sexta-feira, 17 de abril de 2020

Uma lágrima por Espinosa (Por Corisco)

      Estava num Rio estranho, numa Copacabana diferente, onde as águas  estavam longe e as pedras do calçamento não se faziam em ondas, como o mar.
      Esse Rio era uma Copacabana em forma de praça, uma linda pracinha num aprazível bairro, quase autônomo, chamado Peixoto, onde crianças brincavam sob o olhar atento de mães e babás, todos protegidos por prédios baixos ao derredor.
       Meus olhos estavam encantados com a paisagem bucólica que eu não imaginava encontrar. Havia uma certa paz e um ar de coisa do interior que fazia minh'alma vagar de um canto ao outro atenta a esse encantamento que me tomava.
       Num esforço retomei a consciência do motivo que me levera até lá. Procurava por Espinosa, o herói policial de Alfredo Garcia-Roza. Onde moraria? Em qual dos prédios? Estaria me olhando semi escondido pela janela, ou à  sombra de alguma árvore que enfeitava o lugar? E assim deixei o tempo me ocupar num ir e vir infinito.
       Desisti de encontrá-lo ali e fui à Galeria Menescal tentar a sorte na Baalbek onde ele poderia estar investigando uma esfirra. 
Perguntei por ele e fui informado que talvez o encontrasse no Pavão Azul.
       Lá me deportaram pra 12a DP, logo em frente. Não estava. O dia já estava se entregando à  noite e nada de Espinosa. 
       A sorte me ajudou e Welber apareceu entre o cansado e o espantado. Ele sugeriu que não buscasse por Espinosa, esse tinha ido ao funeral de seu mentor, Garcia-Roza e iria sumir.
       Pasmado e impactado, sob "O Silêncio da Chuva" e o "Céu de Origamis", vaguei como um "Fantasma" até que um "Vento Sudoeste" soprou como se atravessasse "Uma janela em Copacabana", me devolvendo o prumo e me empurrando rumo ao táxi de Berenice. 
       Assim pude chegar à Trattoria. Entrei.Havia tristeza nos olhos dos atendentes. Pedi um vinho tinto e, sem disfarces, deixei cair uma lágrima por Espinosa.

Corisco

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