Assim me apresento, eu sou...
"No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem
às vezes me pinto árvore...”
Mario Quintana
Em 2007 escrevi “O fio de história entre Osvaldão e Che Guevara” logo após ter publicado o livro "Traumatismo Torácico: visão geral e especializada" (EDUFPA) lançado em Belo Horizinte/Belém. A obra de mais de 500 páginas foi divulgada por este blog e, em seguida fui convidado pelo Carlos Barreto a articular para o FLANAR. Amarelei, confesso. Não me achava preparado para esse modelo de publicação, mas guardei aquele convite e o post no bolso sem me desatarraxar deste Blog. Tipo assim: fã, mesmo. Assim começõu minha história com esse blog. Depois outros textos foram publicados (dezoito, segundo o Barreto - tomei até um susto) com repercussão assaz instigadora. Lentamente fui entendendo o papel da blogolândia na blogosfera e me afeiçoando ao estilo, à forma, ao trejeito. Novo convite ressurgiu: “desamarelei”. Agora junto-me ao Scylla Lage, parceiro de bloco (cirúrgico) e agora de blog, e aos demais virtuais e virtuosos articulistas que acabaram de me saudar, com a alcunha flaneur paidégua e brinde com Amy.
Para mim tudo isso é graça e peço licença, “incelenças”, para aferir que não me preparei para escrever em Blogs, tampouco para jornalismo. Se hoje sou convidado, só posso me ajoelhar para rezar e juramentar com palavras escritas, mas não me livro de dizer que sou aprendiz. Eu, de fato, mesmo, preparei-me, sim, para seguir fundamentos de ser “dotô cirurgião de peito" e apenas escritor de histórias clínicas - não mais; ou ainda, mais que escrevê-las, interpretá-las para chegar a um diagnóstico pontual e definir um tratamento adequado à minha mão. Nesse tempo todo, 25 anos diria, não fiz mais que isso.
Mas como me esquivar de um convite para abordar outros mundos, se paixão tenho por fronteiras? Seria falaciosa, confesso, essa desfeita, sabendo que pensar e escrever são verbos híbridos conjugados num tempo comum. Portanto, venho primeiro dizer que mais me sinto é aluno com carteirinha de meia passagem. Prosear com todos me dará sustância, diria o jagunço Riobaldo Tartarana, para refletir e arguir. No máximo trago no alforje de aprendiz, como dissera, uma camiseta estampada do Che, um livro do Guimarães Rosa e a convivência com a cirurgia no sentido de campo de exercício profissional, pesquisa e docência (UFPA); convivência com figuras empenhadas em organizar conclaves e elevar a medicina aos píncaros do norte verde-amarelo ostentado em seus lábaros estrelados; convivência com figuras ligadas a paradigmas, seja o de sustentar os clássicos conceitos como pilares da história carimbada, ou de romper os mais frágeis que ainda insistem permanecer na corda bamba de sombrinha. Isso tudo me faz versejar em prosa e assim brota a cuíra para pensar e escrever.
Assim me apresento, eu sou...
30 comentários:
Kkkkkkkk
Com todo o respeito, amigo.
Desencana e manda ver.
Abs fortes e bem vindo ao blog
E a trilha sonora só pode ser esta:
"Please allow me to introduce myself,
I'm a man of wealth and taste...
Pleased to meet you, hope you guess my name..."
Abs.
Égua Scylla! Essa trilha sonora e' perfeita para este moment. Imaginei "na hora" a sonoplastia com o texto do novo Flaneur.
E é mesmo, desencana, e manda ver. Alias, o dotô já começou cheio de prosa. Hehehe
Bacana a sua apresentação Roger.
Meus caros, mando uma "prosa" do Oscar Wilde para que funcione como refrão da trilha sonora proposta pelo Scylla: "A sensação mais agradável do mundo é fazer uma boa ação anonimamente e ela ser descoberta". Falta apenas traduzir. Quem manda ver?
Obrigado, Marise! Aliás, tenho uma admiração pelas suas "tabelinhas" (palavra cuja origem está no futebolês) com a realidade política de nossa aldeia.
Bom Roger, eu diria que essa ação anônima que o Oscar Wilde está descrevendo é aquela que está em relação com o ser alguém na dimensão do bem, não propriamente ser bom, mas realizar uma ação que ao ser descoberta revela algo que em nós é valioso, e o fato de sermos anônimos muitas vezes retira, à luz dos outros, aquilo que somos de verdadeiramente íntegros e reais. É uma bela inflexão, esta do Oscar Wilde.
