terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Ruínas de Belém

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Ótima reflexão do arquiteto Flávio Nassar sobre o que está acontecendo com o patrimônio histórico de Belém. Ele chama de Paris Merde à nossa Belle Époque. E é: merde de merda. Postei aqui uma entrevista de Vicente Salles na qual ele faz a mesma reflexão: "Que Belle Époque?" Ela não existe mais, foi destruída, estamos falando sobre cinzas.
Lembro-me da Belém dos anos 1970 - quando aqui cheguei - e de todo o casario da Av. Magalhães Barata. As casas com jardins e quintais. Sem falar do centro da cidade e das casas da José Malcher. Não há mais nada! No lugar do casario estão prédios, a maioria de gosto duvidoso. Uma pena!
Este acidente no Rio de Janeiro, ao lado do Teatro Municipal, me remeteu ao Teatro da Paz. Como é que temos essa relíquia e deixamos que ela seja ameaçada por um trânsito infernal e por um estacionamento lotado de carros o dia inteiro. É triste ver o que está acontecendo com Belém nas barbas das autoridades que elegemos para cuidar da cidade. Uma câmara de vereadores comprometida com o capital imobiliário e com o aniquilamento do patrimônio urbanístico da cidade. Como eu gostaria que a chibatada fosse institucionalizada no Brasil: só peia nesta cambada de ladrões.

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Windows Live Messenger no iChat - Surgem opções

Quem é usuário de Os X, já sabe que os Macs possuem seu próprio mensageiro instantâneo.
Conhecido como iChat, o pequeno aplicativo, até o momento, era compatível com alguns protocolos de outros serviços como Jabber, AIM, Google Talk e Yahoo. 
Sentiram falta de algo? Claro que sim! Onde está o Windows Live Messenger na lista? Não está. Simplesmente, como a Microsoft não abria o código de seu protocolo, a Apple não podia habilitá-lo no iChat. 
Uma chatice para os usuários de Mac, obrigados a usar a problemática versão atual para OS X do mensageiro da Microsoft. É uma versão tão ridícula, que no passado não muito distante, nem permitia videoconferência. Na atual versão 8.0, o Windows Live Messenger para Mac prometeu corrigir o problema. 

Não sei a experiência do leitor usuário de Mac. Embora na média ela tenha funcionado, em vários momentos a prometida videoconferência do WLV 8.0 para Mac, por alguma razão misteriosa, insiste em não acontecer. Por esta razão, muitas vezes tive que utilizar o bom e velho Skype como alternativa (este sim, continua a funcionar muito bem).

Saibam então que começam a surgir alguns sinais de que o fechado protocolo do mensageiro da Microsoft, está sendo finalmente liberado a desenvolvedores. O primeiro sinal você encontra na própria Microsoft, bem aqui  na página web destinadas a desenvolvedores.  Mas o que se lê por lá, nenhum de nós usuários finais vai entender. O que realmente importa, é que surgem as primeiras consequências práticas desta iniciativa.

A Cocoon desenvolveu o que batizou de The MSN plugin to iChat for Everyone. Ainda em versão beta e fácil de instalar, o pequeno aplicativo permite que você adicione uma conta MSN no seu iChat. Se desejar você já pode baixá-lo aqui.
O processo de instalação é simples e começa após o duplo clique no arquivo Cocoon.dmg. Ao final, você terá que fechar todos os aplicativos abertos e fazer um rápido logout de sua conta no Mac.
Logo após, a mágica aparentemente acontece. Veja a janela de configuração de contas do iChat capturada agora há pouco.

O MSN, finalmente aparece como opção! Basta então adicionar seu login e senha do Windows Live. 

Devo confessar que ainda não testei nenhum tipo chat com o novo plugin. Por enquanto, apenas posso afirmar que os contatos do MSN agora aparecem na janela do iChat. Fico devendo a avaliação que será feita em um futuro post


E como você pode ver na imagem acima, o desenvolvedor ainda se diz trabalhando para habilitar alguns detalhes importantes. 
Vou conferir.

Denia - Manu Chao

Eis aqui uma música que sempre desejei compartilhar. A única razão que me impedia, era entender minimamente sua origem, história e principalmente, a letra. Na verdade um estranho mistério a envolve, como tentarei demonstrar no post. Quem sabe, algum dos leitores não consiga esclarecer melhor?

Para mim, Denia chegou através do álbum Proxima Estacion-Esperanza (2001) de Manu Chao. Contudo, segundo a Wikipedia, ela nasceu como A Tulawin, composta pelo algeriano Hamid Cherlet, conhecido pelo nome artístico de IdirA Tulawin é em Kabyle, uma língua estranha de um certo grupo étnico algeriano. Quem desejar conhecer a letra original, é só clicar aqui.
Pelo que pude entender, Manu Chao a lançou como Denia, em um versão muito particular, em parceria com o próprio Idir . Encontrei no Lyrics Translate a curiosa tradução abaixo, do árabe para inglês, onde Denia aparece traduzida como Life.

Life

Poor Algeria
Life beats in the rhythm of your dismay
Life itself is a lie
My heart aches to watch you
Poor Algeria
Life through your eyes
Life as lie
Life swarming with police
Life soaked with
mothers' tears
Life racked with madness
Poor Algeria
Who really cares
in America about
what’s happening in Algeria?
Who really knows??
Entretanto, confundindo tudo, o Vagalume apresenta uma outra tradução para a A Tulawin. Em francês, que não tem nenhuma semelhança com a tradução de Denia para o inglês do Lyrics Translate. Vejam abaixo.

A TulawinIdir
Je suis, la prisonnière de la famille que tu chasses Je suis le corps, par leurs viols, dévasté Je suis la vie, par leurs haines, pourchassée Je suis l'âme, par leurs horreurs, torturée 
ghas d rrmel yergh d adfel yessan D azru yehfan ttin ay t tamurt-iw Mazal t beddedd, ur t ghellid ara Ssefdd imettawen-im a tamurt-iw 
Même si c'est du sable chaud ou de la neige cassante, c'est mon pays. Tu es encore debout tu n'es jamais tombé Sèche tes larmes, c'est bientôt fini... 
Je suis le coeur, par leurs barbarie, cessé Mais je suis le courage des combats retrouvés Béante est ma blessure J'ai mal à mes enfants décapités À Louness, à Tahar, à Aloula assassinés 
A tulawin, a tihninin Ssut tirugza a timazighin A tulawin, ittijen yefsin Tufrar tagut afus tighratin. 
Femmes douces, femmes éternelles Courageuses, libres! Femmes-soleil, femmes-lumière C'est bientôt fini... 
J'ai mal à ma soeur souillée, par ses violeurs innocents Ces faux dévauts, ses imam instructeurs Précheurs d'une haine venue de l'enfer Aveugle de la vie, ils ignorent que souffrir n'est pas prier Que subir n'est pas abdiquer ... ABDIQUEZ ! 
A tamurt imazighen D imezwura ay t izedghen Wer t tnuzu wer t rehhen Wer t ttawin yaadawen. 
Pays des hommes libres Berceau des Imazighen Tu n'es ni à vendre Ni à louer! 

Percebam que Denia e A Tulawin, são a mesma música!!! Como fica então?
Bem. Enquanto a resposta não chega, ouça Denia e seu ritmo hipnótico.

