quarta-feira, 31 de outubro de 2012

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Laerte/Rsrsrsrsrsrs

Politização


Entrevista do cientista político Renato Lessa

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Renato Lessa: "Falta politização nas questões urbanas e a inteligência política não está voltada para suas especificidades"
Valor: O senhor já disse que toda política é local, mesmo a nacional. Como entendemos o vínculo entre a dinâmica local e os efeitos nacionais, nestas eleições de 2012?
Renato Lessa: Esta eleição é forçosamente local. Tanto que a expectativa de que o julgamento do mensalão afetasse os resultados do PT em centros importantes não se deu. Eleições locais têm sua gravitação particular. Há uma dinâmica política local que, ainda que mantenha ligações com o resto do sistema, tem sua lógica própria, suas próprias idiossincrasias. Por outro lado, em cidades importantes como São Paulo, as eleições nunca são só locais. Não dá para imaginar que uma disputa entre José Serra e Fernando Haddad, PSDB e PT, é só uma disputa para prefeito. Em eleições locais de grandes centros, vemos envolvidas todas as dimensões do sistema político.
Valor: Isso explica por que os temas urbanos são pouco tratados nos debates dos grandes centros?
"É difícil surgir uma oposição de direita, não só pela tradição, mas porque este governo adotou bandeiras da direita"
Lessa: Falta uma cultura política que esteja à altura do fato de que o Brasil é 85% urbano, portanto os problemas sociais brasileiros são urbanos: habitação, segurança, mobilidade. A inteligência política, estratégica, não está voltada para as especificidades da cena urbana, que é tratada depois das eleições por tecnocratas. Na campanha, falta a politização dos cidadãos para questões que digam respeito à política geral da cidade.
Valor: Ontem se completaram dez anos do segundo turno de 2002, que elegeu Lula. Hoje, seu candidato à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, foi eleito. Ele se tornou mesmo um visionário da política brasileira, depois de eleger Dilma Rousseff em 2010 e mais uma indicação sua em 2012?
Lessa: Há uma sociologia eleitoral que faz as coisas acontecerem. Em São Paulo isso é evidente, com a penetração do PT na periferia. Não são só eleitores individuais que aparecem do nada e votam. Tem a virtude do ator e uma configuração sociológica de identificação política. Por outro lado, tem a deserção do PSDB de apresentar à sociedade um projeto diferente. Não há competidor ao governo do ponto de vista programático, da formulação de políticas.
Valor: Com o encolhimento de PSDB e DEM, de onde poderia partir uma oposição pragmática hoje? A tradição da direita brasileira não é muito programática.
Lessa: É difícil surgir uma oposição programática de direita no Brasil, não só pela tradição, mas pelo fato de que este governo incorporou muitas bandeiras da direita, valores conservadores como o mercado, o apaziguamento das contradições sociais, a tutela dos movimentos sociais. A direita social está dentro do governo. Este é um governo difícil de ser superado pela direita. Resta a hidrofobia.
Valor: E quanto a José Serra? Como fica o futuro político dele?
Lessa: Ele é um mistério. Teve 40 milhões de votos contra a candidata de um governo extremamente bem avaliado, número que em qualquer país do mundo o qualificaria para ser líder da oposição em plano nacional. Mas ele desertou dessa oposição nacional: balbucia de vez em quando algo de natureza moral e desaparece. Ele traiu seus eleitores. Já vi muito político vencedor fazer isso, mas Serra é um caso único de político derrotado que trai seus eleitores.
Valor: Talvez algum outro candidato vencesse contra Haddad?
Lessa: É bem possível. Sobretudo levando em conta que o PT sempre perde em São Paulo. Perdeu com Dilma, perdeu com Lula. Numa disputa entre PT e PSDB na cidade de São Paulo, não me lembro de outra vitória do PT. A viabilidade de Serra vai depender do que seus companheiros de partido vão fazer com ele. Não é muito auspiciosa a oferta que lhe fizeram de presidência do PSDB.
Valor: Que, por sua vez, sai mal da eleição.
Lessa: Sai com uma derrota complicada. Perdeu onde não podia perder. Esta eleição em São Paulo era crucial também para o PT. Nenhum dos dois poderia perder. Não há compensação possível. Imagine se estivéssemos falando da derrota do Haddad: seria incompensável com qualquer outro resultado no Brasil.
Valor: O julgamento do mensalão não afetou os resultados?
Lessa: Os resultados foram afetados pela dinâmica das políticas locais. Em São Paulo, isso é evidente. O PSDB tinha condições muito favoráveis para vencer. O PT veio com um candidato desconhecido. O partido estava à sombra da iminência do julgamento do mensalão, que àquela altura ninguém sabia em que daria. Do outro lado, um prefeito mal avaliado, mas um governador bem avaliado [Geraldo Alckmin]. Serra era muito conhecido, só depois fomos saber o tamanho de sua rejeição. O mensalão não afetou o resultado. Houve um descolamento entre a reprovação que as pessoas têm do roubo na política (essa reprovação existe, a tal ponto que Joaquim Barbosa é um herói nacional) e a escolha eleitoral. O sistema político, no qual o PT é hegemônico, tem recursos políticos suficientes para suportar o desgaste do mensalão. Entendemos um pouco melhor agora a escolha de Lula. Haddad está desvinculado dos episódios que deram origem ao mensalão.
Valor: O PT está deixando o discurso da "farsa" para trás?
Lessa: É como se dissesse: "agora vamos jogar outro jogo", um "PT pós-AP470". Haddad aparece como a cara do petismo para o qual há vida pós-mensalão, e essa vida vai depender da interpretação que o próprio PT vai fazer. Uma indicação disso foi dada por Haddad, que definiu o julgamento do mensalão como um processo de depuração da política no Brasil. Isso, para um petista, é muito forte.

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Sobre Drummond, os livros e o tempo



Muita gente lembrou do incorrigível Carlos Drummond de Andrade hoje. Justo. Muito justo. Lembro do Drummond que eu li e que me apaixonei, feito donzela. Mas o tempo - ah, o tempo! - me mostrou que nem todos conseguiram ter acesso a esse deleite. O que fariam se tivessem tido, não sei. Mas o que me importa mesmo são as oportunidades. Que cada um tenha opções, possa de escolher, tenha oportunidades para isso. E bem sabemos que assim não é. Mais um nariz de cera, jornalisticamente falando. O que eu gostaria, neste momento, é que muita gente vasculhasse seus alfarrábios e doasse os livros que pudesse à Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), que recebe diferentes tipos de obras literárias para caprichar na atividade que fará com mulheres em situação de cárcere, no Pará. Sim, faz parte de um projeto maior, que inclui exibição de vídeo - já tradicionalmente realizada pela entidade em comunidades de bairro e diferentes áreas de exclusão social - e debate sobre cidadania, a saber: direitos e deveres.

