sábado, 30 de março de 2013

Benedito Nunes no Estadão

Olha só que legal: o portal do Estadão publicou, ontem, matéria intitulada "Retrato de um heroi civilizador", falando sobre o paraense Benedito Nunes, em seu caderno de cultura. Com o detalhe de que o Estadão não possui editorias regionais, como outros portais. Assim, o trabalho do grande filósofo paraense não foi tratado como um nicho; foi-lhe, isto sim, reconhecido um valor para a cultura nacional — o que não é nenhuma surpresa para nós, mas que pode surpreender se confrontado com o habitual etnocentrismo de certas regiões do país.
Uma grata surpresa.

sexta-feira, 29 de março de 2013

A mulher que você quer ser quando crescer



Sempre tive um apreço gigante por Fernanda Montenegro. Sua elegância lânguida quase esconde a mulher liberta e sábia que é. É dessas que não precisa afrontar ninguém para revelar quão segura está de si e de tudo o que lhe cerca; de sua disposição para seguir aprendendo e oferecendo à vida.

Por outro lado, há revistas "femininas" que me agradam mais que as do tipo playboy´s da vida (as ditas revistas "masculinas"). Acho que há publicações e ensaios fotográficos capazes de exibir uma mulher mais próxima da real. Mais próxima de mim, tá! É,sim, acho que é o alívio da frustração que fala mais alto neste ponto. Ponto.

Esse "arrudeio" todo é pra sugerir que leiam a bela, belíssima entrevista com a atriz Fernanda Montenegro, na revista TMP.

Boa Páscoa!

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terça-feira, 26 de março de 2013

Terça da Poesia com Ronaldo Silva

Peço licença pra contar caso de atiro,
Era cancão, era Quintino a embainhar, 
Dispara rifle a valentia fazendeira,

o sangue na rede esse grileiro não matar,

Eu fecho um olho e o outro eu deixo espiadeiro, 
Um pro Amazonas e outro eu cambo pro Jauacá, 
Abro a janela e vejo os bruxos do chué,

Os Parintins e os Tocantins na mergulheira,

Buio nas llhas, filho das cobras mugiro

E só de namoro eu vim procurando as estrelas
A flor que cheira, é uma beija - flor nas voadeira
Canção da beira é Joao Gomes no letrar,
Oh jardineira me regue no couro, 

Ronca besouro meu ouro desgovernar
Eu ja vou indo nessa de mola bobina
A carabina me aponta nesse vingar,

Cruz credo mano na forra das ingazeiras
 Eu vejo um encante o levante do Juruá.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Segunda-feira



"Você não pode impedir que os pássaros da tristeza voem sobre sua cabeça, mas pode, sim, impedir que façam um ninho em seu cabelo."

(Provérbio chinês)

domingo, 24 de março de 2013

37 anos do golpe na Argentina


- Vou levar um “Página|12” e um “Clarín”, por favor.

Com leve sorriso nos lábios, o senhor grisalho e de olhos sábios me consentiu detrás da banca de revistas, num verde arranhado pelo tempo e com restos dos belos fileteados tipicamente argentinos:

- Muito bem, assim você põe as informações na balança.

Ele me arrebatou uma breve gargalhada e palavras de cumplicidade.

Sim, os dois jornais são diamentralmente opostos. É mais que notório. Então o melhor mesmo é poder ler pelo menos dois, um de cada linha editorial, para se tirar uma média.

A manchete do Clarín deste domingo? “Cristina bloqueia outros seis milhões a Scioli”. Mais do mesmo. O jornal que resiste à Ley de Medios e bate forte diariamente na presidenta abriu uma foto do abraço entre o papa que sai e o papa que entra. Entre as outras chamadas, a saída da Vale da mina de potássio em Mendonza e a dupla de goleadores Messi e Higuaín.

Já o Página|12 dedicou sua capa ao golpe de estado que aqui chamam de cívico-militar – e não apenas militar, como é mais comum no Brasil – e que completa hoje 37 anos. A data já era aguardada e mobilizava boa parte da sociedade, que tomou vários espaços portenhos, num encontro de repúdio ao golpe e homenagem aos que padeceram e ainda padecem seus reflexos.