A terra em alta definição

Segundo o blog Bitaites e a Nasa, esta seria a imagem da terra de mais alta definição EVER
Mas calma! Ainda não é a que aparece ao lado, que é apenas uma pequena  da original. Não tenho a menor intenção de sobrecarregar a sua preciosa conexão. Contudo, se clicar neste link, receberá a imagem original. 
Neste caso, certifique-se de ter alguma paciência e uma ótima conexão à internet. No incrível tamanho de 8000 x 8000 pixels, a imagem pesa 16,4 mbytes e deve demorar um pouquinho pra  chegar até seu computador. 
Portanto, esteja avisado! Se estiver utilizando um celular com plano de dados limitado, melhor não clicar.
Batizada de Blue Marble 2012, a imagem foi construída em 4 de janeiro deste ano (com um algoritmo de projeção de mapas sofisticado) após 4 órbitas da sonda de observação terrestre Suomi NPP.
Pena que só tenha contemplado o território norte-americano. Pena mesmo!

Djokovic x Nadal

Saul Rassi*

Pense bem e responda, você alguma vez já pode contemplar uma atividade humana realizada em sua máxima exuberância, beleza, esmero e dignidade? Caso você já tenha presenciado tal fato, por quanto tempo você foi testemunha desse momento?
Pergunto isso porque foi exatamente o que aconteceu no último dia 29 de janeiro quando ocorreu a final do Austrálian Open de Tênis entre o sérvio Novak Djokovic e o espanhol Rafael Nadal (respectivamente número 1 e 2 do mundo). 
Esses Super Homens jogaram um tênis da mais alta qualidade, não disputavam dinheiro ou fama, isso eles já têm até demais, almejavam algo mais nobre, perpétuo e inestimável, eles jogavam pela glória do esporte, algo cada vez mais raro no nosso querido futebol mas que ainda sobrevive em outras modalidades.
Rafa e Djoko jogaram por exatas 5 horas e 53 minutos, demonstraram o tempo todo profissionalismo, vigor físico, técnica apurada e acima de tudo a emoção que emanava de suas raquetadas. Houve um vencedor (mesmo que digam que em uma partida como essa não existem perdedores) e este foi o sérvio com parciais de5/7;6/4;6/2;6/7 e 7/5 dessa forma aumentou a freguesia que tem em relação a Nadal (eles disputaram exatas 7 finais   de 2011 até agora e o espanhol perdeu todas).
Para aqueles que não são familiarizados com o tênis gostaria de dizer que é um esporte que se baseia principalmente na precisão dos golpes, técnica e estratégia de jogo e principalmente concentração e foco para manter as três primeiras. Percebe como é difícil manter isso por quase 6 horas e sempre em alto nível???
Nadal é conhecido como El Touro, pois não tem uma técnica apurada, porém sua concentração e determinação são sobrenaturais, a derrota para ele não é uma opção pois a única condição aceita é sobrepujar o adversário, nenhum tenista conseguiu ser melhor do que Rafa nesse quesito e é por isso que ele é o que é no mundo do tênis, um cara que intimida pelo olhar e pela maneira como corre e devolve todas as bolas (até mesmo as impossíveis).
Novak era um bom tenista até o ano passado, nada além disso, não conseguia fazer frente a Nadal e Roger Federer (considerado o melhor tenista de todos os tempos, ainda que seja bastante discutido isso) e eventualmente perdia para jogadores de nível técnico inferior porém, conseguiu o que para muitos é extremamente difícil, melhorar todos os seus pontos fracos a ponto de se aproximar da excelência em quase todos principalmente onde Nadal é mais forte: a concentração e a disciplina tática. Dai seu grande feito, superar aquilo que definia o Espanhol e virou a sua principal referência: a garra, determinação e força de vontade em ganhar as partidas
No domingo, os amantes do esporte que puderam assistir a essa partida, podem ter a certeza de que presenciaram um daqueles momentos que se tornarão  referência para a humanidade em diversos aspectos,  certamente daqui há 100 anos irão comentar sobre como dois esportistas conseguiram levar às lágrimas milhares de pessoas de diferentes nacionalidades, envolvidas em um jogo de tênis que serviu como reflexão para outros aspectos da vida.

*Saul Rassy é Fisioterapeuta, meu amigo e inaugura hoje sua primeira contribuição ao Flanar.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Peça a palavra, mas tome cuidado

Quando o catedrático doutor Lastra tomou a palavra, esta lhe deu uma mordida dessas que te deixam de mão esmigalhada. Como mais de um, o doutor Lastra não sabia que para tomar a palavra é preciso ter cuidado de segurá-la pela pele do pescoço se, por exemplo, trata-se da palavra onda , mas queixa tem que ser pelos pés, enquanto asa exige pôr os dedos delicadamente embaixo como se faz ao segurar uma torrada antes de untá-la de manteiga em vivaz azáfama.
Que diremos da azáfama? Que se requerem as duas mãos, uma por cima e outra por baixo, como quem sustenta um bebê de poucos dias, a fim de evitar as veementes sacudidas a que ambos estão propensos. E propenso, aliás? Pega-se por cima feito um rabanete, mas com todos os dedos porque é pesadíssima. E pesadíssima?

Por baixo, como quem empunha uma matraca.
E matraca? Por cima, como uma balança de feira.
Acho que o senhor já pode continuar, doutor Lastra.

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Julio Cortázar/ Último Round: Tomo II.
AS RESERVAS IMPOSTAS AO PRAZER
EXCITAM O PRAZER DE VIVER SEM RESERVAS
(Nanterre)



Nessa linha segue o governo de Cuba. Entre o impossível cerceamento das liberdades individuais e o fim da linha econômica do governo castrista: segue o desejo pelos prazeres...
As últimas decisões extraordinárias do Partido Comunista de Cuba mais parecem os últimos suspiros amorosos de A Dama das Camélias.
Pausadamente e sem fôlego, o regime cubano afunda nos efeitos do Absinto; mergulhando ao final de sua rota apaixonada; mas não sem vitimas. É assim ao final de toda saga romântica: sem amor, sem paz, sem esperanças; e a memória dos mortos como um pesadelo...

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Maconha

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Começo a semana diante de duas questões. Uma é a detenção de Rita Lee em Aracaju. A outra são os atos de Rita Lee. Nem ao mar, nem a terra. Considero uma babaquice a apologia ao uso da maconha. Assim como considero uma babaquice a negação do uso da maconha. Maconha não é uma coisa tão doce e inofensiva quanto se faz acreditar; mas também não é a pior droga do mundo; nem estamos no fim dos tempos. Rita Lee deve ter passado da marca; e a polícia já passa da marca por qualquer julgamento mais "sofisticado" sobre sua conduta.
Tenho a clara convicção de que o uso da maconha deveria ser liberado; e que o controle sobre as demais drogas ampliado. E por quê? Porque há centenas de milhares de estudos sobre os efeitos da maconha demonstrando "as potencialidades" da droga sobre a coletividade e sobre o individuo. Agora, não penso que a maconha é uma droga inofensiva e que devemos incentivar o uso, principalmente entre adolescentes. O que não dá é prá negar que as drogas fazem parte do cotidiano dos povos há milhares de anos e que seu uso é uma condição, também, da individualidade.
Temos, por outro lado, o tráfico e a apologia ao uso das drogas. O mundo do Tio Sam é o maior mercado do planeta, e o que mais lucra com a venda das drogas, depois os europeus; ou seja, tem mercado: tem drogas.
Liberdade de expressão é fundamental para o encaminhamento da discussão sobre a liberação da maconha. E Tia Rita precisa aprender algumas coisinhas sobre "la policia", e de como conviver com os mitos que ela construiu sobre si mesma.

