quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Nem piscam

Benasssuly é um servidor público decente. Cometeu um erro gravíssimo, certamente traído pelo corporativismo a que se propos defender. Reconheça-se, contudo, o gesto honrado do delegado geral de Belém ao pedir à governadora a exoneração, em seguida aceita. Depois do episódio desastrado que protagonizou, esse era o caminho lógico para garantir o mínimo de respeitabilidade, frente a carreira que construiu. Mas, atente-se para uma questão ética: o policial Benassuly não responde por esta crise, revelada a alguns quilômetros de sua jurisdição, e que tem raízes bem mais profundas nos tempos recentes da política brasileira. Ao lado do pedido de exoneração que delegado apresentou, deveriam estar solidárias algumas outras autoridades chaves na regulação do cárcere no Pará. Mas, em nome da sobrevivência, fazem-se de mortinhas da silva: não falam, nem piscam, pra não fazer marola. Mas, são exatamente elas que alimentam o caos.

2 comentários:

Gui disse...

Sempre existem os dois pratos da balança. Neste caso, os "pratos" iniciais eram a presa/pobre e o sistema representado pela polícia. O "prato" pendeu para o lado do poder, que prendeu,oprimiu,degradou, pressionou na certeza do silencio, do medo, da impunidade.
Descoberto o fato, os "pratos" passaram a ser a polícia e o sistema judiciário. O "prato" pendeu para o lado mais fraco. Como sempre...

Anônimo disse...

Bom dia
Concordo com os dois.
E a demolição da cadeia é bem uma releitura da queima do sofá pelo marido traído, né não?
Imolado o Bena e queimada a cadeia-Bastilha, teremos coragem de ir adiante, meter a lanceta no tumor e espremer este pus até o fim?