Roger e Marise, vocês estão na reunião do Santo Daime?
Rsssss.
Scylla ainda não participei de nenhuma, mas tenho vontade; rsrsrsrs
AHAHAHAHAHAHAHAH!
Pois é Scylla. Parece aquela lígua "klingon" de Star Trek.
Mas Santo Daime?
Eu queeeeeroooo!
Kkkkkkk
Santo, dai-me distância... Prefiro a euforia com as palavras ou uma tabelinha com vocês.
Ai, gente, já nem sei mais onde me incluo. DEmorei tanto a pegar este trem das onze que acabei de besta no salão.
Sejam todos bem vindos às loucuras nossas de cada dia. Amém!
De prosa para poema, eis a resposta
..."se paixão tenho por fronteiras"
diz o escriba do norte, douto senhor
é pela razão dele sabe existir
para além delas raiz, folha e flor
ou para ser mais exato: vegetação
espalhada a muitos mãos cheias
conheceres e emoções, em resumo:
transversos saberes sem peias
profetizando o óbvio que ulula
ousadamente anuncio o que há de vir
em meios aos substanciosos textos
com seu verbo-erva a reconstituir
e a fazer diretas incisões nas palavras
que paridas em meio ao filosofar
darão conta, mui serenamente,
das arguições, do questionar
o seguiremos, pois, em sua lide
de tecedor de prosa e sentido
acreditando em sua verve
e desde já agradecido...
Abraços do Abel, das bandas ocidentais da Amazônia
Bem vindo, Roger! Mas este papo está nas estratosferas mesmo, rsrs.
Agora digo como o Edvan, ainda prefiro o post impagavel (e a conversa que se seguiu) sobre o fusca azul-calcinha... rsrsrs
A Marise tem essa propriedade, de elevar o pensamento ao topo, à estratosfera, como disseste, Raul. Ela chama de inflexão, eu, de reflexão. Ela provoca com sagacidade. A mim só resta a genuflexão. Isso é bom para os amantes do "Cogito, ergo sum".
Quanto ao texto de Petersburgo, já prometido, será postado em breve. Preciso apenas dar uma boleada e encontrar Natasha, personagem principal do conto.
Já te falei. Desencana.
KKkkkkkkkk
Agora vamos certamente ter mais noticias e conhecimento sobre Fuscas, pois sei que o "blogueiro" curte tambem este "besouro", Parabens!
Carlos, acho que você está mais ansioso do que eu quanto a essa questão. Até sexta eu DESENCANO, para comemorar e substituir aquela famosA SESTA DA SEXTA.
Obrigado Roger por me defender do Dr. Desencana e do Raul e do Scylla. Saibam vocês três que eu também gosto de conversar sobre fuscas e outras cositas mas. E o Barreto não aguenta uma encarnação que já pede fim. O Roger colocou uma questão e eu só abstraí. Vocês não precisam ficar morrendo de inveja de mim, rsrsrsrs.
Mas Marisa...
;-)
Carlinhos, onde estão distribuindo essas porções de Ayahuasca??!!
Rssss.
Deixa estar Barreto.....rsrsrsrs
Sei lá, Scylla.
Acho que estão escondendo o jogo dos neurologistas e intensivistas.
Sabe lá, né?
Rsssss
Pedro, sobre fusca você é supremacia. Acho que fusca não é carro, fusca é filosofia de vida. Portanto, tomo-te como grão-mestre quando o assunto for o besouro alemão.
Abel, meu amigo de "ocidente amazônico", vou guardar esta pérola poética embaixo de meu travesseiro. Quando tiver dificuldade para adormecer, dada a rotina pesada e os destemperos da vida profissional, lerei-a na certeza de acreditar que "todo sono é sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado de viver".
Bem vindo, Roger! Chegou chegando!
Valeu, Roger, pelo "pérola poética".
Aliás, suas postagens estão bombando!
Grande abraço
Pelas minhas atuais inconstâncias com a internet, retardei esta mensagem, mas não poderia deixar de saudar, com entusiasmo, a chegada do Roger Normando, que sempre me pareceu uma aquisição natural, face aos textos primorosos que nos "doou" ao longo dos anos. Agora ele mesmo os publicará e todos ganharemos imensamente com isso.
Muitíssimo bem vindo!
Obrigado, Yudice... Sigamos, então.
Abel, por me sentir abençoado por essas "incelenças" e bastante a vontade, por favor, traga um trecho de Rondonia para este pedaço paroara de Amazônia. Visite-nos semmpre. Sigamos, então!
Postar um comentário