PEC do Trabalho Escravo. Agora vai?

Considero a votação da PEC do Trabalho Escravo, que foi adiada de ontem pra hoje (09), na Câmara dos Deputados, um momento histórico e simbólico da maior importância. O trabalho escravo “moderno” não está restrito ao campo, como se registra frequentemente no Pará, por exemplo. Há, e muito, em áreas urbanas, geralmente flagrado na região Sudeste. O fato é que tamanha violação dos direitos humanos é um daqueles, como tantos outros, que deveriam ser apenas página virada de nossos livros de história, de direito e tantos saberes que se debruçam com dados chocantemente atuais.
A PEC 438 é de 2001. Quanto tempo nossos representantes públicos sustentando essa vergonha nacional. Um vexame mundial! Uma afronta a cada um de nós, cidadãos. E é significativo reconhecer que o deputado federal Cláudio Puty (PT/PA), em seu primeiro ano e primeiro mandato no Parlamento, pediu a instalação da CPI do Trabalho Escravo, destacando, à época, que esta seria uma ferramenta importante para desengavetar a PEC, que expropria as terras de quem for surpreendido cometendo o crime do trabalho escravo. Pois parece que está dando certo. E torceria por isto independente de quem tivesse tomado esta iniciativa, esta, sim, nobre.
A ONG Repórter Brasil vem desempenhando papel estratégico, dentro de suas possibilidades, para contribuir com esta luta, que deve ser de todo povo brasileiro. Em seu texto de ontem, o repórter Daniel Santini descreve: “Entre os partidos cujos líderes resistiram à votação estão DEM, PMDB, PP e PSD, que possuem integrantes na bancada ruralista”. Pois então eu diria aos leitores que, se lembram do nome dos parlamentares que receberam seu voto, cutuque a criatura e seus partidos. Diga a eles você tem vergonha de saber que existe trabalho escravo no seu estado e no seu país. Que tal dizer para que votem a favor da PEC e por um mundo mais justo e digno?

Acompanhemos a votação esta noite. E vamos repercutir com nossos círculos de familiares e amigos.