domingo, 26 de outubro de 2008

Votos Partidos

Votos para prefeito no segundo turno. Fonte: Universo On Line.
Nem bem terminaram as eleições municipais e o PSDB comparece com mais uma de suas pegadinhas ao estilo faustão. Dizem os tucanos numa indireta para Lula que o resultado das urnas dão um recado a quem pretende permanecer no poder.
Como eleitor estou pensando se o PSDB quando indicou Serra para suceder FHC em 2003 pensava assim; ou quando Almir Gabriel no segundo mandato indicou Jatene, que indicou Almir para sucedê-lo em 2006! Ve-se que tal análise política, anunciada com o dourado fácil das elocuções vazias, sofre dos males da interpretação política de ocasião, puída pelo afã de se colar, colou.
Mas histrionice e outros ices não se acomodam facilmente. Hoje FHC abusou da ribalta na Folha de São Paulo: não aguento mais as pessoas ficarem me perguntando se eu serei candidato, desabafou. E eu conclui: Só se for quem frequenta a DASLU!

8 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Toda hora alguém repete na Internet aquela historinha envolvendo Tancredo Neves, assim que foi eleito governador de Minas Gerais. O sujeito o aborda:
- Governador, o que eu digo para as pessoas que me perguntam se eu fui convidado para ser secretário de Estado?
- Diga que é verdade, mas que você recusou!
Assim surgem os mitos que, se colarem, levam ao sucesso dos pilantras. Estará FHC, de tão invejável currículo, recorrendo a um expediente medíocre desses?

Itajaí disse...

Professor, nosso "príncipe" é incorrigivel. Outro dia vi um programa comemorativo do aniversário do Plano Real na TV Senado. Então eis que aparece FHC para dar seu depoimento para a história.
Não deu outra. Ao libertar a força incontrolável do ego, foi também desrespeitoso com ex-presidente Itamar Franco, a quem na época estava subordinado. Só faltou chamar o homem de banana de pijama, ao dizer que pintou e bordou porque o presidente não entendia nada de nada do que estava acontecendo. Falta de ética e educação, como se vê, para ele é artigo para uso apenas quando circula nos salões do primeiro mundo.
Aliás, esse episódio em muito lembra a afirmação de Serra, quando respondia a razão da eleição de Kassab ontem. Disse o governador do estado de SP que seu antigo vice fora reeleito porque seguira o programa de governo elaborado por ele, Serra, quando prefeito de SP.
Em outras palavras: Para Serra, Kassab é um sujeito sem carisma político, que não imprimiu qualquer marca pessoal além daquelas que recebeu do antecessor. Mais desrespeitoso impossível.

Anônimo disse...

PS: Itajaí,

Serra jamais foi uma pessoa gentil. Mas, seu comentário é referendado pelo próprio Kassab que agradece a Serra a eleição, a chuva e o sol. E, na verdade, Serra foi decisivo, contrapondo-se claramente ao atraso político representando por Geraldo Alckmin.

Outro abraço.

Anônimo disse...

Caros Itajaí e Yúdice:

acho que perdi meu comentário por aí.

Eu havia dito mais cedo, mais ou menos o seguinte: ao Fernando Henrique devemos dar duas indulgências; a primeira é à democratização da sociedade e das instituições que seu governo efetivamente propiciou e estimulou. A segunda é à senilidade que aguça ainda mais a vaidade, especialmente depois da morte de Ruth Cardoso.

Quanto aos votos do sgundo turno contabilizados pelo UOL, não têm sentido se isolados do primeiro turno. O DEM, por exemplo, só teve este sgundo posto graças à votação de Kassab.

O grande vencedor nacional - e no Pará também, por quase 200 mil votos,acho - é o PMDB. Acho que é esse o diferencial para os próximos dois anos.

O jogo já começou e a declaração hoje do Quércia aponta a dualidade à qual estaremos sujeitos: alianças PMDB-PSDB localizadas e uma aliança PMDB-PT mantida nacionalmente.

Minha aposta é péssima: se não der pro PT ficar na cabeça da chapa, vai ser Nelson Jobim para presidente e Dilma para vice.

Até lá, espero que Santo Ambrósio retorne dessas suas suspeitíssimas férias.

Abração.

Itajaí disse...