Se nosso tempo é hoje, vamos lá, fazer o que é possível. O que está ao alcance. Ou um pouco mais até. Padeço de uma angústia que se atracou no meu cangote de maneira indelével. Brigo com ela. Mas também passei a deixar a pequena fazer sua onda. Desisti de ser a "mulher-maraviha". Acreditam que eu já imaginei sê-la, pois não? Sim, daquelas que são auto-suficientes e que não precisam de ninguém mais. Se bastam! Tola, pra resumir.

Assim, fica meu pedido: doem livros e estimulem a liberdade. Reúnam o que puderem com amigos e inimigos e levem tudo pra sede da SDDH, em Belém, na Av.Gov José Malcher, 1381, entre 14 de Março e Generalíssimo Deodoro.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fusca no Salão

Não sei se a Volkswagen do Brasil errou ou acertou ao chamar o "New New Beetle" de Fusca. De qualquer modo, para deleite do Pedro, do Paulete, do Roger e de milhões, o Fusca voltou!!! (imagens: Scylla Lage Neto)


Oficialmente, no Brasil, o carro chamar-se-á Fusca.


A versão conversível também deverá ser importada.















O farol é belíssimo!

Mas terá o mesmo DNA?

Flanando no Salão do Automóvel

Imagens: Scylla Lage Neto

A edição de número 27 certamente será a de maior público

Embrião da General Motors
Ei, moça, tire a mão pr'eu fotografar a Ferrari, por favor!!!
Meu favorito: Mercedes Benz CLC (disponível no Brasil no segundo semestre de 2013)

Porsche = sonho
Onde estarão o Homem-morcego e o Menino-prodígio?
Meu amigo Cirinho treina para o campeonato de rally numa Mercedes GL


Os esquemas de sempre

A esta hora, já devem ter concluído a varrição do salão onde comemoraram o resultado das eleições do último domingo, por isso é hora de pensar em alguma coisa que tenha cara de trabalho. Se bem que trabalho de político é montar esquemas de governo (entenda esquemas como quiser), ainda mais considerando que o jabuti eleito não é lá muito familiarizado com esse negócio de expediente.
A pergunta que se impõe é: Zenaldo Coutinho fará um bom governo à frente da prefeitura? Respondo: sim, fará. Mesmo que não faça.
Explico: Almir Gabriel fez um bom governo em seus 8 anos à frente do governo do Estado? Jatene fez um bom governo nos 4 anos subsequentes? Está fazendo um bom governo agora? Tanto faz. Não importa. Simplesmente não importa. Seus incontáveis aliados sempre proclamam aos quatro ventos que tudo que é feito pelo PSDB é simplesmente irretocável; os outros, quaisquer outros, é que fazem tudo errado.
Parafraseando o arquiteto e blogueiro Flávio Nassar, enquanto em vários Estados do país a espécie Tuccanus biccus longus está quase extinta, aqui no Pará ela cresce e se multiplica. Com certeza não é por amor à natureza, mas por uma extraordinária cobertura. Não me refiro à cobertura vegetal, mas a uma impressionante união entre governo do Estado (e agora seu almoxarifado, na capital) e todos os setores do poder público (inclusive aqueles que deveriam ser isentos ou fiscalizadores), a iniciativa privada e metade da imprensa local (que são duas grandes empresas de comunicação).
Com a patota toda falando a mesma língua, como alguém pode errar? Por aqui, o esquema de legitimação do tucanato é aquele magistralmente definido pelo ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, Rubens Ricúpero: "Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde."
Foi assim durante 12 anos e, passado um breve interregno — sempre disse que o meu maior rancor contra o desastroso governo Ana Júlia foi pavimentar o caminho para o retorno da tucanalha , está sendo novamente.
Então chegou a vez de Zenaldo governar do jeito que todo tucano governa: com apoio de todos os lados e, particularmente, maioria folgada na Câmara dos Vereadores, não por acaso cognominada Casa de Noca pelo nosso saudoso e sempre lembrado (inclusive por isto) Juvêncio de Arruda. Naquele honorável sodalício, ela aprovará o que bem entender. Por conseguinte, não existe a menor possibilidade de fazer um governo ruim. Por mais que faça um catastrófico.
Veja-se que até Duciomar Costa brilhou como um sol no legislativo mirim (nomenclatura empregada de propósito). Só não conseguiu enganar quanto ao horror que representava. Mas mesmo assim se re-elegeu.
Mantenho, entretanto, minhas réstia de esperança. A partir de janeiro, havemos de ficar melhor do que estamos agora. Deus ajude.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Calou-se!

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Morre o Jornal da Tarde!  
Vejam o que o Mino Carta está dizendo na UOL 


O jornalista Mino Carta, 79, idealizador do "Jornal da Tarde", disse ao UOL Notícias que o fim da publicação, considerada por ele "revolucionária" na época de sua criação, é uma perda para seu coração e sua alma. "A morte de um jornal sempre me entristece, mas, neste caso específico, eu devo dizer que me entristece em dobro, talvez ao cubo, pois foi um jornal que nasceu por obra que uma equipe que eu comandei."
Mino Carta, diretor da revista "Carta Capital", concebeu o jornal com a ajuda do jornalista Murilo Felisberto. Os dois foram incumbidos em meados dos anos 60 pela família Mesquita (donos do jornal "O Estado de S.Paulo") de criar um novo novo modelo de jornal no país, mais ousado, diferente do tradicional e inspirado nas mudanças culturais e de comportamento da segunda metade daquela década. Nasceu em 4 de janeiro de 1966 o Jornal da Tarde. A publicação circulou como um vespertino até 1988, quando se tornou matutina.
"Eu tenho boas lembranças daquele tempo e tenho boas lembranças de quem trabalhou comigo. Nós revolucionamos, tanto na paginação quanto no texto. Acreditávamos que o jornalismo era uma forma de literatura, coisa que se perdeu no jornalismo brasileiro. Achávamos que a investigação era fundamental, que reportagens bem trabalhadas e profundas eram fundamentais para o êxito do jornal", declarou Mino Carta.
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Um poema para pensar a semana.....

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POEMA DA NECESSIDADE


É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.

É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.