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Inundado

O Fantástico, da Rede Globo, exibiu ontem uma reportagem sobre a cidade submersa de Petrolândia, em Pernambuco, que foi destruída quando da formação do Lago de Itaparica, reservatório da Usina Hidroelétrica Luiz Gonzaga, integrante da Companhia Hidroelétrica do São Francisco, há 23 anos.
De Petrolândia restaram apenas algumas ruínas submersas (e a parte mais alta de uma das igrejas acima do nível da água), que as autoridades do turismo pretendem colocar no roteiro turístico de aventura. A matéria era sobre isso, mas não foi o que me chamou a atenção. Observei o elemento humano, as pessoas mais velhas falando da saudade que sentem da cidade antiga (uma outra foi construída e é maior e mais urbana), dos seus costumes, músicas e festejos. E vejam este excerto do texto escrito pelo jornalista Francisco José:

"Com a construção da barragem e a criação do lago, as cachoeiras do Rio São Francisco desapareceram. Em um trecho, o rio deixou de existir. Algumas espécies de peixes também foram extintas."

Pensei imediatamente em Belo Monte. Para a construção de uma usina menor, em Pernambuco, espécies de peixes foram extintas e um patrimônio natural foi perdido. Que prejuízo se pretende impor, agora, ao Rio Xingu?
Nada como um exemplo concreto para nos fazer pensar.

Mais:

domingo, 29 de janeiro de 2012

Rsrsrsrsrsrsrsrs....

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Meus queridos remistas, lamento informar: Papão 2 x Remo 0. Estou muito feliz! Diria: felicíssima.
A vida é bela, o final de semana foi ótimo, e ainda levamos de 2. Isso acontece, não fiquem tristes, nem magoados comigo. Eu estou feliz da vida; mas sei ser solidária: sinto muito!

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O "Telecatch" e a memória de Ted Boy Marino

Já que meu viés de hoje é relembrar, durante a pesquisa para o post anterior, acabei encontrando outro ícone de uma época, que teve seu auge em 1960.

Na verdade, neste ano, nem sequer estava nos planos de meus pais. Viria ao mundo dois anos mais tarde. Contudo, acho que acompanhei o finalzinho de um programa de muito sucesso da televisão brasileira, que, certamente, encantou milhares de jovens, adultos e crianças da época. Uma época que nem a televisão era colorida. Mas já tinha seus campeões de IBOPE.

Falo do programa Telecatch (que hoje possui só este modesto link na Wikipedia).

Na minha época, graças ao patrocinador, era conhecido como Telecatch Montilla. Sem a menor dúvida, um evento absolutamente bizarro aos nossos olhares contemporâneos. Quase incompreensível. Fingia ser um autêntico programa de luta livre. Mas aos olhares minimamente esclarecidos, não escondia sua estrutura circense e flagrantemente "combinada", como se dizia na época. Era um fenômeno televisivo que misturava encenação teatral, combate e circo. Neste sentido, haviam os heróis, e, é claro, os vilões.

Pois este post é para relembrar um dos mais famosos heróis do Telecatch.
Chamava-se Ted Boy Marino.

Italiano, nascido na Calábria em 18 de Outubro de 1939 como Mário Marino, Ted Boy Marino passou parte da juventude em Buenos Aires, de onde absorveu parte do linguajar complicado que usava para se comunicar. Misturava italiano com espanhol. Muito embora na vida artística, o espanhol portenho predominasse.

Como os leitores podem observar na imagem acima, o cara na época tinha 21 anos. Era dono de uma ótima aparência, louro, de corpo atlético e aparentava entender minimamente de luta livre. Mesmo considerando todo o jogo de cena da produção.

Sendo assim, ele era perfeito para os propósitos midiáticos da época. Invariavelmente, nas ruidosas lutas não tinha para ninguém. Em algum lugar, algum produtor/caçador de talentos, havia decidido que Ted seria herói para sempre. Não me lembro de ter visto alguma luta onde ele tivesse conhecido o gosto amargo da derrota. Sua missão era tão flagrantemente fabricada, que as lutas pareciam seguir um roteiro imutável. Só após a entrada de seus adversários, o louro Ted Boy surgia acompanhado de música, luzes e gritaria. Na maior parte das vezes, trajava uma espécie calção brilhante colado ao corpo atlético e uma capa (dos quais jamais pude saber as cores). A citação ao Super-Homem dos HQs da época, era quase que automática. Ele era de fato um personagem encantador.

O cruel "Verdugo" em ação.
E os seus adversários? Claro que eram outro espetáculo à parte.
Em geral, eram brutamontes, muitas vezes com o dobro de seu peso, vestindo trajes assustadores e muito malvados. Seus pseudônimos curiosos ampliavam as emoções: Verdugo, Múmia, Rasputim, Barba Negra, Tigre Paraguaio, etc. A idéia era aumentar o valor da derrota que Ted Boy sempre lhes imputava. Mas nem pensem que era assim fácil. Afinal, se assim fosse, certamente o sucesso não seria tão expressivo.

E como eles eram maus! Alguns urravam para a platéia, provocando-a e recebendo em troco aquela sonora vaia. Como se não bastasse, ao longo da luta, usavam de expedientes cruéis e desleais, que os "juízes" pareciam fazer "vista grossa". Somente  os excitados narradores televisivos observavam. Verdugo, por exemplo, tinha o desagradável hábito de (supostamente) esfregar limão nos olhos de Ted. Outros, aplicavam golpes extraordinários. Um deles, ficou conhecido como "tesoura voadora". Enfim, os adversários eram exatamente o oposto da figura de "rapaz comportado" do herói.

Eis então, que ficava claro aos olhos dos mais atentos (geralmente mais velhos), o "desenho" de cada luta. A invariável fórmula do sucesso. Qualquer mortal seria capaz de prever tudo o que aconteceria. 

Nos primeiros rounds, Ted Boy era cruelmente surrado. E não era pouco. Tesouras, socos, gravatas e aqueles expedientes desleais já citados. Uma surra monumental. Muitas vezes, de forma humilhante, Ted era literalmente "salvo pelo gongo", quando então, alguns oponentes de tão malvados, recusavam-se a largá-lo, obrigando os (sempre muito cegos e tolerantes) "juízes" a separá-los. Lembro até, que não foram poucas vezes que um juiz chegou a ser igualmente surrado por um destes brutamontes. Para o mais absoluto (previsível/desejável) HORROR  da "platéia" e telespectadores.

Eis então que, subitamente, como se incorporasse uma entidade acordasse de um sono profundo, o herói Ted Boy Marino voltava ao ringue com uma comportada sede de vingança. É claro que não podia mostrar ao público, qualquer atitude feia ou incorreta, capaz de macular sua calculada fama de bom moço. Mas ele voltava meio possuído. E, sem jamais lançar mão das mesmas armas desleais de seus ferozes adversários, derrotava-os aplicando-lhes um elegantíssimo e bem treinado voo com os pés. Um golpe que se eternizaria com o nome de "tacle". Com ele, expulsava espetacularmente seus algozes do ringue, para o mais absoluto delírio de todos.

Era uma beleza! 
Por incrível que pareça, toda essa maluquice um dia fez enorme sucesso no Brasil. E o termômetro deste sucesso, era demonstrado em outro elemento inesquecível da época: o álbum de figurinhas. Todos os personagens de sucesso na TV, logo eram incorporados a eles. E foi assim, que gravei os nomes de muitos destes e de outros personagens da época.

Vejam abaixo, um ótimo vídeo que encontrei. Um raro registro histórico destes momentos.