Bia, discordo de você quanto a FHC tenha sido o fiador de nossas liberdades democráticas - que não nos ouça o Dr. Ulisses. Por essa razão não esqueça que no período do príncipe esforços importantes foram realizados para esvaziar o poder político dos sindicatos, o movimento social foi constrangido de forma vergonhosa - de forma violentíssima como o foi Eldorado dos Carajás -, o patrimônio público brasileiro foi à leilão, fortaleceu-se a estrutura criminosa no meio rural e iniciou-se uma despudorada campanha contra a previdência social - continuada até hoje - tomando por base o fato de que ela falhe o país, quando na realidade o que a inviabiliza é o serviço - sempre ela! - da dívida brasileira. Foram nos anos FHC montadas armadilhas que até hoje são difíceis de serem desmontadas em parte pelo pacto social que fundamenta a institucionalidade nesse país.
E com esse barulho todo ainda temos que aguentar esse cidadão posando de Napoleão em seu cavalo branco.
Quanto a contabilidade dos votos claro devermos considerar os dois turnos. Nesse sentido uma força se consolidou, o PT, e outra se reorganizou, o PMDB. Evidente que conversarão e não será com base no sotaque bucaneiro do Quércia (quem é esse senhor mesmo?).
Quanto a chapa de Dilma é impensável não tê-la como cabeça. Lembre que nesse processo consolidou-se a base de governo, que governará para mais de 70% do eleitorado nacional.
Quanto as alianças localizadas cabem tantas combinações quanto mandar a conjuntura política na época. No Pará, acredito não será diferente. Imagino que Ana Júlia depois de ser a primeira mulher eleita, e depois de 12 anos de tucanato, não cometerá o erro de não se reeleger, decepcionando em definitivo seu eleitorado.
Há quem cobre dela o fato do PT sequer ter ido ao segundo turno por uma diferença percentual ínfima. Claro que a crítica tem fundamento, mas o benefício de que não cometa o mesmo erro numa eleição futura certamente ela merece.

Anônimo disse...

Caro Itajaí,

você não tem sido justo na avaliação dos governos FHC e Almir Gabriel.

Como não sou tucana, insisto em dizer que FHC deu cntinuidade à política suicida de Collor, o que o Governo Lula, naquilo que é essencial, continua fazendo: a política macroeconômica. Não mudamos a regra do jogo, Itajaí, e quem diz isso não sou eu. É um grupo de economistas independentes, mas intimamente ligados à torcida pelo sucesso do atual Governo (www.desempregozero.org,br).

Acho que nunca lhe disse que jamais fui da corrente dos que torcem para que as coisas fiquem piores. Pra mim, quanto pior, pior mesmo. Por isso me espanto a cada dia. E, se não me espantava no Governo F´HC era porque achava que a ele competia cumprir a etapa que cumpriu. Deste eu esperava que atravessássemos o fosso para o lado de onde se poderia construir uma nação.

Lebro também que os atuais programas sociais foram aprimorados pelo Governo Lula e jamais criados por ele. A junção dos bolsas-alguma-coisa resultou no Bolsa Família. Porém, no que se refere aos investimentos estruturantes para a mudança da sociedade, o desempenho do Governo é muito ruim. Na dúvida, acompanhe o desempenho do orçamento pelo Contas Abertas e verá que os recrsos para quilombos, povos indígenas, regularização fundiária, apoio à criminalização do trabalho infantil, combate à viol~encia contra mulheres, tem sido pífio em relação a outros "ítens" como o pagamento dos juros.

Os movimentos socias (mulheres e negros, especialmente) encontraram no governo FHC seu fortalecimento. E isso não se deveu isoladamente a FHC. Deveu-se a uma parcela importante do partido, capitaneada por Mário Covas e por intelectuais respeitabilíssimos (João Sayad, por exemplo, que repetiu o bom desempenho depois, na administração da Marta em São Paulo). Aliás, essa era uma boa marca do governo FHC: não exigir carteirinha partidária de seus técnicos e dirigentes.

Quanto a Eldorado, em que pese a responsabilidade do Governador, não interessou à oposição nenhuma avaliação honesta. O confronto originou-se na expulsão de 100 famílias da área de "preservação" da CVRD. As 100 famílias perambularam por um ano aguardando a solução do INCRA. Oportunísticamente, foram orientados a juntar-se às "lideranças" garimpeiras no então km Zero de Eldorado que ali estavam protestando contra o fechamento de Serra Pelada. O caldo estava pronto e bastava o que ocorreu: a truculência policial, a inoperância política e a irresponsabilidade das suas lideranças. Se não me engano, apenas três pessoas assassinadas eram identificadas como lideranças do movimento. Os demais eram moradores da periferia de Marabá (a maioria) e de Curionópolis recrutados naqueles dias para engrosar o movimento.

