sábado, 1 de maio de 2010

Mais do mesmo (ou A necessidade de um bom exemplo)

Lula esteve na capital paulista, hoje, no Memorial da América Latina, para participar das comemorações pelo Dia do Trabalho, organizadas pelas grandes centrais sindicais brasileiras. Nada mais previsível para um homem que fez carreira no sindicalismo e ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores, certo?
Errado. Para minha surpresa, esta foi a primeira vez que Lula participou de um evento do gênero, após chegar à Presidência da República. Isso me parece contraditório com a sua carreira e o seu discurso, além de me levar à inevitável conclusão de que, se em 2010 valia a pena comparecer, um bom motivo havia. E esse bom motivo estava ao lado do presidente e atende pelo nome de Dilma Rousseff.
A certa altura de seu discurso, Lula afirmou que quem quer que o substitua na presidência precisa ter a consciência de fazer mais do que ele fez. A frase foi imediatamente seguida de um sonoro "E vocês sabem quem em quero".
Propaganda eleitoral descarada, suportada com recursos públicos. Tanto os que foram gastos para a viagem, quanto, em parte, pelo parcial financiamento da festança, que envolveu patrocínio de empresas públicas.
Quero deixar claro que votei em Lula, para presidente, por três vezes. Plenamente consciente. Fracassei a primeira vez, mas tive sucesso na segunda. Naquele momento, até lagrimei na frente da TV, vendo o cara assinar o termo de posse. Estava repleto de grandes esperanças, que foram frustradas e fraudadas ao longo dos anos. Mesmo assim, votei nele de novo, para reelegê-lo e, com isso, afastar a ameaça detestável do retorno do PSDB ao poder. Mas depositei esse voto com raiva no coração. E meus motivos de comemoração são muito menores do que eu gostaria.
Assim exposta a minha opção pela esquerda - cunhada ao longo de anos de estudo e observação da realidade - e a minha frustração, manifesto o meu desejo de que aquela duplinha ordinária - PSDB-DEM - ingresse mesmo perante o TSE com uma reclamação contra Lula, por abuso do poder político. E espero que a medida seja bem sucedida, impondo-se ao nosso presidente uma exemplar punição.
Digo-o porque preciso ser coerente. Eu maldisse tudo o que o PSDB e seus incontáveis asseclas fizeram em nosso Estado durante os 12 anos de reinado tucano, usando descaradamente a máquina pública e sendo absolvidos por isso. Maldisse a reeleição do tal de Duciomar Costa, que dispensa apresentações, também por esse motivo, dentre outros. Então o mínimo que posso fazer é postular a punição de Lula, agora.
Porque se o TSE não punir o presidente, estará dizendo a todos os brasileiros que, neste país, o dono da chave do cofre sempre pode e continuará a poder, sempre, fazer o que bem entende. E isso afundará, cada vez mais, o pouco de democracia e de decência que resta a este país.

19 comentários:

Yúdice Andrade disse...