E o que terá acontecido com Ted Boy Marino, que deverá completar 73 anos em outubro próximo?
Pesquisei. E ele ainda está bem vivo. Após o fim do Telecatch, Ted ainda participou de alguns filmes e programas humorísticos na televisão como "Os trapalhões" e "A Escolhinha do Professor Raimundo".

Encontrei entretanto, esta boa matéria feita por um canal de televisão (que não consegui identificar), com imagens recentes deste incrível herói da década de 60/70.



Para mais detalhes sobre as andanças de Ted, prefiro deixar que o leitor consulte este verbete da Wikipedia.

A graça e beleza de "Aristogatas".

Quem anda beirando os 50, com certeza deve ter curtido alguns dos antológicos desenhos animados da Disney. Muitos deles, ficaram para sempre na lembrança. Mas por alguma razão, nenhum foi tão marcante para mim como Aristogatas (Aristocats, 1970). 
Duquesa e os filhotes.
Contava a história de um família de gatinhos: a bela Duquesa e seus 3 lindos filhotes Marie, Berlioz e Toulouse. Todos muito bem criados na mansão parisiense de Madame Adelaide Bonfamille, acompanhados pelo fiel mordomo Edgar.
Madame Adelaide Bonfamille
Durante um encontro com seu advogado, Madame Bonfamille (uma extravagante cantora de ópera aposentada) deixa claro em seu testamento o desejo de deixar aos gatinhos toda sua fortuna. Somente quando os 4 bichanos morressem, Edgar, o fiel mordomo, poderia botar as mãos na bufunfa, se constituir como herdeiro natural.

O mordomo Edgar.
É claro que os 4 animais acabam vítimas de um nada ardiloso plano, onde o fiel mordomo tentaria livrar-se deles. Porém, em auxílio dos sortudos animais, surge um gato comum, Thomas O'Malley, de perfil malandro e experiente na vida das ruas, que ao fim, acaba (é claro!!) se apaixonando por Duquesa (e sendo incluído na herança de Madame Adelaide!!!).
Thomas O'Malley
Extasiante, não? Rssss

Produzido em 1970, o desenho era todo ambientado em Paris, tinha uma ótima trilha sonora e foi o último a ser autorizado por Walt Disney, em pessoa.
A história, não era exatamente um primor de inovação. Afinal, "A Dama e o Vagabundo" (Lady and the Tramp, 1955) e "Os 101 Dálmatas" (101 Dalmatians, 1961, relançado em 1996), exploravam o mesmo filão, com algumas diferenças. 
Apesar disso, Aristogatas jamais sairia de minha memória. Especialmente, pela sua excelente musica introdutória, interpretada por Maurice Chevalier, que você pode apreciar no vídeo abaixo*.



No Brasil, a música foi dublada pelo ótimo Ivon Cury (1928-1995, que aliás, merece uma visita especial neste verbete da Wikipedia). Seu habitual charme, em nada deixou a dever a versão estadunidense, como mostra o vídeo abaixo.


Para quem desejar conhecer a letra original desta linda música, basta clicar aqui.

Definitivamente, este foi um post bem leve para o Domingão.

*Existe uma versão melhorada deste vídeo, que infelizmente, não permite incorporação ao blog. Mas pode ser vista clicando aqui.

sábado, 28 de janeiro de 2012

E aí, CNJ?

Postagem do site Migalhas (especializado em notícias "jurídicas") sob o título "CNJ" põe o dedo na ferida aberta do Judiciário. E agora, Conselheiros?

"Vergonhoso o que se deu ontem no CNJ. Depois de se reunirem a portas fechadas, durante quatro horas, os conselheiros que questionavam as compras milionárias do CNJ saíram pianinhos. O que terá amansado as feras ? só Deus e Peluso sabem (se é que não são a mesma pessoa). O fato é que ficou feio demais deixar tudo mais esconso do que já estava. Para o conselheiro Gilberto Martins, então, nem se fala. Ele teria levantado suspeitas sobre as compras publicamente (falou em vícios insanáveis) e, à sorrelfa, aceitou placidamente as explicações. O que nos parece é que o ministro Peluso fez como aquele chefe de família, que põe os filhos no quarto e só o mostrar da correia, seguido de um "estamos entendidos ?" fulmina qualquer questionamento da prole. Outra não é a leitura do Estadão, para quem Peluso "enquadra colegas e obtém apoio para licitação milionária no CNJ". Para nós, reles migalheiros do povo, fica a lacônica nota emitida pelo Conselho, segundo a qual os membros do CNJ "declaram não ter dúvidas em relação à legalidade e/ou regularidade do processo licitatório". No entanto, respeitando entendimentos contrários, se há algo para ser explicado (e eles não ficaram quatro horas juntos porque se amam), por que não fazer isso publicamente ? O ministro Peluso pode ser acusado de muita coisa, como, por exemplo, de ser autoritário (consequência, talvez, da autoridade moral granjeada). Mas não pode ser, e nunca foi, acusado de ser ímprobo, pois tem em seu currículo extenso rol de provas que desmentem qualquer nesga acusatória. Então, por que S. Exa. não expõe a público todas as respostas aos questionamentos apresentados ? Tememos - e é a coisa à socapa que nos provoca este sentimento nefando - que existam mais coisas entre o CNJ e a Terra do que sonha nossa vã tecnologia."

Todo dia é dia de Fusca


Imagem: Scylla Lage Neto

O mundo elegeu o dia 22 de junho como o Dia do Volkswagen Beetle, mas no Brasil tinha que ser um pouquinho diferente.
Conta a lenda que em 1988 o Sedan Clube optou pelo dia 20 de novembro para ser o Dia Nacional do Fusca, mas graças a um atraso na produção das faixas promocionais, que foram grafadas com o número 20 e sem o mês, o dia comemorativo pulou dezembro e as festas natalinas e acabou desembarcando em janeiro. Fator Brazil...
Fui lembrado da data pelo nosso comentarista frequente Pedro do Fusca, dono do mais belo besouro da nossa cidade, um 1958 verde, mas estava ausente e acabei escolhendo aleatoriamente a data de hoje, 28 de janeiro, para celebrar o Dia Flanar do Fusca.
Tenho certeza de que o Fusqueta faz parte da história de quase todos nós, e talvez exceto pelos mais novinhos, todos já dirigimos ou pelo menos passeamos ouvindo o delicioso e peculiar barulho de seu motor boxer refrigerado a ar, um primor da engenharia da década de 1930.
Dentre alguns "causos" envolvendo o Fusca, recordo de um parto feito lá pelos anos 80, dentro de um táxi, no estacionamento do Pronto-socorro da 14 de Março. Aquele espaço correspondente ao banco da frente, que era retirado deliberadamente, transformou-se em centro obstétrico e trouxe uma menina de choro vigoroso à vida, para emoção de um punhado de acadêmicos de medicina.
Como foram produzidos mais de 3 milhões de unidades do Fusca, eu me pergunto quantos partos podem ter ocorrido no interior da carismática viatura pelo nosso Brasilzão de Deus.
Vida longa ao Fusca!

PS: homenagem do blogger ao Pedro do Fusca e ao Roger Normando, preservadores da nossa memória automobilística através de seus valentes besouros.

