quinta-feira, 29 de agosto de 2013

"Eu vô sê a dotôra de custurá bucho"


Severinas from Agência Pública on Vimeo.


Tempo desses acompanhei uma série de reportagens - reportagens e não matérias, pura e simplesmente - da mesma Agência Pública de notícias sobre dez mulheres ameaçadas de morte. Defensoras dos direitos humanos. Foi uma parceria entre o jornal Diário do Pará e a agência. Louvável, já que os jornais, há algum tempo, deixaram de investir no formato reportagem, obviamente muito mais caro do que colocar um jornalista na rua pra cobrir três pautas "feijão com arroz" por dia. Fiquei feliz com a iniciativa, que cobre uma lacuna, que também é significativa na imprensa mundial, e que ajuda muito mais no processo reflexivo, na formação de conceitos e construção de cidadania. Talvez, resumindo, na politização da sociedade.

Daí que hoje me deparo com uma reportagem da mesma Agência Pública de notícias e que traz um vídeo agregado, "Severinas". Não precisa dizer muita coisa. O vídeo fala pra caramba de muitas delas. A reportagem, idem. Melhor assisti-lo. Ler o texto. E ruminar... ruminar... e partir pro braço!

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Canadian Brass. A música instrumental que me seduz




Para ser muito sincera, nunca fui dedicada admiradora de música instrumental. Ainda assim, me permito conhecer algumas iniciativas bem recomendadas, como dos Les Luthieres, que já comentei aqui, e esta que agora segue e que adorei.

Bom proveito!




terça-feira, 27 de agosto de 2013

Desintoxicacação digital


Estão abertas as vagas para o Camp Grounded 2014, acampamento de férias para adultos onde os dependentes da tecnologia aprenderão, em 3 dias, que existe vida sem computadores, tablets, smartphones e outros dispositivos eletrônicos.
O sucesso da versão 2013, realizada perto de San Francisco, foi tamanho que espera-se que o evento do próximo ano esteja esgotado em poucos dias.
A ideia básica da digital detox seria induzir o "viciado" a uma volta gradual aos mecanismos de conexão direta interpessoal, não intermediada pela informática, e de certa forma a um estado mais puro e natural de relacionamento com a natureza, desprovido desse fluxo gigantesco de informações ao qual somos compulsoriamente induzidos.
Alguém do Flanar se habilita?

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O Jantar Errado


O escritor albanês Ismail Kadaré bem que poderia ter nascido no Brasil, e seu último livro, O Jantar Errado (Companhia das Letras), poderia ter sido facilmente ambientado em uma pequena ou média cidade do sudeste brasileiro, como Campos do Jordão ou Atibaia, por exemplo.
Boato, mistério, política, sombras e silêncio vão se entranhando a medida que a trama avança, flertando entre o real e o surreal.
Este foi o segundo livro que li deste autor, e talvez o outro (o famoso Abril Despedaçado, que inspirou o filme homônimo de Walter Salles, de 2001) tenha me impressionado mais.
Mas tal não tira o mérito desta intrigante e divertida leitura, apropriada para o balançar da rede nas quentes noites de agosto.
Recomendadíssimo!

domingo, 25 de agosto de 2013

"The future is suddenly absent"

A nossa tia excêntrica está de volta. Não aos palcos, mas às telas. Morrissey 25: Live  (clique  para ver o trailer) é um concerto filmado em 2 de março deste ano, na Hollywood High School, em Los Angeles. E isso, um pouco antes da onda de cancelamentos de turnê do cantor - ele ia até mesmo ao Brasil mês passado  - motivada por sérios problemas de saúde, que vão de pneumonia dupla à infecção nas cordas vocais. É um "concerto íntimo", diz o site do filme, para celebar 25 anos de carreira de Morrissey, gravado num lugar para 1.800 espectadores, um auditório de colégio, e o único registro integral de um show dele nos últimos 9 anos.  
No céu das estrelas pop, Steven Patrick Morrissey, é um caso especial. Segundo o jornal The Independent, no cenário artístico britânico, ele é uma espécie de príncipe Philip ( o marido da rainha Elisabeth II), que antigamente abria a boca demais sobre temas delicados, e metia os pés pelas mãos em algumas situações, e que acabou perdendo a espaço no mainstream. Mas, enfim, ele é a nossa tia Moz, talvez o mais brilhante poeta dos últimas duas décadas nas terras sheakspereanas.
 Depois de implodir uma das mais importantes bandas da histùoria do rock (The Smiths), brilhar em uma carreira-solo fulgurante, desaparecer, reaparecer, renascer, se esconder, Morrissey chegou ao status de ídolo, a mais completa tradução de cult. E ele alimenta essa imagem. Se auto-exilou em Los Angeles,  Estados Unidos, vivendo numa mansão em Holywood Hills, como uma Norma Desmond, do clássico filme Sunset Boulevard ( O Crepúsculo dos Deuses). Há anos ele está sem gravadora e diz que se recusa - e pode! - a aceitar as regras do mercado.
O título da crítica do  The Independent resume as dúvidas que pairam mais do que nunca: Can Morrissey survive the years of refusal?
 Talvez, a resposta está no blog, True to you,  em que ele escreve diretamente aos fãs:The future is suddenly absent. Mais Morrissey, impossível!