Caro Itajaí, sabia que haveria uma manifestação sua. Tentarei responder ao que me foi questionado.
1. Em primeiro lugar, houve abuso, sim, mas ao contrário de você, não consigo acreditar que haverá punição à altura.
2. A punição a que me referi é a que for prevista na legislação eleitoral vigente. Nem mais, nem menos. Imaginei uma multa e nem sequer entrei no mérito de crime eleitoral, que será alegado pela oposição. Uma boa multa já está bom.
3. Com efeito, a punição de Lula não terá o efeito pedagógico mencionado. Mas, com certeza absoluta, a não-punição terá um efeito concreto sobre as mentes de todos os que pretenderem abusar de seu poder político e econômico. Porque servirá de reforço à convicção geral de que a coisa pública é privada em favor de quem a detém transitoriamente, e de que aqui é uma esculhambação geral.
4. Eu não comparo Lula a nenhum dos indivíduos mencionados. Lula não se compara a nenhum deles. É infinitamente melhor. Até porque tenho por ele grande simpatia, ao passo que tenho aversão absoluta pelos demais. Mas a minha simpatia não me pode privar do reconhecimento de que seu governo tem fisiologismo, leniência com a corrupção, patrimonialismo e todos os vícios que criticamos nos outros. Eu abomino essas coisas. E as abominaria com Lula e até com a minha mãe presidente. Não vejo porque eu, pagando um valor inacreditável de imposto de renda e tendo que contratar todo tipo de serviço particular mesmo assim, deva ser condescendente com um governo que tributa de forma desumana e torra esse dinheiro com safadezas diversas.
5. A questão não é Dilma ser candidata do Lula. A questão é ele se prevalecer do cargo para fazer a companha dela. O fato de todos sabermos que ela é a candidata só torna o problema mais descarado.
6. A "tirada" sobre o dono do cofre é uma alusão ao tema abuso de poder econômico, que é um câncer real no sistema político brasileiro. Não se trata de um mero clichê. Apenas escrevi de modo mais popularesco, mas a legislação eleitoral prevê uma série de práticas que expressam esse tipo de abuso, tais como obras de última hora, repasses inesperados a Estados e Municípios, etc.
7. Jamais pretendi dizer que Lula seja dono do único cofre. Mas ele titulariza o mais cobiçado de todos, no país. E o que disse vale para ele e para todos os demais.
8. Concordamos, porém, que frustração maior seria o retorno do PSDB ao poder. Aliás, não apenas frustração, mas tragédia. Por isso, admito a possibilidade de votar em Dilma Rousseff. Votaria nela por ela mesma. Mas se o candidato a vice-presidente vier mesmo do PMDB, passarei a cogitar seriamente a possibilidade de, pela segunda vez em minha vida de eleitor, votar nulo.
9. Vou ler o texto de Emir Sader. Já fiz um texto sobre ele em meu blog, manifestando solidariedade quando foi condenado por crimes contra a honra do Senador Jorge Bornhausen. Àquela altura, nem sabia quem era Sader, apenas critiquei uma sentença que me pareceu abusiva. Tal postagem é, até hoje, a que mais rendeu comentários em meu blog. Hoje sei que Sader não é isento (e quem é?), por isso posso até concordar com ele, mas não necessariamente me deixaria convencer assim fácil. Afinal, como sempre digo, todo mundo tem o direito de defender suas ideias. Mas deve ter o cuidado de declarar, ostensivamente, as suas preferências, sem assumir um tom de imparcialidade.
Um abraço.

Itajaí disse...

Se houve abuso, haverá medida e responsabilização equivalente.
Mas a leitura do seu texto me deixou com algumas interrogações que não consegui responder.
A principal delas é sobre o que seria a punição exemplar para o Lula? Imagino que o caráter excepcional teria como objetivo trombetear ao país que doravante nenhum político se atreveria a fazer coisas bem muito piores do que dizer o que todos sabem nos quatro cantos desse país: Dilma Rousseff é candidata do Presidente Lula nas próximas eleições. A despeito do ululante (sem trocadilhos), eu duvido que o caráter extraordinário de tal punição derivasse alguma consequência prática que não fosse aquela de interesse do punido.
Outra questão que deixou-me mais pensativo foi ler que você nivela Lula ao patamar de Duciomar, Almir Gabriel, Jatene e outros que imagino tenham lhe escapado a memória. Eu e você sabemos que Lula e os citados são incomparáveis e imiscíveis. E olha que eu deixei de fora o legado político e social de cada um deles, porque aí a situação ficaria ainda mais incomparável e mais ainda imiscível!
Por último você encerrou com aquela tirada que o presidente da República é o dono do cofre. Como assim? Há vários donos de cofre! Isto aqui não é uma republiqueta de bananas, nem um sultanato com eunucos e haréns. Basta que somenos os saldos dos cofres públicos no estados do Sul e Sudeste, e teremos uma grana razoável que é superior ao PIB de muito país latino-americano.
Eu termino dizendo que eu reconheço sua preocupação jurídica, mas o argumento deixou-me abichornado como em tais situações costuma dizer um dileto amigo paraense, descendente de portugueses. E quanto a frustração da esperança, tenho certeza que ela é bem menor do que seria caso tivessemos seguido o projeto neoliberal do PSDB. Nesse sentido, Emir Sader publicou agora há pouco um texto bem esclarecedor sobre o assunto. Se tiver ânimo para ler um pouco mais neste final de semana, está aqui em
http://bcm2008.mktsender.net/ver_mensagem.php?id=H|4|39515|127276063791160000 .
Um grande abraço,

Itajaí disse...

