sábado, 8 de agosto de 2009

I am black



Vejam que beleza! Wilson Simonal e Sarah Vaughan.

E tem f.d.p. ai que arruinou a carreira desse rapaz denunciando-o ao Dop´s.

A maior sacanagem da história da música brasileira.

Mister Simonal nunca mais se recuperou.

Uma das maiores trairagens que conheço e não vem um elemento para salvar-lhe a biografia.

― Fica frio Simonal. Sou seu fã. Eles não passaram. Você ficou na história.

4 comentários:

Anônimo disse...

Tá pensando o quê? Criolo no Brasil, fazendo sucesso e sem complexo de inferioridade? Não pode!

Anônimo disse...

Quanto ao resgate da biografia do Simonal, temos o recente: "Simonal - Ninguém sabe o duro que dei". Ainda não assisti, mas estou curioso.

Itajaí disse...

No melhor estilo black is beautiful. Aliás Sarah "Sassy" Vaughan está neste vídeo cativada pelo Simonal.
E olha que ela é uma das melhores vozes do jazz até hoje. Houve que dissesse que miss Vaughan foi tecnicamente "a melhor" (terá sido Eric Hobsbawn?), destacando que o potencial vocal permitia que ela cantasse o que quizesse em termos de música. Até ópera, se tivesse recebido educação musical nesse sentido.
Mas o fato reconhecido no meio musical da época é o seguinte: Sarah Vaughan nunca errava quando cantava.
E, por fim, haveremos sempre de lamentar que Simonal tenha tido o fim que teve. Um talento perdido por conta do que hoje se convenciona dizer baixa inteligência emocional. Na realidade o Dops não o perseguiu, embora seja uma história mal explicada relacionada a uma peia que o cantor resolveu dar no contador e para isso utilizou os serviços dos meganhas da polícia política, com quem tinha camaradagem. A classe artística, perseguinda e humilhada pela ditadura, com horror ao Dops, não perdoou e pos o Simonal na geladeira. A carreira desceu ladeira abaixo e foi afogada no álcool e no esquecimento. Deixou um filho, o Simoninha, produtor e cantor talentoso.
Amigo de Simonal, outro talento da época foi o maestro Erlon Chaves, falecido aos 41 anos, com a obra totalmente esquecida atualmente. Este sim foi vítima da ditadura militar, como preso e processado por assédio, ao se deixar beijar em público por moças louras durante um festival internacional de música no Brasil, no década de 70. As esposas dos generais não gostaram de ver a cena na televisão. Erlon Chaves era negro.

Val-André Mutran  disse...

Antonio e Itajaí era terrível viver naqueles tempos.
O arbítrio era apenas uma válvula sem escape para difundir o complexo e recalque das figuras, absolutamente sinistras, de então.
Coisa de uns dois anos atrás, um jornalista, querido amigo, telefonou-me para matar as saudades e perguntou-me como estava o livro que insisto em escrever.
Lembro perfeitamente que a Justiça tinha mandado recolher a biografia do Roberto Carlos e, um pouco antes, a do Guarrincha.
Lá pelo meio da conversa ele revelou sua vontade de escrever um livro sobre o completo desrespeito aos direitos civis que impera sobre os brasileiros artistas, pobres e de alguma forma, não nascidos em berço esplêndido.
Enfatizou, meu interlocutor, o viés que achei muito interessante: a perseguição e explícito racismo contra os artistas negros, homossexuais e nordestinos que então, "tomaram de assalto" a cena cultural brasileira, numa das mais espetaculares e inteligentes formas de protestos que irritou ao extremo, os generais & Cia...
A conversa prolongou-se, posteriormente, por e-mail.
E eis que citei o caso do Wilson Simonal, Tony Tornado... E outras figuras nosdestinas e nortistas que se encrencaram aos olhos dos poderosos de plantão.
Muito animado, meu amigo gostou de algumas sugestões e disse que o objeto de nossa conversa, encaixaria-se, perfeitamente, num capítulo de seu livro a ser escrito.
Infelizmente, meu amigo morreu, vítima da aids, na metade do ano passado, no Rio de Janeiro. E do livro, nada mais sei.
O meu, está no congelador por falta de verba para a pesquisa.
E assim, segue o Brasil. Seguimos nós, e as histórias não são contadas.
Há de se ter muito equilíbrio para não mandar tudo isso para a p.q.p. e vazar deste país.
Há sim.