Particularmente, acharia lindo que todos os jornais disputassem a melhor capa e o melhor conteúdo sobre um tema absolutamente essencial para a sociedade. Afinal, 30 mil mortos e desaparecidos políticos não é pouca coisa, pra não falar das outras violações. Mas os jornais não preferiram assim.

Desta vez, segui o dia sem me dedicar às manifestações de rua como eu pretendia. Estaria isolada do tema, não fossem os jornais e o movimento nas ruas, que começou desde a manhã, com pequenos grupos de pessoas empunhando faixas, bandeiras e trajando roupas alusivas à resistência. Final do dia, os metrôs carregavam muitos jovens ainda a plenos pulmões regressando das marchas e atos públicos. Uma energia de arrepiar.

Alguns grupos, organizados ou não, demonstravam suas diferenças políticas, mas estavam todos juntos no dia hoje.

Sugiro a página da antiga Escola Armada, transformada em espaço de memória e defesa dos difreitos humanos: http://www.espaciomemoria.ar/

sábado, 23 de março de 2013

Ai Weiwei - Never Sorry

O mundo anda tão complicado que figuras como  Ai Weiwei são fundamentais para a gente continuar acreditando que sofrer calado é covardia.
O documentário de Alison Klayman (aqui o trailer) é a chave para entender esse artista plástico chinês que tinha tudo para ser um queridinho do governo da China, mas que nunca se conformou com os desmandos de Pequim. Par saber mais, vale visitar o site do filme.
A propósito,  até 14 de abril, é possível ver a exposição Ai Weiwei Interlacing. no MIS - o Museu da Imagem e do Som, em São  Paulo.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Friday com Pixies



Procurando uma trilha sonora alternativa para a madrugada desta sexta? You've got it: PIXIES.
Friday endovenosa!!!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Vinte e um, três vezes


Há exatamente um ano, eu quase desabei em emoção ao escrever aqui no Flanar sobre o DIA INTERNACIONAL DA SÍNDROME DE DOWN, e optei por comemorar esta data em 2013 apenas com imagens.
Reproduzo acima um portrait feito pela artista americana Joan Butler Gore, de onde transbordam dois atributos sempre presentes nos olhinhos puxados dos anjos sem asa: o vazio de ego e a plenitude da inocência.
Comemoremos, famílias e amigos dos Down!

Não precisa dizer eu também.

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por Ismael Machado


Caco Ishak é um romântico. É claro que não se deve dizer isso em voz alta, pois o que menos Ishak quer é que sejam recolhidos por aí os cacos de sua irremediável inclinação ao mais puro e deslavado romantismo. Pegaria mal a quem cultiva cuidadosamente a imagem de desterrado do paraíso, com a barba suprindo a ausência de cabelos e os óculos escuros escondendo as ruínas de noites anteriores. O cheiro de cigarro e bebida misturados às palavras completaria o quadro.
Mas, aos pedaços, Caco Ishak diz que ama. Receoso do que poderia advir de tão aberta confissão, se esconde por trás da deixa, ‘não precisa dizer eu também’. Esse é o título do mais recente livro de poesias de Caco Ishak, lançado pela editora 7Letras.
Poesia. Caco Ishak não empunhou nenhuma guitarra, nem tentou fazer um curta metragem descolado. Não buscou tramas pós-contemporâneas no mundo digital. Escreveu poesias. Nada mais romântico.
Mas é aí que tudo começa a ficar um pouco mais complicado. Falar em poesia nesse lado do Equador é esbarrar em possíveis equívocos. Essa é a terra que cultiva Dalcídio Jurandir como expoente máximo da própria literatura. É terreno pantanoso desafiar a aquosidade dessa literatura.
Onde as imagens sinuosas de rios e ribeirinhos? Onde o sotaque típico? Onde a tradição imutável?
Caco acenderia mais um cigarro antes de responder a essa pergunta. Que provavelmente continuaria sem resposta mesmo. Caco Ishak nasceu em 1981. Naquele ano, já longínquo, a poesia do mimeógrafo gerada na década anterior começava a ganhar corpo em pequenas e (des)pretensiosas edições. Ana Cristina César lançaria naquele ano o divisor de águas ‘A teus pés’. Chacal, Alice Ruiz, Chico Alvim, Cacaso, Leminski, todos eles, ganhavam espaço. A poesia se tornara pop.
Cacaso, Leminski e Ana Cristina César se foram. Se vivos estivessem, talvez abrissem largos sorrisos ao serem confrontados com versos como ‘se caio do cavalo é por tentar domá-lo sempre/ainda que volte pra casa como quem conserta uma TV molhada de mijo num primeiro de janeiro’.
Sim, a linguagem é impura, como deve ser a de toda poesia que ousa chamar-se efetivamente dessa forma. Por trás da impureza, o coração se dilacera, trôpego, com mórbidas ressacas empilhadas em cima de um móvel qualquer. “Nasci vampiro, cresci cowboy/ e hoje envelheço cavalgando de polvo em polvo até a última ventosa sugando network/desenvolvi vírus/ pra morrer aos pés dum cacto/ sangrando a boca de espinhos”.
‘Não precisa dizer eu também’ vem como uma canção rock bêbada, madrugada afora. ‘The house of rising sun’, na versão inclassificavelmente rascante de ‘White Buffalo’ seria uma escolha acertada.
Nas chuvas que assolam Belém e a redimem do pequeno inferno diário olhar a janela é lembrar das palavras em cacos de Ishak. 
‘Diz o quanto ainda te resta que eu te direi o que desperdiçar comigo’.
A poesia está logo ali na esquina. Acaba de dobrar o quarteirão. Caco Ishak vai atrás dela. A máscara cai mais uma vez. É inevitável e forçoso admitir. Caco Ishak não tem cura. É um romântico de fim de comédias hollywoodianas. Sorte dos leitores que certamente dirão que é preciso bradar ‘eu também’.
(Diário do Pará)

