segunda-feira, 31 de março de 2008

Corvo

Uma ave do inferno continua atentando o interior do Estado.

Depois de ser cassado do cargo de prefeito por improbidade administrativa, reintegrado por liminar concedida por ministro do Tribunal Superior Eleitorial, acusado pelo Ministério Público Estadual por duplo homicídio qualificado cometido em 1993 e ter seu nome constantemente vinculado ao desaparecimento de militantes comunistas na Guerrilha do Araguaia, na década de 1970, Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, deu mais uma prova, neste final de semana, do mundo em que vive. Quem conta é o jornalista Hiroshi Bogéa, em seu blog:

O septuagenário Sebastião Curió endoideceu de vez!

Durante a semana que passou, Curionópolis viveu momentos de tensão e medo sob clima de terror provocado pelo prefeito, inconformado com a programação festiva de aniversário do vereador Wanderson Chamont (PMDB), pré-candidato favorito a prefeito do município.

A bagaceira teve inicio quando a assessoria de Chamont enviou ofício à prefeitura solicitando autorização para realizar dois shows em praça pública, prontamente negado pelo prefeito.

Impossibiltado de fazer a festa na praça, Wanderson pediu, então, autorização ao Detran para promover a manifestação às margens da rodovia Pa-150, prontamentge atendido.

Ao tomar conhecimento da decisão do órgão estadual, Curió telefonou para o diretor regional do Detran, lotado em Parauapebas, dizendo-lhe impropérios e garantindo que a festa não seria realizada. Aproveitou embalo da ira para dizer, também por telefonou, ao comandante da Polícia Militar que a festa não seria realizada, “só se passarem sobre meu cadáver”.

Como é de seu feitio, disse também ao comandante da Polícia Militar que mandaria buscar “meus homens em Serra Pelada” somente para mostrar quem mandava mesmo na aldeia. Chegou ao ponto de garantir a presença dele - prefeito -, armado no meio da multidão para fazer bagunça.

Sebastião Curió tentou ainda usar a Justiça, formalizando embargo da manifestação. O Juiz da comarca indeferiu o pedido dizendo que “o direito de ir e vir da população é consagrado pela Constituição”. Além de dizer não ao prefeito, a Justiça determinou ao comando da PM garantia de segurança ao evento.

Dois caminhões, originários de Marabá e Parauaebas, com policiais do Tático, desembarcaram em Curionópolis como se fossem à guerra, preparados para evitar qualquer tipo de bagunça anunciada pelo prefeito.

Na tarde de sexta-feira, antes da realização do show da noite, Curió colocou carros de som na rua convidando a população, e todo o secretariado, para reunião no teatro local, “oportunidade em que anunciaria importante decisão para o município”. Diante de 300 pessoas, Curió disse estar com a carta de sua renúncia redigida, mas que antes iria até o show, armado, “preparado para o que der e vier”.

Claro, ele nem foi ao show e nem apresentou a suposta “carta de renúncia”.

Mas fez pior, pelo menos para a população: mandou cavar imensas crateras em todo o entorno da rodovia Pa-150 com intuito de impedir a passagem de veículos pela estrada que liga Carajás a Marabá. Idéia do caraíba era inviabilizar, com engarrafamentos, o tráfego de veículos na importante estrada, iimpedindo de vez a realização dos dois shows, na sexta e no sábado.

O Detran, sensato, determinou então aos organizadores do evento a fixação do palanque na praça localizada em frente a uma loja de departamentos, às margens da rodovia, onde poderia haver pontos de fluxo de veículos para Parauaebas ou Marabá.

Em seu fervor satânico, Sebastião Curió tentou ultima cartada: mandou cortar a energia de toda a extensão da Pa-150. Assim mesmo, os dois shows foram realizados, com a energia garantida por dois grupos geradores instalados nas proximidades do palanque.

Por volta de 2 horas da madrugada de domingo quando este poster retornava a Marabá, vindo de Parauapebas, deu para constatar toda a extensão da Pa-150 às escuras. Mas grande concentração de populares em frente ao palanque dava o tom de alegria.

O tipo de atitude engendrada pelo prefeito Curió ainda sobrevive, hoje, em razão da nossa pífia cidadania. Sebastião Curió foi eleito (e reeleito) prefeito de Curionópolis, no sul do Pará, dentro das regras democráticas. Se posteriormente veio a ser descoberto o abuso de poder econômico na campanha, é inegável que esta prática ocorreu porque houve quem por ela fosse cooptado.

De nada adianta o MPE, o TRE, o TSE ou qualquer outro órgão público requerer sua cassação, condená-lo e suspender seus direitos políticos, se a população (pobre população!) continuar a mantê-lo como figura política exponencial da região.

Evitar tal permanência só é possível com a conscientização dos eleitores. A ignorância é o mal maior a ser combatido, e não somente em Curionópolis.

7 comentários:

Unknown disse...

Olá, nobre.Vc tem razão.
Voltamos ao "vintage". Melhor, nunca saímos dele.
Abs

Francisco Rocha Junior disse...

"Vintage" é um termo muito chique, Juca. E Curió, definitivamente, não é nada "chique". Creio que "retrocesso" ou "medievo" seria mais apropriado.
Abs.

Carla disse...

fiquei assustada, parece roteiro de filme de terror
bj

Francisco Rocha Junior disse...

Parece, não, Carla. Este prefeito do interior do Estado é realmente um monstro de filme de terror.
Obrigado por seu comentário e visita.

Yúdice Andrade disse...

De fato, o cenário descrito parece coisa de filme, de tão irreal. Há bons delitos ali, para pegar o sujeito. Mas a impunidade existe. Não acredito que evoluímos o suficiente para que criaturas assim possam, enfim, ser punidas num país assim. Que lástima. Pelo visto, a única punição para ele será o inferno - do qual, sem dúvida, não escapará.

Francisco Rocha Junior disse...

Yúdice,
O triste é termos que acreditar em céu e inferno para imaginar que figuras como Curió, Pinochet e assemelhados paguem seus débitos.
Ideal seria que o inferno, para estas figuras, fosse aqui mesmo.

Francisco Rocha Junior disse...

Anônimo marginal, a identificação do teu IP foi encaminhada a quem de direito.
Não sei se sabes, mas tuas palavras, nos 4 comentários que tentaste postar, tipificam crimes de injúria e ameaça.
Espero (aliás, não espero não) que estejas preparado para agüentar as conseqüências dos teus atos.