sábado, 24 de agosto de 2013

A Alemanha e seu cinema


Fazia tempo que eu não lia um livro “didático” tão bem escrito e tão interessante quanto este Studying German Cinema, da britânica Maggie Hoofgen. A partir dele, tenho revisto filmes, como Das Cabinet des Dr. Caligari (1920), e descoberto obras monumentais, como Heimat – a trilogia do diretor alemão Edgar Reitz, que conta uma saga em 32 capítulos, com 56 horas de duração, produzidos entre 1981 e 2006, cobrindo a história de uma família alemã desde 1910 até o século XXI.
Fiz uma livre tradução (cheia de pitacos meus) da apresentação do livro, que acredito, ainda não tem uma edição em português. Para quem se interessar em lê-lo, abaixo dou as coordenadas da obra para uma busca, via Amazon ou outro caminho.

Estudando o Cinema Alemão
De todas as cinematografias européias, o cinema alemão tem a história  mais dramática - e decididamente-  a que teve maior impacto na definição da Sétima Arte.. Desde os primeiros momentos do cinema, quando os cineastas germânicos lideraram o mundo do cinema  com seus estilos e inovações – com destaque para o Expressionismo -, até os anos 70, na Alemanha Ocidental, com o surgimento da geração que enfrentou os traumas pós-Segunda Guerra, a história do cinema alemão é a história do pais em si ao longo do século 20. E assim permanece até agora, com a nova geração pós-Muro de Berlim, e da segunda  geração de novos alemães – filhos dos imigrantes, mas já nascidos na Europa e antenados com os países de origem de seus pais, como a Turquia, por exemplo.
Como uma abordagem  cronológica, o livro Studiyng German Cinema se dirige a um  público  não especializado, mas também para quem estuda cinema de modo geral.
Em cada um dos 14 capítulos, o livro foca um filme chave – do essencial filme de horror Nosferatu até o vencedor do Oscar Das Leben der Anderen  (A vida dos Outros) situando a obra em seu contexto, que vai das práticas da indústria cinematográfica na Alemanha dos anos 20, depois das Alemanhas Ocidental e Oriental, passa pela a tradição do cinema de autor  (incluindo filmes de Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog e Wim  Wenders), até as questões atuais dos “novos alemães”, divididos entre a tradição dos pais imigrantes e a interação na sociedade européia. Cada filme é visto como algo resultante do contexto cultural e político. Junto, as discussões históricas, o livro  proporciona uma visão global da História do Cinema Alemão,  desde o fim da I Guerra Mundial até o presente. Indicações práticas de outros filmes e bibliografia relativas aos filmes analisados no livro  fazem dele uma introdução completa à uma das mais fascinantes e turbulentas cinematografias mundiais.
A autora
Maggie Hoffgen é formada em Heidelberg, Alemanha,  com um  Master of Arts em Cultural Studies, com foco em Cinema, pela Manchester University. Ela trabalha como conferencista free-lancer para jovens e adultos,  dá cursus sobre análise de cinema em geral e Cinema Alemão em particular, e também escreve artigos em publicações especializadas em cinema.

Studiyng German Cinema 
Serie: Studying Films
 256 pag.
Editor: Auteur (janeiro de 2010) 
Idioma: Inglês

ISBN-10: 1906733007 
ISBN-13: 978-1906733001 




quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O que dirá o mundo?



Gostei do vídeoclip do Otto, com a faixa “O que dirá o mundo”, do seu novo álbum. Fotografia bonita; imagem-metáfora ousada, quando o próprio Otto protagoniza a dureza e a beleza de ser um cavalo: animal ora de luxo, ora de exploração servil.

