terça-feira, 23 de junho de 2015

Um coração "assim" de grande


Um coração "assim" de grande

Existe muito a questionar sobre o modelo de ensino que adotamos e que parece falido. A propaganda argentina não só me deixou emocionada, como me levou a pensar em tantas repercussões que podem ter na vida cotidiana essas escolhas que estruturam a sociedade.

Como se chega a casos como o da jornalista Joice Hasselmann que, de acordo com o sindicato paranaense, plagiou mais de 60 matérias? Cumpriu suas obrigações escolares e acadêmicas. Atuou em grandes meios de comunicação do Brasil. Chegou lá! Chegou onde? A uma prática repulsiva de, no mínimo, desrespeito aos colegas de profissão, pra não citar a infração ao código de ética e ao crime contra direito autoral.

Duvido muito que o caso dela seja uma exceção. Menos ainda que trajetórias de má fé sejam raras. Mas obviamente não acredito que a única responsável por estas condutas reprováveis entre nós seja a escola, ou qualquer outra instituição formal de ensino.

Existem iniciativas neste âmbito que são louváveis. Aí está o Peru na busca de incluir o idioma quéchua nos níveis primário e secundário em todos os colégios, sejam públicos ou privados.

Creio, no entanto, que o melhor mesmo é o exemplo de comunidades que não se valem desse modelo de ensino formal a que estamos acostumados, e que nos apressa, e que nos tolhe as virtudes, e que nos subordina ao mercado de trabalho, e...

Quando me mudei para Argentina, justo para dar continuidade à minha formação acadêmica e talvez ganhar um espaço melhor no mercado de trabalho e de construção de conhecimentos, vim com minha filha. À época, ela tinha seis anos e não sabia nenhuma palavra em espanhol. Pensei sinceramente em mantê-la fora do sistema educacional comum. Cheguei a dar os primeiros passos nessa direção. Estou segura de que ela não sairia perdendo em nada. Poderia aprender muito na convivência com outras pessoas do seu cotidiano, habitar diferentes espaços, escolher o que fazer, na hora que lhe fosse aprazível. Até poderia depois ir à escola.

A voz da encantadora Elis Regina ecoa muitas vezes em mim e penso que só quero uma casa no campo, onde possa tocar muitos roques rurais. Viver simplesmente.

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