depois de considerar todas as variáveis emitiria a famosa opinião: “presidente, não vá por aí, isso vai dar m....!”

Seria o caso de adaptação no âmbito regional sob a forma de uma secretaria?

Mais um falcão?



Com o apoio de George W. Bush , foi eleito o novo secretário-geral da Organização das Nações Unidas. É o diplomata Ban Ki Moon, atualmente Ministro do Comércio e da Relações Exteriores da Coréia do Sul. Os sul-coreanos o definem como a mão de ferro em luva de pelica.
Ki Moon teve também o apoio decisivo da China, que fez saber aos países membros que bloquearia qualquer nome que não fosse asiático.
Diz o Times (Londres) que o novo secretário-geral da ONU teria prometido "milhões de dólares" para obter votos necessários na eleição. O governo sul-coreano rebateu essa afirmação, apesar de Ki Moon, logo após anunciar sua intenção de concorrer ao cargo máximo da ONU, ter feito uma turnê pelos países da África prometendo aumentar para 100 milhões de dólares, até 2008, a ajuda da Coréia do Sul para o desenvolvimento dos países africanos.
Trata-se, portanto, de uma jogada complexa no tabuleiro da política internacional, principalmente se lembrarmos da tensão existente com as ogivas nucleares da comunista Coréia do Norte e da instabilidade política que afeta outros países da região, vocacionada para neste século se tornar um dos maiores mercados econômicos do planeta.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Humanização já!

O artigo de Gui é fantástico! Como médico, coro em ouvir relatos cada vez mais frequentes do cenário excepcionalmente realista que Ari narra em seu esplêndido e oportuno texto "Exercício sobre o exercício da Medicina".

E falo de uma Medicina com letra capital mesmo! Que se perde a cada dia enovelada em títulos, cursos de imersão, tabelas de evidências, etc. Não que cada um destes elementos estejam desprovidos de importância. Mas que de nada adiantam sem sólida formação humanística e sensibilidade no trato com seres humanos.

Contudo, os anos passam e os atores tendem a culpar suas próprias descobertas - a princípio criadas para trazer-lhes facilidades - pela perda de qualidade de serviços antes prestados com maior intimidade, como se a cada avanço, um pouco do que existia até então, perdesse um pouco de sua mágica. Aos avanços chamamos de tecnologia. Foi assim com o rádio, com a televisão, com o VHS, depois com o DVD e agora, e em paralelo, com os computadores e com a internet.

Ah! O homem. Este bicho complexo e contraditório.

Mas eu perguntaria: humanismo se ensina nas escolas médicas? A mera introdução de disciplinas ditas humanísticas nas escolas médicas mudariam este cenário? Não seria isso mais uma simplificação, das inúmeras que nos cercam no correr do tempo? E que a esmagadora maioria dos médicos costuma abraçar com facilidade?
O que é mais importante para fazer o homem entender que avanços não excluem a boa educação, a sensibilidade, o bom trato com o semelhante?
Sinceramente, neste particular, acho que tecnologia não é a causa que leva o médico a deixar de olhar a cara do paciente para olhar para o PC. Ela quase que parece surgir como um subterfúgio, um ansiosamente esperado "bode expiatório", para justificar um processo de desintegração mais profundo, com raízes ainda não totalmente compreendidas, talvez com origens mais socio-políticas. Quem sabe entranhadas no ensino fundamental? Ou no hinterland doméstico?

Nada de científico existe em minha opinião. Reflete exclusivamente um senso comum que surge da leitura de incontáveis livros e publicações médicas, bem como de incontáveis publicações na área de informática e tecnologia, bem como de livros comuns, densos, ou romanticamente simplórios.
Comungo com Ari da mesmíssima ansiedade. Angústia de ver colegas, a cada dia agravando velhos problemas, ampliados a enésima potência, aos quase 3000 ghz de velocidade de um moderno processador. Se o disco rígido (memória não desprezível) não é rico em informações, de nada adianta o processador e um moderno sistema operacional.
O pior, é que tudo isto, você pode sim encontrar ali na esquina. Numa simplória livraria de cimento e tijolo.