A letra e o vídeo, em si, cabem muito bem na velha-atual conjuntura em que vivemos. Quantas vezes eu mesma repeti: eu quero uma casa no campo? Um monte. Haja Elis Regina nas minhas veias! Mas quantas vezes me arrepiei de raiva ao me deparar com a situação de campesinos, trabalhadores rurais assassinados a mando de fazendeiros usurpadores de futuro? Outro monte de vezes. O caso “Welbert” é um dos mais recentes - pelo menos dos que se têm notícia. Inaceitável! Que venham comissões externas, mas que venha um mundo mais justo, em que as comissões nem sejam mais necessárias! Sim, porque elas hoje cumprem ainda, entre outras, a função a de expor nacionalmente casos que poderiam ficar "escondidos na calada da noite” e, conseqüentemente, também alimentassem um ciclo virulento de crimes contra os direitos humanos.

Como circulou no facebook, sob possível autoria de Bertold Brecht: que diabos ter de repetir o óbvio! Algo assim, parecido a isso.

Não me sinto capaz de me adaptar a esse cenário de forma tranquila. Assim, gosto de me apoiar na arte para tentar caminhar algumas quadras a mais nessa trajetória que parece infinitamente dolorosa.

Então ofereço aos leitores do Flanar o vídeo e a letra da música de Otto.

Que façam bom proveito!

O Que Dirá o Mundo
Otto

O que dirá o mundo sobre as cidades?
Eu até estarei, reconheço a cidade
Em cada rua uma dor
Em cada dor, desabafo
Em cada corpo que eu acho eu trafego comigo
Eu lhe peço um abrigo
Eu divido contigo minha angústia e o meu pão
Eu divido contigo minha angústia e o meu pão
Buraco negro, elevadores, ela não sabe
Não há mais vagas
Olha as raízes dos postes de luz
E a concretagem das novas colunas
Becos e praças são feitos para as desgraças
O amor e o medo são pontas de facas
Mas não espere, não, pegue na contramão
E vai juntando as vidas perdidas
Mas não demore, não, pegue na contramão
E toque as filhas perdidas, perdidas
As filhas, as filhas
Onde começa, ela não sabe
O sol da laje, lembro do mar
Levantamento das quadras armadas
Quero você para sempre esta noite
Becos e praças são feitos para as desgraças
O amor e o medo são pontas de facas

Humor cinza-escuro

terça-feira, 20 de agosto de 2013

From Beirut with peace, love and humor

Mashrouʼ Leila  não é o nome de uma banda em si. Mashrouʼ Leila em árabe quer dizer  ʻan overnight projectʼ. Um microfone, um violino, um baixo, duas guitarras, bateria e teclado. Tudo começou durante um workshop na American University of Beirut, Líbano, em 2008 - uma plataforma aberta para estudantes de arquitetura e design, onde se poderia experimentar sons. Haig Papazian, Carl Gerges, Hamed Sinno, Omaya Malaeb, Andre Chedid, Firas Abou Fakher and Ibrahim Badr se juntaram nessa aventura musical, um pouco para relaxar e curtir, alimentando isso com uma mistura de gêneros musicais, que desembocaram no coletivo experimental chamado Mashrouʼ Leila.
Os vídeos do grupo são belíssimos, criativos e super divertidos. Tudo em contraste com que a gente pensa (ou é levado a pensar?) ser a vida no Oriente Médio. Recomendo ver e ouvir mais no site deles.
Ficam aqui dois dos mais bacanas vídeos da turma. Raksit Leila (acima) e Fasateen (abaixo).

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O Universo dos Clássicos


Olhem só que bacana: o Centro de Cultura e Formação Cristã, ligado à Arquidiocese de Belém, promoverá, a partir do próximo 24 de agosto, um ciclo de palestras sobre cinco clássicos da literatura universal: a Antígona de Sófocles, as Confissões de Santo Agostinho, os Ensaios de Montaigne, os Irmãos Karamázov de Dostoievsky e Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa.

Os clássicos estudados são representativos dos períodos mais importantes do pensamento ocidental. As palestras serão dadas pelo jovem professor Victor Sales Pinheiro, que dentre outras atividades tem reorganizado a obra do saudoso filósofo Benedito Nunes.

As palestras, uma sobre cada livro, ocorrem uma vez por mês, aos sábados pela manhã. Para quem mora no centro de Belém, estão em lugar de mais fácil acesso que as anteriores, ministradas no auditório da sede do CCFC, na BR 316: o evento ocorrerá no Centro Social Monsenhor Geraldo Menezes, à rua Presidente Pernambuco, ao lado da Igreja da Trindade.

