domingo, 15 de abril de 2007

Conservadorismo ao tucupí


Marc Chagall - O sonâmbulo
Domingo é dia de folga e brincadeira para muitos. O Liberal, por exemplo, traz hoje entrevista do filósofo Benedito Nunes em que faz considerações sobre a evolução urbana de Belém. Diz ele que fazer uma cidade melhor às vezes é partir mesmo do trivial necessário como empregar melhor as verbas, destiná-las adequadamente, ter bom senso. Chegamos a um ponto em que o que se vê já não é nem falta de senso - é senso estragado mesmo.
Contudo, apesar do didatismo, o filósofo não substancia a crítica no infinitivo e desfoca as origens do estrago sofrido por nós, provocado exatamente pela incúria e a ganância dos que sempre tiveram as chaves de Belém para usos e abusos.
O resumo do nhém-nhém é que a entrevista toda é direcionada para tecer loas a um amigo e sugerir ao leitor a vocação natural dessa possível candidatura para a Prefeitura de Belém.
Convém, nesse ponto, recordar que não à toa foi modificado recentemente o Plano Diretor Urbano, permitindo-se aumentar a densidade de edifícios em áreas outrora proibidas, emparedando a orla de Belém, sem que a personalidade ungida pelo nosso filósofo desse as horas sobre a gravidade desse ato de política urbana, para ele e os seus sempre desculpável em nome de um voluntarismo estético.
Ora, com a nova desordem mundial, o aquecimento, os que vivem aqui podem se preparar para gastar mais com ventiladores, ar-refrigerado, leques e ventarolas, espezinhados que serão pelo calorão forjado na Belém futurista dos manda-chuvas e borra-botas da política e da arquitetura - os auto-proclamados (ou proclamados) urbanistas sem de fato terem esse mérito. Os que vivem aqui, sublinhe-se três vezes três, porque os espertos, os ilusionistas e os luminosos certamente irão refletir em palcos mais aprazíveis l'essence naturaille do conservadorismo ao tucupí. Como é praxe, desde que Luiz XVI escafedeu-se de Versailles para Varennes, desarvorado pelos ventos da Revolução Francesa.

8 comentários:

Anônimo disse...

Estamos discutindo Belém.
Ponto para ele, outro para você também.
Bjs.

Itajaí disse...

Obrigado pela visita.

Anônimo disse...

Essa entrevista é constrangedora para um filósofo sob todos os aspectos. Imagina que, para ele, a dimensão cultural se resume... ao festival de ópera.

Anônimo disse...

Indelicado, na medida que ele caminha todos os dias no "entorno" do Bosque e nem agradeceu, ao arq. Edmilson, a iluminação, a limpeza que acabou com os despejos de entulhos nas calçadas e os reparos do mozaico português.

Anônimo disse...

Foi horrível. Constrangedor.

Anônimo disse...

O que que um nome dado a um teatro causa! Não deveria, o teatro nem é teatro.

Anônimo disse...

A legenda está errada... o artista autor de tal pintura é Marc Chagall e não Lasar Segall.

Itajaí disse...

Obrigado pela visita e a correção da legenda.