É preciso estudar volapuque,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ser Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.

É preciso viver com homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar o FIM DO MUNDO.


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Carlos Drummond de Andrade

Vendilhões!

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Juvêncio Arruda, no 5º Emenda,  apelidou a Câmara Municipal de Belém de Casa da Noca. Acompanhei de perto as pressões que ele sofria para não citar a Câmara Municipal nestes termos. Mas, e francamente, o que podemos dizer sobre um projeto que recebe 22 votos a favor, e apenas 3 contrários, e que tem como objetivo alterar o gabarito(altura dos edifícios) no entorno da Cidade Velha? Belém tem um Centro Histórico que pode pegar fogo a qualquer momento; tem ruas estreitas; e um mercado chamado Ver-o-Peso, que sofre inclinações por variados fatores. Quando esperamos medidas que venham solucionar e preservar o nosso patrimônio público: somos surpreendidos com os vendilhões que nós elegemos para legislar a nossa cidade. O que me aborrece com os candidatos aos cargos executivos é que eles prometem mundos e fundos; mas não dizem que não podem governar sozinhos: Vão governar com um legislativo que, e pelo visto, está vendido ao capital imobiliário, e que pouco se importa com a sorte da cidade de Belém. Imaginem prédios de 20 andares(??)  a uma distância de até quarenta metros do entorno da Cidade Velha. Imaginem o trânsito, o esgoto, o calor, a sujeira, e a quantidade de indivíduos que vão transitar por lá. Precisamos listar o nome desses canalhas e afixar nos logradouros públicos; começando por Duciomar Costa e seu time de vendilhões. Estava esperando os resultados deste segundo turno para cobrar publicamente de Zenaldo Coutinho, e da próxima câmara legislativa desta triste Belém, que seja imediatamente arquivado este projeto espúrio e vendilhão. Torço para que Gervásio Morgado vá arder no fogo do inferno, onde sempre foi o seu lugar: E já vai tarde!

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A pluralidade e a democracia


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A ditadura e o bipartidarismo acabaram no Brasil mas muita gente ainda vive esse estigma. Ao invés de aproveitar e cultivar a pluralidade política, não se permite viver essa formidável possibilidade. Daí que, para esses, se você não for a favor, é contra. É rotulado, embalado e marcado com um X nas costas. Nem lembram que, até na urna eletrônica, mesmo quando há só dois candidatos, ainda resistem as opções “branco” e “anula”.

Tenho a sorte de trabalhar em uma Casa legislativa, onde a multiplicidade de ideias assume sua faceta mais salutar para a Democracia, em que pesem os erros e as distorções.  Lá, eu aprendi, ainda muito jovem, a importância da convivência pacífica dos contrários e a festejar o contraditório, muito antes desse princípio ser insculpido na nossa Constituição Federal.

Era 1983. Na Assembleia Legislativa do Pará só havia PMDB e PDS (os demais partidos estavam na clandestinidade e muitos de seus principais atores se abrigavam no PMDB), e a diferença de número entre as duas bancadas era só de um membro. Que não podia faltar senão havia impasse. E se dois do governo faltassem a oposição vencia. Era um jogo duro, atento, tenso, mas nunca violento. Os discursos eram fortemente ideológicos mas, quando os deputados brigavam em plenário, tomavam o devido cuidado de atirar microfones e cinzeiros (na época permitidos) bem longe do suposto alvo.

Ronaldo Passarinho era o líder do PDS. Seu tio Jarbas Passarinho era ministro de Estado e um dos homens mais influentes da República, àquela altura dominada pelos militares. E presidia a Assembleia Legislativa do Pará o saudoso deputado Lucival Barbalho, tio do então governador do Estado, Jader Barbalho. Lembro-me que, no ápice de um dos embates em sessão, Ronaldo fez chegar a Lucival um bilhete do próprio punho em que cobrava-lhe postura de magistrado. O que aquele presidente, de fato, era.

Para aquela Legislatura foram eleitos os chamados “deputados populares”: Paulo Fonteles, Gabriel Guerreiro e Romero Ximenes, estrelas da oposição. Ronaldo contrapunha a isso sua votação, de 41 mil votos, a maior da história do Pará até então. Sabedor (por mim) de que eu não tinha votado nele nem no PDS e muito menos feito campanha, contemplou-me com um DAS de assessora de Liderança, cargo de confiança que me permitia participar de todas as reuniões, inclusive e principalmente dos bastidores e das conversas no cafezinho ao lado do plenário – onde até hoje pululam muito mais as informações. Discutia política comigo. Recomendava-me leituras. Permitiu que, em Brasília, participasse de encontros com Marco Maciel e Aureliano Chaves, líderes nacionais da dissidência do PDS que formaram a Frente Liberal. Em plena campanha das Diretas Já, divertia-se com a implicância dos demais assessores e dos que frequentavam seu gabinete e movimentadíssimo escritório de advocacia, que me chamavam de melancia (verde por fora, vermelha por dentro), mas aceitava a minha escolha. Jamais me pediu atestado ideológico.

Os discursos eram vibrantes, pontuavam diferenças muito nítidas de pensamento. Quando Paulo Fonteles ia à tribuna, então, era uma aula de democracia, sempre aparteado por seus pares Gabriel Guerreiro e Romero Ximenes e, claro, por Zeno Veloso, a outra estrela do PDS, e Ronaldo Passarinho. Com argumentos. O debate era apaixonado mas sempre de alto nível. Bons tempos, em que a militância ia às ruas empunhar bandeiras por ideal e manifestação cívica.

Conheci Zenaldo Coutinho na UFPA, onde fomos contemporâneos, ele no curso de Direito e eu no de Jornalismo, antes dele se enfronhar na política pela JDS, o braço juvenil do PDS. Uma lembrança saborosa é de que sua liderança me fez trabalhar de caixa numa festa no Vadião, promovida pelo Centro Acadêmico de Direito e, já de manhã, entrar, junto com mais umas cinco amigas, além dele, no seu fusca, que deu um prego de gasolina justamente na saída, com todos nós morrendo de sono e cansaço, sem alternativa para voltar pra casa dali do portão do campus básico do Guamá.

