terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Vergonha que não é alheia, é nossa! II

Do jornal Metro (edição belga em francês, de hoje 10/12/20013) que me arrisco a traduzir. 

Viajar ao Brasil durante o Mundial? Boa sorte!
Rio de Janeiro - Viajar em pleno Mundial ao Brasil corre o perigo de se tornar um calvário. Sobretudo para os "gringos" do mundo inteiro não-iniciados nas engraçadas sutilezas du transporte aéreo local.

Viajar ao Brasil não é coisa pouca. Ao sol, as estradas são arruinadas, muitas vezes em mau estado. Os trens não existem. As grandes cidades ficam rapidamente engarrafadas, consquência da falta de metrôs e da entrada em circulação de 10 mil novos carros por dia em todo o país. E não há, de verdade,  alternativa razoável ao avião para atravessar este país continente, de 200 milhões de habitantes, com aeroportos  muitas vezes obsoletos, saturados, e faltando ligações aéreas domésticas. O Brasil deverá, portanto, receber 600 mil torcedores estrangeiros durante a Copa (de 12 de junho à 13 de julho).
Um torcedor do Brasill que queira seguir a Seleção durante a fase do grupo (NT: primeira fase) não vai melhorar seu balanço (de emissão) de carbono; após a partida de abertura em São Paulo (Sudeste), ele deve voar para Fortaleza (Nordeste) a 2.370 km de distância, depois seguirá para Brasília (Centro-Oeste), a 1.700 km. Ele pode sempre optar pelo ônibus. Mas, cada viagem vai demorar, no mínimo, 24 horas. É a realidade do Brasil, um país 17 vezes maior que a Espanha. E amarrado às particularidades locais. O torcedor alemão ou japonês não pode imaginar, por exemplo, que vai poder comprar um vaga num voo doméstico pela internet com seu cartão de crédito. Pois, no momento de clicar o último quadradinho, o site da companhia aérea brasileira vai exigir  obstinadamente um número de identificação fiscal, o CPF, que só os residentes (no Brasil) são portadores.. Sem CPF, nada de ticket eletrônico. E ainda com o risco de descobrir que os voos estão lotados ou que eles custam o preço de uma ida e volta para Paris ou Miami!
O governo tenta negociar, com as companhias aéreas domésticas, um aumento de seus voos diários durante o Mundial e a implantação de novas ligações à preços acessíveis. Depois do sorteio dos grupos do Mundial na sexta, "a oferta de voos será revista", com preços mais baixos, promete um porta-voz da Associação Brasileiras de Companhias Aéreas (ABEA). A ABEA garante que as companhias brasileiras "tem a capacidade" de atender a alta demanda durante o Mundial. E julga que "não é viável", por razões de custos, a idéia de permitir as companhias aéreas estrangeiras de garantir os voos domésticos durante o Mundial.
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Recife, sua praia, suas crateras
Recife - As seleções que jogarão no Recife e seus torcedores devem rezar para que sejam melhores as condições do trajeto que liga a cidade litorânea ao estádio. Durante a Copa das Confederações, a Espanha e o Uruguai sofreram um martírio: duas horas para percorrer 30 km cheios de crateras (NT: a expressão usada em francês é nids d'elephant, algo como um ninho de elefante, uma cratera tão grande que pode ser comparado a uma cama de elefante) inundadas pela chuva torrencial, em meio à assombrosos engarrafamentos. Inquietante, então, porque  a Copa das Confederações, normalmente, serve de ensaio antes do Mundial. Até agora, a situação continua críticas. "O Brasil perdeu a oportunidade de repensar a infraestrutura das suas grandes cidades", analisa Chris Gaffney, um urbanista americano que estuda o impacto dos grande eventos esportivos.

Um comentário:

Cléoson Barreto disse...

Olá!
E o mais dolorido disso tudo é que não consigo discordar da matéria. Viajar pelo Brasil fora de um evento grande, como a copa do mundo de futebol, já não é fácil, imagina durante a copa. Então, para os que se aventurarem, boa sorte!
Um abraço.