sábado, 1 de março de 2014

“Não vou mais esquentar o banco da Justiça”



“O Gatilheiro: a história de Quintino da Silva Lira”. Quinze minutos de um belo extrato da participação de um justiceiro diante da luta travada entre colonos e latifundiários no nordeste paraense; da luta travada contra uma justiça que até hoje não garante a democratização da terra e privilegia grileiros, num Pará onde existem, em papéis furados, dois estados.

Gostei muito de como o filme de André Miranda e Cláudia Kahwage percorre depoimentos de quem esteve junto a Quintino Lira e de quem lembra dele com o respeito de uma boa amizade. Há quase uma mitificação do gatilheiro, e me convenceu. Estão ali o companheiro de luta Chico Barbudo; Joaquim, um dos amigos que o acompanhavam quando a polícia fechou-lhe o cerco antes de matá-lo;  o colono Zé Cabelo; entre outros. As cenas do velório e do sepultamento mostram a serviço de quem Quintino estava: populares não lhe pouparam homenagens.

O filme entrelaça aos depoimentos uma série não exaustiva de fotografias de época. Nossa! E mais uma vez se comprova a importância de Miguel Chikaoka para a construção da história do estado. Muitas imagens são dele no filme.


Vinte e nove anos se passaram da morte de Quintino - autor da frase que dá nome à postagem - e o cotidiano fundiário e agrário do Pará não mudou muito. A Justiça? Difícil fazer a defesa dela. Reforma agrária? Companheiros de movimentos como o MST podem contar bem sobre isso.

Como sei que muita gente não vai pular carnaval em nenhuma agrupação momesca e tampouco encontrará espaços públicos, como museus, abertos, por incrível que parece, sim eles fecham, deixo o filme como um agrado a quem puder desfrutar de internet.


E parabéns aos realizadores, pelo trabalho. Certamente penaram um bocado para chegar a esta etapa.

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