Já Edmilson Rodrigues conheci como deputado estadual eleito na primeira vez em que o PT conseguiu assento na Alepa, atuante a ponto de, nas refregas dos professores com a PM - que naquela época descia o cassetete sem dó nem piedade nos manifestantes -, apanhar dos policiais. Não foram poucas as vezes em que ele mostrou, em plenário, os muitos hematomas no corpo, denunciando a violência com que eram tratadas as legítimas reivindicações da categoria. Numa dessas ocasiões, o ex-deputado Babá chegou até a ser preso, o que era outra violência, a de não respeitar o seu mandato legislativo. Ronaldo Passarinho era presidente da Alepa e, ao saber do ocorrido, foi pessoalmente exigir a libertação de Babá. Edmilson foi declarado pelo então governador Hélio Gueiros persona non grata no Palácio do Governo, com ordens expressas a esse respeito à Casa Militar e ao Ajudante de ordens. E passou ao folclore político o episódio no qual, impedido de entrar no gabinete do governador, foi carregado para fora do Palácio e, em protesto, mordeu a mão do coronel Arruda.

Hoje, exerçamos nosso direito de votar, com consciência e responsabilidade. Certos de que ainda há muito pelo que lutar. A reforma política através de lei de iniciativa popular, tal qual a da Lei da Ficha Limpa, se impõe. Não podemos permitir que nas próximas eleições ainda sejam ostensivamente comprados votos como os dos que empunham bandeiras, faixas e cartazes nas ruas. Que a internet seja usada como esgoto, com perfis fakes e páginas criados e pagos para atacar a cidadania, com as penas de aluguel proliferando vergonhosamente a soldo de quem der mais.

Respeito é bom e todo mundo gosta. Que os candidatos percebam que não é comprando nem patrulhando ideologicamente que conseguirão se projetar. O poder é efêmero. E é mais difícil se manter nele do que chegar lá.

E viva a Democracia!

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domingo, 28 de outubro de 2012

Previsibilidade

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É leitores do Flanar: minhas previsões deram com os burros n'água! Pois é, os eleitores de Belém foram de PSDB e de Zenaldo Coutinho. Eu fui de Ninguém: mas não abandonei o from. Daqui, onde confortavelmente observo o cenário da política, ficam algumas certezas e muitas dúvidas. Eu venero as dúvidas! Ouvi algumas afirmações sobre o uso da máquina pública por parte do governo Jatene. Neste quesito só posso afirmar que qualquer outro governante no lugar de Simão Jatene faria o mesmo; até hoje não vi nenhum que não fizesse isto. Temos é que mudar as regras do jogo! Aos que votaram em Zenaldo Coutinho, e que não estão atados a ele por conveniências ou cargos: desejo que sua administração chegue próximo aos anseios destes eleitores. Aos que votaram em Edmilson Rodrigues, e que estejam em posição de comando e de combate: que façam uma oposição consequente e vigilante. Aos eleitores dele que não formaram maioria neste segundo turno: paciência, cobrança e sentido cívico: a cidade é um espaço comum e público. Já dei minhas opiniões - em posts anteriores - sobre o que esperava da vitória de qualquer um deles. Vamos ao mundo da política real: pois, pois.......


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O hit planetário que vem da Coréia do Sul

Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, não é mais a única personalidade sul-coreana de fama internacional. O rapper Psy bateu todos os recordes via Youtube, com o hit global Gangman Style. Já são mais de de 50 milhões de visualizações do clip, que é cafona, mas com música contagiante. Psy destronou Justin Bieber, Adele e outros. Divertidíssimo, o hit espanta até o down das baixas temperaturas desse outono aqui na Europa. Ah, e o Ki-moon já dançou ao lado de Psy na semana passada.

E a bobagem como arma política

Para o governo da China, Gangnam Style virou uma dor de cabeça pois, ninguém menos que o artista dissidente Ai Weiwei resolveu dançar o hit sul-coreano. Uma clara referência à prisão domiciliar e às multas milionárias com as quais o regime tenta calá-lo. O vídeo paródia de Weiwei já foi bloqueado na China, mas se pode ver um bom trecho no Youtube graças ao jornal inglês, The Telegraph.

O andar do Caranguejo



“Até um monstro antigo precisa de um nome.
Nomear uma doença é descrever certa condição do sofrimento –
é um ato literário antes de ser um ato médico’
Siddhartha Mukherjje, médico e escritor indiano, 2011.

 “A gente morre é para provar que viveu” discursou Guimarães Rosa em sua posse na Academia Brasileira de Letras. Não demorou muito e o autor de “Grande Sertão: Veredas” sucumbiu com um infarto no coração. Não houve tempo para assistência médica, tampouco para degustar a láurea da cadeira. Por fora do verbo roseano, porém bem dentro da ciência, existem doenças letais que já se encontram bem definidas, explicadas desde a sua gênese. Nas demais, a ciência espicha o pescoço para desvendar seus mistérios: o câncer, transfigurado pela imagem do caranguejo, é uma delas.
A morte, curso inexorável da vida, tece seu final a partir do embrião, e a tendência, hoje, é de morrermos mais da velhice e menos de infarto, guerra e infecção, como ocorreu no passado da Peste negra, Gripe espanhola e Tuberculose. Agora surge o Câncer. No passado quase não se diagnosticava, mas hoje já é a segunda causa de morte, em consonância, por estarmos vivendo mais. Efetivamente é doença apavorante.
Apavora por que a ciência já andou pra frente, pra trás, pro lado; foi do nada pra lugar nenhum e zanzou pela medicina tal como o andar do caranguejo - paradoxalmente, a imagem literária dessa doença-monstro. Permanecemos empacados no mangue como se fosse areia movediça.
Aos poucos fomos entendendo por que tudo isso ocorreu. Foram gastos estratosféricos em pesquisa e resultados pífios. O homem já pisou na lua, aprontou tantas guerras, construiu milhares de navios e, mesmo assim, como se andando na esteira rolante, não saiu do lugar. De sorte não cansou, só pegou fôlego: caminhar no mangue até enlameia, mas dá sustância. Talvez por isso a ciência tenha concentrado força: não aceita, busca, investiga, esperneia, pesquisa, gasta tubos de dólares e enquanto enterra seus filhos com esse Alien cuspindo caroço para tudo que é lugar.
Mas um cisco está sendo soprado do olho da ciência - e do meu também. Paresque o câncer tem origem nos genes: Genética - que é diferente de hereditariedade. Soube pela leitura de “O imperador de todos os males - uma biografia do Câncer”, livro do indiano Siddhartha Mukherjee. Literatura premiada. Diz que descobrimos muito tarde as raízes do Câncer e, ao longo da jornada ribombamos, ainda muito cedo, balas de canhões em forma de coquetéis para a busca da cura, sem apontar para os genes. Não é livro destinado para médico, apesar de ter sido escrito por um e, talvez por isso, fosse maravilhoso se os médicos lessem. Mudou minha maneira de pensar sobre essa doença. Ousaria em dizer ao autor outro nome para o livro: O andar do caranguejo.
Siddartha vive nos EUA, e transformou-se em best-seller porque mergulhou no mangue insólito da história soturna do câncer da mesma maneira que o nosso Guimarães Rosa trotou na via sertaneja, a espiar a morte apenas como a estrofe final da poesia da vida.
No meio onde vivem os crustáceos que simbolizam o Câncer, o Siddartha recolheu mais escombros que pérolas - de uma de uma doença que tem deixado marcas indeléveis na sociedade. Tudo isso por não entender o seu habitat: o núcleo das células. Os genes. O genoma.
”O câncer é de fato um fardo construído em nosso genoma. O contra-peso de chumbo das nossas aspirações de imortalidade.”
O livro foi premio Pulitzer de literatura 2011. Estou no final de suas 600 páginas. Tenho esperanças, muitas, mesmo sabendo que se gastou um mar de dinheiro numa megaviagem até marte e se negligenciou a microviagem até o núcleo da célula. A ciência paga caro por esse desleixo. Ainda volto a falar deles: o livro e o monstro, que começa a mudar de feição pelo cinzel da ciência. Vale à pena falar, apesar do tema rastejante, pois o futuro é promissor, esperançoso. Vale sim, se a alma não for pequena e não estiver penando pelas veredas desse redemoinho. 