O calendário do seminário está no cartaz virtual acima. Basta clicar para ler melhor.

Vale muito a pena comparecer e participar.

domingo, 18 de agosto de 2013

Duas décadas de design



Para os apreciadores do design de alta performance, o vídeo acima da equipe Sauber de Fórmula 1 é um deleite sensorial.
É muito interessante observar a evolução dos projetos dos bólidos de competição em duas décadas, especialmente nos anos 90, quando o regulamento permitia maiores mudanças por parte dos projetistas.
Penso que não é à toa que máquinas criadas por "meros" engenheiros frequentem as exposições de museus de arte, como o MoMa, por exemplo.
A trilogia sonho, arte e engenharia parece ter links neuronais bem patentes.

sábado, 17 de agosto de 2013

Que sejamos esta mulher perigosa. Muito perigosa

Com "la permiso" de nossos leitores para publicar um pequeno texto do fabuloso Galeano, com referência precisamente ao dia de hoje, proponho uma reflexão que tanto tem me incomodado estes dias, desde que um colega me informou, por uma postagem que no facebook, que uma das alamedas que circundam o Teatro da Paz foi as-fal-ta-da. Sim, isso eu não consegui digerir. Com tantas referências que se fazem a depredações ao patrimônio público feitas por manifestantes ou quem seja - e suas respectivas punições, claro -; com tantas referências ainda a um atentado moral aos dotes de arquitetônicos e históricos de uma cidade, como pode o próprio estado sair ileso a um atentado como este? Sim, pra mim, é uma afronta inominável. Desejo que cada cidadão seja uma mulher perigosa, muito, muito perigosa, como a descrita por Galeano.

Que assim seja!

Agosto
17

Peligrosa mujer

En 1893 nació Mae West, carne de pecado, voraz vampiresa.

En 1927 marchó a la cárcel, con todo su elenco, por haber puesto en escena una invitación el placer, sutilmente llamada Sex, en un teatro de Broadway.

Cuando terminó de purgar su delito de obscenidad pública , decidió mudarse de Broadway a Hollywood, del teatro al cine, creyendo que llegaba al reino de la libertad.

Pero el gobierno de los Estados Unidos impuso a Hollywood un certificado de corrección moral, que durante treinta y ocho años fue imprescindible para autorizar el estreno de cualquier película.

El Código Hays prohibió que el cine mostrara desnudeos, danzas sugestivas, besos lascivos, adulterios. Homosexualidades y otras perversiones que atentaran contra la sanidad del matrimonio y el hogar. Ni las películas de Tarzán pudieron salvarse, y Betty Boop fue obligada a vestir falda larga. Y Mae West siguió metiéndose en líos.

Eduardo Galeano - Los Hijos de los Días. - Siglo Veintiuno Editores Argentina, 2012. PG. 263)



De um segundo ao outro



Quando a AT&T encomendou ao lendário diretor alemão Werner Herzog um documentário sobre digitar e/ou ler textos em celulares enquanto se dirige veículos automotores, talvez ninguém pudesse imaginar uma obra tão devastadora quanto "From One Second To The Next".
Herzog nos envolve com maestria ao mostrar quatro casos, flutuando entre rostos e relatos. e nos obrigando a mergulhar na profundeza de nossas próprias emoções.
Acredito que, apesar de ser uma obra "não muito fácil" de se assistir, seu efeito quando exibido em escolas e instituições afins será bombástico.
Afinal, como sintetizou o próprio diretor, "em um segundo, vidas inteiras ou são varridas, ou modificadas para sempre".
Imperdível!

ps: vídeo compartilhado, via Facebook, por Vicente Cecim.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Primeiro-ministro e motora

 O motora é reconhecido (foto: site de Jens Stoltenberg)