Portenho e modesto: ?un chiste?


Um gole de humor em Página/12 , afinal, é preciso um pouco, ainda que sacado a fórceps... Chega o outono.

terça-feira, 19 de março de 2013

Terça só com poesia: "Miss Tempestade"

Miss tempestade não tem tempo
O cinza avança sobre o azul
Hieróglifos elétricos riscam o céu.

Escreva, miss Tempestade
Que esse dia branco é seu
Despenque sobre esse vazio
Preencha o silêncio de Deus

Escreva, Miss Tempestade
Não contemporize a sua intensidade
Dói em mim uma dor estranha e não há osso músculo nervo
Que me diga seu nome

Dor assim eu carrego com calma
Sem medalhas gazes anestesia
Àlibi algum alivia minha alma
Dor assim eu carrego com charme
Doendo mais que a lâmina dos dias

Ter a alma durando no tempo
Durando como duram as dunas
As dores levadas pelo tempo
Nenhuma dor durando inteira
Como as pedras duras
um dia acordam dunas

Ricardo Corona, poeta paranaense

Thy peguei!

Adoro contemplar. Simplesmente. Como numa imersão. Me põe calma. Tipo: sentar às margens de um rio e bater o olho nele. Nada mais. Me escorar na janela e olhar a chuva cair, o céu brilhar. Tá, às vezes os miolos se colocam muito intensos e não fico assim tão calminha. Mas, em geral, a contemplação é meu refúgio para o tanto que me trazem os dias.

É, e passear por algumas ruas de Buenos Aires nem sempre me mantém submersa também. O que não deve ser difícil de imaginar.

Topar com uma gracinha de lugar , tipo casa de bonecas, com aquele pacote “de um tudo” para vender e que passeia pela infância de algumas gerações é de botar um sorrisão nos lábios e... contemplar? Oh, San Telmo...


Palermo então... É de sofrer e deixar ir. Por que não? Não se precisa comprar de tudo. Ainda que a vontade de possuir seja quase instintiva. Dá pra flanar ainda por algumas memórias, mesmo por aquilo que não se tenha vivido. Aqueles banhos demorados, perfumados, delicados, solitários. Com louças ternas, variedade de cheiros e texturas disponíveis. Faz lembrar. Faz lembrar e desejar.

E se há filhos no meio desses pensamentos, não tem como não colar os olhos na vitrine ?Tenés una tarjeta, por favor? Quem sabe não volto depois com ela, pra que se encante também? Uma sacolinha de tecido, com o desenho do Ratón Perez para os primeiros dentinhos serve de consolo e de recordação para o retorno.


