segunda-feira, 8 de abril de 2013

Maggie, musa do avesso

(image from the blog Occasional Links and  Commentaries http://anticap.wordpress.com/2011/07/11/thatcher-killed-football/)

Talvez não exista na História do Pós-Guerra figura pública que tenha merecido ódio em verso e prosa quanto  Margaret Thatcher. A ex-primeira-ministra britânica partiu hoje aos 87 anos deixando atrás de si um legado devastador na economia e um bom punhado de canções contra ela - na verdade, contra os tubarões que ela representou tão bem. Pelo menos duas canções contra Maggie desejavam-lhe a morte e duas a acusavam de alta traição. Todas compostas pela nata da nata do Pop Rock Brit: Morrisey, Elton John, Roger Waters e Elvis Costello.

-Margaret on the guillotine: o bardo Morrisey, logo depois de acabar com The Smiths, dedicou uma faixa do primeiro álbum solo (Viva Hate)  à "fofa" da 10 Downing Street .  Nenhum rock visceral, mas uma suave canção, com harpa, um som de guilhotina no final e alguns versos singelos como estes:

The kind people
Have a wonderful dream
Margaret On The Guillotine
Cause people like you
Make me feel so tired
When will you die ?


O povo amável
tem um sonho maravilhoso
Margaret na guilhotina
Porque pessoas como você
me fazem sentir tão cansado
Quando você vai morrer?

-Merry Christmas Maggie Thatcher: Sir Elton John escreveu essa para o musical Billy Elliot, a versão West End londrino do filme de Stephen Daldry, que retrata os confrontos da greve dos mineiros ingleses, em Durham em 1985.

So merry Christmas Maggie Thatcher
May God's love be with you
We all sing together in one breath
Merry Christmas Maggie Thatcher
We all celebrate today
'Cause it's one day closer to your death


Então feliz natal Maggie Thatcher
Possa o amor de Deus estar com você
Nós cantamos juntos num só fôlego
Feliz Natal Maggie Thatcher
Nós todos celebramos hoje
Porque é um dia mais perto para a sua morte

- Get your filthy hands off my desert: Roger Waters escreveu essa para o álbum The Final Cut do Pink Floyd in 1983. Era um protesto contra o que ele chamava de traição de Maggie aos valores do pós-guerra ao levar os ingleses ao inferno da Malvinas.

Brezhnev took Afghanistan.
Begin took Beirut.
Galtieri took the Union Jack.
And Maggie, over lunch one day,
Took a cruiser with all hands.
Apparently, to make him give it back
 
Brezhnev tomou o Afeganistão.
E Begin tomou Beirute.
Galtieri tomou a União Jack (a bandeira britânica)
E Maggie, no almoço um dia,
tomou um cruzeiro com todas as mãos.
Aparentemente, para fazê-lo devolver


-Tramp The Dirt Down: Elvis Costello em uma super poética canção de ódio dizia:



When England was the whore of the world
Margeret was her madam
And the future looked as bright and as clear as
the black tarmacadam
Well I hope that she sleeps well at night, isn’t
haunted by every tiny detail
‘Cos when she held that lovely face in her hands
all she thought of was betrayal

 Quando a Inglaterra era a puta do mundo
Margaret era a cafetina
E o futuro parecia brilhante e claro como seria
o asfalto negro
Bem, espero que ela durma bem à noite,

que não seja obcecada por cada peaueno detalhe
Porque  quando ela sustentava seu formoso rosto nas mãos

tudo o que ela pensava era traição.

 Bem, Maggie era mesmo a anti-musa; E olha que eu nem vou escrever aqui sobre as bandas punks que tinham a meiga como alvo favorito nos anos 80.

9 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Muito bom, e bastante apropriado ao nosso correspondente internacional, rsrsrs. Bjs, Edvan.

Scylla Lage Neto disse...

Fantástico, Edvan.
God save Maggie!

Edvan Feitosa Coutinho disse...

Scylla, eu diria, que o diabo a leve. Foram 11 anos de Tatcherismo na Grã-Bretanha e na Europa, a gente sofre ainda agora. o Estado tenta se esquivar das suas responsabilidades. A mãe de um amigo meu inglês passou por um calvário para receber atendimento médico digno e no final das contas teve mesmo que pagar parte do tratamento. Uma vergonha. Bem, nem vou falar da devastação do norte da Inglaterra, onde a indústria morreu.

Bóris Patão disse...

Edvan, postagem excelente, ao relacionar o rock e a politica conservadora dos anos 1980.Permita-me dois adendos:
o primeiro é em relação ao cruiser que aparece em Get your filthy hands off my desert. Acredito que o Waters se refere ao cruzador(também cruiser, em inglês)General Belgrano,torpedeado por um submarino inglês.
o segundo adendo é lembrar que outra canção do The Final Cut também faz referência a Margareth Thatcher - The Post War Dream " ..with all their kids committing suicide
what have we done Maggie what have we done
what have we done to england
should we shout should we screamwhat happened to the post war dream?
oh Maggie Maggie what have we done?"
Grande abraço e parabéns pela postagem.
Marcio Mazzini

Marise Rocha Morbach disse...

Edvan, que o diabo a leve, mesmo!

Scylla Lage Neto disse...

Edvan, a menção "God save Maggie" tinha conotação 100% punk, a la Sex Pistols:
"God save the queen
The fascist regime
They made you a moron
Potential H-bomb

God save the queen
She ain't no human being
There is no future
In England's dreaming..."
Abs.

Carlos Barretto  disse...

100% Punk!

D'Accord!

Anônimo disse...

Thatcher privatizou tudo o que pôde, mas terá um funeral estatal.

Bizarro? Sim, é. Mas o quê no Liberalismo/Neoliberalismo não é?

Edvan Feitosa Coutinho disse...

Scyla, ah, agora entendi. Sex Pistols nela!!!
Marcio Mazzini, thanks pela contribuição e grato pela audiência ao Flanar.
Prof. Alan, também acho o cúmulo: espero que os herdeiros pelo menos paguem seus impostos e que n=ao estejam na recente lista dos que burlam o fisco na Europa em paraíso fiscais, aliàs, alguns deles terra da Beth II, as famosas Ilhas do Canal.