sexta-feira, 30 de julho de 2010

De Algumas Dicas, a Propósito

Conforme meu amigo e confrade de blogue Carlos Barretto anunciou, as grandes corporações livreiras descobriram Belém. Há mercado, portanto. E quem sabe assim esteja aberta a bolsa de apostas sobre onde a Livraria Cultura abrirá a sua primeira filial norte - Belém ou Manaus - , sem descuidar que tudo poderá dar numa hipótese nula.
De todo modo, embalado pela animação do momento, dividirei algumas dicas de termos e ermos culturais com quem interessar, para que as explore nas prateleiras ou por encomenda na Saraiva paraense ...
Objeto de postagem anterior no Flanar, o filme "A Ilha do Medo", do diretor Martin Scorcese, chega em dvd blu-ray às locadoras. Para aqueles que viram, revê-lo por si e, principalmente, pelos extras é obrigatório; e aos que não tiveram aquela primeira oportunidade esta é a chance, devendo, como quem assistiu o filme antes, deixar para conferir os extras depois do the end. Em particular, aos médicos e estudantes da ciência e da arte médica, um aviso: quer no filme, quer nos extras temos uma lição de história da psiquiatria moderna, em geral esquecida nas aulas das escolas de graduação sempre voltadas para o terapêutico e bem menos para as articulações existentes entre medicina, sociedade e poder .
Em segundo, à vontade para repetir o chavão do "não necessariamente nessa ordem", pois a honestidade assim o impõe, temos a inesperada tradução do livro do roqueiro Lou Reed pela Companhia das Letras - "Atravessar o Fogo" -, tradução de 310 letras de quem liderou a legendária banda norte-americana The Velvet Underground. A publicação do livro foi pensada para acontencer com a presença do poeta/letrista/músico na Feira Literária de Parati, o que infelizmente malogrou devido a Reed não haver comparecido por motivo imprevisto. A tradução portuguesa dessa edição bilingue é assinada por Christian Schwartz e Caetano W. Galindo, que, por conhecerem os inevitáveis riscos das traduções (traições), a título de advertência ou conclusão socorrem-se no prefácio da edição de elucidativo comentário do Autor:
Os tradutores me pedem explicações sobre palavras e frases que não posso dar. Algumas coisas me são desconhecidas. Algumas perguntas não podem ser respondidas. E certas vezes escrever significou apenas seguir o ritmo e o som e inventar palavras sem sentido algum além da sensação que transmitiam.
Por fim a terceira sugestão é de interesse segmentar, mas não menos provocativa. Trata-se de um importado: Heidegger. La Introducción del Nazismo en la Filosofia. En Torno a los Seminarios Ineditos de 1933 - 1935, tradução da edição francesa para o espanhol pela madrilenha Akal. O autor é Emmanuel Faye, professor da Universidade de Paris X - Nanterre. É nitroglicerina pura para demolir a justificativa de que Heiddeger cultivara um nazismo de oportunidade, para escalar carreira acadêmica na Alemanha do III Reich. Tive minha atenção voltada para esse livro por conta do interesse nas formulações de Heiddeger sobre a tecnologia no mundo moderno, mas o propósito iconoclasta da obra por certo ultrapassa em muito o meu foco, ainda que na medida da evolução da leitura agregue a ele maior inquietude. O que é bom.

2 comentários:

Carlos Barretto  disse...

Graças a esta sua boa lembrança, voltei a Saraiva e adquiri "A Ilha do Medo" em Blu-Ray. Por um preço bem abaixo do normal.
Thanks

Itajaí disse...

Vais gostar, posso ter certeza.