segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Arrumem os discos!

Outro dia, por algum motivo que me escapou da memória (certamente não por acaso), lembrei de quando eu e meu irmão, molecotes, recebíamos uma ordem da nossa mãe, após as festas de famílias que ela e meu pai gostavam de organizar em casa. A ordem, em si, já me remete a um irritante momento que logo também se transformava em baderna ou peleja com meu irmão, um ano mais velho que eu. E cínico que só ele. Meu pai não abria mão de ser o DJ da festa. Aquela vitrola era seu espaço de celebração e compartilhamento de felicidade. Detalhe ou não, ele gostava de beber e, aos poucos, cada vez mais, as bolachas ficam a meio caminho. Tocava umas duas ou três músicas e logo o papo com a família e amigos lhe remetia a necessidade de colocar um outro BG. O tema era que o disco nunca voltava para o saquinho plástico e sua respectiva capa. E assim iam se amontoando os discos. Cansada de pedir o mesmo de sempre ao marido dela, minha mãe partia para outro repetitivo pedido, para os filhos, no dia seguinte ou no fim da festa: Murilo e Erika, arrumem os discos!

Era bacana ver a alegria do papai durante a festa. Haja histórias pra contar. Músicas pra tocar na vitrola ou, o amigo, no violão. Claro, aquela ressaca braba era sagrada.

Até hoje temos a vitrola em casa. Temos discos, que agora pouco escutamos. E minha mãe tratou de separar os que considera seus mais preciosos... para que toquemos em seu velório! Sim, ela os indicou alguns anos depois, a mim e a meu irmão.

[silêncio desolador e sintomático]
#FelizDiaDosPais

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