Coisas do passado, coisa de futuro





- Como fazem para construir um projeto de futuro?
- Muito simples: transformando o passado – Leonel Lienlaf (mapuche)


Pincei este diálogo da obra “Construyendo comunidades... Reflexiones actuales sobre comunicación comunitaria”. Sou apaixonada por história, por memória e biografias, seja em filmes, em livros enfim... De pronto, lembro de algumas obras recentes do gênero que li, como “Chatô. O rei do Brasil”, “Abusado”, “Eny e o grande bordel brasileiro”, “Minha Razão de Viver. Memórias de um Repórter”, “Historias de mujeres”. É uma paixão, pessoal e intransferível.
E algo que me deixa muito feliz é poder aliar esta paixão à minha atividade profissional, acadêmica, lúdica e militante. Vivo um momento propício para isto atualmente e desde que comecei a trabalhar na Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), entidade que completa 35 anos no próximo mês de agosto (aliás, como eu).
A entidade detém um acervo fotográfico belíssimo e de uma importância histórica incrível para o estado, especificamente no que diz respeito às lutas sociais. O arquivo não conta apenas três décadas de atividades da SDDH, mas conta uma parte significativa de um passado que precisamos lembrar por muitas razões, inclusive para transformar nosso futuro, como afirmou o mapuche Leonel Lienlaf.
O acervo é encantador e, com a retomada do jornal Resistência, pudemos também articular com o pro-reitor da Extensão da UFPA, Fernando Artur, a elaboração de um projeto capaz de restaurar este acervo e compartilhá-lo com a sociedade. Com a abertura da maioria dos editais de financiamento público no mês de fevereiro, estamos cheios de esperança. E tomara que consigamos garantir este presente à nossa história no segundo semestre deste ano.
Façamos, vamos amar!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Sai a versão 6.2 do Google Earth

Para aqueles que curtem o Google Earth, já está disponível para download a versão 6.2. 
Segundo o Blog MacMagazine, a mais nova versão do GE, além de trazer integração com o Google +, apresenta imagens do globo mais suaves e  com maior qualidade.
Disponível para Windows, Mac e Linux, faça o download já, clicando aqui.

Steve Jobs assumiu que copiou idéias da Xerox

And I am also one of these people, that... I don't really care of being right.


Com estas palavras, devidamente documentadas, Steve Jobs assume que de fato copiou duas idéias então fundamentais, quando visitou os famosos laboratórios PARC da Xerox: o mouse e a interface gráfica.  Contudo, quem leu a sua biografia autorizada (bem como algumas não autorizadas) já sabe que este processo foi consentido. Na verdade, a Xerox tinha nas mãos uma ótima idéia. Mas não conseguia (ou não tinha interesse) implementá-la no mercado. 
Jobs levou toda uma equipe para lá, com pleno consentimento dos executivos da Xerox.
Possivelmente, a Xerox, com foco em outro lucrativo mercado da época, não tinha a menor idéia do que tinha em seu poder. E muito provavelmente, subestimou o que aquele jovem zen, mal vestido e barbudo, seria capaz de fazer.

1984 - O ano que não poderemos esquecer

Os dois vídeos abaixo, são históricos. 
Em 1984, época em que a então gigante IBM iniciava sua trajetória hegemonica no nascente mercado da  microinformática, este jovem rapaz, ousado e impaciente, após ter íntimo e radical contato com a chamada contra-cultura americana (que só mais adiante entenderia os computadores pessoais como ferramentas úteis para mudar o mundo), lançava de maneira muito especial o primeiro Macintosh.

É um vídeo longo. Tem cerca de 9 minutos! Mas é um registro precioso de uma época. E vale a pena ser visto até o fim.


Nele, vemos um inacreditável Steve Jobs. Quase que totalmente careta, se compararmos com as keynotes dos mais recentes lançamentos feitos pela Apple.
Vestido em um hilariante terninho preto, com gravata borboleta, lendo a apresentação, tira da caixa o Macintosh, e, ao som da trilha sonora de Chariots of Fire (Vangelis), faz a sua primeira inicialização. Tudo com pompa e circunstância, acompanhado pelos habituais aplausos e espantos de uma platéia atenta. E possivelmente, adequadamente estimulada.
Nada poderia ser mais careta! Rsss

No segundo vídeo, uma peça publicitária premiada, antológica, parou os americanos em pleno Super Bowl. 


Dirigido por Ridley Scott e filmado na Inglaterra, o vídeo é assustador. Mas foi perfeito em vários aspectos. Impossível entendê-lo, sem contextualizar.
Aproveitando o ano de 1984, a citação ao Big Brother do livro de George Orwell é inevitável e, obviamente, adequada e proporcional às necessidades estratégicas da Apple. Jobs sabia que estava enfrentando a IBM e seus clones.
O resto, é história.

Mar de Cortez: o salto

A exibição de força e poder por parte do macho faz parte do ritual amoroso de todos os mamíferos marinhos (e dos terrestres também?!...).
Dentre as ballenas jorobadas, a altura do salto executado é crucial para que a fêmea escolha o mais forte dentre os candidatos a pai de seu bebê.
É simplesmente arrepiante!


Imagem: Scylla Lage Neto


Imagem: Scylla Lage Neto


Imagem: Scylla Lage Neto


Imagem: Scylla Lage Neto


Imagem: Scylla Lage Neto


Imagem: Scylla Lage Neto

Mar de Cortez: Ballenas Jorobadas

Imagem: Scylla Lage Neto

Não adianta os americanos insistirem em dizer que as Humpback Whales (baleias jubarte) têm cidadania americana, pois as mesmas apenas residem no Alasca.
Os bebês são "hecho en Mexico", bem diante dos olhares humanos, no Mar de Cortez, merecendo portanto o nome local de Ballenas Jorobadas.
Os machos e fêmeas começam a chegar na região em novembro e lá permanecem por poucos meses, no máximo até março, quando as gestantes dão à luz e novos casais se formam. Retornam ao Alasca, sempre separados, e via Havaí.
Para vê-las embarquei num barco inflável Zodiac, rumo à Baya Madalena.


Imagem: Scylla Lage Neto

Por muito tempo nada aconteceu, até que a primeira corcundinha, de cerca de 14 metros de comprimento e muitas toneladas, se revelou e depois outra e mais outra, numa sucessão de emoções dispostas a poucos metros do barco.
Fotografar aquelas preciosas criaturas, remanescentes de eras longínquas, ou apenas vê-las e ouvi-las, transformou-se em poderoso dilema a ser equalizado (razão/emoção).
O suave meio-termo prevaleceu e, ao retornar à marina de Cabo San Lucas, eu trazia um sorriso indisfarçável no rosto, um brilho no olhar e me sentia feliz como uma criança.
Aliás, ainda me sinto exatamente assim.

Imagem: Scylla LageNeto

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Bolão Y

O blog Generacíon Y já foi eleito o melhor do mundo por um jornal internacional. Sua autora, a controversa jornalista Yoani Sánchez, desvela para o mundo a realidade de Cuba, do ponto de vista de quem vive lá e sofre as consequências das opções de seu governo.
Disse que ela é "controversa" porque sua fama não é nada boa no próprio país e, aqui fora, muitos senões são levantados, porque existe uma aura de santidade em torno de Cuba e de Fidel Castro, o que a meu ver chega a ser quase um extremismo de esquerda. E olha que eu sou esquerdista. Mas não posso fechar os olhos para o fato de que um povo guiado por décadas pelo mesmo homem, e sucedido por decisão própria por seu irmão (como se o poder fosse patrimônio pessoal), não está exatamente numa democracia.
Conheço gente que me atiraria pedras só por eu fazer tal ponderação. Afinal, Castro lutou contra o imperialismo dos Estados Unidos e blá-blá-blá; tem também o Che Guevara, que é um ícone sagrado e até hoje vende muitas camisetas.
Não pretendo fazer um discurso sobre ciência política aqui, primeiro porque não tenho formação para isso, segundo porque não é a finalidade. Só direi, assumindo os riscos de estar sendo simplório, que não acredito em democracia sem alternância no poder e sem que as Forças Armadas sejam apenas auxiliares do governo, sem se confundirem com ele.
Yoani Sánchez pretende vir ao Brasil. O governo brasileiro já concedeu o visto, mas ela não pode sair de Cuba sem autorização expressa e pessoal de seu governo (o que não me parece nada democrático). As 18 tentativas anteriores fracassaram. Será que a iminente visita de Dilma Rousseff àquela ilha facilitará as coisas para a blogueira?
E assim chegamos ao ponto. Digamos que Yoani consiga vir ao Brasil. Eu aposto que, uma vez aqui, ela pedirá asilo político. Quem concorda? Quem discorda?