sábado, 27 de outubro de 2012

Receitas democráticas

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Hoje, reivindicações do povo grego ameaçam a quebra do sistema democrático de seu país, na dureza da crise econômica. A perspectiva é ruim, ante a ameaça ditatorial na terra na qual a palavra democracia nasceu. A Síria vive o oposto, com violências para sustentar, pelas armas, o poder central dominante. São fatos desagradáveis, mas de todos os tempos.
A Atenas de Péricles e Aspásia, 400 anos antes de Cristo, brilhou entre as cidades-estado. Tinha elite minoritária (políticos, religiosos e militares) que decidia, democraticamente, mas no debate entre os iguais. A maioria numérica não governava. Escravos compunham boa parte dos habitantes. Ainda assim foi o exemplo do exame dos interesses gerais, pelos criadores do termo em que "demo" é povo e "cracia" é poder ou governo. Na realidade de seu tempo, afirmaram a liberdade para reivindicar o exercício do direito de todos, atentos à convicção coletiva na defesa de seus interesses.
A rememoração da história leva a pensar que, por ser difícil de atingir e manter, a democracia e sua continuidade tendem a encontrar resistências, mas cabe enfrentá-las com a consciência da liberdade preservada pelo direito. Aqui não temos os bilhões de habitantes da China, com ditadura e progresso material, ou da Índia, com indústria moderna ao lado de costumes tradicionais, castas e animais sagrados.
Períodos ocasionais de maior liberdade de escolha acontecem na dinâmica das existências nacionais. Permanência ampla e duradoura da liberdade na tomada das decisões impõe atenção aos democratas, para assegurar o funcionamento das instituições e a plena liberdade de escolha de governantes, substituídos em espaços temporais certos. Lembremos que a democracia estadunidense, mesmo depois da independência, teve quantidade crescente de escravos, comprados ou presos na África, em empreendimentos marítimos e financeiros de grande vulto. Idem para nosso país: muitas de nossas figuras históricas tinham escravos. Recentemente, o leste da Alemanha levava o nome de República Democrática, sendo infiel a esta denominação.
Exemplo de vida democrática é o Brasil de hoje. Tem defeitos, mas exibe instituições escolhidas pelo povo em eleições livres. O exemplo da campanha do segundo turno está aí, para marcar o caminho do futuro. Em mais da metade dos lares, o homem não é mais o controlador exclusivo da sociedade conjugal. Aqui, um torneiro mecânico de restrita cultura formal foi bem-sucedido presidente da República, eleito pelo povo. Um negro presidirá o Supremo Tribunal Federal, nicho sacrossanto da elite jurídica deste país, sem perder para ninguém em matéria de qualidade, com bela participação das mulheres, uma delas presidindo as eleições.
Grande parte da população mundial vive sob ditadores. Outras se ligam a organismos religiosos, nos quais a mulher é um ser de segunda classe. Milhões e milhões de pessoas não têm o suficiente para comer nem o grau de conforto necessário. Nesse quadro o Brasil vive a experiência do voto, depois de consolidar a ocupação integral do território no século passado. É o espaço do povo a repercutir, com força, no planeta. Na imprensa mundial, já repercutiu. A receita de democracia está fazendo bem à nação.

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Walter Ceneviva

Sem dúvidas!

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Angeli

E daí?

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Sem nenhuma obrigação de acertar, e apostando nas observações das alterações da Curva de Intenção de Voto, neste segundo turno, - e mesmo diante das pesquisas que serão veiculadas dentro de  poucas horas, pelos dois maiores jornais em circulação no município de Belém-,  tenho a convicção de que amanhã, mais ou menos às 20:30 da noite, Edmilson Rodrigues será o novo prefeito de Belém. Não me perguntem o porquê da minha convicção. Estou apenas cruzando variáveis e observando a trajetória da curva. Na altura deste campeonato tudo é possível. E, como diria Fernando Pessoa, "só eu, impossível".  De qualquer forma mantenho as minhas convicções e faço algumas projeções para o porvir. Uma delas está relacionada com o governo de São Paulo. Dado o quadro que emergiu no primeiro turno das eleições municipais: penso que Lula será candidato ao governo de São Paulo. A derrota de Serra amanhã coloca claramente a questão. O movimento separatista voltará com força redobrada aqui no Pará. Alexandre Von, em Santarém,  não vai segurar o pepino que é governar Santarém na situação em que se encontra. Em Altamira, ganhou Domingos Juvenil; e isso é muito sugestivo para explicar o papel e a qualidade do eleitorado paraense. Estamos quase em processo de anomia. Se as instituições da política, no Pará, estiverem dependendo apenas da qualidade de seu eleitorado: estamos diante de graves dificuldades institucionais. Enfim, penso que amanhã teremos Edmilson Rodrigues na função de gestor do município de Belém: e daí?

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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Ata-me?

