quarta-feira, 10 de junho de 2020

Os rastros de Grendel

Sóis da meia-noite se despedem, recuam para o crepúsculo da noite eterna
Ecos da montanha tocam como sinos badalando os passos de recolher,
Indicam o finalizar das tarefas diárias
Eles depositam sua fé em portas de carvalho ricas em quinino,
se escondem à luz de velas em orações.
O pânico se infiltra no chão manchado de sangue do Império do Centro.
enquanto Grendel persegue a noite rumo ao velho continente
O andante noturno procura suas refeições vindo do oriente.
Prepare as piras fúnebres, Europa.
As músicas de ninar não curam mais o pavor,
Dentro de seus olhos, seus olhos tremem.
Figuras de madeira, deuses pagãos, encaram cegamente o oceano,
Próxima fronteira.
Apelos por ajuda saem dos nevoeiros além dos oceânicos,
Rogam por um salvador nascido de sonhos da ciência
Eles sabem que suas vidas estão perdidas até o momento,
As cabeças sacerdotais se inclinam de vergonha e impotência.
Eles não podem enfrentar a multidão trêmula em convulsão
que se encolhe diante do nome de Grendel.
O andarilho noturno procura suas refeições ao longo do caminho.
Prepare as piras fúnebres
As músicas de ninar não curam mais o pânico.
Dentro de seus olhos, seus olhos fervem.
Quando Grendel deixa sua casa coberta de musgo
Advindo das cavernas repletas de morcegos
Ao longo do caminho da floresta oriental, ele adentra o salão do rei Hrothgar.
Ele sabe que a vitória está garantida,
Até a chegada de um herói.
Suas garras vão pingar sangue mortal enquanto os raios da lua assombram o céu do ocidente
O caminhante procura suas refeições a Oeste
Prepare as piras fúnebres
As músicas de rezar não curam mais o pavor.
Dentro de seus olhos, seus olhos fecham.
Até a chegada Beowulf, em sua armadura branca,
Como um jaleco forjado no fogo laboral,
Ele vencerá com a astúcia dos sábios,
Armas acumuladas ao longo do caminhar da raça Sapiens. 
Amparado no ombro de gigantes pregressos,
Ele vencerá e dará aos súditos do rei Hrothgar.
A redenção final, o abraço esquecido e o entoar dos sinos do retorno ao labor.

João Celecindo Grilo, do bando de Corisco.

Nenhum comentário: