quinta-feira, 20 de junho de 2013

Procura-se uma mão



A MÃO AO ASSINAR ESTE PAPEL
                                                                           (Dylan Thomas)

A mão ao assinar este papel arrasou uma cidade; 

cinco dedos soberanos lançaram a sua taxa sobre a respiração; duplicaram o globo dos mortos e reduziram a metade um país; 
estes cinco reis levaram a morte a um rei.

A mão soberana chega até um ombro descaído

e as articulações dos dedos ficaram imobilizadas pelo gesso;
uma pena de ganso serviu para pôr fim à morte
que pôs fim às palavras.

A mão ao assinar o tratado fez nascer a febre, 

e cresceu a fome, e todas as pragas vieram; 
maior se torna a mão que estende o seu domínio 
sobre o homem por ter escrito um nome.

Os cinco reis contam os mortos mas não acalmam 

a ferida que está cicatrizada, nem acariciam a fronte; 
há mãos que governam a piedade como outras o céu; 
mas nenhuma delas tem lágrimas para derramar.


(tradução: Fernando Guimarães)

4 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Lindo e sensacional,Scylla! A minha assina embaixo desta aí! Adorei!!!!!!!

Scylla Lage Neto disse...

Thomas é o meu favorito, dentre os poetas ingleses, Marise.
Eu tenho me lembrado muito deste poema desde que as manifestações começaram, talvez esperando o momento em que os "cinco reis" venham a derrubar o rei.
Que venha a mão!!!

Geraldo Roger Normando Jr disse...

A minha mão ficou pequena diante de das poucas palavras e tanto pensamento.

Scylla Lage Neto disse...

Roger, a densidade da obra de Thomas é assustadora!