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A autora de novelas televisivas, Glória Perez, está, nesta nova novela das oito, enfrentando um tema  urgente: o tráfico de mulheres. Junto com ele vem um pior: a pedofilia. Em um mundo em que as liberdades individuais, e de identidades, vão sendo capturadas pela intolerância, pelo desejo, e pela mercantilização de pessoas e de idéias: É louvável a iniciativa da autora. Em nome do amor, do desejo e do dinheiro: mata-se, aprisiona-se; trafica-se: quase tudo! Pela via eleitoral, pedófilos ascendem a funções públicas. Promotores, pagos para exercer a   "nossa voz": são agenciadores em redes de pedofilia. O que fazer? Pergunta complicada e de difícil resposta; principalmente quando olhamos à nossa volta: e em pleno séc. XXI! Estamos acorrentados ao amor; ao tráfico e a mercantilização das almas e dos corpos? Me nego a aceitar tudo isto: É o que me resta? Não sei: Gostaria de saber!

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Eleições!

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Caco Galhardo

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O desenhador das águas

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A faculdade de Artes Visuais da UFPA abre no dia 30 de outubro, terça-feira, uma exposição com as obras de meu tio, Pedro Morbach. Eu fiquei muito feliz com a notícia. Pedro Morbach morreu este ano. Era filho de meu avô, Augusto Morbach; seu mestre no desenho e na pintura. Pedro Morbach nos deixou inúmeros desenhos. Tenho uma das belas "águas" que ele pintou. Estendo o convite a todos vocês; e imagino que ele gostaria muito de estar presente nesta exposição! Eu agradeço em nome dele; e deixo aqui um de seus desenhos.

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O Desenhador das Águas
Exposição de Pedro Morbach
Curadoria: Edison da Silva Farias
Abertura: 30 de outubro às 18hs.
De 30 de outubro a 27 de novembro
Campus Universitário do Guamá/ No prédio do setor de recreação(Vadião)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Bato palmas e peço "bis"!


O jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto recebeu um prêmio à altura de seu trabalho e de sua responsabilidade: o Prêmio Especial Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Mais do que merecido! Abaixo o discurso do jornalista na cerimônia de entrega do prêmio que aconteceu em São Paulo na terça-feira, dia 23.
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Lúcio Flávio Pinto
Eu sinto-me em casa aqui em São Paulo, onde morei por cinco anos, me formei na Escola de Sociologia e Política – tem até um colega meu de escola aqui presente –, e nasceu minha primeira filha aqui.
Eu estava em Belém, em 1987, já com 21 anos de jornalismo, quando, um dia, fiz, depois de três meses de investigação, uma matéria sobre o assassinato do ex-deputado Paulo Fonteles de Lima, um dos crimes políticos mais graves que já ocorreu no Pará. E essa matéria estava redonda, completa (ela ganhou o Primeiro Prêmio Fenaj, da Federação Nacional dos Jornalistas), e eu apresentei à diretora do [jornal] Liberal, que depois moveu cinco ações contra mim, e ela me disse que, infelizmente, não podia publicar porque envolvia dois dos maiores anunciantes da empresa, e um deles era considerado um dos homens mais ricos do Pará e outro, o maior armador fluvial do mundo.
E nós, jornalistas, já ouvimos esta frase várias vezes: “Ah, quer publicar? Faz o teu jornal”. Eu já havia experimentado fazer alguns jornais, disse: “Vou fazer um jornal para publicar essa reportagem”. Um jornal de custo mínimo, uma só pessoa, também sem qualquer possibilidade de dissidência (gargalhadas da plateia) e iria recusar publicidade. Primeiro jornal que recusaria publicidade. Me lembrei do Opinião, onde trabalhei também com Américo Nunes Pereira, e oOpinião disse: “Jamais a publicidade será superior a 20%”. Nunca precisou ter essa preocupação. Então, resolvi eliminar até essa preocupação metafísica.
Eu fiz o jornal, achando que o Jornal Pessoal fosse um jornal alternativo. Se fossem as teorias de Comunicação corretas, ele não precisaria existir, porque nós estamos no período da mais longa democracia da República brasileira. Mas eu vi que, ao longo do tempo – já se vão 25 anos –, o Jornal Pessoal  se especializou, involuntariamente, em publicar o que a grande imprensa não publica sobre a Amazônia. Não publica às vezes porque não sabe; não publica às vezes porque omite ou manipula, e os interesses que a Amazônia provoca hoje são mundiais. Neste momento, o maior trem de carga do mundo está fazendo a sua oitava viagem levando minério de ferro, o melhor minério de ferro do planeta, para a Ásia, 70% dele para a China e 20% para o Japão. É  maior trem de carga, leva quatro minutos, passando por determinados pontos, tem 330 vagões, quatro quilômetros de extensão.
Então, a imprensa não publica e o Jornal Pessoal se mantém porque simplesmente diz a verdade, e a verdade se tornou pecaminosa, tem de ser perseguida em plena democracia! O que acontece com nossa democracia, quando a justiça passa a ser o instrumento de perseguição?
Um grande cientista político alemão, Franz Neumann, analisou os julgados a República de Weimar, antes do Hitler – ele teve que fugir da Alemanha para os Estados Unidos. E ele mostrou que justiça de Weimar, da República Democrática de Weimar, julgava diferentemente as pessoas: os socialistas eram punidos violentamente, os nazistas, não. Nós estamos, no Brasil, numa justiça da República de Weimar e, por isso, a justiça, que é o esteio da democracia, hoje aparece nos sertões, nos limbos do Brasil, como a ameaça.
E entre esses 33 processos que o Audálio Dantas, grande personagem, modelo para todos nós, jornalistas, lembrou o caso de um grileiro, que grilou terras. E eu fui condenado a indenizar o grileiro por chamá-lo de grileiro. A justiça do Estado [do Pará] me condenou, reconhecendo a grilagem, e a justiça federal deu a decisão contra ele. Como eu não tinha dinheiro para pagar, e não tinha mais a que recorrer, porque o presidente do STJ, Ari Pargendler, ele simplesmente pegou as formalidadezinhas da lei e ignorou a substância e as próprias decisões do Superior Tribunal de Justiça. Resolvi não mais recorrer e, em 10 dias, os brasileiros, sobretudo de São Paulo, aderiram à nossa coleta e nós reunimos dinheiro suficiente para pagar.
Agora, o problema é pagar. Não existe nenhuma legislação da justiça brasileira do réu que quer pagar. Todo réu foge de pagamento. Eu quero pagar, porque no dia em que eu for pagar, em nome de 770 pessoas que me deram dinheiro para eu pagar, eu quero dizer: “Essa justiça é iníqua. Essa justiça não tem identidade nenhuma com a nação”. Então, esse pedido único na história do judiciário brasileiro está na mãos do juiz, o juiz não sabe o que fazer para eu pagar a minha indenização. Então, eu acho que, à parte os interesses corporativos, os empresariais, nós, jornalistas, temos que colocar a mão na nossa consciência e dizer: ‘Nós estamos sendo covardes? Nós estamos querendo fugir dos riscos? Nós estamos querendo ficar ao lado do computador, ao lado do telefone, não na linha de frente, olhando as pessoas e vendo o Brasil real?’
Hoje, com este prêmio que muito me emociona, vocês estão dizendo que aquele jornalzinho, lá em Belém do Pará, pequeno, que não tem foto, que não tem cor, não tem mulher nua, não tem colunista social, ele merece viver. Nós merecemos viver. Muito obrigado!


