Fotografia de Adriana Varejão |
Tirar do fosso o olhar fosco é deixá-lo bandear por aí em busca de outras luzes, mais sutis, mas não menos potentes. É o mesmo que interpretar as estrelas do céu, ou o Big Bang que a ciência rascunha em seus desenhos, mas que ainda não conseguiu a solidez. Para esta missiva, o olhar poético é sempre farol na escuridão, em meio às tormentas. O seu combustível é a fé e a imaginação, a experiência e a ousadia de buscar a cicatrização.
É um olhar modesto, acolhedor, que sabe que não pode tudo sozinho, daí a busca do auxílio de mãos e ombros, para erguer e acolher - ao que chamamos de board.
É um olhar de instante, que relampeia na escuridão, mas ilumina caminhos. Nem que o caminho seja estreito, curto, sem a luz do sol para o amanhã, sem a perspectiva de sanar a dor ou recuperar fôlego. Um passo a mais pode ser a distância entre a desistência ou a vitória. Um olhar desses, firme na tempestade, é sempre inspirador, não importa o que aconteça depois - neste tempo ao alcance das mãos -, mas que nos foge às rédeas.
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