Mar de Cortez: prólogo


Imagem: Scylla Lage Neto

Poucos programas televisivos marcaram tanto a minha infância/adolescência quanto o do cineasta e oceanógrafo francês Jacques Cousteau. Suas reportagens sobre lugares misteriosos e distantes impregnaram minha ávida imaginação por anos, especialmente uma série sobre um certo Mar de Cortez, repetida talvez de forma exaustiva pela Rede Globo.
O dito mar, na verdade o mesmo Golfo da Califórnia, era definido pelo explorador como o "maior e mais bonito aquário do mundo", um lugar mágico onde as baleias corcundas (a nossa jubarte - Megaptera novaeangliae) vinham procriar, fugindo do atroz inverno ártico.
Fixei a idéia de que um dia eu visitaria o Mar de Cortez, mergulharia nas suas águas ricas de vida, me integrando ao seu puro ambiente marinho.
Anos e décadas se passaram, e aquele garoto sonhador perdeu o fio deste sonho, chegando ao absurdo de esquecê-lo por completo.
Por uma ironia da vida, a busca de um destino alternativo para uns dias de férias me levou de volta ao Mar de Cortez, especificamente através de uma reportagem sobre o hoje badalado destino turístico conhecido como Los Cabos (faixa litorânea de 40 km de extensão, compreendida entre os municípios mexicanos de San José del Cabo e Cabo San Lucas). E de forma compulsiva passei a mergulhar de cabeça na missão de ir o mais rápido possível para lá, resgatando antigas memórias de um garoto gordinho e sonhador, ainda vivo no velho corpanzil.
Quero compartilhar esta experiência mágica com vocês, aqui no Flanar, num punhado de postagens sobre o Mar de Cortez e o deserto que existe entre os oceanos.


Imagem: Scylla Lage Neto

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Filme belgo-flamengo no Oscar



Rundskop, o melhor filme belga (flamengo) de 2011 acaba de ser indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Pena que a Academia não indicou o nosso Mathias Schoenaerts, o ator principal de Rundskop, para o Oscar de melhor ator. Perto dele, você se convence que os Brads e Clooneys não passam de rostinhos bonitos.

Como sincronizar "iDevices" com iTunes sem cabos

Imagem: ipadsandiphones.com
Todos que já possuem algum tipo de iDevice (iPod, iPod Touch, iPhone, iPad), já sabem que terão que utilizar o iTunes para sincronizar suas mídias com o computador. De fato, músicas, imagens, vídeos, livros, e aplicativos, só funcionarão se você fizer regularmente o sincronismo com o iTunes. 
O iTunes, por si só, é motivo de muita polêmica. As opiniões variam da indiferença ao ódio absoluto. Ainda não conheci alguém que goste especificamente dele. Para ser honesto, nem eu, que utilizo Macs há cerca de 5 anos, reservo-lhe qualquer tipo de atração especial. Limito-me a utilizá-lo, pelo simples fato de que preciso fazê-lo. Assim sendo, quanto mais aprendermos sobre ele, melhor.

Em suas últimas atualizações, tanto o iOS quanto o iTunes, ganharam funcionalidades importantes. Entre elas, uma que ainda não tinha experimentado: o sincronismo de iDevices sem cabos, de modo wireless.

Isso mesmo! Se você preferir livrar-se definitivamente do cabo USB, mantendo tão somente para a recarga de energia, agora já pode. Para tanto, antes é necessário fazer algumas configurações básicas. Seja no iTunes, seja nos iDevices. Além disso, obviamente, você precisa possuir uma rede WiFi doméstica compartilhada, onde computadores e os iGadgets se enxerguem sem problemas.
Neste sentido, por e-mail, nosso reconhecido expert Antonio Fonseca, dá as dicas necessárias para tudo funcionar direitinho. Pela clareza e riqueza de detalhes, tomo a liberdade de publicar aqui, compartilhando com os leitores este interessante conhecimento. 
Bom proveito!

Com o lançamento do iCloud, iOS 5 e Lion, passou a não ser mais necessário usar cabos para realizar a sincronização entre iDevices e o Mac. Tanto faz se você faz o sincronismo usando iTunes ou usa o iCloud como repositório.

Vamos fazer as configurações necessárias.

Conecte seu iDevice ao iTunes por cabo e, na exibição de resumo dele, ative a sincronização com iTunes ou iCloud (fica a seu critério) e habilite também a opção de sincronizar o dispositivo usando o WiFi na tela de resumo (faça isso para cada iDevice que você possuir, só será necessário fazer isso uma vez).

Se você selecionou a sincronização com o iTunes, continuará usando o iTunes para fazer backup de suas informações. Se iCloud, usará o iCloud (mesmo assim ainda pode usar iTunes e manter um cópia local - pode por exemplo comprar algo no iTunes usando o Mac e a compra será enviada automaticamente para os iDevices registrados desde que o iTunes esteva configurado para isso em: iTunes > Preferências > Loja).

Se você selecionou a opçõa de usar o WiFi para sincronização sem fio conforme sugerido aqui, a partir de agora sempre que você abrir o iTunes no Mac e o seu iDevice estiver na mesma rede ele será exibido na barra lateral esquerda no iTunes do Mac, exatamente como aconteceria se você o tivesse conectado por cabo ao computador. Tudo que era possível fazer com o dispositivo conectado por cabo, pode ser feito wireless.

Para usar o iCloud como repositório de sincronização, ative a opção na tela de resumo do iDevice no iTunes e também no iDevice em Ajustes > iCloud. 

A opção compartilhar fotos permite a sincronização automática de fotos registradas em qualquer iDevice com outros iDevices e com o iPhoto.

Exemplo de funcionamento: tire uma foto com o iPhone, quando ele estiver em uma rede WiFi, enviará automaticamente as imagens registradas para o iCloud e você poderá ter acesso à elas na app Fotos nos iDevices e em Sequências de Fotos no iPhoto (é preciso ativar o recurso no iPhoto para que ele receba as imagens). As imagens serão sincronizadas com o iPhoto automaticamente, sempre que houver uma rede WiFi disponível, inclusive será criado um Evento automaticamente. Você não precisa se preocupar em gerenciar o armazenamento do Sequência de Fotos (no iPhoto) ou o do Compat. Fotos na app Fotos dos iDevices.

Nossos agradecimentos ao Antonio.

Mas se desejar complementar este conhecimento com informações oficiais do Suporte da Apple, sugerimos enfaticamente os seguintes links:

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Por favor, feche o cruzamento!

