domingo, 21 de abril de 2013

Tomada

Se foi de um sonho ou de um pesadelo... ?qué sé yo?. Apenas se despertou em sua solidão bêbada e transeunte já em um bar-espetáculo. Um círculo de luzes coloridas acima, vermelhas, azuis, verdes, brancas... Um círculo de gente florescente ao lado do sofá. Estava só até dormir. Ao despertar, estava tomada também de um frescor aprazível de outono, de uma acolhida com um copo torpe de um vinho qualquer. Integrou-se e se deu. Personagens que não sabia ao certo se os traria ao seu cotidiano. Mas aquele era seu cotidiano e queria vivê-lo. Histórias. Métricas. Formas. Uma parte deles saiu a cantar. Eram três. Casais tomaram a pista. Chacarera.

Estava só, mas a força da dança lhe colocava indomável. Seguiu com ela, nos seus desenhos raros para o público; nos seus movimentos estranhos para uma platéia a aguardar passos milimetricamente ensaiados para duos.

Quando a música se foi, veio o devaneio. Num suspiro e já estava com a dança no meio do salão, a ser expiada por bocas entreabertas, que estavam numa suave escuridão. Num suspiro, e ouvia elogios de terceiros, sem moléstias. Num suspiro, escutava os sussurros de quem urrava com seu próprio toque em seu corpo, numa sensualidade sem erotismo banal. Num suspiro, estava ali no palco uma taça de vinho que, do chão, agarrou-o e o sorveu até a última gota. Um pouco mais e uma cadeira se exibe ao seu lado e lhe beija as mãos, num convite irrecusável. Ainda tomada, agarra o chapéu que desponta aos seus pés, a pedir-lhe misericórdia. É seu golpe final.

La Catedral. Hasta pronto!

2 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Em....."outras palavras sou muito romântico"; mas, nas minhas palavras: eu consigo entender a sua lógica.Uma personagem feminina, digamos: em Buenos Aires? Bj.

Erika Morhy disse...

Como esto, muchacha! Besos, Marise. Muchos de ellos a vos.