Tão bonito e diferente, mas não cabe no meu perfil, o que não significa que não se possa colocar a vista a passear.

Outras vezes, vontade de vestir tudinho, em mim e na minha casa.  Temáticos então? Afe, Maria!

Tudo porque há necessidade de fugas. Há, sim. Te peguei!

Dia 20 de março: Caco Ishak

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18 horas, na FOX Vídeo da Dr. Moraes.




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Terça, só com poesia!


"Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração que nem se mostra. 
Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
Em que espelho ficou perdida a minha face?"

segunda-feira, 18 de março de 2013

Discuta em língua estrangeira!


Quer controlar as suas emoções na hora de tomar decisões? Faça-o em idioma estrangeiro!
Há tempos que tenho a convicção de que usar uma segunda língua em situações em que precisamos aguçar a razão, contrapondo-a à emoção, pode ser muito útil numa gama de momentos cruciais de nossas vidas.
Pude testar empiricamente esta ideia no período em que morei fora do Brasil, tanto no aspecto profissional quanto nas relações interpessoais, e acabei por concluir para os meus próprios botões que tendemos a brigar menos, a questionar menos e a evitar conflitos diretos usando este artifício.
Mas era apenas um feeling meu, uma observação livre, e eu jamais havia lido nada a este respeito até a semana passada, quando um link da revista  Mente e Cérebro me levou a uma interessante publicação de autoria de Boaz Keysar, de 2011, no periódico PsychologicalScience.
A princípio, seria intuitivo pensar que as pessoas tomam decisões independentemente de qual língua estejam usando para a comunicação. Keysar e seu grupo da Universidade de Chicago, no entanto, demostraram ser justamente o oposto em seis experimentos.
Portanto, fica a informação de cunho prático: em situações adversas, no trabalho ou na vida pessoal, tente argumentar em língua estrangeira e a chance de obter um maior equilíbrio entre perdas e ganhos aumentará muito.
Just do it!

domingo, 17 de março de 2013

Laura

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Carta ao JP

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Em meio ao  domingo, me deparo com a carta que Elias Granhem Tavares enviou ao Jornal Pessoal de Lúcio Flávio Pinto. Esta carta respondia  aos propósitos do JP 528, no qual o jornalista Lúcio Flávio Pinto fazia uma série de questionamentos sobre os destinos de Belém. Como não estou acostumada ao exercício diário da boa cobertura jornalistica sobre a cidade, fiquei muito feliz com a aquela edição do JP. Mas, confesso, o Elias Granhem Tavares me deu um soco no estômago - com todo respeito, é claro! A carta dele é um primor de verdades e um pavor de questionamentos. Acabei me sentido um reles rato de esgoto esperando a oportunidade de correr para o outro lado da rua. De fato, não podemos esperar nada da administração de Zenaldo Coutinho; ele já começou o percurso para assumir a prefeitura - quando era candidato -mentindo ou inventando. Como alguém pode prever corte de 30% no custeio da PMB? Foi o que o nosso prefeito Mandrake fez. E o Elias Granhem Tavares prova por A mais B que isto significa o fim das nossas esperanças......Oh, quanta dor vejo em teus olhos; quanto pranto em teu sorriso:  Belém!

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No JP de nº 532; Março de 2013: Nas bancas!

Máfia na Informação: Quem diz sobre os fatos? Quem?