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A deliciosa chuva que caí nesses dias de invernia belemense nos precipita em uma espécie de inferno molhado: a cidade enlouquece, o trânsito é ameaçador, os indivíduos alucinados, e não há saída prá lugar nenhum. Paralisados, estamos. Lúcio Flávio Pinto afirma que estamos andando para trás. E faz, talvez, a mais lúcida avaliação que já li sobre o governo de Duciomar Costa, na edição de nº 505 do Jornal Pessoal.
A classe média de Belém vive sobre rodas, entra e saí de seus apartamentos motorizada; abre os vidros e limpa toda a sujeira do carro na rua, ali mesmo, onde estiver. Os que não tem carro - meus filhos, por exemplo - andam de ônibus enfrentando a sujeira, o calor e a direção homicida dos motoristas de ônibus de Belém. De fato, estamos andando para trás e em passos largos e determinados. Nossa meta: lugar nenhum. Vivemos uma espécie de gestão caótica na qual todos, por diferentes determinações, fingem que há ordem nesse caos urbano em que nos metemos: todos nós. Não há saídas privilegiadas para ninguém: a cidade está estrangulada. E sem os investimentos necessários em equipamentos urbanos: todos temos que viver o mesmo infortúnio. O que muda é o acesso ao tipo de transporte que se pode dispor. E isso causa, sem dúvida, uma enorme diferenciação entre os indivíduos. Além do que, quem entra de carro em sua moradia não precisa colocar o pé na lama, nem dentro d'água.
Leiam o último número do Jornal Pessoal: vale a pena parar para refletir sobre a Belém que está pertinho de completar 400 anos de existência.

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Os céus rendem homenagem a Steve Jobs

Imagem: Blog MacMagazine
Observem bem a imagem acima.
O que lêem no lado esquerdo da porta de entrada do Airbus A320?  Sacaram?
Foi a maneira singela que a empresa Virgin America (sediada no Vale do Silício) encontrou para homenagear Steve Jobs. 
Ficou muito bacana.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Rita Lee

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A mutante Rita Lee anuncia que deixa os palcos agora: aos 64 anos. Não imaginei ouvir isso de
Rita Lee. Está cansada da vida de shows e do palco: "está frágil". É isto! Gosto de Rita Lee, de suas letras e de sua irreverência. Música leve, rocks e baladas maneiras; além do estilo rebelde e pouco cortês diante daquilo que ela não gosta ou do que lhe incomoda. Deixo uma música que acho legal; e que diz um pouco sobre as "infantilidades" de uma das damas do rock nacional.





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sábado, 21 de janeiro de 2012

Minha memória da Kodak

As palavras Instamatic e Flashcubes fazem algum sentido pra você?
Pois saiba que para mim, chega a ser cruelmente constrangedor a certeza que muitos sequer tenham idéia do que elas representaram no passado. Falo da fotografia doméstica, "popular", do retrato, do registro das férias, viagens, e principais eventos familiares. Do mesmo tipo de fotografia que milhões de pessoas de todo o mundo continuam a fazer, com uma vital diferença: agora, usam câmeras digitais.
Na esteira do post Kodak: R.I.P., vamos então relembrar apenas uma época dos 131 anos da Eastman Kodak. 

1) Kodak Instamatic
Instamatic 100
Esta época começa em 1963, quando a Kodak lança no mercado a primeira câmera de baixíssimo custo. 
Era de plástico resistente, leve, elementar, pequena o bastante para caber num bolso. Batizou-a de Instamatic e na sequência, fabricou uma enorme família de Instamatics de enorme sucesso e impacto no mundo da fotografia não profissional. De uma hora para outra, mais pessoas poderiam usar a fotografia. 
Como fabricante majoritária de películas fotográficas, era óbvio que popularizar a câmera, traria mais lucros com a venda dos filmes e acessórios que fabricava. 
Notaram a estratégia? Nada de novo. Afinal, é exatamente o mesmo modelo que fabricantes de impressoras adotam neste exato momento. Lucrar com os caríssimos cartuchos de tinta.

Vejam o jeitão da primeira delas, a Instamatic 100, na imagem acima. Observem o flash acoplado. Um bulbo descartável de uso único. 

Vocês leitores que usam suas câmeras digitais agora, aproveitem e entendam como era a dinâmica da fotografia analógica "popularizada" daquela época. 
Comprávamos uma câmera como esta, comprávamos um filme (P&B ou Color com 24 ou 36 poses), e saíamos fotografando. Não havia como conferir se a imagem ficava boa ou não. A Kodak garantia, que se você a utilizasse respeitando estritos limites de luz e proximidade, a maioria delas seria satisfatória. E isso, na maior parte das vezes, acontecia. Esgotado o número de cliques que o filme permitia, levávamos a uma loja de fotografia. Pagávamos de novo pela revelação, que no início, chegava a demorar quase 1 semana. Só muito depois, surgiriam as máquinas que revelavam as imagens em poucas horas. Ao fim, recebíamos um envelope com as imagens e o rolo com o negativo. Se quiséssemos mais cópias para compartilhar com amigos e familiares, precisávamos dos negativos, revelando mais uma vez apenas as imagens desejadas. Além disso, é óbvio que nem todas ficavam boas. Era comum comemorar quando aproveitávamos 100% dos cliques.

Sacaram a onda? Clicar, pelo custo de todo este complicado processo, era algo de alguma responsabilidade. Fazer imagens de si próprio (como muitas e muitos adoram hoje), dos pés, da ferida do Juquinha, do gato de fulana, da folha do manjericão da sua avó, era um crime passível de uma boa surra. Afinal, alguém teria que pagar por tudo. E lembro que filmes e revelação não eram nada baratos.

2) FlashCubes
Perceberam como eram os flashes da primeira Instamatic? Um único bulbo, garantia uma única imagem com Flash. Isso, pelo simples fato de que o bulbo se queimava após um único uso. 
Foi então que as novas Instamatics foram lançadas com um estranho encaixe para uma grande novidade. Chegavam os Flashcubes
Representavam um avanço na tecnologia do bulbo único. Ao invés de apenas 1, os novos cubos espelhados tinham 4 bulbos. A cada clique, quando   o filme era avançado, o cubo também girava, expondo um novo bulbo ainda não queimado. Com isso, com um único Flashcube, agora podíamos fazer 4 imagens com flash. Depois, é claro,  tínhamos descartá-lo e adquirir outro. Sendo assim, se fotografássemos todas as 36 poses de um filme, precisaríamos de 9 cubos. E eles, também não eram nada baratinhos.
Como curiosidade, vejam esta propaganda da época de seu lançamento.



Esta foi uma época que eu conheci. Era como papai e mamãe fotografavam. E que controlavam rigorosamente aquilo que faríamos com a preciosa câmera.  Uma época em que a toda poderosa Kodak, ditava o mercado de fotografia. 

Será?

Producente perguntar a não usuários da Internet o quê pensam sobre uma provável regulamentação para controlar a difusão do conteúdo que nela circula.
Gostei dessa resposta.
- Meu caro, como até agora não entendi como esse "trosso" funciona. Espero que "eles" não proíbam que eu continue provando ao Governo que continuo vivo. E faço isso, lá na esquina de casa. Num tal de Cyber Café. Que não tem café!"

