quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Três Amigos

Eram três amigos, uma moça e dois rapazes, todos funcionários do Banco do Brasil. Novas perspectivas de vida os levaram a outros caminhos, embora sempre vinculados à área pública. Um deles, contudo, destacava-se pela mais fulgurante inteligência que tenho testemunhado, ainda que de pouca valia frente às dores insuportáveis que lhe maltratavam o espírito desde muito cedo.
Ninguém, contudo, pode dizer que ele acomodou-se ao labirinto que mais e mais, em cada vã tentativa de escapar, fazia dele uma espécie de clown furioso, que em arte pode bem derivar o talento transgressivo de um Warhol, de um Zé Celso Martinez. Mas ele não foi um artista, embora tudo nele derivasse de uma sensibilidade superlativa e incontrolável, vulcânica.
Sim, eu o descrevo à luz incerta do pretérito, mas com a energia de sua imagem para sempre gravada na memória. Em um tempo espectral, sim, porque na manhã de ontem Ronaldo Franco desistiu de viver aos 50 anos de idade. Que a Paz, tão faltosa quando ele existiu entre nòs, enfim o encontre e habite a sua alma!

6 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Perfeita tua descrição, Itajaí.
Conheci o Ronaldo Franco pela paixão comum que nutríamos pelo futebol e, em especial, pelo nosso decadente Clube do Remo.
Paz à sua alma, que era tão transtornada.

Cléoson Barreto disse...

Olá!
Não seria este um engano? Segundo o Diário do Pará, aconteceu a morte de um Ronaldo Franco, mas não o poeta. Veja: http://www.diariodopara.com.br/noticiafullv2.php?idnot=69184
Um abraço.

Carlos Barretto  disse...

Suspeito também que há um grande engano. Vamos checar pessoal.

Itajaí disse...

Antes fosse engano, Cléoson. Refiro-me ao falecimento do meu amigo, que não é o poeta que por equívoco teve a morte anunciada, devido a igualdade entre os nomes.

Itajaí disse...

Francisco, segundo alguém comentou na blogosfera, ninguém era mais remista que ele. De fato, lembra quando ele resolveu pintar metade dos cabelos de azul-remo? Inimaginável para um funcionário público federal, ir trabalhar daquele jeito!
E ainda foi lá em casa mostrar a novidade e encrencar por sermos Paysandu. Nesse dia levou uma Torá bilingue, que leu e depois ficou discutindo o conteúdo como fosse um douto no assunto!
Tinha um grande carinho por minha mulher, a quem tratava de Estherzinha.

Francisco Rocha Junior disse...

Itajaí,
sou testemunha de que ele era realmente uma figuraça, de um enorme coração e que nunca passava despercebido.
Recebi a notícia de sua morte na manhã da 3a feira. Um amigo mandou uma mensagem, que me deixou assustado. Liguei para o amigo, que confirmou a notícia funesta. Me disse inclusive que não era a primeira vez que ele atentava contra a própria vida.
Sabe Deus o que passa na cabeça das pessoas? De perto, realmente, ninguém é normal.
Um abraço.