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Na peleja entre os donos da informação no Pará, o número de fatos sucedem-se como nos filmes de mafiosos e corruptos: Jorra pus! Um nojo. Em O Liberal de hoje;  domingo, 17/3/2013, - na página 3 do caderno Atualidades -,  a manchete sobre  notícia  do arquivamento do processo 29/516-7  diz tudo sobre o conflito entre os capos da comunicação, no Pará. O processo é  sobre denúncia feita pela Diários do Pará Ltda contra a empresa ORM Air,  de praticar supostas ilegalidades em contrato firmado em 2001 com o Governo do Estado, estabelecendo a prestação de serviço de locação de aeronave. Diz o seguinte, a manchete,  Tribunal arquiva denúncia contra a empresa ORM Air.  O  processo foi arquivado, por terem os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Pará, julgado, por unanimidade,  como improcedente a denúncia! A ANAC nada pode fazer,  pois o contrato entre a ORM Air e o Governo do Estado,  é legal. Está nos conformes da lei.  E não houve dano ao erário público. Afinal, as prestações de conta apresentadas ao Tribunal demonstram que, - por incrível que pareça -, "o governo beneficiou-se com um preço 48% menor que o preço oferecido pela empresa concorrente".   Segundo o Jornal, estas foram as palavras de um dos  conselheiro do TCE-Pará. Diante de tais fatos, a denúncia foi arquivada. Tudo está resolvido? Tenho certeza que não.  André Dias é o Conselheiro Mor; e deixa claro, segundo a matéria, que " não houve prejuízos ao erário público". Pergunto: O que isto significa? Os problemas, no contrato entre a ORM Air e o Governo do Estado, continuam. E Lúcio Flávio Pinto contou muito bem os bastidores deste fato na edição do Jornal Pessoal, da segunda quinzena de fevereiro. Leiam lá! Está tudo lá! 


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A propósito do Papa argentino

 Bergoglio, aliás então futuro papa Francisco I, dá a comunhão ao general Jorge Videla. 

A " Santa" Sé realmente mostrou não está mesmo nem aí para o mundo, para a atualidade e muito mesmo para o passado  ao eleger  Jorge Mario Bergoglio como papa. Aliás, o que esperar de um grupo que acolhe em sua cúpula figuras como o cardeal flamengo Godfried Danneels e os cardeais irlandeses, que se calaram durante décadas sobre os casos de pedofilia na Igreja belga e irlandesa? Ao ver Chico I ladeado de Danneels na sua primeira aparição pública pensei: esses cardeais tomaram iogurte com Johnnie Walker, ou seja (com licença da expressão): estão cagando e andando.
Mas, como conheço os nossos hermanos, sabia que logo vozes conscientes iriam se levantar, porque argentino engajado, meus caros, não deixa barato. Me lembrei dos famosos escrachos - manifestações com bumbos e gritaria  na porta  da casa de ex-torturadores, que presenciei em Buenos Aires em pleno ano de 2006.
Pois, passada a euforia e o momento fofura, eis que os jornais europeus do final de semana  ecoam vozes, como a de Horacio Verbitsky, autor do livro Doble Juego - La Argentina Católica y Militar.
E a de León Ferrari, um dos mais respeitados artistas plásticos argentinos, que teve uma exposição depredada em 2004, depois de ser declaro blasfemador pelo cardeal Bergoglio.
Para quem quer se aprofundar, recomendo a cobertura de Verbitsky para o jornal Página /12 sobre a primeira conferência de imprensa de Francisco I.  

A propósito do Papa argentino II

E coincidência do destino, chegou nesse fim de semana às salas européias o filme Elefante Blanco,  o mais recente de Pablo Trapero, o diretor argentino dos excelentes El Bonarense (2002),  Leonera (2008) e Carancho (2010).
O filme conta a história de dois padres engajados social e politicamente  na periferia de Buenos Aires. O bairro se chama Ciudad Oculta  e neles os padres Julián (Ricardo Darin, os mais consagrado ator argentino dos últimos anos)  e Nicolás (o belga Jéremie Renier, indicado a Trapero pelos irmãos Dardenne), trabalham junto com  a assistente social Luciana ( Martina Gusmán, que foi protagonista de Leonera). Eles  lutam para resolver os problemas sociais da comunidade, mas para isso,  enfrentam tanto  a hirarquia eclesiástica como aos poderes do governo e do narcotráfico.
Bem que Francisco I, se não viu, poderia assistir. Talvez para refeletir sobre uma possível penitência.
O trailer é uma mostra do que os críticos belgas chamam de vigor narrativo.

Cachoeira: de multiuso.

