quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Ato Institucional No. 5


Pinochet: de golpista a profeta sem que soubesse

Hoje fazem 38 anos que o Brasil deu um passo decisivo em direção às trevas da ditadura. Nessa data, aproveitando um discurso do Deputado Federal Márcio Moreira Alves, considerado ofensivo às forças armadas, a chamada linha dura do golpe militar de 64 articulou a edição do Ato Institucional Número 5, o AI-5, que conferia poderes absolutos ao Presidente da República.
Isto significava fechar o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas, as Câmaras de Vereadores, com a imediata cassação de mandatos eletivos e a suspensão dos direitos políticos por dez anos dos opositores ao governo militar. Ficava também proibida toda e qualquer reunião entre cidadãos, sob pena de prisão. Abolia-se por esse instrumento arbitrário os direitos e garantias individuais e escancarava-se a porta da República para que tarados e assassinos promovessem sob proteção institucional um baile de violências contra opositores do regime.
Um dos signatários dessa ignonímia foi o Sr. Jarbas Gonçalves Passarinho, que, não por ser coronel, cunhou, no Conselho de Segurança Nacional, quando então se concebia essa monstruosidade jurídica, a célebre frase de que rasgava os escrúpulos, mas concordava com o general presidente quanto a necessidade de se descer o último véu de pudor da ditadura e mandar pau sobre os civis. Não suspeitava que por essa triste eloqüencia, exatamente por ela, garantiria pódio na História do Brasil.
O tempo passou, veio a redemocratização, a paz insípida e inodora da Lei da Anistia, que nivelou tudo pelo menos, e o velho coronel continua honesto com o seu saudosismo anticomunista cheirando a mofo. É assumindo um internacionalismo golpísta, quando não mais rasga os escrúpulos, que vem bater continência à memória do famigerado carniceiro do Chile, a quem confessa sincera admiração e "de brincadeirinha" o chama de profeta. Mais obscuro impossível, nos diria o I Ching.

3 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Em países como a Áustria, é crime negar a existência do Holocausto. Seria uma boa idéia transformar em crime, no Brasil, dizer que a ditadura militar foi boa, sob qualquer ótica ou justificativa? Faz-se lei incriminadora para tudo, então que se faça por motivos justos.
Alguém sugere que pena deveria ser imposta? Morte não pode, lembro. Que pena.

Itajaí disse...

Os judeus ensinam que lembrar e lembrar e lembrar é a melhor didática para as novas gerações. Não penso que leis resolveriam. Hoje o neonazismo na Alemanha, na Áustria e em países da antiga Cortina de Ferro é uma dolorosa realidade.

Anônimo disse...

O neto do Pinochet foi expulso do Exercito chileno devido ao discurso elogioso,que fez no enterro do avô,ao regime fascínora encabeçado pelo amigo do Passarinho.
O Passarinho deveria perder a gorda aposentadoria que eu, você, nós todos pagamos para ele, por dizer que não acredita que foram assassinados muito mais de três mil seres humanos pela ditadura chilena, acredita que foram assassinados menos de três mil e dezenove! O responsável pelos dezenove também!