segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mondo Cane


Há cerca de exatos 10 minutos atrás, uma vigarista e seu comparsa tentaram aplicar-me o conhecido golpe do falso sequestro. 
Através do telefone fixo (que possui identificador de chamadas), recebi uma ligação supostamente originada do número 01121215100. Nela, uma voz feminina chorosa (com evidente sotaque carioca a despeito do prefixo paulista), simulava um convincente estado de desespero. A vigarista se dizia raptada e muito machucada. 
Posso assegurar que a performance é impecável, digna de bons atores, mesmo considerando que não seja lá muito difícil a qualquer um executá-la. 
Com um choro dramático e propositadamente exagerado, um tipo de murmúrio tomava o lugar do nome que ela parecia tentar informar, como se estivesse açodada. A idéia é forçar a potencial vítima do golpe a dizer o nome de alguns de seus familiares. Se isso for feito, a vigarista entrega o telefone para seu cúmplice, que então passa a perguntar: "quem é o senhor? É pai, avô da fulana?" (neste ponto, ele utiliza qualquer nome que a vítima tenha inadvertidamente citado).
Como não tenho filhas e com o sotaque evidentemente carioca, a casa caiu. Neste momento, retruquei: "Esta ligação é falsa!", desligando logo em seguida. 
Ato contínuo, fiz algumas ligações para alguns familiares, checando discretamente a absoluta normalidade de sua integridade física.
Os ousados golpistas, utilizando o mesmo número, ainda tiveram o displante de ligar mais DUAS vezes logo em seguida. Claro que não foram atendidos.

Era só o que faltava! Um enredo de péssimo gosto que, possivelmente, não deve fazer jus nem ao título deste post.

10 comentários:

Geraldo Roger Normando Jr disse...

Carlinhos "Faro-fino". Ensina prá nós, Queiróz!

Yúdice Andrade disse...

Amigo, podes me considerar maluco, mas eu realmente queria atender a uma ligação dessas. Juro que queria. Eu faria tanta onda com os bandidos, chamaria tanto palavrão, mandaria os caras para os lugares mais sórdidos - enfim, tornaria a expectativa de crime deles um desagradável insucesso.
Se eles ligarem de novo, dá o meu número. Ahahahahahah!!!

Marise Rocha Morbach disse...

Dá logo o número do Yúdice, rs.

Anônimo disse...

Uma vez um colega nosso recebeu uma ligação dessas, a "sequestrada" dizia ser sua esposa - ele havia acabado de deixar a esposa no trabalho, coisa de 1 minuto atrás.

A resposta dele aos bandidos: "vai matar? Então mata, atira logo, mas coloca o telefone perto dela que eu quero ouvir o tiro! Tava doido mesmo pra me livrar dessa mulher!"...

Scylla Lage Neto disse...

Trambique e telemarketing sempre vêm de telefone de outro estado.
Será que não temos know-how local para essas atividades?!
Até nisso o Pará sofre com evasão de divisas...
Rss.

Carlos Barretto  disse...

AHAHAHAHAHAH!
Meninos e meninas.
AHAHAHAHAHAHAHAH!

Andrea Casali disse...

Que coisa Carlinhos! Isso é inaceitável. É um crime covarde, que tanta gente já caiu. Que bom vc ter tido o expediente de refutar e desligar. Saudades, bjs
Andrea

Erika Morhy disse...

Uau! Pensei que já haviam desistido desse golpe. Eu mesma fiquei por um fio num deles. Num deles porque fui vítima do golpe duas vezes. Escutei, à época, dizerem que os telefonemas eram feitos de dentro de presídios como de Fortaleza, por exemplo. Incrível como meu desespero deu a eles tantas chances. "Fiat acidentado na BR, com um casal de senhores...". Só os amigos do trabalho pra me salvar da agonia, ligando ao mesmo tempo pra casa e saber como estavam meus pais.
Bem, a raiva me fez resolver o segundo golpe aos moldes yudicianos...

Carlos Barretto  disse...

Andrea, querida.
Mais importante do que minha atitude de desligar o telefone (que não é tão fácil assim como muitos pensam), existe a informação. Como estava informado, assim procedi. E esta informação, nem sempre tem chegado pela grande mídia. Mais rapidamente ela acaba chegando pelos blogs, redes sociais, etc. Geralmente em meio a muito lixo e bobagens. Mas chega mais rápido.
Há muito sobre o que refletir.
Bjs e saudades.

Carlos Barretto  disse...

Há que se ter sangue frio na hora exata, Erika. Apesar de informados, podemos naturalmente estar vulneráveis, dependendo de circunstâncias muito particulares. Posso afirmar que minha sorte, como diz o post, foi não ter "filhas" e o evidente sotaque carioca. E sempre que revelamos abertamente este tipo especial de insalubridade no "viver brasileiro", sempre aparece alguém que cede a tentação de aparentar maior esperteza ou preparo para o cenário. Normal. Mesmo assim, não torço para que aconteça com ninguém. Mas vai acontecer. E é sempre bom SABER.

Abs