Prezado,
Agradeço a sua paciência e o cuidado de responder as minhas dúvidas.
Quanto ao seu último parágrafo temos absoluto acordo, e, por certo, este blogue e a clareza deste nosso diálogo não o desmerecem.
Abs.

Frederico Guerreiro disse...

Prezadíssimo Yúdice, muito boa sua reflexão, embora faça você parte de uma absoluta minoria que vota consciente. Suas preferências político-partidárias são absolutamente legítimas, processo que adveio do conhecimento adquirido com muita leitura e estudos. Você fez sua própria leitura da história e fez sua escolha. Infelizmente, a grande maioria não faz assim, é apenas o que a maré pode levar. E a prática petista nada mais é que conduzir a maré com propostas mentirosas, mirabolantes, ideológicas, muitas vezes valendo-se da incapacidade de avaliação da massa de eleitores brasileiros e de técnicas de marketing, ou seja, técnicas de enganar e persuadir.
É perigoso votar apenas com base na aparência simpática de um candidato ou na antipatia. Corro o risco neste último caso. E me dei mal com Duciomar, embora acredite que não teria sido diferente - talvez até muito pior - caso o membro da gangue chegasse ao poder. Ou seja, eu não votei em Duciomar, mas contra seu adversário. Prefiro um imbecil a um ladrão.
Concordo com você em quase tudo em relação a Lula, mas vejo que estamos em lados opostos da mesma moeda, com uma pequena diferença: não tenho partido. Acredito que o mau-caratismo de nossos políticos não tem sigla. Mas nunca anulei meu voto, como você sabe, a dissimulação petista e respectivo desvio de personalidade, além da pouca visão administrativa, nunca me permitiram que assim o fizesse; sempre acabam me colocando na oposição.
O fenômeno Lula, no meu modo de avaliar, é apenas uma consequência do estágio atual da estabilidade econômica e expansão do crédito. No resto, faz tudo pior que os antecessores, e sem descer do palanque durante seus dois mandatos. Sua gestão populista foi um dos fatores que lhe possibilitou aumentar impostos, a carga do Estado sobre a economia, o aumento dos gastos públicos, e ainda dar pouca importância à reforma tributária, previdenciária, política, dentre muitas outras.
Repito aqui o que já havia comentado sobre uma postagem de O Intimorato.
Penso que, no aspecto econômico, o governo Lula beneficiou-se de uma conjuntura econômica de extrema expansão do crédito, o que se revela em crescimento econômico mas que não significa necessariamente desenvolvimento. Constata-se isso pela permanência de um Estado ineficiente no plano social, com deficiências crônicas em setores básicos como a educação, o transporte, a infraestrutura portuária, a saúde e a segurança pública. E o pior: com a mentira como recurso de manutenção de populismo de Lula, tal qual Chaves ou Morales.
Se o forte da administração Lula foi a estabilidade da moeda, diante da expansão dos mercados e crédito não vejo como possa ser atribuído exclusivamente ao presidente o bom desempenho econômico do País, ou que ele seja melhor que seus antecessores, a não ser pela manutenção de uma política de austeridade iniciada em governos passados e pela atuação da iniciativa privada.
(cont.)

Frederico Guerreiro disse...

