sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tenho nojo!

-------------------------

De saída de Belém, daqui a pouco, para aproveitar o que me restou deste feriadão; não posso sair sem me posicionar sobre o que está acontecendo com as nações indígenas, no Brasil. Não sei se estou ficando velha, ou se me acho muito importante: mas não tenho mais a menor paciência com a burrice, com a canalhice e com a falta de razão, que permeiam o planejamento público brasileiro. Os ingredientes das receitas de bolo, que são usados para resolver os problemas energéticos do Brasil, me dão náuseas. Estamos sendo atacados de sabre e de facão, na Amazônia. E tudo em nome do desenvolvimento nacional. Os fatos que envolvem as etnias indígenas nos últimos dias me dão nojo. Tenho nojo de ver uma parte da  intelectualidade brasileira retirando dos indígenas seus direitos civis, sociais e políticos. Tenho nojo, simplesmente, desta burocracia triste e ruim, que vive de causar danos aos mais fracos e aos mais frágeis. Quero demarcar o meu repúdio a Dilma Rousseff pela forma autoritária com que está conduzindo a efetivação de Belo Monte. Gostaria que os leitores do Flanar começassem a ler  "É isto um homem?",  de Primo Levi. Gostaria que os leitores do Flanar começassem a imaginar o que é viver em um Estado no qual a lei e os direitos não são respeitados. Muitos reclamam quando são alvos de tragédias, e são apanhados pela dor; mas não imaginam o que é viver sem direitos e sem lei. Eu sou favorável ao "Estado de Direito". As nações indígenas tem direitos adquiridos e que devem ser respeitados acima de qualquer tese sobre o desenvolvimento nacional. Estou com nojo; tenho nojo da hipocrisia nacional.

----------------------------------------------------

2 comentários:

Filipe Férias disse...

Como estrangeiro europeu, não posso me arrogar um ponto de vista, mas eis o email que mandei aos meus co-alunos para que eles reflexionarem, A reação dum petropolitano me deu também nojo:

Olá, Holá, Hello, Hallo, Oi !

Quem quiser poderia seguir este apontador:

http://correiodobrasil.com.br/noticias/brasil/indios-continuam-no-canteiro-belo-monte-apesar-do-fim-do-prazo-para-desocupacao/614402/

Deparei este comentário do Sr. Ronaldo Rego de Petrópolis:

"Os serviços de inteligência e segurança do Estado estão funcionando? e o das forças armadas? Não conseguiram até agora descobrir QUEM está por trás dos índios, seus assessores ocultos na ONGs? Ora, então demitam esses arapomgas incompetentes! Um serviço de inteligência que se preze, não deixaria esse muvuca continuar, jogando no lixo o dinheiro do contribuinte. Quem vai pagar as perdas materiais ? Quem vai pagar as multas dos contratos? O país precisa desesperadamente de energia elétrica, sem qual não teremos ferrovias, e sem estas sem condições de exportar e competir, lançando milhões de trabalhadores no desemprego. É isso que esses baderneiros, fantasiados de índios querem? Índio verdadeiro vive nas selvas, nas ocas, junto do seu povo e não fazendo arruaças e invadindo fazendas produtivas. TUDO BEM, eles foram os donos das terras brasilis, mas perderam e ninguém tem culpa, só a história e a natureza que diz, que os mais fortes e mais aptos são escolhidos para sobreviver. Não fosse assim o gênero humano já teria desaparecido. A FUNAI que dá emprego a tanta gente, tem que cuidar melhor dos selvícolas e ajudar aqueles que querem REALMENTE se civilizar. Quem não consegue lidar com progresso deve VOLTAR para a selva, onde será mais feliz."

Só para estimular os nossos raciocínios em Português,
Não fiquem zangados comigo pela presente cotovelada !

Um grande abraço   -   Philippe.

Marise Rocha Morbach disse...


Muito oportuno o seu comentário, e a reprodução deste comentário, que beira o grotesco. O grande mote do desenvolvimentismo sempre será este: urgência. E, de fato, a sociedade brasileira, em sua grande maioria, pensa assim mesmo: os índios são um problema para o desenvolvimento. Não conseguem pensar no tempo, nem no âmbito dos direitos. É lamentável, mas a resposta será sempre esta: como realizar o desenvolvimento nacional
sem energia? Uma pergunta urgente para uma mentalidade tacanha, autoritária e de baixo civismo.Grande abraço e obrigado pela "cotovelada".