segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Thorassic Park

         “As pessoas comuns podem não entender inteligência artificial e biotecnologia, mas podem sentir que o futuro está passando por elas.

 YUVAL NOAH HARARI, historiador, em: 21 LIÇÕES PARA O SÉCULO 21

 Em 1993 chegou à telona “Jurassic Park” com seus efeitos fibrilantes que nos deixaram de olhos esbugalhados na poltrona. Era como se estivéssemos em estado de matéria, dentro daquela ilha cercada de dinossauros. Em 2013, como se não bastasse a engenhosidade genética descrita pelo roteirista Michael Crichton, a película foi relançada em 3D. Voltei a fibrilar.

Sabe-se que esses avanços tecnológicos ao lado de efeitos especiais, música adaptada e os óculos da tridimensionalidade começaram a fazer parte do roteiro da sétima arte de uns tempos para cá. Não foi diferente em outros campos do conhecimento. Vale grifar que a atividade humana é também medida por ferramentas tecnológicas capazes de alterar o fluxo e a estrutura das funções mentais (mindset), por conta da incorporação de novas tecnologias. É capaz de provocar mudanças de comportamento em quem dela precisa.

Na medicina não poderia ser diferente - e na cirurgia muito menos. Nos últimos anos, a ciência e as diversas tecnologias proliferaram de tal maneira que não são raros discursos surreais. Nestes caminhares relembramos Isaac Asimov, autor de “Eu robô”. Digamos que ele tem papel de anjo da anunciação do futuro ao nos tomar pelos braços e nos deixar abrigados nesse tema.

O movimento e a visão 3D da cirurgia robótica nos faz relembrar a indescritível conquista que nos aloca para outro mindset e que nos deixa eufóricos. Ao relembrarmos a sala de cinema, aproveitamos o trocadilho Thorassic Park, com dois SS de propósito, para pôr título ao texto e fazer alusão a essa monumento da sétima arte e aos que têm sede de curar sob o véu dessas acontecências.

Mas vale repensar que nessa viagem existe o lado escuro da lua. Ou seja, de volta à vida telúrica, viramos homens de rua tendo que desviar de humanidades estiradas nas calçadas e contracenar com toda essa tecnologia pulsante encontrada em cada variedade de esquina.

 Doravante questões humanas – demasiadamente humana - nesta postagem há um curto filme revelando o interior da cavidade torácica sob os olhos de um cirurgião que comanda os braços de um robô (eu, robô). O take se inicia fora de foco, mas em sequência ganha nitidez e segue com os movimentos de pinças que faz lembrar a plasticidade dos efeitos animatrônicos dos dinos em “Jurassic Park”, na hora de se alimentar.

Embebidos na ideia além da matéria e, embalados pela condição humana, esperamos um dia usar a rua como paraíso da tecnologia.