O que  uma queda de popularidade pode provocar? No caso da Noruega, uma experiência, digamos, radical: o primeiro-ministro Jens Stoltenberg vestiu um uniforme e passou uma tarde de junho passado trabalhando como motorista de táxi nas ruas de Oslo. "É realmente muito importante para mim saber o que as pessoas pensam", disse o chefe do governo - cuja popularidade será posta à prova mês que vem nas urnas. "Qual o lugar onde as pessoas realmente falam o que pensam? Num táxi", explicou Jens.
Claro, que a tarde do ilustre motora foi devidamente registrada em câmera escondida e postada no site Taxi Stoltenberg e na página dele no Facebook. Em alguns casos, os passageiros logo reconheceram o primeiro-ministro. Alguns demoraram um pouco mais de tempo, porém no final todos souberam quem estava ao volante. A conversa com os cidadãos foram diversas: apoio aos estudantes, questões relacionadas à políticas sociais, desemprego.
Num dos vídeos, ele se reencontra com uma senhora imigrante chilena, que tinha encontrado o político numa das visitas de Michelle Bachelet, a  ex-presidente do Chile, à Noruega.
Políticos nas ruas não é novidade: dizem que Nero saía incognito às ruas para saber o que se falava dele na Roma do ano 57 d.C. O czar russo Peter, o Grande, navegou pelos mares da costa da Europa, no século XVII, como simples marinheiro, para aprender a construir navios.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, o antecessor dele, Tony Blair,  e o atual prefeito de Londres, Boris Johnson costumam  pegar o metrô londrino de vez em quando.
Bem, será que algum dos nossos nobres governantes verde-e-amarelos se arriscaria? Quem sabe, subir num Sacramenta-Nazaré, ou dirigir um táxi na BR-316 na hora do rush. Fica aqui a sugestão


 Cameron no tube londrino.(foto: site da BBC)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Arrumem os discos!

Outro dia, por algum motivo que me escapou da memória (certamente não por acaso), lembrei de quando eu e meu irmão, molecotes, recebíamos uma ordem da nossa mãe, após as festas de famílias que ela e meu pai gostavam de organizar em casa. A ordem, em si, já me remete a um irritante momento que logo também se transformava em baderna ou peleja com meu irmão, um ano mais velho que eu. E cínico que só ele. Meu pai não abria mão de ser o DJ da festa. Aquela vitrola era seu espaço de celebração e compartilhamento de felicidade. Detalhe ou não, ele gostava de beber e, aos poucos, cada vez mais, as bolachas ficam a meio caminho. Tocava umas duas ou três músicas e logo o papo com a família e amigos lhe remetia a necessidade de colocar um outro BG. O tema era que o disco nunca voltava para o saquinho plástico e sua respectiva capa. E assim iam se amontoando os discos. Cansada de pedir o mesmo de sempre ao marido dela, minha mãe partia para outro repetitivo pedido, para os filhos, no dia seguinte ou no fim da festa: Murilo e Erika, arrumem os discos!

Era bacana ver a alegria do papai durante a festa. Haja histórias pra contar. Músicas pra tocar na vitrola ou, o amigo, no violão. Claro, aquela ressaca braba era sagrada.

Até hoje temos a vitrola em casa. Temos discos, que agora pouco escutamos. E minha mãe tratou de separar os que considera seus mais preciosos... para que toquemos em seu velório! Sim, ela os indicou alguns anos depois, a mim e a meu irmão.

[silêncio desolador e sintomático]
#FelizDiaDosPais

A ruminar e se estabacar também. É por direitos!

Recentemente escrevi alguns pensamentos que me saltaram a partir do anúncio de lançamento de um novo filme e peça de teatro inspirados na vida de Camille Claudel, artista francesa por quem guardo enorme admiração. Costumo ruminar alguns temas. Catarse, talvez. Na verdade, acho mesmo que escrevo tudinho para mim. É como colocar em letras pensamentos às vezes confusos e, assim, até organizá-los. Perdão se isso lhes causa incômodo, leitores.

O fato é que acabei revendo o filme protagonizado pelos belíssimos Gerad Depardieu e Isabelle Adjani. E outra vez me transportei à trajetória de outra artista admirável, Frida Khalo. Em especial, me sobressaio a relação de ambas com seus respectivos pais. Seja porque o Brasil acaba de comemorar o dia dos pais, seja porque me faz retomar minha própria história de vida, ou seja lá por que motivo for. Ambas mantém uma relação dura com suas mães e uma relação de amor explícito com seus pais. Que colo fabuloso eles têm! Talvez o bom e velho Freud explique. Sei lá. O fato é que sigo ruminando impunemente.

E, para não sair da linha cinematográfica, devo dizer que preciso rever o mais novo filme do genial Almodóvar, “Los amantes pasajeros”, que estreou esta semana aqui em Buenos Aires. Digo rever não porque tenha gostado, mas justo porque me frustrou. Não esperava do diretor tão pouco; tão longe de tudo que assisti de sua caminha filmográfica fabulosa. Os personagens neste filme são fracos, superficiais. A narrativa é meio sem-pé-nem-cabeça. Me pareceu uma chula e típica comédia yanque. Bem, assim posso livrar a mim mesma da exigência de ser sempre incrível. Se até os gênios escorregam, como eu, mera mortal, não me estabacaria também?