Ocorre que o neoliberalismo proporciona ao país um "caminhar" quase que por si só, bastando que seus governantes não atrapalhem e não falem muitas bobagens que gerem desconfiança no mercado.
Lula recebeu um país sem o monstro da inflação, o que permitiu o planejamento para a consolidação da estabilidade necessária a aplicação de políticas voltadas ao plano social. Entretanto, perdeu ele a oportunidade de usar sua força política para reformas importantes como a da previdência e tributária, talvez condições únicas na história de colocar o país definitivamente em posição de destaque no cenário econômico e social mundial, mais do que está. Sua força política decorre de um fenômeno de distinção entre governante e governo, ainda mais se se considerar que do discurso à prática o governo petista diz uma coisa e faz outra. Vê-se que as crises em diversos setores pertinentes ao Estado jamais são atribuídas à atuação do presidente, como fora em governos passados, e como geralmente é. Lembremo-nos de que Collor caiu por muito menos.
Tem-se, pois, o fenômeno da popularidade política de Lula quase que totalmente dissociada de seu governo. Em outras palavras, Lula é o presidente, mas seu governo é algo à parte. Em virtude disso, utilizou-se da máquina pública para garantir capital político-eleitoral através da distribuição de cargos a apaniguados, inflacionou perigosamente o orçamento público, financiou as invasões de terra para não sofrer represálias e agora usa essa mesma máquina para promover sua candidata, em evidente campanha eleitoral, desleal, em desigualdade de armas, prática que tanto combateu em tempos passados.
Lula é tão pior quanto os outros nesse sentido e não passa de um mito construído pelo povo à imagem do governante preconizado por Maquiavel.
"Quando os ricos percebem que não podem resistir à pressão da massa, unem-se, prestigiando um dos seus e fazendo-o príncipe, de modo a poder perseguir seus propósitos à sombra da autoridade soberana. O povo por outro lado, quando não pode resistir aos ricos, procura exaltar e criar um príncipe dentre os seus que o proteja com sua autoridade."
O mérito político de Lula foi conseguir reunir os dois interesses. Nada além disso.
Tomando cuidado com as generalizações, quase todo governante age dessa forma.
Para finalizar, tomo espréstimo de sua brilhante conclusão: "A questão não é Dilma ser candidata do Lula. A questão é ele se prevalecer do cargo para fazer a companha dela". Irretocável.
Forte abraço

Itajaí disse...

Yúdice, eu sei que domingo é dia de criança no parque e deves estar decerto ocupado com a princezinha. Daí porque moderei os comentários do Guerreiro, publicando-os. Esse debate promete.

Anônimo disse...

Eu vou economizar nas palavras: como seria possível discordar das opiniões expostas aqui pelo Yúdice?

Acredito que fazer isso é desonestidade intelectual.

Itajaí disse...

Até as maiores verdades (enquanto tal) são debatíveis, Fonseca. Honestamente não devemos ter medo de fazê-lo, nem desestimular que o façam. Este é o princípio democrático.

Yúdice Andrade disse...

Fred, preciso destacar que a tática de explorar a fragilidade educacional do eleitor brasileiro não é "petista", e sim generalizada, desde que este país instituiu o modelo de democracia representativa. Vale a pena ver "O bem amado", breve nos cinemas, para se ter uma noção, lúdica porém real, de como isso funciona.
Quanto a Duciomar Costa, penso que ele seja as duas coisas, por isso que o resultado foi pior do que pensavas.
Concordo que Lula acabou muito beneficiado pela conjuntura econômica mais favorável, para o Brasil, do que no passado, sobretudo porque esse é o aspecto que as pessoas tendem a levar mais em consideração. Entretanto, não posso concordar que ele faz tudo pior do que seus predecessores. Isso não é verdade. E não vou falar das bolsas isso e aquilo, mas de um assunto que me interessa de perto: educação. Enquanto FHC fez de tudo para enterrar as universidades públicas, inclusive instituindo a política de abrir uma vaga para concurso público a cada três professores que se aposentassem (um crime, do qual eu mesmo fui vítima quando acadêmico-estudante), Lula foi no sentido oposto: universidades federais foram criadas (inclusive uma no Pará, ora em fase de implantação); vagas foram ampliadas nas já existentes; novos procedimentos de ingresso foram criados, em substituição ao questionável vestibular, hoje considerado em fase terminal; foram realizados concursos públicos para um número enorme de vagas; houve investimentos na infraestrutura dos campi (o que pode ser visto na UFPA, apesar da orla desabando); muitos novos cursos foram abertos; novos sistemas de gestão foram criados, em combate aos modelos estatutários defasados e antidemocráticos; e o acesso foi ampliado através de medidas como o ProUni, que já nos rendeu alunos interessadíssimos, inteligentes e capazes, mas que nunca poderiam suportar uma mensalidade, de que posso dar testemunho pessoal. Por isso, faço a defesa de aspectos do governo Lula.
No mais, para mim há um elemento histórico que não pode ser negado: mesmo que o Lula de hoje não seja o mesmo do passado, a eleição de um ex-trabalhador e sindicalista é um enorme avanço para este país atolado no elitismo - econômico, intelectual e social, baseado até mesmo em sobrenomes e origens regionais. Esse mérito ninguém pode tirar do iletrado presidente.

Yúdice Andrade disse...

