domingo, 8 de julho de 2007

Urbanidade, ainda que tarde

Os condomínios fechados respondem mais a imperativo de segurança do que a desejos de privacidade e distinção. Segundo a análise aguda de Jane Jacobs (Morte e vida das grandes cidades), condomínios fechados e os shoppings são siameses da desertificação e da degradação dos espaços urbanos promovidas pela execução de políticas estúpidas, quase sempre orientadas por interesses especulativos.
Mas, isso não é tudo. Segundo a coluna Repórter 70 (O Liberal, 08 de julho), os moradores de um luxuoso condomínio, situado no caminho para Icoaraci, têm vivido o inferno da insegurança no loteamento. Molecotes fazem pegas com veículos nas ruas e praças internas do conjunto residencial, sem que os pais ou responsáveis por esses vândalos tomem mínima providência.
Essa é a questão principal entre nós: a falta de valores que fortaleçam a civilidade em nossa sociedade. Com essa constatação, se torna fácil entender a razão de alguns dos nossos jovens terem adotado comportamentos inadequados para a vida comunitária, que justificam por-lhes a alcunha de pit-boys, esse neo-anglicismo que designa os atuais desordeiros da classe média brasileira, bem identificando-os com a irracionalidade e a violência dos cães de raça pittbull.

4 comentários:

Anônimo disse...

Uma cidade é onde acontece trocas.
Fica cada vez melhor, quanto mais trocas proporcionar.
Troca de todos os tipos: econômicas, comerciais, intelectuais, sociais, entre classes e raças, religiosas, esportivas, culturais.
Quanto mais tipos de trocas uma cidade permitir, melhor será.
A filha do desembargador namorar o filho do açougueiro é supimba, para uma cidade. O filho do japonês casar com a filha do italiano. O negro com a branca, ou vice-versa... e por aí vai.
Criar filhos em condomínio de luxo e alta segurança é retirá-los das trocas, viverão entre iguais e seja o que deus quiser!

Yúdice Andrade disse...

Condomínios fechados estão associados a idéias de conforto e segurança. Ponto. Mas basta lembrar os motivos de seu surgimento e se verá que partem da premissa de que as pessoas podem ser felizes se encastelando, afastando-se fisicamente dos problemas e se mantendo o maior tempo possível entre os seus pares. O problema é que a esmagadora maioria das atividades fica do lado de fora.
Notem que o assunto veio à tona, agora, devido a problemas internos. São os próprios habitantes dos condomínios a causa de irritação. O lado bom disso é que tais comunidades precisarão olhar para si mesmas para procurar uma forma de conviver bem.

Anônimo disse...

Quem não aprende trocar, não aprende negociar, só aprende tomar.

Carlos Barretto  disse...

Este post marca o excelente retorno de oliver.
Em boa forma!