Zizek em Belém?!

A notícia da mera possibilidade da vinda de Slavoj Zizek à Belém, via UFPa e Flávio Nassar, já é por si só um evento digno de nota.


sábado, 10 de agosto de 2013

Camille Claudel volta às pautas das quais nunca saiu

Tendo a seguir os argumentos psicanalíticos. O que não significa que rechace laudos médicos ou justificativas político-ideológicas. Eu me sinto identificada com várias pessoas que são enquadradas como “loucas” na sociedade. Assim que adoro discutir o assunto. Ler sobre ele. Assistir filmes e ser platéia histérica em peças de teatro. Por isso deixo aqui para nossos leitores a lembrança de uma grande artista: Camille Claudel. Uma mulher como muitas de nós. Diferente de nós também. E que vive, até hoje, na pauta de cada uma dessas categorias – desde as psicanalíticas, às medicamentosas, às artísticas, às político-ideológicas (digamos parte das feministas, por exemplo).

O fato é que podemos simplesmente nos regozijar com mais um filme sobre ela, e com uma atriz fabulosa, Juliette Binoche. Gostaria também de assistir a peça, em especial a peça. Mas tudo dentro de minhas possibilidades.

Ah, culpar ou não culpar Rodin pela “loucura” de Camille, para mim, não é a questão. Ainda que tudo o que nos rodeia tenha seu impacto sobre nós – ainda que o organismo tenha lá suas influências sobre nós, de forma mais ou menos determinante – temos que nos empoderar de nós mesmos. Nós decidimos como podemos dar conta de tudo isso, em geral. Em geral.

Recomendo a leitura do texto que me provocou postar: aqui

PS: Amanhã haverá eleições primárias na Argentina. Senadores e deputados disputam uma cadeira confortável no Legislativo dos hermanos. Buenos Aires está decorada com muitos cartazes e os colégios públicos libararam as crianças das aulas ontem, para que a estrutura se prepare para receber quem for votar. Fora isso, não se vê cavaletes atropelando os passantes nas calçadas. Como brasileira residente na capital federal, só tenho direito a votar na cidade. Ou seja, ano que vem. Farei com o prazer de poder ver fora de órbita o atual prefeito.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Le formidable Stromae

E aqui, o hit belga lançado num golpe magistral. Primeiro, como fofoca nas redes sociais: "olha, tem umas imagens doStromae na internet, tadinho, bêbado e decadente depois de uma noite de farra em Bruxelas. O sucesso acabou". Que nada, ele gravava o vídeo que virou o primeiro hit do verão europeu 2013. Stromae, le  Formidable retour.

O maestro Stromae

Decididamente ele não é cantor de um hit só. O belga Paul Van Haver, ou melhor Stromae (Maestro, em verlan, a gíria dos jovens das periferias de Paris, que embaralha as sílabas das palavras e nomes) liderou, em 2010 e 2011, por meses o hit parade na Bélgica, Holanda, Alemanha, Áustria, Suíça, Grécia e dezenas de outros países europeus Tudo com a impagável Alors on danse - só no Youtube, visto mais de 60 milhões de vezes. Com seu primeiro CD, ele ganhou vários prêmios e até mesmo o European Border Breakers Awards 2011, o prêmio dado aos artistas estreantes que quebram as barreiras comerciais e artísticas na Europa.
Depois de mais três anos da estréia dele, Stromae reapareceu bêbado, numa manhã de chuva em Bruxelas, sendo até mesmo interpelado por policiais. Claro que pipocaram vídeos do "flagrante" nas redes sociais. Era o retrato da estrela efêmera em franca decadência. Passaram mais uns dias e a supresa veio: Stromae não estava bêbado em fim de farra, mas sim interpretava na filmagem, com câmeras escondidas, do vídeo clip de Formidable, seu novo single - vídeo este já visto mais de 14 milhões de vezes desde 27 de maio passado. Aos poucos, ele vai lançando os canções de seu novo CD, Racine Carrée, que sai agora no dia 19 de agosto. A mais recente é esse no vídeo aqui: Papaoutai, já considerado o hit de verão na França e na Bélgica - onde, aliás, ele está com essa canção e Formidable no Top Five. Papaoutai (où est ton papa?) pode ser chamado de autobiográfica. A questão central é: onde está o seu pai? A letra é como um pensamento de um garoto diante da ausência do pai (Tout le monde sait  comment on fait des bébés Mais personne sait Comment on fait des papas). Stromae, nascido em 1985, em Bruxelas, é filho de uma professora belga flamenga e de um arquiteto belgo-ruandês que ele viu umas poucas vezes e que estava em Ruanda na hora errada:  foi morto nos massacres étnicos em 1994. O som é eletrônico, com pitadas afro e que ampliam o leque de vertentes n a obra de Stromae - conhecido até agora  como artista hip hop e de música eletrônica. Mas, ele tem estofo: é formado pela Académie Musicale de Jette, Bruxelas, onde ele se diplomou em História da Música e aprendeu a tocar vários instrumentos.
A direção de arte do clip é de um primor. Definitivamente, Stromae tem estilo. Simplesmente Formidable.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

