segunda-feira, 21 de junho de 2010

Enquanto isso, em Pyongyang

Uma postagem sobre futebol publicada por mim??? Estranho...
Obviamente que não dou a mínima para os resultados da copa do mundo, mesmo que seja um 7 a 0, num evento que está sendo considerado morno pelos entusiastas do futebol. Como, entretanto, as pessoas ao meu redor me torturam com intermináveis resenhas a respeito, não pude deixar de tomar conhecimento de que a goleada acima ocorreu e foi dada por Portugal sobre a Coreia do Norte, este último um país não-democrático, sempre enredado em discussões com o restante do planeta, que envolvem inclusive questões nucleares.
Ouvi dizer, dia desses, que o governo militar da Coreia do Norte não permite a transmissão dos jogos da copa para o seu próprio país. Ou pelo menos não em tempo real. Talvez eles tenham informado a
população sobre a derrota para a seleção brasileira - o que, reza a lenda, não seria nenhuma vergonha, já que se trata de uma das favoritas e a vitória foi por apenas um gol de diferença, sendo que os coreanos chegaram a marcar!
Talvez esse jogo tenha sido, senão transmitido, ao menos alvo de alguma reportagem convenientemente editada.
Mas o que fazer com um 7 x 0, que a imprensa, sempre ufanista, está classificando como "massacre" e "humilhação", entre outros termos, que até para mim soam como adequados?
Enquanto muitos governos, inclusive o nosso, usam o futebol para inebriar o povo e fazê-lo pensar que a vida está melhor do que realmente está, o da Coreia do Norte cerceia o direito de seu povo de acompanhar o mundial, por causa da ideologia. Creio que a ideologia seja um dos maiores problemas de uma ditadura. Deve ser muito cansativo dormir e acordar tendo que vender uma imagem de fachada. E, nesse caso, se a intenção era mostrar coreanos enfrentando de igual para igual os vermes do Ocidente, pelo visto o tiro saiu pela culatra.
Honestamente, eu me preocupo com os jogadores coreanos. Que futuro os aguarda na volta ao lar? Não apenas desclassificados, mas ridicularizados - e, o que é pior: um ridículo esperado -, diante de uma ditadura que perdeu, através dele, a oportunidade de mostrar a sua pretensa superioridade. E ainda considerando que os orientais hipervalorizam questões morais ligadas a tradições, família e concepções de honra, temo que haja retaliações concretas contra esses rapazes e seus familiares. Retaliações de que o mundo não terá total clareza, já que as informações são controladas.
Pobre Coreia do Norte. Mas, naturalmente, não por causa do futebol.

Acréscimo em 22.6.2010:
Com supresa, tomo conhecimento de que o jogo foi transmitido ao vivo. Do jeito deles, mas foi.

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