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Pensando em profundidade sobre a questão de que  "na dos outros é refresco", leio no Diário do Pará deste domingo, 17/3/2013, que a empresa de Carlinhos Cachoeira  tem negócios com o governo de  Simão Jatene. Me lembro de ter perguntado, em um seminário que participei em Santarém, a um eminente psdebista, se Carlinhos Cachoeira chegaria ao Pará, e se suas  ligações seriam com o governo de Simão Jatene?  Ele disse que não. Pois é; chegou! O Diário do Pará vem mostrando a cobra!! - Oh, deuses! Quanta complexidade há no mundo?!?  Parece que a coisa é grande e vai longe. Envolve a "empresa" de Carlinhos Cachoeira, a Cial. Segundo a matéria de o Diário..., a Cial  "é velha conhecida do Ministério Público e da justiça por ser citada nas gravações feitas pela polícia e que foram reveladas na CPI do Cachoeira". Tá chovendo no governo de Simão Jatene?!?  
A jornalista Ana Célia Pinheiro, já havia cantado a pedra. E o deputado estadual Edmilson Rodrigues, também. E assim caminha a humanidade. Vem vindo  muita água por aí......


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......rs......na dos outros é refresco....rs....rs....





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Escolha a sua.

sábado, 16 de março de 2013

The Walking Me


Eu sempre gostei de filmes com temas pós-apocalípticos, desde os velhos tempos de Mad Max até os novos tempos de A Estrada e O Livro de Eli.
Mas confesso ter tido uma enorme repulsa inicial pela série televisiva The Walking Dead, exibida no Brasil pelo canal por assinatura Fox e agora pela Band.
Talvez por odiar blockbusters, ou por gostar muito da graphic novel que deu origem à série, acabei por me "esconder" dos walkers o quanto pude.
Mas eles me morderam...
Bastou assistir a um episódio da terceira (e atual) temporada e acabei correndo atrás do atraso e vendo em DVD as duas primeiras temporadas.
O que me seduziu na série eu não sei exatamente, mas adoro a situação de "torpor" residual que persiste martelando a mente após o término de cada episódio e que às vezes invade a manhã do dia seguinte.
O comportamento humano em situações absolutamente adversas, de risco real de vida, de luta surda pela sobrevivência, nos leva a atitudes que oscilam entre o nosso "pior" ao nosso "melhor" em um átimo. Quem somos e quem deixamos de ser vêm à tona simultaneamente, formando uma dicotomia bem semelhante àquela com a qual convivemos em nosso dia-a-dia de forma sub-liminar, imperceptível a nós mesmos.
Afinal, qual a diferença entre "re-matar" um walker ou tomar decisões contra outros seres humanos?!
O paraíso e o pós-apocalipse são aqui e agora.

"They say that life's a carrousel,
Spinnig fast, you gotta ride it well.
The world's full of kings and queens,
Who blind your eyes, who steal your dreams.
It's Heaven and Hell!"

Do Caribé: lindo.

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Celibato clerical: que merda!

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Francisco I deveria, no prazo máximo de uma semana, dizer que a sua missão é a de exterminar o celibato clerical; e que foi para isto que o Senhor o enviou. Deve dizer também, que é necessário abrir a caixa preta da Igreja Católica Apostólica Romana, mostrando o tamanho do patrimônio que a Cúria deve repartir com seus pastores, e com os companheiros e as companheiras de seus pastores. A Paróquia já morreu. Me lembrando do "Jamanta já Morreu", do genial Cacá  Carvalho, em novela do Sílvio de Abreu. O celibato além de morto, vem matando centenas de garotos diante da canalhice dos donos da Igreja católica. É de pasmar! Bom; por que alguém se esconderia sob um título de nobreza, e em um século que legitimou o sufrágio universal? Por que alguém que é o chefe da Igreja Católica finge que há saídas para as idéias feudais que a Igreja Católica quer fazer  valer? Por que? Pois é: por que? Eu não tenho mais saco para este papo e para estas batinas brancas: prefiro, de longe, as belíssimas baianas do Caribé.


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Francisco I: ohhhhhhhhh!