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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Apple surpreende e lança o iPad de 4ª geração

A Apple surpreendeu!
Enquanto todos esperavam que o iPad Mini fosse a grande novidade do evento promocional de hoje, a Apple acaba de revelar algo mais. 
Lançou o iPad de 4ª geração 6 meses após lançar o de 3ª geração que batizou de "Novo iPad".

Batizado de iPad with Retina Display, o tablet vem com processador A6X, que segundo a Apple, seria duas vezes mais poderoso que o A5X que equipa a geração anterior, mantendo as 10 horas de autonomia de bateria. Para mais detalhes sobre o iPad Retina Display, clique aqui.

O iPad Mini vem com tela de 7.9 polegadas e é 23% mais fino e 53% mais leve que seu irmão mais velho. Além disso, vem com processador A5, câmera frontal iSight HD 720 p, traseira de 1080 p para vídeos e 5 megapyxels para fotografias digitais. Para mais detalhes sobre o iPad Mini, basta clicar aqui.

Ambos os produtos vem com o novo cabo de sincronismo lightning de 30 pinos e smart covers apropriadas. Além disso, já nascem compatíveis com a banda larga móvel LTE (4ª geração).

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Atualizado às 16:34 h

Também foram lançados no evento de hoje :
  • Macbook Pro de 13 polegadas com tela Retina;
  • Novos Mac Minis;
  • Novos iMacs.
Mais detalhes, aqui.

Jamais vu


Fala sério!
O app Angry Haddad, idealizado para a campanha de José Serra, apesar de ser sido uma genial sacada de marketing político, pareceu esquecer o básico: pássaro é o tucano!
A Justiça Eleitoral se apressou em retirar o aplicativo do circuito e eu acabei não tendo a oportunidade de brincar de arremessar de canhão Maluf, Haddad e José Dirceu contra os prédios públicos de São Paulo.
Angry Birds que se cuide...

Déjà vu

Angeli

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Muito bom!


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O realinhamento continua


Até 28 de outubro o balanço é provisório, pois tudo pode mudar na última hora, mas mantidos os indicadores atuais, o realinhamento de 2006 se mostrará influente no próximo domingo.
Não se trata apenas das conquistas que o lulismo deverá colher em prefeituras com perceptível peso político, mas da continuidade, para além das siglas partidárias, do tipo de divisão social que as eleições têm expressado.
Prevalece, desde então, a tendência de os pobres votarem nos candidatos lulistas e de os ricos optarem pela oposição.
O caso de São Paulo é emblemático. Até a sexta passada, na periferia do extremo leste, para cada morador disposto a escolher Serra encontravam-se quase quatro inclinados a sufragar o nome de Haddad, mostrando para onde migrou o voto conservador de Russomanno. Já nas regiões oeste e sul 1, as mais ricas, o tucano tinha maioria.
Mas não apenas em São Paulo --que com 8,6 milhões de eleitores desequilibra o quadro nacional-- o sufrágio está polarizado pela renda.
Tal como ocorreu com Dilma em 2010, as camadas de baixo ingresso impulsionaram em Campinas outro candidato sem passagem anterior pelas urnas. Independentemente do placar final, que se prevê apertado, a competitividade do professor Marcio Pochmann (PT) deu-se pela força do lulismo na periferia campineira.
Do mesmo modo, em Curitiba, o ex-oposicionista Gustavo Fruet (PDT) tenta uma arriscada associação com o lulismo para ser ajudado pelos votos dos bairros populares, os quais, no primeiro turno, ficaram com Ratinho Jr..
Há muitos exemplos, mas nada disso significa que a oposição esteja ameaçada de extinção nem muito menos, como vai se falar caso esse cenário se confirme. O êxito de Aécio Neves (PSDB) em Belo Horizonte aponta para uma candidatura presidencial sustentável em 2014.
No entanto, salvo inesperada deterioração das condições econômicas, ele terá que falar a linguagem imposta pelo realinhamento se quiser ser, além de viável, competitivo.


ANDRÉ SINGER, 54, é professor do Departamento de ciência política da USP e autor de "Os sentidos do lulismo" (Companhia das Letras).

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Vale observar que André Singer está refletindo sobre o sudeste brasileiro.

sábado, 20 de outubro de 2012

Toda bossa

Prato de porcelana da Toda Bossa

Ainda me surpreendo com algumas desconstruções. Eu, por exemplo, não suportava a cor roxa, porque me parecia mórbido. Até a palavra me soava mal e eu pronunciava com entonação densa. Não sei precisamente o que passou, mas talvez tenha sido “um cheiro” em Nanã, a orixá senhora e que veste lilás. Passei a me dar muito bem a cor e suas variações. 

Eu também não gostava nada, nada de imagens de caveira, dessas que agora, sabe-se lá por que cargas d´água, viraram moda em roupas, acessórios etc. E acho que passei a olhar esses nossos restos mortais com bons olhos, há alguns anos, depois que de ver um pouco mais o uso dessa forma “horripilante” em cidades mexicanas. O dia dos mortos por lá me pareceu incrível, além de bem diferente da forma de celebração que temos no Brasil. Daí que achei lindos os pratos de porcelana com imagens desenhadas justamente por uma mexicana, Mariana Camberos, na coleção Santa Muerte, da Toda Bossa. Ficou na minha lista de pequenos desejos de consumo.