Quero deixar claro, caríssimo Antônio, que não vislumbro o menor traço de desonestidade intelectual em nosso colega Itajaí, cujos pontos de vista altamente à esquerda, em geral, são os mesmos meus. Pelo contrário. Estou convicto de que tenho muito a aprender com sua enorme cultura e sensibilidade e, por isso mesmo, lamento que só tenhamos nos encontrado uma única vez. Mas, para isso, sempre pode haver um novo "Flanar Encontro".

Carlos Barretto  disse...

Eu também acho que discutir é deixar abertas a portas para o contraditório. Como o Yúdice fez.
Agora, Antonio, daí a entrar, assumir uma posição e "taxar" o restante de simplória "desonestidade intelectual", é demais, não?
Muito mais do que economia de palavras. Melhor não economizar, para evitar se nivelar aqueles que comparecem aos debates, como meros provocadores. Como se fossem os detentores de uma verdade da qual não estão de fato dispostos a debater.
Isso você normalmente não é. E escreve bastante.
Continue portanto, não economizando nas palavras. Assim pode surgir o elemento em sua argumentação que pode nos fazer discordar ou concordar mais visceralmente, digamos.
Abs

Esther disse...

Esqueça punição, se, como dizem as centrais, os dois candidatos foram convidados. Será que alguém esperava que os filiados da CUT e o povo de São Bernardo não soubessem quem é o candidato de Lula? Aliás, o presidente é filiado ao PT e Dilma é a candidata do PT.
O Presidente Lula ainda não havia ido à comemoração do 1º de maio porque não havia unidade entre as centrais. Hoje há uma forte unidade entre as centrais e um programa de luta único. Esse sempre foi o sonho de Lula e resulta do seu Governo. O novo patamar de desenvolvimento alcançado trouxe a possibilidade de pensar o longo prazo, condição indispensável para que os interesses diversos encontrem pontos de convergência e capacidade de planejar um futuro coletivo. Essa também é a razão para o apoio dos empresários e dos demais atores políticos. Capacidade de planejamento não se constrói apenas estabilizando a inflação. Planejamento é um ato político. Exige confiança entre os que planejam, horizontes largos e liderança. Esse, para mim, é o maior legado de Lula.
Mas há outros, que configuram rupturas históricas e exemplo para o mundo. Foram criados 12,2 milhões de postos formais de trabalho. Atenção: existem no país 40,8 milhões de empregos formais e Lula foi responsável por 30% deles. O poder de compra do salário mínimo cresceu 57% . Isso atinge diretamente 26 milhões de pessoas. Entre 2003 e 2008 24,1 milhões de pessoas saíram da pobreza. Esse ritmo de redução das desigualdades é inédito no mundo. Permitiu que o equivalente a meia França fosse incorporada a nova classe média. Mantido esse ritmo, em onze anos, o Brasil estará com indicadores de desigualdade semelhantes aos países da OCDE. Caso isso aconteça será um caso único no mundo. O PRONAF colocou R$48,9 bilhões nas mãos de agricultores familiares, quilombolas, assentados da Reforma Agrária, e outros excluídos que vivem no campo. Os Territórios da Cidadania aplicam cerca de R$20 bilhões nas regiões mais atrasadas. O Luz para todos está incluindo milhões de pessoas. O PROUNI já passa de meio milhão de estudantes.
Lula não traiu os trabalhadores, não traiu o povo e não traiu o Partido. O PT sempre acreditou que o maior desafio do Brasil era a pobreza. E transformou esse desafio em motor de expansão da economia ao criar um mercado de consumo de massas forte e amplo. Foi a distribuição de renda, ao estimular o mercado interno, que permitiu que o Brasil passasse a crescer acima de 5% ao ano e, ao Brasil, sofrer menos e sair ainda mais fortalecido da Crise Internacional.
• Não por outra razão, Lula é o líder mais respeitado e admirado no mundo. Os países que tem fome encontram no Brasil capacidade e tecnologia organizacional para enfrentar a exclusão. Os países que precisam de solidariedade internacional, como os da América Latina e do Oriente Médio, encontram aqui o discurso da paz e do respeito a autonomia dos povos. Aos que percebem a falência dos organismos multilaterais herdados do pós guerra e que são a face hegemônica dos EUA, encontram um líder para fazer do G20 e dos BRIC’s o ponto de equilíbrio na complexa governança mundial que emergiu da Crise. Aos que não sabem como enfrentar os desafios ambientais o Brasil responde com a sua matriz energética limpa, a mais limpa do mundo, graças ao seu programa de biocombustíveis, e com o seu plano para a mudança do clima e o seu compromisso de redução voluntária de emissões. É a realidade que sustenta a aprovação do Governo em mais 70%. O Brasil é exemplo pela sua capacidade única de construir políticas públicas equilibradas entre o econômico, o social e o ambiental .
Se alguém tem algum programa alternativo para o Brasil e exemplos de onde e quando ele foi implementado, por favor, exponha-o de forma consistente, para que possamos debater, em separado, a alegada infração da lei eleitoral e o programa e o sucesso do Governo do presidente Lula.

