Quer saber o que é um jornalista de talento? Cola no Luiz Maklouf Carvalho. Este paraense de seus 52 anos(?) foi editor do jornal Resistência e correspondente do Movimento. Quem não lembra; ou não leu: Azar! Eu me lembro e li. Maklouf fez para a revista Piaui o melhor perfil que eu já li de um dos mitos da advocacia brasileira: Márcio Thomaz Bastos. Não lembro em qual número da revista. Mas lembro perfeitamente dos detalhes da matéria. Maklouf vai levando você pela mão.Vamos do escritório de Márcio Thomaz Bastos até o closet onde ele guarda seus ternos caríssimos. Mergulhamos na piscina com os netos de Márcio Thomaz Bastos. Ficamos sabendo dos hábitos exclusivos e sofisticados do advogado que foi Ministro da Justiça no governo Lula. Tudo apresentado à maneira de Maklouf: critico e mordaz. Agora o mito está advogando para o Cachoeira. Fico imaginando o que pensa Cachoeira ao lado de Márcio Thomaz Bastos. Pensará Cachoeira: Estarei livre daqui há instantes? Bastos me livrará da morte? Sou um homem encrencado?
Não sei! Fala aí Maklouf! Tenho certeza que você sabe!
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Folhaonline
Não sei! Fala aí Maklouf! Tenho certeza que você sabe!
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22 comentários:
Maklouf é um grande amigo que não vejo há muitos anos. Crescemos juntos no Colégio Nazaré e eu o admiro muito. Também estou enojado com o ex Ministro da Justiça (?!)
Edyr, como não ficar?
Ele é ex-Ministro da Justiça e não advogado, entendi!
Lafayette, toda sociedade tem seus emblemas!
Olha, devo dizer que não é de hoje que o "nobre" tem me surpreendido... lamentavelmente me surpreendido. Temos fotos do "Mak" nos arquivos da SDDH! Ai, como seria bacana se ele pudesse estar conosco, contribuindo no projeto...
Sim, Marise.
É duro ver Márcio Thomaz Bastos abraçando estas causas.
Mas acho que o Lafa tem razão. Acima de tudo, ele continua a ser advogado. E certamente dos melhores. Não é à toa que...
Bem.
Mas compreendendo você também, juro que gostaria de tomar uma cerveja com ele. Quem sabe, em ambiente informal, ouvindo-o, fosse mais fácil absorver suas opções profissionais, que parecem nos levar minimamente a algum tipo de decepção. Especialmente se levarmos em conta sua trajetória histórica.
Mas enfim, botando uma pedra em tudo, consigo concordar com o Lafa.
Mas é difícil. Muito difícil.
O Brasil infelizmente é o país da banalização.
Aqui nós banalizamos tudo, somos frouxamente tolerantes... Como diria o nosso grande poeta Chico Buarque: "Não existe pecado do lado de baixo do equador".
Essa é a nossa sina.
Eu não discordo absolutamente do direito de Márcio Thomaz Bastos advogar para quem quer que seja. Entendo as funções que um advogado exerce no sistema social: para o bem e para o mal. O fato que me faz observar o mito do advogado em sociedades abertas é de uma outra natureza; e não me cabe aqui discutir nem preferências, nem oportunidades. Me causa espanto o que está cristalizado na figura do Márcio Thomaz Bastos enquanto alteridade, autoridade e respeito social. E é justamente este emblema que o Maklouf consegue traduzir com maestria. Ele é um mito: mas por que? Maklouf responde: nós adoramos as elites abastadas, elegantes e perversas na qual se constituíram uma parte dos bacharéis do Direito no Brasil. Só isso!
Neste assunto do causídico em referência, o que me tem causado estranheza não é o prévio julgamento do acusado, o Cachoeira, mas, sim, a condenação do Thomaz Bastos.
Mas, porque digo estranheza? Por vários motivos. Vou em 2 deles: a) Advogado não é parte e; b) Surpresa intempestiva.
A primeira, é autoexplicativa.
A Segunda, vou ultrapassar a obviedade da primeira, e me socorro da Web para rememorar:
Thomaz Bastos foi advogado de acusação, em apoio ao Ministério Público na ação penal dos assassinos de Chico Mendes, ícone da luta fundiária e ecológica neste país (há, até, um insituto ambiental federal com o nome dele).
Defende Roger Abdelmassih. Defende os estudantes afogaram Edison Tsung Chi Hsueh (quem já vi a entrevista do pai desse garoto, sabe o drama), estudante de medicina encontrado morto em uma piscina da USP em 1999, fruto de um trote misturado com xenofobismo.
Defendeu os estudantes que assassinaram o pataxó em Brasília (lembram: Botaram fogo no índio!).
Lafayette, melhor assim. Você me deu os argumentos que faltava ao emblema que ele é. Bj
Lafa está coberto de razão - alguns dirão que a nossa concordância é decorrente de espírito de corpo (atençao: de corpo, e não de porco). Mas é assim que funcionam as democracias (Alá seja louvado!).