Estes parágrafos seriam um (grande) “nariz de cera”, em termos jornalísticos. Porque o que eu queria mesmo dizer é que estou muito feliz com o sucesso que tem tido a empresa, a Toda Bossa, da paraense Flávia Portela, radicada há alguns anos na Cidade Maravilha Mutante. Quando ela esteve aqui em Buenos Aires, me foi apresentada por amiga em comum. É uma delícia ouvir a menina Flávia falar do trabalho dela. É tanta paixão, que contagia! Ela veio para pequenas férias por aqui, depois de tempos de exaustão, mas não conseguiu relaxar tanto. Quando falei pra ela de uma loja que adoro, localizada em San Telmo, a L´Ago, prontamente juntou o que pode e fomos parar lá. Marcou uma reunião com os sócios da loja e inevitavelmente ganhou o ponto de venda. Essa energia que ela tem, sua sensibilidade artística e capacidade de gestão devem ter sido decisivos pra fazer com que a Toda Bossa fosse eleita representante do Brasil em evento na Dinamarca, linda notícia recém-anunciada.

E como tenho cuíra mesmo, já associei ao crescimento que teve, por exemplo, a Chamma da Amazônia, depois de ter sido incubada. Pelo menos foi o que me disse a própria Fátima Chamma. A Toda Bossa está incubada também e acredito que essa alternativa possa ser proveitosa pra muitos empreendedores. Até porque... talentos não faltam em Belém. Não mesmo. Vida longa à Toda Bossa!

Mundo pequeno

O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas.
Seu olho exagera o azul [...e o amarelo].
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco,
os besouros pensam que é incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvores.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter os ocasos.

Manuel de Barros em: O livro das ignorãças.

From the Jurunas to the the world

 
Foto: BBC site

Ela esta lá, ao lado de Marcelo Camelo e Siba, entre outros, afinal, nada mais LatAm Beats do que Gaby Amarantos. Para ver o vídeo da jurunense, bata clicar no link para o site da BBC inglesa. E aproveite para ver os outros talentos na série

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Comentando um comentário de Erika Morhy, acrescento: Como também venho do Jurunas, conheço Gaby há muito tempo, mesmo antes dela ter se aproximado dos "descolados" da cena paraense no começo dos anos 2000. Ali todo mundo  jà via nela um conteúdo e a metamorfose ambulante que ela é. Ela sempre agregou pessoas talentosas ao trabalho dela. Nesse vídeo  se nota que, se comparada à Ivete Sangalo - para citar um caso apenas de cantora mainstream - Gaby tem um background de inteligência e diversidade muito maior. Tenho a convição que o tecnobrega, assim como o manguebeat, é a seqüência natural de um caminho aberto pela Tropicália há mais de 40 anos. Antropofagia versão século XXI.

Shakespeare atrás das grades I




O cinema é, talvez, a única arte marcada pela presença iluminada de irmãos. A começar pelos pioneiros, os franceses Auguste e Louis Lumière. Depois, a gente pode citar os norte-americanos Coen (Ethan e Joel), os meus queridos belgas Dardenne (Jean-Pierre e Luc), e os espanhóis Almodóvar (Pedro e Augustin - o fiel produtor de praticamente todos os filmes do irmão mais velho).
Mas, neste ano, são os italianos Taviani que nos iluminam a partir de um lugar de trevas. O novo filme de Paolo e Vittorio, César deve morrer (Cesare deve morire) nos leva a prisão de segurança máxima Rebibbia, nos arredores de Roma. Lá, durante seis meses, os Taviani filmaram esta obra-prima, entre ficção e documentário. A base é a peça  Júlio César, de Shakespeare, encenada por condenados.  O processo de ensaios, a transformação dos presos em seus personagens no palco, tudo vai se misturando de maneira magistral, em construções baseadas,, sobretudo, na montagem e na trilha sonora. O crítico do JB, Gabriel Medeiros, definiu muito bem a não-intenção dos mestres italianos: "O que difere e coloca César Deve Morrer um patamar acima das outras centenas de filmes que misturam as linguagens ficcional e documental, é que os diretores do filme não parecem, em nenhum momento, dar a mínima para isso. Não dão a mínima para a dita "veracidade" documental dos planos, pois isso não importa. O que está em jogo, desde o início do filme, é a força de uma obra de arte e o seu poder transformador.".
Urso de Ouro no Festival de Berlim deste ano e com mais 5 prêmios David de Donatello (o Oscar italiano), Cesar deve morrer é o candidato a  representar a Itália no Oscar 2013.
Uma aula magistral de cinema de Paolo, 83 anos de idade, e Vittorio, 81. Os mestres que já nos  haviam brindado com A Noite de São Lourenço (prêmio especial do juri em Cannes 1982) e Pai Patrão (Pama de Ouro e prêmio da crítica em Cannes 1977).
Longa vida aos Taviani!

Shakespeare atrás das grades II

E aqui, o trailer impressionante do premiado filme dos irmãos Taviani.
"A Arte é a melhor expressão da liberdade, às vezes, a única".

Ótimo!

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À Milanesa


Nesta semana, sempre a horas mortas, uma moça tomou banho nua na praia do Flamengo e dois casais foram vistos fazendo sexo nas areias de Ipanema e do Leme. Um dos casais e a moça foram fotografados e, sabe-se lá por que, ganharam o noticiário. É verdade que nosso liberalismo ainda não contempla o ato sexual em público, mas a diferença entre a nudez da garota e a de algumas estrelas do Carnaval estava em que ela --por sinal, nada má-- não usava salto alto. E desde quando sexo na praia é novidade no Rio?
Ao contrário. Ele era a solução no tempo em que ainda não existiam os motéis, e muitos casais não queriam submeter-se aos hotéis sórdidos, que só trocavam os lençóis em último caso. A praia, como a do então distante Leblon, à noite, era segura, deserta, deliciosamente mal iluminada e, exceto por algum guarda enxerido, com privacidade garantida. Os problemas eram o desconforto e a areia, donde a expressão --ponha aí anos 50, 60-- sexo à milanesa.
A alternativa, para os poucos que tinham carro, era assistir às "corridas de submarino" --uma modalidade esportiva noturna, praticada por casais na orla do Arpoador ou do Castelinho, com os vidros fechados e embaçados. Nunca se viu um submarino ao largo, mas a prática era tão aceita que uma Kombi do Geneal ficava de plantão nas proximidades, com seu insuperável cachorro-quente.
Em 1969 ou 70, o romantismo da praia à noite e da "corrida de submarino" foi substituído pelo profissionalismo dos motéis, com seus tetos espelhados, camas redondas e risco zero. Os nativos se habituaram, e assim é até hoje. Donde os protagonistas do recente açodamento nas areias devem ser turistas (e só uma turista desinformada entraria nua nas águas de uma praia de baía, como a do Flamengo).
Desinformados, mas, quero crer, estouvadamente românticos.

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