terça-feira, 11 de agosto de 2009

Missa para o Juca


Taí o Juca, em foto bem escolhida.

Nesta quinta, segundo informações do Quinta Emenda, poderemos homenagear uma vez mais nosso saudoso Juca.

Dia: 13 de agosto (quinta-feira)

Local: Igreja do Rosário da Campina (Padre Prudêncio com Aristides Lobo, Comércio)

Horário: 18h30

Celebrante: Padre Cláudio

4 comentários:

André Costa Nunes disse...

JUVÊNCIO ARRUDA
André Costa Nunes
andré@terradomeio.com.br

Conheci o Juvêncio faz menos de um ano. Não houve sequer tempo para chamá-lo de Juca. Lafayette apresentou-me, em um certo fim de tarde de meio de semana, no bar do Ranulfo, colado ao Quem São Eles.

-Juca, este é meu pai, de quem te falei.

Pronto. Virou amigo de infância, de juventude, embora quase vinte anos separassem nossas infância e juventude. Acho que ele levava muito a sério o fato de ser juvêncio. Daí para a Terra do Meio, ficar de bubuia nas águas do Rio Uriboca foi um pulo. E parecia que era frequentador do lugar há vinte, trinta anos. Desde sempre. E haja irreverência, casos e causos.

Fizemos planos e mais planos para o seu Quinta Emenda. Blog, a mídia do futuro, concordávamos. E o futuro chegara. Concordávamos também. No mais, discutíamos e, por vezes discordávamos. Um citadino com extrema sensibilidade cabocla, coisa que eu, cabocão xinguara, buscava, até com impaciência, nos meus amigos urbanos.

Juvêncio, por que não Juca? estava almoçando comigo na maloca à beira do Uriboca. Fora trazido pelo Lafayette, que, sem eu saber, convidara o irmão, André, que é médico. André chegou quando a caldeirada já estava no meio. Abriu uma cerveja e alimentou o papo.

Quando esperávamos a sobremesa, queijo de búfala com doce de cupu e castanha, quase com displicência, pegou os exames do Juvêncio. Ele os levara para isso mesmo, para uma avaliação do André. Pneumologista, pegou logo a radiografia do tórax. Antes que a olhasse contra o sol, Juvêncio ainda brincou:

– e aí, cara, quantos meses ainda tenho de vida?

Acho que só eu notei o tremendo esforço que o André fez para não demonstrar a angústia que sentia.

Sem responder perguntou:

– estás dirigindo?

- não, vim na carona do Lafa.

– vamos comigo.

Conversamos no caminho. Juvêncio ainda insistiu em perguntar alguma coisa que não me lembro. O Lafayette ficou mudo. Os três, em silêncio, dirigiram-se para os carros estacionados à sombra da mangueira.

A sobremesa chegou. Ninguém comeu. A cerveja esquentou. Fiquei só. Eu e meu rio, com aquele nó na garganta e um sentimento profundo, indefinido, mundiado, que só os cabocos velhos sabem sentir.

Poucos dias depois, não me lembro quantos, o André me telefonou do hospital. Acabara de assinar o atestado de óbito do Juvêncio. Disse duas palavras e calou. Ainda devemos ter ficado um bom tempo com o celular ao ouvido. Nada mais havia a dizer ou a perguntar.

"Requiescant in pace", camarada.

Carlos Barretto  disse...

Pois é, "Pai André".
(Por favor, permita-me tratá-lo assim, pois conheço bem o seu filho).

Foi assim que se foi nosso amigo. Meio que de repente. Também, quando me vi, estava tomando providências quanto ao impensável.

Até hoje, ainda não me recuperei por completo. É como se ele tivesse partido para uma viagem a um país distante.

Não tivemos tempo de um último papo. Um último bacalhau à Gomes de Sá, que ele era especialista em fazer.

Nosso último encontro pessoal, a despeito de inúmeros contatos telefônicos aqui e lá, foi em sua adorada Monsarás, no Marajó.

A família daqui, jamais o esqueceu por aquele momento. A bela casa, o cachorro, o vento, a cervejinha gelada, e o ótimo papo.

Um fenômeno!

Prof. Alan disse...

Essa foto é bem a imagem que tenho do Juca. Sorridente, bonachão, boa-praça. Ele me impressionou também pela educação.

Do bom papo nem falo. Seria redundância demais.

Égua da falta que esse cabôco faz!

Carlos Barretto  disse...

E isso mesmo, meu caríssimo Prof. Alan. Velho e contumaz frequentador do Quinta.
Ficamos órfãos mesmo.
A ficha cai de forma implacável.

Abs e volte sempre.