Na contramão da imagem de liberalidade, a Holanda dá mais um largo passo (atrás?) na restrição do consumo das chamadas drogas leves. Desde 1° de maio, os coffee shops de três províncias ao sul do País Baixo só podem vender maconha e derivados aos moradores da região. São as novas regras, new rules. Na prática, os famosos coffee shops tornam-se uma espécie de clube fechado. Cada cliente precisa provar, com a carteira de identidade, que mora na área e deve se inscrever para ter o chamado WeedPass, o cartão maconha. Amsterdam ainda está fora da restrição mas, a partir de 1° de janeiro de 2013, a regra vai valer no país inteiro. A idéia é combater o turismo da droga que, segundo autoridades, traz distúrbios à segurança pública e alimenta o tráfico para os países vizinhos, como a Bélgica e a Alemanha. Claro que a medida não passou em branco: quase todos os dias há manifestações e bate-boca nas ruas e na mídia holandesa e européia. Dados dos donos dos coffee shops em Maastricht, por exemplo, apontam que, por ano, mais de 1 milhão e 500 mil pessoas vão à cidade para queimar um ou vários...Para os comerciantes, restringir a venda aos moradores da cidade significa excluir 90% da clientela. Gente que puxa fumo, mas também paga diárias em hotel, mata a larica nos restaurantes, compra souvenirs etc. Na semana passada, um juiz holandês se pronunciou a favor do governo. Mas os cidadãos contrários prometem ir até mesmo ao Tribunal de Den Haag (Haia) para reverter a decisão. Para os oponentes, a nova regra é um erro do governo conservador - que aliás se desfez há duas semanas, antecipando as eleições parlamentares para setembro deste ano. Muita gente acha que a medida vai reforçar o tráfico e o consumo ilegal de cannabis na Holanda e nos países em volta.
4 comentários:
E não há ninguém que ache salutar a medida? Aposto que sim. Já li matérias sobre levas e levas de jovens abatidos pelas drogas, largados pelas ruas de Amsterdã, afetados pela maconha.
Digam o que disserem, com ou sem tráfico, o mundo não se tornará melhor com a liberação da maconha. Sei do que me podem me chamar, mas a verdade é que olho com muita desconfiança para todos os libelos pró-maconha.
Convém analisar, a sério, os dois lados da história.
Eu nao diria que é um passo para trás. Diria que é um tiro no pé. Um passo com um pé manco...
Pode ser que sim, que seja um bem essa medida. Mas ela incorre em outro. Se o critério é a segurança pública e os distúrbios; por que em nome de restringir uma liberdade de uso comum dessa sociedade, e que traz lucro e comércio; por que não pensar em soluções mais inteligentes do que restringir a liberdade de seus cidadãos.
Yúdice, sim, não somente as autoridades, mas também há um público que se mostra favorável à medida. Não esqueça que aqui nessa parte da Europa o contato dos cidadãos - e a pressão que nós podemos fazer sobre o executivo e o parlamento - é infinitamente mais visível e eficiente do que em países de grandes população e território. Sem dúvida, quem é vizinho de coffee shop apoia. Sobre a imagem de gente largada na rua afetada pela maconha, o mesmo se pode ver com relação ao álcool. Mas até agora ninguém falou de só vender bebida alcoólica para quem mora no município e tem carteira de membro do bar. A discussão passa pelo que Marise aponta: restrição de liberdade acrescido de desconfiança se a proibição trará o efeito desejado ou vai incrementar o submundo do tráfico dentro de País Baixo mesmo.
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