Leituras em progresso

Você acha que vivemos uma era de progresso? Que o progresso trouxe/traz felicidade? Que hoje somos mais felizes? O que significa a palavra progresso? A quem dominantemente este progresso serve e quais os riscos e custos de natureza social, ambiental e de sobrevivência da espécie ele pode ocasionar? Quais suas raizes arquetípicas e que projeção para o futuro pode ser imaginada para o conceito de progresso? Estes são alguns tópicos desenvolvidos em O mito do progresso (Editora Unesp), de Gilberto Dupas.
O autor, apesar do sobrenome, é brasileiro, com formação em economia, coordenador-geral do Grupo de Conjuntura Internacional da USP e presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais. Também autor de vários livros, entre os quais Ética e sociedade na sociedade da informação e Autores e poderes na nova ordem global, além de colaborador de jornais e revistas no Brasil e no exterior.
Detalhe para o capítulo: Ciência médica - saúde e progresso, com os tópicos: Medicalização da saúde e o abandono do doente e Manipulação genética e nanotecnologia: a fronteira decisiva?
Uma bibliografia interessante e atualíssima fornecem munição para o aprofundamento das questões. Bom presente de fim-de-ano e comprável pela web. É provável que as livrarias locais não tenham. Esse tipo de livro não dá ibope.

Exercitando a medicina

Nosso colaborador bissexto, o médico Aristoteles Miranda, envia mais um artigo, onde comenta o predomínio da máquina em detrimento da relação médico-paciente. Um texto que certamente suscitará discussões.


EXERCÍCIO SOBRE O EXERCÍCIO DA MEDICINA
Aristóteles Miranda*

A medicina, como as demais profissões e tudo na vida, sofre modificações e as influências de cada época. Se antes era vista como sacerdócio, mais tarde passou a ser considerada misto de ciência e arte. O advento da sociedade pós-industrial levou-a ao estágio de uma relação de prestação de serviços, como produto oferecido a um exigente consumidor.
Apesar de tais mudanças de enfoque, permanece fora de discussão a necessidade da aplicação de princípios humanistas para o perfeito desempenho da profissão médica.
O que se observa, na prática, é bastante diferente da tese acima proposta. Incontestavelmente há profissionais extremamente competentes em suas áreas de atuação, detentores de currículos invejáveis, que aliado à parafernália tecnológica oferecida — de questionável alcance social, no geral — colocaram a medicina num impressionante patamar de desenvolvimento.
Se por um lado tal desenvolvimento amplia os horizontes e perspectivas da ciência médica, por outro constata-se o decréscimo dos valores humanísticos por parte dos atuais médicos.
Esta situação é vivenciada e referida, cada vez mais, pelos pacientes, que ao procurarem os profissionais em seus consultórios deparam-se com alguém por trás de um computador (ou até mais de um), aplicando um interrogatório estéril para o preenchimento de um ficha ou inserindo dados em determinados programas “diagnosticadores” — algoritmo, para os mais íntimos. Tudo em substituição a uma boa anamnese individualizada e personalizada; quase sem olhar para o paciente; muito menos, tocá-lo. E a consulta se completa com uma bateria de exames, independente das queixas apresentadas, o que, registre-se, faz a delícia de muitos pacientes. E marque-se o retorno para depois de trinta dias, pois é quando os convênios permitem a cobrança de nova consulta e quando os laudos e resultados dos exames serão apenas lidos, nem sempre interpretados correlacionando-os clinicamente.
Tal descrição é a de um atendimento diferenciado em consultório e não na rede pública. Nesta as coisas são bem diferentes pela deficiência de recursos e pela falta de interesse de muitos profissionais.
É obvio que existem médicos dedicados na rede pública. E o reconhecimento pelo seu trabalho é feito pelos muitos pacientes que procuram seus serviços, o que significa atender mais, no mesmo tempo e pelo mesmo salário. Maravilha para o gestor, que contabiliza um número maior de consultas, independente da resolutividade destas por conta dos medicamentos e recursos diagnósticos quase sempre em falta. E os que atendem rápido, os que atendem mal, os que faltam costumeiramente, etc., acabam sendo recompensados, financeiramente até, em termos proporcionais.
Mas esta já é uma outra história... Voltemos aos consultórios “high-tec”, bem decorados, luxuosos e até bem equipados. O paciente ao retornar à consulta, sobraçando os exames, ouve a sentença mágica e nem sempre a desejada: “o senhor não tem nada! Procure outro especialista”. E lá se vai o cidadão em busca de outro médico, no intuito de obter uma solução para seus problemas, ou pelo menos uma resposta mais consistente e convincente.
Até parece que esqueceram que o paciente precisa bem mais que um lote de exames. Às vezes precisa menos destes do que alguém que o ouça, que o olhe, que o toque e que, depois, procure interpretar os exames determinados e mais específicos, buscando a confirmação da hipótese diagnóstica levantada, por conta de um raciocínio clínico a partir de uma anamnese bem feita.
Será que já não se ensina mais como colher uma boa história? A examinar um paciente? A auscultá-lo, palpá-lo ao menos? Será que estamos, cada vez mais, nos restringindo à mera leitura de laudos, deixando de lado questões subjetivas de cada situação clínica; as nuances psicológicas de cada ser humano, o que, na grande maioria das vezes, é o fundamental para o diagnóstico? Será que estamos fadados a aceitar os resultados das máquinas como sempre exatos e definitivos?
A serem verdade tais assertivas estaremos caminhando para a atuação como técnicos em medicina em contraponto à grandeza e à profundidade do exercício desta como profissão. É um caso a discutir e a pensar. Ou aguardaremos que alguma máquina também o faça por nós?

