sábado, 5 de janeiro de 2008

Da memória de Belém

O médico Murilo Mohry publicou n'O Liberal artigo em que relata a criação do complexo hospitalar da Aeronáutica em Belém, no Souza. Faço, contudo, reparo quanto a origem da propriedade do terreno. Ele resulta da fusão de três chalés, ainda hoje preservados para apreciação da antiga arquitetura paraense dos meados do século XX, e também do estilo de vida das classes abastadas paraenses. Contudo, o chalé de propriedade de Mme. Obdúlia Salgado não é aquele que o ilustre professor de medicina faz referência. Trata-se do menor, situado entre os dois maiores, utilizado para lazer dos Salgado, nos finais de semana.
Mme. Obdúlia, argentina de nascimento, foi afamada modista em Belém, na primeira metade do século XX. Sua loja ficava situada na Av. Presidente Vargas, entre o Edifício Renascença e o antigo Foto Galeria. Durante a II Guerra era o lugar preferido das norte-americanas , inclusive das atrizes de Hollywood em missão de entertenimento das tropas de Val-de-Cães. Com posses advindas do período da borracha, fez construir um edifício de quatro andares, para residir nos altos e funcionar a referida casa de modas no térreo. Até alguns anos atrás, antes de se instalar a zona de ambulantes na Av. Presidente Vargas ainda via-se afixada a placa no prédio: Edifício Mme. Obdúlia. A família hoje se restringe a um sobrinho-bisneto que reside nos Açores.

2 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Adoro essas informações históricas, que o brasileiro médio em geral menospreza. É tão bom saber como as pessoas viviam no passado, mesmo que em atividades mais comezinhas. Afinal, é o retrato de uma época. E nossos flanares parecem muito bem informados. Parabéns.

Edyr Augusto Proença disse...

Muito bom. Uma delícia. Madame Obdúlia é fantástico!
Abs