quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Mira no Lyra

Na última sexta-feira, 22/02, o Grupo Móvel de Fiscalização (GMF) do Ministério do Trabalho e Emprego resgatou 61 pessoas encontradas em condições degradantes de trabalho, empregados na Usina Laginha, em União dos Palmares, interior de Alagoas.

Alocados no transporte de cortadores de cana e no manejo de tratores, os trabalhadores sofriam com jornadas exaustivas sem pagamento de horas-extras e viviam em alojamentos sem janelas e condições insalubres: sob calor de 40 graus, dormiam em camas de cimento com espuma por cima, sem roupas de cama, papel higiênico ou limpeza.

A eficiência do GMF, porém, não tem espelho no da assessoria de comunicação do MTE. A notícia do fato, postada no sítio do Ministério, não informa que a usina fiscalizada pertence ao empresário João Lyra, sócio oculto sob laranjas de Renan Calheiros em veículos midiáticos de Alagoas e um dos usineiros adjetivados de heróicos pelo presidente da República.

No sítio do Grupo João Lyra, animações em Flash falam de "responsabilidade social", "respeito ao meio ambiente" e outros termos em voga, que supostamente subordinariam as ações do conglomerado. Em sua usina, gente é submetida a situações piores que às de animais.

Alice não veria melhor, no País das Maravilhas.

Um comentário:

Itajaí disse...

João Lyra, para quem não recorda, é pai da musa do impeachment. Sim, a bela Thereza Collor, cunhada do presidente Fernando Collor.
Em 2006, ele disputou em coligação com o PP-PTB-PFL-PMN-PV (Alagoas mudar para crescer)o governo do Estado.
Vindo de uma família que é usineira há 100 anos, é empresário milionário, dono de um patrimônio que supõe valer R$236 milhões. Contudo, não é a primeira vez em que se vê envolvido em escândalos policiais. Foi acusado de ser o mandante do assassinato de Sílvio Carlos Luna Viana, funcionário da Secretaria da Fazenda de Alagoas, morto com um tiro na cabeça e seis no tórax logo após entregar notificação de débitos em uma usina de Lyra, a mesma Laginha.
Um jagunço confessou ter cometido o assassinato por ordem do usineiro, recebendo pelo crime a quantia de 48 mil reais. Segundo o assassino, não teria sido a primeira vez, pois na década de 90 recebera igual encomenda, desta feita para matar um sargento que seria amante da ex-esposa de Lyra.
O usineiro nega indignado todas as acusações, e afirma que tudo não passa de perseguição política.