Irresponsabilidade

Hoje, por volta de 9:30h, circulava na esquina da Avenida Gentil Bittencourt com Tv. Castelo Branco uma viatura Fiat Palio da prefeitura de Belém, com um cartaz - do tamanho daqueles que são afixados em paredes - colado no vidro traseiro do veículo. Além do motorista, 2 passageiros o ocupavam. O cartaz mostrava a nova propaganda oficial de Duciomar Costa, com aquela maquete eletrônica do projeto Orla de Belém.
Será que a CTBEL vai autuar estes veículos que põem em risco os servidores públicos municipais e demais transeuntes, ao obstruir quase que totalmente a visão traseira do motorista?

Flanando pelo Google Earth


La Habana (Cuba) - Museu de la Revolucion e Memorial Granma

Museu de la Revolucion - Bela Fachada

Sem nunca ter ido lá, alimento a vontade de conhecer La Habana. Por ora, cabem estas belas imagens do Museu de la Revolucion. Antigo palácio presidencial onde outrora habitou Fulgêncio Batista, apeado do poder pela revolução de Fidel Castro.
No Google Earth, na parte traseira deste belo prédio, pode-se ver os contornos do Memorial Granma. Lá se pode ver o Granma. O barco que trouxe Fidel Castro e seus revolucionários do México até Cuba, dando início a guerrilha que derrubou Fulgêncio Batista e instalou o governo revolucionário em meados de 1959.

Latitude: 23° 8'29.20"N
Longitude: 82°21'24.27"W

Analfabetismo

De acordo com matéria publicada em O Globo (10/12/2006), dados do IBGE apontam que o programa de combate ao analfabetismo consumiu 700 milhões e não surtiu efeito. Cerca de 14,9 milhões de brasileiros - jovens e adultos - continuam sem saber ler nem escrever. Certamente todos devidamente "transformados" em cidadãos possuidores de titulo de eleitor e CPF. Quer dizer: números para utilização nas estatísticas oficiais.

Cooperação

Chegou a hora em que devemos abandonar nossas dissensões. Juntos, temos que fazer um esforço para soerguer o país. Vamos lá. um, dois, êia! É, não dá. Com esse material aí, não dá!
Millôr Fernandes: Millôr definitivo - a Bíblia do caos

Sem comentário.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

EXTRA, EXTRA, EXTRA!


Por 182 votos a 146, com treze abstenções, o Senador Luiz Otávio Campos (PMDB-PA) teve rejeitada agora há pouco pela Câmara dos Deputados sua indicação para Ministro do Tribunal de Contas da União.
Na discussão da matéria em plenário, a candidatura do Senador sofreu duras críticas pelos Deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Paulo Hugo Santiago (PT-PE) que destacaram problemas de ordem ética na biografia do candidato. Detalhes do pronunciamento dos deputados estão disponíveis no portal da Câmara dos Deputados.
A rejeição pela Câmara dos Deputados de um candidato do Senado a vaga de Ministro do TCU é um fato inédito na história do Congresso Nacional.

Belém, depois da chuva


(crédito fotográfico: O Liberal)

Ou o retrato do (des) governo de Duciomar Costa.