"Gosta de um sabãozinho, é?..." Humph

Pra algumas pessoas é tudo muito simples: deu tesão, parte pra cima. O velho ditado popular ainda vale, aquele do "quem não chora, não mama". E como adoro mamar, eu choro o quanto for preciso.
Claro, um charminho aqui, outra sondagem do terreno acolá, não faz mal a ninguém. Mas sem tanta demora, que já começa a aborrecer, e aí é melhor partir pra outra cena. E foi mais ou menos isso que passou. Na barra de serviços daquele espaço cultural aconchegante - cheio de estilo, gente em número suficiente pra não estafar e arte delicadamente picante -, a balconista multifunções me abordou de primeira, mal pude me encostar pra fazer o primeiro pedido da noite. “Você não é amiga Fábio?”. Entre boquiaberta por não reconhecê-la e sem respiração frente a tamanha graciosidade da Cecília, eu precisei de um tempinho traidor pra responder. “Sou”. Cheia de sorrisos e sem desviar o olhar, ela chega mais perto. “Você não lembra de mim? Nos conhecemos no aniversário dele”. Achei melhor me desculpar e dizer a verdade que já estava na minha cara. Dali em diante e com tanta atenção dispensada, não conseguia parar de medir cada pedaço do corpo de Cecília, vestida com aquela típica displicência calculada, do cabelo aos pés. Meio coque nas madeixas; blusa de linha levemente dourada e com gola canoa suficiente pra deixar um ombro de fora. Uma clássica malha negra deixava suas medidas da cintura para baixo ainda mais estimulantes. Insinuantes. Sorriso feminino, alegre e safadinho. “Mamita”, pensei. Pele branca e de fartos cabelos negros; desenhos suaves e outros graves no rosto. É, ela já tinha me derrubado. Eu estava facinha pra ela, que sempre tinha algum assunto ou oferta a me fazer; uma folguinha no trabalho pra sentar do meu lado e puxar uma conversa. Mulherzinha provocadora! Como ela começou o jogo, eu a deixei comandar a partida e depois fui embora, já que ela preferiu não partir pro gol. Só treinando, treinando. Hum. Uhum.

Cá com meus botões, adiantei o assunto com o amigo em comum, alguns dias depois. E a notícia que ele me trouxe não poderia ser melhor. Tava pra mim, ainda que ela estivesse ocupada com o namorado.

A próxima tacada era minha. Estava segura de que poderia beijar seus seios volumosos; apertar suas coxas contra mim. Já podia sentir o cheiro do seu cangote... Ih, não via a hora de voltar àquele portal.

E mais uma vez, ela chega de braços abertos. “Ah, Fábio me disse que você vinha hoje”. Ela não me dava espaço, tampouco fechava aquela “gestalt”. Isso é tesão à flor da pele ou não entendo mais nada de desatinos sexuais. Trabalha, puxa conversa, derruba vinho, oferece uma taça... peralá!

“Cecília, tem algo estranho no banheiro e acho que é melhor ires lá” “O que foi?” “Melhor ires lá”. Nessas circunstâncias, não há lugar melhor que o banheiro pra aliviar o tesão. Era só para segui-la e ter o espaço que eu precisava pra sossegar a Cecília. “Ah, a saboneteira caiu e está derramando tudo”. Coloco Cecília contra a parede e direciono seu rosto para mim, assim poderia olhar nos seus olhos e lhe dar o beijo reprimido. Mais uma vez ela foi rápida. Com as mãos sujas do sabonete líquido que tentava recuperar, esfregou com gosto no meu rosto. “Gosta de um sabãozinho, é?”. E saiu feito cometa, ou criança, sei lá. Outra vez me deixou paralisada. Respirei fundo, lavei o roto. Zanzei mais um pouco com o grupo de colegas e fomos embora. Não me despedi. Essa tá na conta.

