terça-feira, 26 de outubro de 2010

Privatização no Brasil - Parte 2/B

Naturalmente, por mais que sejam importantes instrumentos de implementação de políticas de governo, cada uma dessas empresas tem seu processo decisório orientado também por interesses outros que não os do governo. Dirigentes, funcionários, acionistas minoritários, fornecedores e grandes consumidores que dependem dos insumos ou das facilidades geradas por essas indústrias podem determinar a condução de diversas questões empresariais em detrimento dos interesses do governo ou mesmo do interesse social geral.

Argumentos assim reforçam a tese de que deve haver, no interior da administração pública direta, uma burocracia capaz de delinear marcos estratégicos e captar as percepções dos diversos agentes interessados no desenvolvimento da infraestrutura nacional, sejam eles produtores, consumidores, concessionários, usuários ou mesmo representantes de outros setores governamentais potencialmente afetados.

Ocorre que os ministérios setoriais não tinham a tradição de formular e enunciar políticas e diretrizes para a oferta de serviços e para a expansão do setor de infraestrutura. Essa tarefa era cumprida, de forma segmentada e não sistêmica, pelas empresas estatais, uma vez que foram criadas justamente para construir as bases da infraestrutura nacional. O processo de privatização levado a cabo na década de 1990 não preocupou com esse fenômeno.

Durante a privatização - ou a preparação para a privatização -, grande parte da competência de planejamento foi perdida nos planos incentivados de demissão. Nesse tempo, não houve um movimento compensatório de reforço das equipes da administração direta que possibilitasse aos ministérios gerir o processo de mudança.

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