terça-feira, 29 de junho de 2010

Para a família

O conhecido american way of life se baseia em noções artificiais e quantitativas de sucesso, calcadas nos ganhos materiais que o indivíduo poderia ter. Assim pautando suas existências, acostumaram-se a glorificar a opulência e seus sinais exteriores, p. ex. os carros. Americanos amam carros enormes, robustos, potentes e beberrões. Como tinham dinheiro para gastar, esbanjavam, sem quaisquer preocupações com o meio ambiente e outras, igualmente relevantes. Mas o mundo mudou e as novas injunções da macroeconomia os obrigou a repensar certos hábitos. Os carrões, nos quais cabiam a família inteira e mais alguns amigos, estão sendo substituídos por veículos menores e mais econômicos.
Aqui no Brasil, claro, a realidade é bem diferente. O alívio foi a chegada dos chamados carros populares, no começo da década de 1990, que tornaram mais acessível ao assalariado ter um carrinho na garagem, com seus cinco lugares mais ou menos apertados.
A evolução da indústria automobilística do ou no Brasil merece um olhar, por vários aspectos interessantes, desde os econômicos até os tecnológicos e culturais. Sim, culturais, porque a relação dos brasileiros com automóveis é muito mais emocional do que racional e envolve tendências, desejos, disponibilidades. Há mais ou menos vinte anos, os veículos de quatro (ou cinco) portas retornaram e dominaram o mercado. Duas portas (ou três), atualmente, só por limitações econômicas, uso estritamente comercial ou peculiaridades esportivas do projeto.
Hoje, p. ex., o motor flex é uma imposição, mesmo em boa parte dos Estados brasileiros, onde o álcool não é vantajoso. De dois anos para cá, mais ou menos, a bola da vez passou a ser o câmbio automático. Antes símbolo de luxo, hoje pode ser encontrado em modelos mais em conta, com excelente nível de tecnologia e confiabilidade.
Outra mudança que deve se instalar no Brasil - e era dela que realmente pretendia falar - são os veículos de sete lugares. Não se trata de mero gosto, mas em alguns casos de necessidade, considerando a obrigatoriedade do uso de equipamento de retenção infantil (a cadeirinha), que já deveria estar em vigor desde o último dia 9, mas que foi adiada para 1º de setembro. Seja como for, em breve, transportar crianças pequenas fora da cadeirinha, ou crianças maiores fora do assento elevatório, implicará em multas. E com ou sem multa, já é um risco. Para famílias maiores, os sete lugares podem ser cruciais. O problema é o custo. Veja aí alguns modelos importados:
O robusto crossover Dodge Journey, que eu teria fácil, se dispusesse de 99.900 reais (versão SXT) ou de 107.900 (versão RT), de acordo com os preços informados no site da Dodge do Brasil.



A elegante e sofisticada minivan C4 Grand Picasso, da Citroën, com preço superior a 91.000 reais.


E a anunciada minivan Mazda5, em breve disponível no mercado e, portanto, ainda sem preço definido.



No Brasil, temos alguns honrosos representantes nessa categoria.
Posso citar o Fiat Dobló, recentemente reestilizado para ficar menos feiosinho. Eis aí ao lado uma imagem da configuração plena, no modelo anterior, que segundo consta tornava crítica a visibilidade traseira do condutor.Versátil, ele tanto pode funcionar como um furgãozinho como pode ganhar os dois assentos adicionais e transportar mais pessoas. Neste caso, o preço no site começa em 51.990 reais, sendo portanto a opção mais em conta na indústria brasileira.
Outro representante clássico é o Chevrolet Zafira, que mesmo na versão de entrada disponibiliza a terceira fila de assentos, por um preço a partir de 63.614 reais.
Há menos de um ano, a Nissan, já consolidada no mercado de picapes graças à Frontier, decidiu abocanhar uma parcela do mercado de carros de passeio lançando a família de minivans Livina, que oferece a Grand Livina, a partir de 58.890 reais, segundo o site.
Presumo que cada vez mais modelos serão oferecidos com a configuração de sete lugares. Só espero que isso se faça acompanhar de uma redução nos preços, sem prejuízo da qualidade.
Sim, é interesse pessoal.

6 comentários:

Itajaí disse...

Minha mulher tem uma prima que é mãe de uma prole com tamanho bem acima dos padrões habituais. Tem pelo menos uns 10 filhos, e por isso o carro dela tem de ser tipo van. Um dia o guarda de trânsito parou-a em São Paulo e exigiu que ela apresentasse a licença de transporte escolar. Foi um custo ela convencer o guarda que o carro era particular e as crianças transportadas eram os filhos e filhas dela! Rsrsrsrs.

Yúdice Andrade disse...

Imagino a cena, Itajaí. Mas 10 filhos, hoje em dia, é mesmo difícil de crer. E como sabemos que os espertos inventam qualquer desculpa para justificar suas paradas, não me surpreende a reserva do guarda.
Enfim, com um caso desses, só com uma van, mesmo. Abraço.

Itajaí disse...

É um caso especial, motivado por convicções religiosas. Mas, de fato ela passou um aperto com o guarda.

Marcelo disse...

Já deu pra notar que carros do tipo Minivan ou similares com até 7 lugares é um objeto do desejo de alguns! Bom, que é um pensamento do tipo coletivo, lá isso é !

Yúdice Andrade disse...

Não sei se é um pensamento coletivo, Marcelo, mas para muitos é uma necessidade.

Scylla Lage Neto disse...

Yúdice, tive oportunidade de fazer um test-drive numa Journey por 2 dias e não gostei muito.
O interior tem muito plástico e o nível de ruído interno é considerável.
A boa notícia é que a versão de entrada agora passou para 86 mil.
Na C4 Picasso o nível de acabamento é bem superior. Só não tente vendê-la como usada - é missão impossível.
Dobló e Zafira são projetos do século passado e a Livina, bem, sem comentários.
Eu esperaria a Mazda.
Um abraço.