O incrível datacenter do Facebook

800 milhões de usuários!
Este é o número impressionante de pessoas com contas na rede social mais popular do mundo. Parece que foi ontem que assistimos (através do filme "A Rede Social"), um nerd e emberbe Mark Zuckerberg comemorar tímidamente a primeira marca de 1 milhão de usuários. 
É óbvio que, se conseguimos acessar com rapidez nosso perfil ou "feed de notícias" no Facebook, além de uma boa conexão a web, deve haver um superhipermega investimento da empresa em hardware de alta confiabilidade, capaz de lidar com as demandas de todas essas pessoas simultaneamente. Mais precisamente, falamos de um datacenter monstro, com poder de armazenamento/processamento indescritíveis com backup de energia poderoso e confiável, capaz de manter tudo em funcionamento em regime 24 x 7.
Pois ele existe e foi feito em parceria com a Intel, localizado em Prineville, no estado americano do Oregon. E segundo o Olhar Digital, há previsão de construir mais 2 iguais.
O datacenter de Prineville tem um perfil no Facebook que você pode até curtir, se desejar.
Mas antes disso, assista ao vídeo abaixo. Ele foi feito em 2009. Na época, eles ainda nem tinham os atuais 800 milhões de almas. Mas vale pelas imagens de bastidores de um datacenter do Facebook.



Bacana, não?
Agora, vamos pensar um pouquinho. Um hardware destes, processando sabe lá quantos milhões de dados por segundo, vai produzir uma boa quantidade de calor. Daí as salas ultra refrigeradas, com enorme dispêndio de energia, que talvez obriguem os raros funcionários envolvidos na sua manutenção, a usar roupas para esquiar nos alpes.
Pois fique sabendo que o Ártico é o local do próximo datacenter do Facebook.
Para mais detalhes, clique aqui.
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Atualizado às 20:36 h para incluir o vídeo.

Curiosidade

Faço de minha curiosidade uma pergunta?
No iTunes, deparei-me com a possibilidade de possuir um livro dos The Beatles: O Submarino Amarelo. A mensagem anima à todos, pois trata-se de raro ato de presentear os usuários do iTunes.
O arquivo foi baixado, porém, nunca consegui executá-lo.
- Dr. Carlos. Vossa Senhoria pode me ensinar como faço para acessar o conteúdo do arquivo em tela?

Kodak: R.I.P

Mais uma notícia chocante para o mundo. O mesmo mundo, que tenta acompanhar os avanços tecnológicos, que surgem em velocidade cada vez mais estonteante, choca-se com o desaparecimento súbito dos avanços de outrora.
Ontem, 20 de janeiro de 2012, a Eastman Kodak jogou a toalha. Isso mesmo! Acabou. Foi-se. Virou suco. Morreu. Em suma, declarou oficialmente falência. Seu website ainda está lá, tadinho. Mas ela se foi.
Segundo informa o Correio do Estado, a empresa desaparece 131 anos após ter revolucionado a fotografia
De fato, como informa a Wikipedia, sediada em Rochester, NY, a empresa foi fundada em 1889 por George Eastman. E dominou o mercado de filmes fotográficos durante quase todo o século 20. À ponto de em 1976, obter o incrível market share de 90% do mercado de películas nos EUA.
Inacreditável, não? Um sucesso estrondoso. Chega a ser indecente! 
Mas justamente aí reside o detalhe que, talvez, tenha sido determinante do que acontece agora. Um sucesso enorme. Quase um monopólio.
Mas, empresas de todo o mundo, estejam atentas!
O grande e estrondoso sucesso, associado ao comodismo, aos lucros exponenciais e a um certo engessamento de visão, podem levar a dinossaurização do empreendimento e, por consequência, ao inevitável fracasso.
Ser bem sucedido, fabricar/desenvolver bons produtos e até obter lucro, certamente é muito bom. Justíssimo. Mas montar neste sucesso, ignorar a inovação, sentar na arrogância e muitas vezes, até entremear-se no poder público para manter-se na liderança, pode não ser uma boa idéia. Menos ainda, se em meio a concorrência ou surgimento de uma nova tecnologia, subestimar e tomar as decisões erradas.

Um pouco antes, outra empresa que também desenvolveu e fabricou uma inovação de espanto e sucesso, também teve vida curta. Tão curta, que seus produtos sequer chegariam às grandes massas mundiais, como a Kodak um dia conseguiu.
Em 2008, a Polaroid, depois de espantar o mundo com seu filme de revelação quase que instantânea, também amargou o mesmo destino.
Entre outros graves problemas gerenciais ela pontualmente subestimaria o crescente mercado das câmeras digitais. Deste modo, subitamente, o príncipe virou sapo. Seu caro, pesado e desajeitado cartucho de tecnologia patenteada (gerava indecentes 10 imagens de qualidade muito discutível), não valia mais nem um centavo de dólar.  Foi então comprada por outra empresa, que em 2010 prometia reposicionar a marca no mercado de câmeras digitais e analógicas (??????).
Visitando seu website, observamos que a Polaroid parece debater-se com uma tal de Android Camera, entre outros produtos. Ao menos, parecem ser produtos minimamente sintonizados com as tecnologias da atualidade. Mas pessoalmente, tenho lá minhas dúvidas sobre o acerto de suas iniciativas.

Concluindo, ontem a Kodak se foi oficialmente. Vaporizou-se. Mas não sem luta. Talvez, não exatamente a luta adequada. Mas a empresa bem que tentou.

Logo na aurora das câmeras digitais, ela inventava um método de revelação digital, que batizou de Photo CD. Você levava seu cartão de memória, colocava numa máquina, que simplesmente lia suas imagens e gravava um CD. Desta maneira, com uma mídia gravada, você poderia mostrar suas imagens aos amigos e parentes. 
Certo? 
Errado! Não foi isso que ela criou. 
Ao invés de facilitar as coisas para os clientes, a empresa embutia no CD um padrão de apresentações proprietário!!! Um software, (obviamente patenteado e fornecido exclusivamente pela própria Kodak), era quase indispensável para a apresentação de seu slideshow nas telas de TV e computadores dos amigos. O quase foi proposital. Com o mínimo conhecimento, o usuário conseguia fazer seu computador "enxergar" onde estavam as imagens originais. Mas para seu avô, sua avó, isso seria um grande desafio.
Que tal?
Somente mais adiante, acossada pela vertiginosa queda do lucro fácil das películas fotográficas, a empresa de Eastman partiu para a fabricação de suas próprias câmeras digitais. Mas aí, já era tarde demais. Ela não mais conseguia concorrer com as Cybershots, Lumix, Powershots, Coolpix, Finepix (e até Tecpix, perdoem pelo sarcasmo explícito) do mercado. Ele já estava dominado por outras empresas, que vendiam câmeras digitais por preços progressivamente mais acessíveis. A maioria, tradicionais fabricantes de equipamento fotográfico. (Mas nem todas. A Sony e Panasonic, por exemplo, com tradição em outros tipos de produtos eletrônicos, chegaram a sair na frente das demais, especialmente no mercado não profissional).

Enfim, o grande elefante, cedeu ao enorme peso e caiu ao solo. Uma lição a ser aprendida. Um exemplo a ser analisado com detalhes. E mais um case para as empresas que hoje estão na crista da onda. 
Cochilar, é mortal!

Enquanto você chora copiosamente com a notícia, que tal dar uma voltinha ao passado? Sugerido pelo nosso parceiro de blog Paulo Santos via Twitter, no website da Time Techland, você poderá ver vídeos históricos como este.


Feito em 1958, o vídeo é o retrato de uma empresa de sucesso. Mas não se contente só com ele. O Time Techland reúne os 10 vídeos comerciais mais memoráveis da Kodak. Nem perca mais seu tempo e corra até lá. É muito interessante.