sábado, 30 de outubro de 2010

Desespero de causa

Há menos de meia hora, tocou o telefone de minha casa. Atendi e escutei uma mensagem gravada, falando que "algumas pesquisas no Pará" queriam enganar o eleitor quanto ao candidato que estaria na frente. Não perdi o meu tempo e desliguei. A pouco mais de treze horas do começo da votação, pareceu-me no mínimo ridículo que a campanha de Ana Júlia ainda se lance a esses expedientes aborrecidos (e caros) para reverter uma situação que não tem mais volta: Simão Jatene será eleito amanhã. Não com o meu voto e muito menos com a minha satisfação, por razões sobre as quais falarei após a proclamação do resultado. Mas ele será eleito. Simples assim.
No segundo semestre de 2009, foi divulgada uma pesquisa sobre a popularidade dos governadores. Yeda Crusius amargava a pior rejeição, na casa dos 60%. Um escândalo de corrupção comprometeu a ela e seus auxiliares mais diretos. No ano seguinte vieram as consequências: num país em que o povo adora reeleger políticos, por mais ordinários que sejam, Crusius concorreu à reeleição e amargou um humilhante terceiro lugar, com 18,39% dos votos válidos, tendo sido eleito já em primeiro turno Tarso Genro, do PT - o outro lado da maldita polarização com o PSDB.
O povo gaúcho respondeu à altura.
Na época, a segunda pior governadora do país era Ana Júlia Carepa. O resultado: por muito pouco não perdeu a eleição já em primeiro turno para o candidato do PSDB. Tanto quanto nos permitiram saber acerca das pesquisas eleitorais, a diferença entre os dois sempre foi grande e estável. O dia de amanhã não nos trará nenhuma surpresa, ainda mais com o roldão de políticos que, finórios que só eles, traem históricos e compromissos partidários para pular dentro da canoa do candidato que deve vencer, levando junto a mercadoria que mais interessa: os votos de seus currais eleitorais - expressão que adoro, pois bem expressa o que o eleitor brasileiro tem sido ao longo de toda a História deste país.
Se é verdade que aqui se faz (ou não se faz), aqui se paga, Ana Júlia aprendeu que, mesmo na política, há um limite que nem a propaganda, nem a máquina pública, nem alianças podem vencer. É por isso que o eleitor, maltratado o ano inteiro, continua sendo mimado nestas épocas. Que dia feliz será quando ele descobrir o poder que tem!

PS - A eleição em âmbito nacional também não terá surpresas. Comemoração de tucanos? Só no Pará. Se não gostou, conforme-se.

13 comentários:

Carlos Barretto  disse...

É o que penso.
Ponto.
Abs

Val-André Mutran  disse...

A governadora Ana Júlia é do bem.
Lamentavelmente deixou-se ludibriar por companheiros.
Desde já. Independente do resultado das eleições, continuarei repetindo em alto e bom som para quem quiser duvidar: Ana Júlia CArepa. Primeira governadorado do Pará, é uma pessoa de bem.
Quanto aos companheiros. Bem, é facílimo responder.
Amargarão um tremendo ostracismo.
Vou acompanhar com lupa o desempenho de um certo deputado federal eleito, em detrimento a gente muito mais qualificada para o cargo.
Se vou?
-- Rapá.

Anônimo disse...

Um post sensato. Parabéns!

Anônimo disse...

É do bem...longe de nós.

Luiz disse...

Amigo,me da o numero da mega sena?

Yúdice Andrade disse...

Fato consumado, Barreto. Outro abraço.

Val, não duvido que ela seja do bem. Mas que foi pra lá de incompetente, lá isso foi. Gostaria, sinceramente, de poder dizer algo diferente, mas como poderia?
PS - Não sei a qual deputado federal eleito te referes, mas acho que mais de um merece vigilância ferrenha.

Agradeço a gentileza da avaliação, das 1h47.

Das 15h51, "é do bem" era um dos slogans do Serra. Acho que também não convenceu muito.

Luiz, não disponho dessa informação. E, para ser muito sincero, se dispusesse, precisaria dela duas vezes: a primeira para mim, a segunda para compartilhar.

Luiz disse...

Eras más vc acertou em cheio o seu comentário feito ontem,caramba,vc tem bola de cristal?
Parabéns.

Yúdice Andrade disse...

Não, Luiz. Apenas acompanhei as notícias dos últimos dias.

abdias pinheiro disse...

Eu não achei graça alguma na eleição do Simão. Nehuma mesmo! Eu quero ver, daqui a quatro anos, ele bater, com os punhos estudados e bem fechados, no peito do tempo e dizer “dito e feito”! Quero ver!

A maioria do eleitor do Pará pagou para ver, mas como quem sempre paga a conta é a minoria eu quero ver. Claro que o Simão vai desmanchar ou maquiavelar todas as políticas sociais que a Ana implantou. O que vale para o simão é a bravata, a pirotecnia. São os efeitos das frases embaladas na emoção de palanque. Eu quero ver, daqui a quatro anos…

Eu estou torcendo para que minha espectativa esteja completamente equivocada!

Hoje é dia 01 de novembro de 2010…12:09hs de um dia desconfiado, meio rabugento…

Putysqueosparius!! Olho neles Val!

Yúdice Andrade disse...

Com efeito, Abdias, não há o que comemorar. Mas aguardo o clima de euforia (dos que estão eufóricos) passar para escrever um texto sobre os ditos e feitos tucanos.
Fica registrado, desde logo, que tudo que Jatene fizer estará bom. Sabes por quê? Mídia e conchavos políticos, dando sustentação. Foi exatamente assim em 12 anos de tucanato. Continuará sendo assim.

Anônimo disse...

Putysqueopariu foi a propria Ana Júlia! Abriu mão da governabilidade para garantir a eleição de um deputado federal.

Val-André Mutran  disse...

A lupa que eu comprei é do tamanho de uma bola de basquete.
Xá comigo.

Yúdice Andrade disse...

Das 19h35, não creio que Ana Júlia tenha aberto mão da governabilidade, mas foi tola o bastante para deixar que uma pessoa focada em sua carreira individual sitiasse o governo, isolasse a titular e, no fim, ele se elegeu e ela, não.
Seja qual for o termo que se aplique a isso, no fim o resultado é o mesmo.

Mantenha-nos informados, Val.