So de um tempo onde não se mandava pra guerra soldados sem arma e sem convicção. E, se isso fosse imprescindível, ia-se junto. Por isso, respondi dois processos na Polícia Federal de Marabá como "mandante de invasão de terra". Considero sim que Eldorado não teria acontecido, não fosse a leviandade de comando das lideranças. E, antes que alguém proteste, isso não justifica a ação policial. Mas é fundamental dar nome a todos os bois.

Recolho há 12 anos informações e depoimentos sobre isso. Vivi em Marabá 15 anos e arrisco dizer que poucos conhecem melhor do que eu os esquemas falsos e espúrios que ali garantiam a sobrevivência do inimaginável.

Mas, há coisas neste episódio que não são fruto da imaginação. O jornal O Estado de São Paulo, no dia 19 de abril de 1996 noticiava na sua coluna que a pedido de Jader Barbalho o então superinetndente do INCRA, Raul Pont. tinha sido impedido dois dias antes de ir a Marabá fazer a desapropriação da Fazenda Macaxeira. Na nota o Estadao ainda emendava a seguinte frase:" ele não queria uma festa para seu adversário no Pará."

Os fatos são muito mais cruéis do que sonha ou aparenta a nossa -minha e sua - visão deles. Gostaria muito que fossem diferente.


Um abraço.

Itajaí disse...

Bia,
Fatos como a terra têm suas camadas e, até onde pode ir a história dos homens, nela encontraremos os rastros de quem a construiu. Assim os entendo.
Por essa razão, não vou lhe desautorizar a versão sobre o episódio de Eldorado dos Carajás. Mas registro que, superior a qualquer causalidade, ali houve um dos piores exemplos de desprezo pela vida de cidadãos nesse país.
Ali houve um massacre ao modo nazista, com a maioria das vítimas mortas a queima-roupa. Só não houve vala comum, porque felizmente vivemos numa democracia.
E quem testemunha isto não sou eu; são os laudos periciais e o testemunho de observadores da Anistia Internacional. Esse é o meu limite e a partir do qual não vacilo em ver em qual governo foi autorizada a fuzilaria.
Quanto as questões de políticas públicas levantadas, sou adepto de que não se deve inventar a roda, quando é possível reforma-las para dar efetividade. E essa última palavra distingue Lula de FHC no campo social. Para melhor ilustrar, diria que saímos da butique e fomos a feira, que é onde acontece a riqueza das relações sociais que regem a vida real.
Depois lhe esclareço que no governo Lula não se exige carteirinha partidária para trabalhar. Diariamente tenho contato com pesquisadores tucanos e simpatizantes que prestam relevantes serviços ao governo federal. É exemplo disto a pesquisa PNDS, selecionada por chamada e julgamento público, executada pelo CEBRAP e liderada pela honorável Dra. Elza Berquó. Sem querer faltar como o respeito aos citados, posso concluir que mais tucano, Bia, impossível.
Em tempo: deverias publicar teu trabalho sobre a tragédia de Eldorado dos Carajás.
Abs.

Anônimo disse...

Itajaí,

eu não tenho um trabalho ainda. Tenho vontade de construí-lo e talvez o faça, antes de ir embora o ano que vem. Ou, quem sabe, o faça em São Paulo, longe do calor da terra...rsrsrs...

Os laudos a que você se refere foram um dos questionamentos que me levaram a tetar ir para as camadas mais fundas.

Quando retornei ao Pará, em junho de 1996, justamente para compor uma comissão de mediação de conflitos fundiários, pude lê-los. Os requintes de crueldade eram tamanhos que nem a mais ensandecida tropa da Polícia Militar faria tal dano. Pelo menos coletivamente. Os sinais eram tão evidentes de coisas típicas de pistolagem mesclada aos fardados que eu, como disse, tendo vivido tantos anos ali enteriormente (de 1977 a 1988), não tinha muita dúvida das minhas dúvidas.

O que eu intuo é que o "estrago" não era para ser tão grande. Foi programmado - e aí, por favor, não incluo as lideranças dos trabalhadores nessa programação - para ser menor, mas fugiu ao controle dos comandantes da operação e acabou ficando a cargo apenas dos "especialistas" da pistolagem.

Quanto ao Governo Lula ser mais generoso do que o sucedâneo local, você tem razão. Peço desculpas pela generalização. Eu mesmo tenho amigos no Governo Federal. Alguns petistas, outros não.

E, como sempre, agradeço sua generosa disposição para o debate.

Um abração.