Não vou buscá-la. Mas vou destrinchar cada pedacinho dessa histérica, quando ela estiver pedindo misericórdia. Ah, vou! #Humph

Deep web: yottabytes de mistério


Página inicial doThe Hidden Wiki, o "Google" do subsolo da internet

Se é realmente verdade que a internet indexada na qual navegamos, a dita surface web, representa apenas 10% de todo o conteúdo global, é de se supor que a gigantesca parte oculta deste iceberg de informações, a misteriosa deep web, tenda a aumentar mais e mais após os recentes escândalos de vigilância ilegal sobre os cidadãos do mundo, exercida há muitos anos pelo governo dos EUA.
Muitas lendas cercam a deep web e a sua própria origem é distorcida por uma cortina de incertezas.
O fato é que a matemática complexa de anônimos programadores ajudou a desenvolver um dos melhores softwares de proxy de todos os tempos, o TOR (The Onion Router), que permite acesso anônimo e clandestino a fóruns, sites de compartilhamento e portais para praticamente todos os assuntos que possam interessar os humanos, inclusive (e principalmente) os mais sombrios.
E o TOR, por sua vez, responde por apenas 25% da deep web;
Todo tipo de aberrações comportamentais e crimes habitam esse mundo virtual de sombras.
Hackers e polícia cibernética travam batalhas contínuas e ocultas pelos firewalls que nos impedem de vislumbrar transações envolvendo prostituição, pedofilia, necrofilia, zoofilia, suicídios, satanismo, tráfico de pessoas e órgãos, sequestros, assassinato, narcotráfico e fraudes bancários, entre outras atividades de muitas naturezas, inclusive política.
Se queremos anonimato, ou pelo menos discrição em relação a nossas vidas privadas, então não devemos nem nadar na superfície (não esqueça: Big Brother is watching you!) e muito menos mergulhar num universo misterioso onde só surfa que tem conhecimento e/ou interesses fortes para tal.
Manter-se off line pode ser o único caminho para a liberdade.

Para informações adicionais sobre o "lado negro" da deep web sugiro matéria do blog Isso è Bizarro (cuidado com as imagens, que podem chocar facilmente o leitor desavisado).

Para vislumbrar o "lado mais claro", como a disseminação cultural e do conhecimento e a proteção das informações, indico matéria da Revista Galileu.

Desta última, copio e colo o que para mim resume a deep web:

 “Oi, eu sou a Humanidade e quando não tem ninguém olhando é isso que eu faço”


sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Sexta alternativa



Poucos solos de guitarra me trazem tanta melancolia neuronal quanto o de Get Me, minha canção favorita da minha banda favorita de indie rock, Dinosaur Jr.
Dig it!

GET ME (Dinosaur Jr.)

I don't see you, I won't call you 
I don't know enough to stall you
Is it me, or is it all you? 
Guess, it's on and on 
On a day, maybe I'd show you 
But it's the least of all I go through
But the thing is I don't know you 
And it's on and on 

Trembling words don't make my eyes close 
And if anyone then you'd know 
I can't find out 'cause it won't show 
And it's on and on 
Every dream is shot by daylight 
And I pray that maybe you're right 
But if you don't, maybe I might 
'Cause it's on and on 

When it takes too long I lose it 
I'll just hang while you abuse it 
If you knew then why'd you choose it 
'Cause it's on and on 
You're not gonna get me through this are you 
You're not gonna get me through this are you 

Anytime I'm there to show you 
But if it takes too long I know you 
Out the door just leavin' me screwed 
And it's on and on 
Everytime I try to fight it 
It's so hard to seem excited 
And if you don't turn then I'll bite it 
And it's on and on 
You're not gonna get me through this are you 
You're not gonna get me through this are you 

I don't see you, I won't call you 
I don't know enough to stall you 
Is it me, or is it all you? 
Yes, it's on and on 
Every dream is shot by daylight 
And I pray maybe that you're right 
But if you don't maybe I might 
Cause it's on and on

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Humanos de Brasília


Muito interessante a entrevista da adolescente Marina Serra dos Santos, ontem, no Programa de Jô Soares.
A entrevistada participa do blog Humanos de Brasília, e é filha de Cristina Serra, jornalista paraense que integra o quadro Meninas do Jô.
No cardápio, ativismo e política vistos sob um prisma quase inocente, porém inteligente, direto e reto, nos mostrando que o frescor da juventude pode ser muito benéfico ao nosso por vezes embotado raciocínio.
Assista aqui.