sábado, 5 de janeiro de 2008

Reinações de Zé Dirceu, o Alain Delon dos pobres

Eu não sou qualquer um.
Se eu não tivesse sido cassado pela Câmara, voltaria aclamado, aplaudido, ovacionado.Estando fora do governo, o Lula teria que me oferecer alguma coisa, uma embaixada, a presidência de uma estatal...
Se eu ainda tivesse a petulância de me candidatar a presidência da República, era capaz de ser eleito.
Não sinto falta do governo, sinto falta de amizades que fiz.
A conta caiu no meu colo, eu sei.
Eu não costumo me lembrar de traumas. O que fica para trás eu esqueço.
Aquilo vai mudar, já está mudando (sobre Cuba).
Posso discordar do que o Serra pensa, mas reconheço que é um ótimo administrador. Aécio é bom, mas Serra é melhor para o Brasil.
Hillary Clinton é pior para nós. Os democratas são historicamente ligados ao tucanato.
Como o FH não defende uma causa, o eleitorado acha estranho. Ele devia fazer como o Al Gore.
Esse pessoal é assim. Chegava para o Delúbio e falava: Delúbio, preciso de 1 milhão. Como é que alguém vai arrumar esse dinheiro assim de uma hora para a outra? Aí estoura o mensalão e esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. O que não dizem é que a mala era para eles!
Esse Garibaldi (atual presidente do Senado Federal) é um gaiato. Já trocou o guarda-roupa, deve estar arrumando os dentes, isso vai dar um trabalho danado.
Ninguém segura esses senadores, não. Eles fazem tudo por uma rádio. Esse Garibaldi tem duas rádios. Registradas na ANATEL e no TSE. E fica por isso mesmo!
Olha aí o Jefferson Peres: fica aí posando de arauto da moralidade e a mulher trabalhava no gabinete dele, é nepotismo, mas ninguém fala nada, é tudo normal.
Sobre o filho do presidente Lula: Para o Lulinha não importa a verdade. É assim: estamos aqui tomando cerveja, ele conta assim: estávamos nós dois tomando champanhe Cristal no Hotel Ritz, em Paris. Ele fabula.
Sobre Hugo Chavez: El tipo esta loco. Eu não te falei que ele iria perder?
É verdade, não acredito que Fidel concordasse com isso (reagindo a informação de que Cuba apoiaria reformas democráticas na Venezuela, mas não uma ação revolucionária).
Sobre Luiz Favre, marido da Ministra Marta Suplicy: O franco-argentino está se metendo demais, vou dar um pau nele em meu blogue .
Sobre o PT do Rio Grande do Sul: Tenha paciência. O que fizemos por esse pessoal não é brincadeira. (A sede do PT) foi feita só com dinheiro de caixa dois. Era com mala de dinheiro.
Nunca fui stalinista, nunca.
Sobre o treinamento em Cuba, nos idos 60: era igual filme Tropa de Elite: o treinamento era para virar máquina de matar. Mas nunca fiz os exercícios com gosto, não era minha praia.
Notas do comentarista sobre uma entrevista
não desesperada:
1. O título do post remete a reconhecida beleza física de Zé Dirceu, quando jovem no movimento estudantil. Minha sogra, por exemplo, até hoje se refere a ele como o bonitão.
2. As razões alegadas para o voto da ex-senadora Heloisa Helena pela não cassação do senador Luiz Estevão, não as transcrevi por exatamente discordar da razão apresentada por Zé Dirceu na famigerada entrevista: são impublicáveis. Se é verdade o que nos sugere que as publique, declinando de forma positiva os detalhes que confirmem à esquerda um possível engodo político em saias!
Por outro lado, a reação imediata da ex-senadora alagoana ao ataque de Zé Dirceu são por mim aceitas com grande reserva, por não responder de forma irredarguível a acusação que lhe é colada, especialmente quando a própria se ergue perante a nação como tonitroante opositora ao governo Lula, na condição ex-ante petista. Eis, portanto, uma nítida zona cinzenta da entrevista.
3. A foto de Zé Dirceu na entrevista foi de autoria de Bob Wolferson, que, em preto e branco, envolve o retratado num clima de mistério, quase sinistro. Ao vivo, como o encontrei há uma semana em jantar de amigos comuns, Zé Dirceu é bem mais luminoso.
4. De pouco vale contudo minha impressão. Lendo a entrevista da Revista Piaui ficamos sabendo do alto grau de hostilidade que Zé Dirceu recebe em suas aparições públicas, quer seja em restaurantes, hotéis e glichês de companhia de aviação que frequenta. Nesses momentos, ele desce, acreditem, ao inferno que todos nós temeríamos se figuras públicas fossemos.
5. Por fim, a entrevista se presta a trazê-lo à ribalta, ainda que nos incomode o sotaque narcísico. Nada do que diz, contudo, poderá dar a ele um prejuízo irremediável, quer em política no futuro, ou nos atuais negócios particulares que lhe garantem meio de vida. Nem mesmo arranha-lhe o papel fundamental como agente articulador da primeira eleição do presidente Lula (essa é uma história com a qual ele pretende nos entreter no futuro).
6.
O savoir faire de Zé Dirceu é de aço Krupp sem dúvida. Assisti-o em Belém discursar com a frieza dos danados sob apupos de ensurdecedora vaia, em praça pública, patrocinada pela então Força Socialista, tendência política petista do prefeito Edmilson Rodrigues. E de nada adiantou, porque quanto mais era vaiado, mais o Zé se acreditava e seguia assinando um discurso como primo-signore da esquerda brasileira, capaz de desconhecer até mesmo o antigo companheiro de armas em 68 - Vladimir Palmeira, na ocasião adversário à esquerda na disputa pela presidência do partido. Na Praça Waldemar Henrique, Zé Dirceu chegou e saiu vaiado, mas das urnas emergiu vitorioso; igual a esfinge, que tem a consciência do que diz aos incautos chegados as portas da cidade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Em resumo, trata-se mesmo de uma figura nada confiável.

Unknown disse...

Delícia de post, cumpadi.