Quero lembrar ainda que o Evaristo de Moraes Filho não deixou de ser "mito" porque defendeu Collor no impeachment. Muito ao contrário.
A opção do MTB foi pelo Direito Penal. O que vem daí é consequência.
Francisco, o assunto é interessante por justamente extrapolar os limites da Ética e da Disciplina, previstos no nosso ordenamento de classe.
Vai além, vai à sociologia, à ciência política (onde a Marise deita e rola), à antropologia até, pois como disse a Marise, citando Maklouf: "nós adoramos as elites abastadas, elegantes e perversas".
Trago para cá, o que o Albaninho escreveu hoje no Face e que dá uma certa definição sobre assunto:
"Mesmo sendo advogado, mesmo sabendo que o Código de Ética e Disciplina afirma que é direito do advogado assumir a defesa criminal independentemente da sua convicção sobre culpa, penso que a condição de homem público, de ex-Ministro e, em razão disso, detentor de informações privilegiadas, torna no mínimo moralmente questionável que o Dr. Thomaz Bastos assuma a defesa de Carlos Cachoeira, em especial quando se sabe o conteúdo político da questão. Ele é muito rico, não precisa desses honorários, e para mim mancha a sua biografia com este patrocínio. Ninguém me convence de que sua presença na CPI não teve caráter intimidatório, que não foi discutida nos altos escalões do partido a que serve, e que não caiu como uma luva na defesa de interesses de gente bem maior que o tal Cachoeira. Isso jamais ocorreria num país de Primeiro Mundo, onde Ministros morrem Ministros, mesmo quando deixam de sê-lo, dando-se até o fim o respeito que não se vê por estas tristes bandas ..."
Lafayette e Francisco, estamos diante de um embate histórico entre o Direito e a Ciência Política. Haveremos de nos encontrar aqui e ali; abs nos dois.
Belíssimo e oportuno comentário Lafayette.
Lafa, concordo com a argumentação do Albano a respeito da conversa partidária. Isso seria assim também se o Fernando Henrique estivesse no banco dos réus: José Carlos Dias conversaria com Sergio Guerra, Aécio Neves e Tasso Jereissati sobre sua presença intimidatória na sessão da CPI.
Mas, ao utilizar o exemplo do FHC, eu pergunto se a reação da classe média brasileira seria a mesma se quem estivesse no banco dos réus não fosse o Cachoeira e, principalmente, suas relações com essa miríade de partidos que sustenta o projeto de poder do PT há 10 anos. Por acaso diriam que o José Carlos Dias (ou o José Gregori, ou o Gilmar Mendes, se esse pudesse advogar) era rico demais e não precisa trabalhar nesse processo? Ex-ministros são cidadãos e a eles cabe a escolha das opções profissionais que fazem. Fosse o Nilo Machado, e não o MTB e toda sua ligação histórica com o PT, haveria esse tipo de crítica? Óbvio que não.
Continuo achando, com isso, que satanizar o advogado pelos crimes do cliente é roteirizar um enredo da Agatha Christie: no lugar do mordomo, põe-se o causídico.
Prezado Francisco, eu não estou satanizando o Márcio Thomaz Bastos: não estou mesmo!
Nem eu disse isso, querida Marise. Mas há muita gente que o está fazendo.
Façam-se várias críticas ao Márcio Thomaz Bastos, mas na esfera pública, fiquemos com aquelas que falam de sua atuação como ministro. Ex-ministro é "ex". Ponto.
A castração é tanta que já criticaram o cara até por ele usar uma pasta Louis Vuitton. Pelo amor de Deus!
Só um adendo: criticaram o MTB pelo fato de ele usar uma Louis Vuitton porque uma Louis Vuitton é cara. Se a crítica fosse outra, eu seria o primeiro a concordar: a pasta dele é cafona pacas.
Francisco, eu também falei da pasta, tão cafona quanto cara e desculpe, concordo com o Albano.
Mas é boa a discussão!
Abs
Thomas Mann, a quem revisitei mês passado, diz que quando a gente se afasta do nosso dia-a-dia, o estranhamento é não sentir saudades, e que, bem recebida, a estranheza passa a ser a libertação para uma nova vida, um novo pensamento a ser conquistado.
Quem sabe esses emblemáticos profissionais, políticos, ícones forjados por uma outra parte da sociedade, tão estranha a toda a outra, bem maior e mais carente de ícones, não sejam a mais pura representação do que nos aprisiona.
Quem sabe esses estranhamentos que têm ocorrido por aí, provenientes das lides políticas, sociais e econômicas não nos liberte de vez... quem sabe?!
Por que não Lafayette? Esse é o grande barato da existência: duvidar e viver!
Lafa, nunca mais o vi. Ele tá morando onde?
:D
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