Melhora a imagem da democracia


Old Strick (Steve Chong)

Os latino-americanos têm hoje melhor percepção da imagem das democracias no continente. 74% dos cidadãos entrevistados apoiam os governos democráticos de seus países.
É o que conclui o Relatório Latinobarometro para 2006, com base em pesquisa que inclui as últimas eleições presidenciais. Segundo Marta Lagos, diretora da ONG, "encontramo-nos em uma situação em que, com certeza, não há uma crise da democracia, nem também a debilidade da democracia, senão uma construção democrática". Detalhes em Ciberamerica.

Latinobarômetro

O Latinobarômetro é uma organização não governamental sem fins lucrativos sediada em Santiago do Chile. Tem por missão a realização de pesquisas sobre o desenvolvimento da democracia e das economias, apresentando periodicamente relatórios sobre indicadores de opinião, atitudes, comportamentos e valores das populações latino-americanas sobre esses temas. A página eletrônica do Latinobarometro merece uma visita e uma reflexão. Nele aprendemos que a consolidação da democracia na América Latina é um working in progress, e inferimos o tamanho da responsabilidade que as lideranças de esquerda têm ao assumir governos nacionais ou sub-nacionais. A cada ato impensado ou de má inspiração mais frágil tornam a idéia pela qual tanto lutaram, tanto sofreram e pela qual muitos morreram.

A nossa miséria de governo

O Centro de Combate a Zoonoses informa aos cidadãos de Belém que é incompetente. Este ano, quando comparado com 2005, houve aumento de 34% no número de pessoas acometidas de leptospirose na cidade.
Não tem essa conversa fiada de que esse desastre sanitário decorre da incapacidade do CCZ em dar cobertura adequada às áreas críticas.
Esclarecendo: a principal área de risco para a doença são os terrenos baldios, feiras e zona comercial, que não aumentaram nem diminuíram nos últimos cinco anos.
Quanto as medidas de combate a essa zoonose elas são simples: educação sanitária e planejamento anual para desinfestação das áreas críticas, evitando-se usar venenos de efeito imediato. É tão difícil assim?

Funerais

Enquanto algumas ditaduras latino-americanas ficaram personalizadas pelo tempo que permaneceram no poder seus líderes (Pinochet, Vidella, Stroesner, Fidel Castro, por exemplo), a nossa diluiu-se pelos generais que se sucederam no cargo, num arremedo de democracia à brasileira.
Quem terá sido o "nosso" ditador mais importante.?
Obs: vale para todos os níveis de governo.

Ato Institucional No. 5


Pinochet: de golpista a profeta sem que soubesse

Hoje fazem 38 anos que o Brasil deu um passo decisivo em direção às trevas da ditadura. Nessa data, aproveitando um discurso do Deputado Federal Márcio Moreira Alves, considerado ofensivo às forças armadas, a chamada linha dura do golpe militar de 64 articulou a edição do Ato Institucional Número 5, o AI-5, que conferia poderes absolutos ao Presidente da República.
Isto significava fechar o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas, as Câmaras de Vereadores, com a imediata cassação de mandatos eletivos e a suspensão dos direitos políticos por dez anos dos opositores ao governo militar. Ficava também proibida toda e qualquer reunião entre cidadãos, sob pena de prisão. Abolia-se por esse instrumento arbitrário os direitos e garantias individuais e escancarava-se a porta da República para que tarados e assassinos promovessem sob proteção institucional um baile de violências contra opositores do regime.
Um dos signatários dessa ignonímia foi o Sr. Jarbas Gonçalves Passarinho, que, não por ser coronel, cunhou, no Conselho de Segurança Nacional, quando então se concebia essa monstruosidade jurídica, a célebre frase de que rasgava os escrúpulos, mas concordava com o general presidente quanto a necessidade de se descer o último véu de pudor da ditadura e mandar pau sobre os civis. Não suspeitava que por essa triste eloqüencia, exatamente por ela, garantiria pódio na História do Brasil.
O tempo passou, veio a redemocratização, a paz insípida e inodora da Lei da Anistia, que nivelou tudo pelo menos, e o velho coronel continua honesto com o seu saudosismo anticomunista cheirando a mofo. É assumindo um internacionalismo golpísta, quando não mais rasga os escrúpulos, que vem bater continência à memória do famigerado carniceiro do Chile, a quem confessa sincera admiração e "de brincadeirinha" o chama de profeta. Mais obscuro impossível, nos diria o I Ching.