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sexta-feira, 15 de março de 2013

O enredo carnavalesco de Melquíades



Melquíades era um fugitivo de todas as pragas e catástrofes que haviam flagelado o gênero humano ao longo dos séculos. Sobrevivera à pelagra na Pérsia, ao escorbuto no arquipélago da Malásia, à lepra em Alexandria, ao Beribéri no Japão, à peste bubônica em Madagascar, à tuberculose na África, ao terremoto da Sicilia e a um naufrágio no estreito de Magalhães.  Atravessou o tempo celado num cavalo de faroeste americano, tal como Durango Kid, mas fora ferido na coxa esquerda na invasão da Normandia. Apanhou Impaludismo na Amazônia e uma gripe nos Andes.
Esse colombiano prodigioso, originário da aldeia de Macondo, se dizia possuir o código de Nostradamus, assim como dominar o calendário Azteca para prever o fim dos tempos. Era um ser lúgubre, envolto numa aura triste, com olhar depressivo que parecia conhecer o outro lado das drogas ou de carregar as feridas dos males pregressos. Antes de ser enterrado em sua jornada terráquea, gostaria de ver o carnaval carioca... e viu!
A folia de Momo o transfigurou: usou um chapéu grande e preto, como as abas esticadas de um corvo da República Dominicana e um colete de veludo patinado pelo limo dos séculos. Este-um, surrupiado do salão imperial de Petrópolis. Sentado à beira da calçada na praça São Salvador, defronte a uma casa em desmantelo, contrúida nos anos 30, ele assistia ao movimento dos blocos, rimando amor e dor. Debaixo de sua imensa sabedoria e de sua aura misteriosa tinha o peso humano, fantasia ideal  para a alma de um folião que trespassava a linha do tempo. Esta condição o mantinha enredado aos minúsculos detalhes do carnaval de rua, apesar da simpatia pela Sapucaí.
Sofria pelos mais insignificantes percalços econômicos e havia deixado de rir fazia muito tempo, porque o escorbuto tinha lhe deixado banguela. Mas tudo era adorno para a sua fantasia.
Blocos pra lá, blocos prá cá. Faltava-lhe força para acompanhar o ritmo dos brincantes, pois, de sarado mesmo só a gripe andina, os demais, tiraram uma lasca de sua fantasia genética.
Sob o calor de quase 40 graus, ele via à sua frente o bloco “Levanta meu catete”. Ensaiou acompanhar a marchinha, mas esmureceu. Ficou com medo de invadirem sua aura misteriosa e roubarem-lhe toda aquela história de luta, quando foi protagonista em “Cem anos de Solidão”, de Garcia Márquez. Permaneceu defronte àquela casa escambibada com amontoado de blocos e mais blocos de tijolos dos escombros.
A bandinha seguiu até o coreto da praça e continuou tocando. Parou por lá. Tinha bumbo, tarol e diversos instrumentos de sopro. Todos entoavam velhas marchinhas; todos ululavam. Melquíades ouviu um samba que lhe tocou profundamanete ao ponto de ameaçar atravessar a rua em direção ao coreto, logo à frente, para pular, como todos os brincantes faziam. Ao retomar o olhar para o casebre, no meio do caminho, resolveu voltar. Parecia estar arrependido, ou mesmo receioso, ou ainda confuso pelos versos daquela musiquinha.
Acocorou-se na beira de calçada enquanto aquela sonorização inundava sua alma lúgubre e seu pé empoeirado sobressaindo a sequela do Pênfigo que adquirira no Zaire. Adentrou e apanhou um dos blocos de cimento da velha casa em demolição e, com bastante sacrifício, esbaforindo, colocou-o bem no meio da rua e gritou, acompanhando a melodia que ainda ressoava do coreto:“Eu quero é botar meu bloco na rua/Brincar, botar pra gemer/Eu quero é botar meu bloco na rua/ Gingar, pra dar e vender.
            E assim ele, no sufocante calor de meio-dia, revelou seus segredos. Depois recebeu uma ducha de água do caminhão-pipa do corpo de bombeiros.
O carnaval enxágua a alma.

Na paz....

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quinta-feira, 14 de março de 2013

2 entre os 70

FAZER COM, FAZER DE



Estar, entre

estrelas e pedras,

interrompido



         Resto de

ervas, tempo, entre dentes

detém-se

a palavra-refém,



réstia.

                   De Pedra-Um (1989)



Não é só com sua "pinta" que o paraense Age de Carvalho me seduz. O talhar das palavras ele o faz com faca amolada. Deixo "Fazer com, fazer de" como homenagem a ele, que será um dos dois paraenses, entre os 70 brasileiros, selecionados para a Feira Frankfurt, que será realizada no próximo mês de outubro.

Olé!

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