Anônimo disse...

Se o contraditório é verdadeiramente estimulado e aceito então qualquer opinião é válida. Desde que ela seja coerente. Mesmo que essa opinião vá de encontro com as nossas mais profundas convicções.

Caso contrário, não existe o interesse no debate, apenas a reafirmação permanente e peremptória de uma verdade individual.

Anônimo disse...

Sei que podem me apedreja por aquilo que eu vou dizer aqui, mas essa postura de "não é comigo" que por várias vezes vi o presidente Lula assumir no decorrer de seus dois mandantos realmente não condiz com a estatura de estadista que ele almeja que lhe atribuam.

Essa história de justificar ou amenizar seus atos falhos ou deslizes morais no exercício do poder (quem não os comete?) é especialmente nefasta quando existe por trás uma estratégia de apoio bem organizada e incondicional de alguns setores da sociedade. Isso nos remete diretamente ao fisiologismo político baixo e ao risco de um revisionismo histórico.

Mas faz lembrar das palavras do filósofo autríaco naturalizado britânico, Karl Popper:

"Quando somos forçados a escolher, devemos colocar a liberdade acima da igualdade; porque a ausência de liberdade necessariamente leva à forma mais grosseira de desigualdade e de injustiça: o despotismo"

São os riscos do flerte com o chamado Welfare State.

Anônimo disse...

Diferente do Yúdice, ainda não posso afirmar que votarei em branco ou que anularei o meu voto (sou mais pragmático, não acredito em santos na política).

Nem mesmo que por todo o exposto eu deixarei de votar na Dilma. Afinal o chuchu é dose.

Itajaí disse...

Antonio,
Aqui ninguém apedreja as pessoas que apresentem suas idéias com a cordialidade requerida. Ao contrário, para aqueles que chegam com a finalidade primeira de tumultuar e faltar com o respeito com os posters ou com os comentaristas. A esses afoitos e doidivanos nós, o octeto fantástico, temos unidade de pensamento na medida certa para mostrar a eles a porta da rua do Flanar. E sem alardes.
Eu gostaria muito de saber em que contexto Popper fez a citação que utilizaste. Até mesmo um confesso defensor do Welfare State - com quem perigosamente vivo, e com o qual jamais tive flirts - considera as posições filosóficas da direita pensante necessárias de serem conhecidas. Principalmente para fazer a crítica e, alguns casos, pontes necessárias.
Tenha um bom final de domingo.

Itajaí disse...

Enquanto isso vou aguardar que respondam a provocação do último parágrafo do Manta, pois vejo que é por aí que está a maior amplitude do debate.

Anônimo disse...

Não tenho a intenção de faltar com o respeito aos autores ou comentaristas do blog. Não é da minha verve. Estou apenas sendo sincero.

Kopper se dedicou ao estudo da filosofia da ciência mas também se destacou como um oponente implacável do totalitarismo. É nesse contexto que se aplica a citação.

Tanto a esquerda quanto a direita não estão livres de cometer equívocos e excessos em nome de uma "causa". A história está cheia de exemplos e mesmo sabendo disso, vejo pessoas ligadas ao presidente e o próprio presidente assumindo posturas repreensíveis e conflitantes com suas trajetórias. Mas o pior está sendo presenciar a postura que essa pessoas assumem quando confrontadas com uma realidade desconcertante e que não podem negar.

Sinceramente gostaria que fosse diferente, gostaria de sentir ao menos um pingo de orgulho dessa gente. Me desculpa, mas não dá.

Um ótimo final de domingo pra você também Itajaí.

Carlos Barretto  disse...

Acho que de minha parte, já me fiz entender. Perfeitamente. Há alguns anos. Pessoalmente.
Abs