Gabo escreve

Esclarecedor o artigo de Gabriel Garcia Márquez sobre os últimos momentos do golpe militar que depôs Salvador Allende da Presidência do Chile em 1973. Leitura obrigatória na Bravo On Line.

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Novidades de Freud


Sigmund Freud - 1856/1939

Logo, logo, o Flanar vai ganhar seu quarto articulista.
Não. Mais médicos, não mesmo.
Desta feita teremos provavelmente uma psicóloga.
Voces ouviram bem. Psicóloga.
O que terá uma psicóloga a contribuir com o Flanar? Qual será sua interatividade com os demais articulistas e leitores/comentaristas? Qual seria sua ótica sobre os fatos do cotidiano? Certamente, trabalho não vai faltar, creio eu. Mas deixo as perguntas ao vento.
Quanto a nossa quarta convidada, já recebeu o convite e parece ter topado o desafio. Deve neste momento, a exemplo de Gui que já completou sua inscrição no Blogger, estar providenciando seu perfil e talvez pseudônimo. Estas são opções que sempre deixamos a critério de nossos convidados. Deixar rolar, é a tônica entre nossos articulistas.
Vejamos então qual o resultado?
Bem vinda, amiga.

Eh! Foi mal...

Comentando no estilo "ferir a própria carne", o jornalista Carlos Brickmann do Observatório de Imprensa, analisa no artigo Palavra que fere, palavra que mata a mais recente "ratada" da chamada grande imprensa brasileira: o caso da mãe acusada pela polícia e pela imprensa de ter supostamente matado sua filha com uma mamadeira recheada de cocaína. "Fato" que depois não se comprovou. O que não impediu que, a agora vítima, fosse espancada no período em que permaneceu na cadeia. Sobre isso, na grande imprensa predomina o silêncio ou no mínimo a falta de respeito com o cidadão, onde grandes portais da internet, chegaram ao displante de editar as manchetes, antes postadas com grande destaque.

Afirma Brickmann:

Para nós, jornalistas, que vergonha!

O mesmo Brickmann, no dia 5 de dezembro, publicava artigo intitulado A imprensa julga e condena, onde comentava histórias semelhantes as que analisa hoje. Uma delas, sob o título A história da moça, é simplesmente inacreditável. Leiam também e acreditem. É realmente incrível!

Tudo isso é emblemático de uma atividade que enfrenta problemas de credibilidade aqui ou alhures. Mas alhures, digamos, as coisas aparentam ser menos epidêmicas do que aqui. Embora não menos perniciosas ou virulentas.

Quem conta a história?

O jornalista Luiz Weis do Observatório de Imprensa, analisa hoje no artigo O golpe de Pinochet, revisto pela mídia, os editoriais dos 3 maiores jornais do Brasil sobre a ditadura Pinochet.

Mas isso é detalhe. De uma perspectiva democrática, o importante foram os editoriais dos outros dois jornais brasileiros. Um, porque falou do passado como ele foi, em geral; um e outro, porque cravaram que o futuro não pode repeti-lo.

Uma leitura excelente e recomendada, expõe com clareza as nuances de cada um destes grandes jornais. Em especial, a típica de um deles e a surpreendente de outro.

Leia clicando no link aí de cima.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Solidariedade

EFE - Estado de São Paulo


NAÇÕES UNIDAS - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, expressou nesta segunda-feira sua solidariedade às vítimas do regime do ex-ditador chileno Augusto Pinochet e prestou uma homenagem aos defensores dos direitos humanos do Chile.

Em comunicado emitido pelo escritório de seu porta-voz, Annan se solidariza "às vítimas e aos familiares de milhares de pessoas, cujos direitos foram violados durante o Governo do general Augusto Pinochet".

Sobre os defensores dos direitos humanos que atuam no Chile, o diplomata diz "que, graças a sua perseverança, (eles) constituem um exemplo para o movimento internacional de direitos humanos".

Na nota, Annan frisa que a morte de Pinochet aconteceu justamente quando era celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. "A busca de justiça no Chile se transformou num símbolo da luta internacional pelos direitos humanos e a favor de que haja uma prestação de contas para os que abusam do povo ao qual supostamente deveriam servir", acrescentou.